Книга - Um Céu De Feitiços

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Um Céu De Feitiços
Morgan Rice


Anel Do Feiticeiro #9
Em UM CÉU DE FEITIÇOS (LIVRO #9 DA SÉRIE O ANEL DO FEITICEIRO), Thorgrin finalmente volta a ser ele mesmo e deve enfrentar seu pai de uma vez por todas. Uma batalha épica ocorre, quando dois titãs se enfrentam e Rafi usa seu poder para convocar um exército de mortos vivos. Com a espada Destino destruída e o destino do Anel em risco, Argon e Alistair terão de convocar seus poderes mágicos para ajudar os bravos guerreiros de Gwendolyn. No entanto, mesmo com a ajuda deles, tudo poderia estar perdido se não fosse pelo retorno de Mycoples e seu novo companheiro, Ralibar. Luanda luta para prevalecer contra seu captor, Romulus, enquanto o destino do escudo está ameaçado. Enquanto isso, Reece se esforça para levar seus homens de volta até as paredes do Canyon, com a ajuda de Selese. Seu amor por Selese se aprofunda; mas com a chegada de um antigo amor de Reece, sua prima, um triângulo amoroso trágico e muitos mal-entendidos se geram. Quando as forças do Império são finalmente expulsas do Anel e Gwendolyn tem a chance de obter sua vingança pessoal contra McCloud, há grandes motivos para comemorar. Como a nova Rainha do Anel, Gwen usa seu poder para unir os MacGils e McClouds pela primeira vez na história e começa a reconstrução épica de sua terra, de seu exército e da Legião. A Corte do Rei volta lentamente à vida, mais uma vez, enquanto todos eles começam juntar suas peças. Ela está destinada a se tornar uma cidade mais gloriosa do que até mesmo o Rei MacGil havia sonhado, e no meio desse processo, a justiça finalmente encontra Gareth. Tirus também deve ser levado à justiça e Gwen terá de decidir que tipo de líder ela será. Surge um grande conflito entre os filhos de Tirus, os quais não veem as coisas da mesma maneira e a luta pelo poder irrompe mais uma vez enquanto Gwen decide se aceitará um convite para visitar as Ilhas superiores, tornando assim o clã MacGil completo novamente. Erec é convocado para retornar ao seu povo nas Ilhas Austrais e visitar seu pai moribundo, Alistair se junta a ele, ambos se preparam para o seu casamento. Futuramente, Thorgrin e Gwendolyn poderão realizar os preparativos do seu casamento também. Thor se torna mais achegado a sua irmã e quando tudo se acalma no interior do Anel, ele é convocado para embarcar em sua missão, a maior de todas: procurar sua misteriosa mãe em uma terra distante e descobrir quem ele realmente é. Com vários preparativos de casamento no ar; o retorno da primavera; a reconstrução da Corte do Rei e os festivais em andamento, a paz parece resolver restabelecer-se no Anel. Mas o perigo espreita nos lugares mais inusitados e grandes tribulações ainda podem sobrevir a todos esses personagens. Com sua ambientação em um mundo sofisticado e sua caracterização de época, UM CÉU DE FEITIÇOS é um conto épico sobre amigos e amantes, rivais e pretendentes, sobre cavaleiros e dragões, intrigas e maquinações políticas, sobre atingir a maioridade, corações partidos, decepção, ambição e traição. É uma história de honra e coragem, de destinos, de feitiçaria. É uma fantasia que nos leva a um mundo que nunca esqueceremos e que vai interessar a todas as idades e gêneros. Os livros #10 a #14 da série já estão disponíveis!





Morgan Rice

Um CÉU de FEITIÇOS LIVRO nº9 DA SÉRIE O ANEL DO FEITICEIRO




Sobre Morgan Rice

Morgan Rice é a autora do bestseller Nº1 de DIÁRIOS DE UM VAMPIRO, uma série destinada a jovens adultos composta por onze livros (em progresso); da série bestseller Nº1 TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós-apocalíptico composto por dois livros (em progresso); e da série bestseller Nº1 de fantasia épica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros (e contando).

Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e versões impressas, e traduções dos livros estão disponíveis em alemão, francês, italiano, espanhol, português, japonês, chinês, sueco, holandês, turco, húngaro, eslovaco (e mais idiomas em breve).

TRANSFORMADA (Livro Nº1 da série Diários de um Vampiro), ARENA UM (Livro Nº1  da série Trilogia de Sobrevivência) e EM BUSCA DE HERÓIS (Livro Nº1  da série O Anel do Feiticeiro) estão disponíveis gratuitamente no Google Play!

Morgan gosta de ouvir sua opinião, então por favor, sinta-se à vontade em visitar www.morganricebooks.com para se juntar à lista de correspondência, receber um livro grátis, receber brindes, efetuar o download do aplicativo gratuito, receber as últimas notícias exclusivas, se conectar com o Facebook e o Twitter, e manter contato!



Críticas aos livros de Morgan Rice

“Uma fantasia espirituoso que inclui elementos de mistérios e intriga em sua trama. Em Busca de Heróis mostra onde nasce a coragem e como a busca por um propósito leva ao crescimento, amadurecimento e excelência… Para aqueles que buscam aventuras, os protagonistas, acontecimentos e ação oferecem uma série de acontecimentos relacionados à evolução de Thor de uma criança sonhadora a um jovem adulto e sua busca pela sobrevivência apesar de todas as dificuldades… Este é apenas o começo de uma série de literatura juvenil épica.”

Midwest Book Review (D. Donovan, Crítica de E-livros)



“O ANEL DO FEITICEIRO reúne todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: tramas, intrigas, mistério, bravos cavaleiros e relacionamentos repletos de corações partidos, decepções e traições. O livro manterá o leitor entretido por horas e agradará a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia.”

–-Books and Movie Reviews, Roberto Mattos.



“A fantasia épica de Rice [O ANEL DO FEITICEIRO] inclui as características clássicas do gênero – um lugar marcante, altamente inspirado pela antiga Escócia e sua história, e uma boa medida de intriga da corte.”

–Kirkus Reviews



“Adorei como Morgan Rice construiu o personagem de Thor e o mundo em que ele vive. A paisagem e as criaturas que vivem no lugar são bem descritas… Eu gostei de trama, curta e doce… A quantidade ideal de personagens secundários me ajudou a não ficar confusa. Há bastante aventura e momentos angustiantes, mas a ação contida no livro não é excessivamente violenta. O livro é ideal para leitores adolescentes… Há indícios de algo realmente marcante no primeiro livro da série…"

--San Francisco Book Review



“Neste livro recheado de ação, o primeiro da série de fantasia O Anel do Feiticeiro (que atualmente conta com 14 livros), Rice introduz os leitores ao garoto de 14 anos Thorgrin "Thor" McLeod, cujo sonho é juntar-se ao Exército Prata, os cavaleiros de elite do rei… A narrativa de Rice é sólida e intrigante.”

--Publishers Weekly



“[EM BUSCA DE HERÓIS] é de leitura rápida e fácil. Os finais dos capítulos fazem com que você queira ler mais e é impossível deixar o livro de lado. Há alguns erros ortográficos no livro e alguns nomes estão trocados, mas isso não interfere no andamento da história. O final do livro fez com que eu adquirisse o livro seguinte imediatamente. Todos os livros disponíveis da série O Anel do Feiticeiro podem atualmente ser adquiridos na loja da Kindle e Em Busca de Heróis está disponível gratuitamente para que você comece a ler! Se estiver à procura de algo rápido e divertido para ler nas férias, este é o livro ideal.”

--FantasyOnline.net



Livros de Morgan Rice




O ANEL DO FEITICEIRO


EM BUSCA DE HERÓIS (Livro nº1)


UMA MARCHA DE REIS (Livro nº2)


UM DESTINO DE DRAGÕES (Livro nº3)


UM GRITO DE HONRA (Livro nº4)


UM VOTO DE GLÓRIA (Livro nº5)


UMA CARGA DE VALOR (Livro nº6)


UM RITO DE ESPADAS (Livro nº7)


UM ESCUDO DE ARMAS (Livro nº8)


UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro nº9)


UM MAR DE ESCUDOS (Livro nº10)


UM REINADO DE AÇO (Livro nº11)


UMA TERRA DE FOGO (Livro nº12)


UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro nº 13)




TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA


ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro nº1)


ARENA DOIS (Livro nº2)




MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO


TRANSFORMADA (Livro Nº1)


AMADA (Livro Nº2)


TRAÍDA (Livro Nº3)


PREDESTINADA (Livro Nº4)


DESEJADA (Livro Nº5)


COMPROMETIDA (Livro Nº6)


PROMETIDA (Livro Nº7)


ENCONTRADA (Livro Nº8)


RESSUSCITADA (Livro Nº9)


ALMEJADA (Livro Nº10)


DESTINADA (Livro Nº11)












Ouça o áudio livro O ANEL DO FEITICEIRO!


Copyright © 2012 por Morgan Rice



Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação, sem a autorização prévia da autora.



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Esta é uma obra de ficção.  Nomes, personagens, empresas, organizações, entidades, eventos e incidentes são produto da imaginação do autor ou foram usados de maneira fictícia.  Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é mera coincidência.



©iStock.com / RazoomGames


“Nós, poucos, os poucos felizardos, pugilo de irmãos;
pois quem o sangue comigo derramar
ficará sendo meu irmão.”

    --William Shakespeare
    Henrique V



CAPÍTULO UM


Thor encara Gwendolyn, segurando sua espada de lado, enquanto todo seu corpo treme. Ele olha ao seu redor e vê todos os rostos que o encaram em silêncio –  Alistair, Erec, Kendrick, Steffen, e uma multidão de seus conterrâneos – pessoas que ele conhece e ama.. Seu povo. E ainda assim, ali estava ele, encarando todos eles, com a espada ao seu lado. Ele estava no lado errado da batalha.

Finalmente, ele percebe.

O estupor deixa Thor quando ele ouve as palavras esclarecedoras de Alistair. Ele é Thorgrin. Um membro da Legião. Um membro do Reino Ocidental do Anel. Ele não é um soldado do Império. Ele não ama seu pai. Ele ama estas pessoas.

Acima de tudo, ele ama Gwendolyn.

Thor olha na direção dela e vê que ela o observa com amor e os olhos cheios de lágrimas. Ele fica com vergonha e aterrorizado ao se dar conta de que está diante dele, empunhando sua espada. As palmas de suas mãos queimam de humilhação e arrependimento.

Thor deixa cair a espada, soltando-a de suas mãos. Ele dá um passo a frente e a abraça.

Gwendolyn o abraça com força e ele percebe que ela está chorando, sentindo as lágrimas dela escorrerem pelo seu pescoço. Thor é tomado pelo remorso, e não consegue entender como tudo aquilo havia acontecido. Está tudo confuso. Tudo o que ele sabe é que está feliz em voltar a si, em pensar com clareza e por estar de volta com seus amigos.

“Eu amo você,” ela sussurra em seu ouvido. “E sempre vou amar.”

“Eu amo você do fundo do meu coração,” Thor responde.

Krohn geme aos pés de Thor, mancando e lambendo a mão dele; Thor se abaixa e beija o rosto dele.

“Me desculpe,” Thor diz, lembrando de ter batido bela quando Krohn havia defendido Gwendolyn. “Por favor, me perdoe.”

A terra, tremendo violentamente apenas momentos antes, se acalma mais uma vez.

“THORGRIN!” um grito atravessa o ar.

Thor se vira e se depara com Andronicus. Ele dá um passo à frente, até o meio da clareira, fazendo uma careta e com o rosto vermelho de raiva. Os dois exércitos observam tudo em silêncio, atordoados, enquanto pai e filho se encaram.

“Eu lhe ordeno!” Andronicus diz. “Mate-os! Mate todos eles! Eu sou seu pai. Você deve ouvir a mim, e somente a mim!”

Mas desta vez, ao olhar para Andronicus, ele sente algo diferente. Alguma coisa muda dentro dele. Thor não consegue ver Andronicus como seu pai, como um membro de sua família, alguém em quem devia confiar e defender com sua própria vida; em vez disso, ele o encara como um inimigo. Um monstro. Thor não sente mais a obrigação de dar sua vida pela daquele homem. Pelo contrário: ele sente uma raiva pulsante em relação a ele. Ali estava o homem que havia dado a ordem para atacarem Gwendolyn; o homem que havia matado seus compatriotas, que havia invadido e saqueado sua terra natal; o homem que havia controlado sua mente, e feito dele refém com sua magia negra.

Não se trata de um homem que ele ama, e sim o homem que ele mais gostaria de matar naquele momento. Não importa que seja seu próprio pai.

Thor de repente sente seu corpo sendo tomado pelo ódio. Ele estica o braço, empunhando sua espada, e sai em disparada – atravessando a clareira, pronto para matá-lo.

Andronicus parece chocado quando Thor ataca, levantando a espada com as duas mãos e abaixando os braços violentamente na direção da cabeça dele.

Andronicus ergue o enorme machado de batalha no último segundo, virando-o de lado para bloquear o golpe com o seu cabo de metal.

Thor não desiste: ele golpeia com sua espada de diversas vezes, procurando acertar o golpe mortal, e todas as vezes Andronicus ergue o machado, bloqueando os golpes dele. O clangor do encontro das duas ressoa pelo ar enquanto ambos os exércitos observam em silêncio. Faíscas surgem a cada golpe.

Thor grita e geme usando toda a habilidade que possui, na esperança de matar o pai ali mesmo. Ele precisa fazer isso, por si mesmo, por Gwendolyn, e por todos aqueles que tinham sofrido na mão deste monstro. A cada golpe, Thor deseja, mais do que tudo, acabar com a sua linhagem, com seu histórico familiar, e começar tudo outra vez. Ele gostaria de poder escolher um pai diferente.

Andronicus, na defensiva, só bloqueia os golpes de Thor, sem lutar para se defender. Claramente, ele está evitando atacar seu filho.

"Thorgrin!"  Andronicus diz, entre golpes. "Você é meu filho. Eu não quero machucá-lo. Eu sou o seu pai. Você salvou a minha vida. Eu quero que você viva."

"E eu quero que você morra!" Thor grita de volta.

Thor volta a atacar, empurrando-o para trás pela clareira, apesar do tamanho e força superiores de Andronicus. Ainda assim, Andronicus não ataca Thor. É como se ele ainda tenha esperanças de que Thor  voltaria para o seu lado novamente.

Mas desta vez, Thor pretende fazer isso. Agora, finalmente, Thor sabe quem ele é. Finalmente, ele havia conseguido se livrar das palavras de Andronicus de sua mente. Thor preferiria morrer a ficar à mercê de Andronicus mais uma vez.

"Thorgrin, você precisa parar com isso!" Andronicus grita. Faíscas passam ao lado de seu rosto enquanto ele bloqueia um golpe particularmente cruel com seu machado. "Você vai me forçar a matá-lo, e eu não quero fazer isso. Você é meu filho. Matá-lo seria como matar a mim mesmo."

"Então se mate!" responde Thor. "Ou se você não quiser, deixe que eu faça isso por você!"

Com um grande grito Thor salta e chuta Andronicus no peito com os dois pés, fazendo com que ele recue e caia de costas.

Andronicus olha para cima, surpreso pelo que acabava de acontecer.

Thor fica em cima de seu pai e levanta a espada para acabar com ele.

"NÃO!" Grita uma voz. É uma voz horrível, parecendo surgir das profundezas do inferno, e Thor olha para ver um único homem entrando na clareira. Ele usa um manto escarlate comprido, com o rosto escondido por trás de uma capa, e um rugido sobrenatural irrompe de sua garganta.

Rafi.

De alguma forma, Rafi havia sobrevivido a sua batalha com Argon. Ele fica parado, segurando os dois braços bem abertos ao lado de seu corpo. Suas mangas caem quando ele levanta os braços, revelando a pele pálida e machucada, que parece nunca ter visto o sol. Ele emite um som terrível da parte de trás de sua garganta, como um rosnado, e quando ele abre a boca, o som fica cada vez mais alto até preencher o ar, e o tom baixo vibrante faz os ouvidos de Thor doerem.

A terra começa a tremer. Thor perde o equilíbrio à medida que toda a terra começa a se mexer. Ele acompanha a direção das mãos de Rafi e vê diante de si uma visão que ele nunca conseguiria esquecer.

A terra começa a se dividir em duas, com a abertura de um grande abismo, que se torna cada vez mais largo. Assim que isso acontece, os soldados de ambos os lados caem, deslizando para baixo, gritando ao escorregarem pela fenda que se amplia a cada segundo.

Um brilho laranja emana das profundezas da terra, e um chiado horrível é ouvido quando vapor e névoa são liberados da fenda.

Uma única mão, surge pela fenda, agarrando-se a terra. A mão é preta, desfigurada, e começar a se arrastar para fora do buraco, Thor, para seu horror, vê emergir da terra uma criatura horrível. Ela tem a forma de um ser humano, mas é totalmente preta, com grandes olhos vermelhos brilhantes e longas presas vermelhas e uma cauda preta longa que se arrasta atrás dele. Seu corpo é desfigurado, e parece um cadáver.

Ele joga a cabeça para trás e emana um rugido horrível, como o de Rafi. Parece ser algum tipo de criatura morta-viva, invocada a partir das profundezas do inferno.

Por trás dessa criatura de repente surge outra. Em seguida, mais outra.

Milhares dessas criaturas vêm à tona, erguendo-se acima das entranhas do inferno, um exército de mortos-vivos. O exército de Rafi.

Lentamente, eles se dirigem para o lado de Rafi, de frente para Thorgrin e os outros.

Thor observa em choque o exército que o encara; enquanto ele fica ali, com sua espada ainda erguida, Andronicus de repente rola para longe dele e recua para perto de seu exército, claramente evitando ter que enfrentar Thorgrin.

De repente, milhares de criaturas correm para Thor, invadindo a clareira, aproximando-se para matar Thor e todo o seu povo.

Thor volta a se concentrar à sua volta e levanta sua espada quando a primeira criatura salta para cima ele, rosnando com as garras estendidas. Thor desvia e, com um golpe de sua espada, corta a cabeça da criatura. Ela cai no chão, imóvel, e Thor se prepara para enfrentar a próxima.

Estas criaturas são fortes e rápidas, mas individualmente, elas não são páreo para Thor e os fortes guerreiros do Anel. Thor luta contra elas habilmente, matando várias delas. No entanto, a questão era, quantas delas ele poderia enfrentar de uma só vez? Ele foi cercado por milhares delas, em todas as direções, assim como todos ao seu redor.

Thor vai para o lado de Erec, Kendrick, Srog e dos outros, que lutam lado a lado, observando as costas uns dos outros ao se moverem para a esquerda e para a direita, matando duas ou três criaturas de cada vez. Uma deles escorrega, e ao se agarrar ao braço de Thor o arranha, arrancando sangue, e Thor grita de dor. Em seguida, ele se vira e perfura o coração da criatura com sua espada, matando-a imediatamente. Thor é um lutador experiente, mas seu braço começa e latejar, e ele não sabe quanto tempo tem até que aquelas criaturas comecem a virar o jogo.

Em primeiro lugar e acima de tudo em sua mente, porém, está sua preocupação em levar Gwendolyn para um lugar seguro.

"Leve-a para a parte de trás!" Thor grita, agarrando Steffen, que luta contra um monstro, e empurrando-o para Gwen. "AGORA!"

Steffen agarra Gwen e a arrasta para longe, para trás do exército de soldados, distanciando-a daquelas criaturas horríveis.

"NÃO!" Gwen grita, protestando. "Eu quero ficar aqui com você!"

Mas Steffen ouve obedientemente, arrastando-a de volta para o flanco traseiro da batalha, protegendo-a por trás dos milhares de MacGils e Pratas que corajosamente permanecem a postos e lutam contra as criaturas. Thor, ao vê-la segura, fica aliviado, e volta a se concentrar na luta com os mortos-vivos.

Thor tentou invocar seu poder Druida, para lutar com o seu espírito juntamente com  sua espada; mas por alguma razão, ele não consegue. Ele está cansado demais depois de sua experiência com Andronicus, do controle da mente de Rafi, e precisa de mais tempo para se recuperar. Ele terá que lutar com armas convencionais.

Alistair dá um passo adiante, ficando ao lado de Thor, levanta a palma de uma das mãos, e aponta para a multidão de mortos-vivos. Uma bola de luz emana de sua mão, e ela mata várias criaturas ao mesmo tempo.

Ela levanta ambas as mãos repetidamente, matando todas as criaturas ao redor dela, e quando ela faz isso, Thor fica inspirado, e a energia de sua irmã toma conta dele. Ele tenta mais uma vez para invocar algum poder de dentro dele, para lutar não só com sua espada, mas com a sua mente, seu espírito. Quando a próxima criatura se aproxima, ele ergue a palma da mão e tenta invocar o vento.

Thor sente o vento atravessar sua mãe e, de repente, uma dúzia de criaturas sai voando pelo ar, levadas pelo vento, uivando ao caírem de volta dentro da fenda na terra.

Kendrick, Erec e os outros, ao lado de Thor, lutam bravamente, cada um matando dezenas de criaturas, assim como fazem todos os homens ao redor deles, deixando escapar um grito de guerra, enquanto lutam com tudo o que têm. O exército do Império assiste tudo de longe, deixando que o exército de mortos-vivos de Rafi lute por eles e fazendo com que os homens de Thor se cansem. E está funcionando.

Logo os homens de Thor, exaustos, passam a se movimentar mais lentamente. E ainda assim os mortos-vivos não param de sair das profundezas da terra, em um fluxo interminável.

Thor e seus companheiros passam a respirar com dificuldade, e os mortos-vivos começam a romper suas fileiras, e seus homens começam a cair. Há muitos deles. Ao redor de Thor, os gritos de seus homens começam a ser ouvidos enquanto os mortos-vivos atacam, afundando suas presas nas gargantas dos soldados e sugando seu sangue. A cada soldado abatido, os mortos-vivos parecem ficar mais fortes.

Thor sabe que precisa fazer algo rápido. Eles precisariam invocar um imenso poder para neutralizar aquilo, um poder mais forte do que ele ou Alistair possuem.

"Argon!" Thor diz de repente para Alistair. "Onde ele está? Precisamos encontrá-lo!"

Thor olha e vê que Alistair está ficando cansada, sua força em declínio; uma das criaturas passa por ela e lhe dá um tapa que a faz cair, gritando. Quando ela pula em cima de Alistair, Thor se adianta e enfia sua espada nas costas da criatura, salvando-a no último segundo.

Thor estende a mão e a ajuda a ficar em pé.

"Argon!" Thor grita. "Ele é a nossa única esperança. Você deve encontrá-lo. Agora!"

Alistair deu-lhe um olhar compreensivo, e correu para a multidão.

Uma criatura se aproxima, com as garras estendidas na direção da garganta de Thor, e Krohn corre e pula em cima dela, rosnando e prendendo a criatura na terra. Outra criatura depois pula sobre as costas de Krohn, e Thor corta a garganta dela, matando-a.

Então uma delas ataca Erec pelas costas. Thor corre até ele, arranca a criatura de cima Erec e a atira contra vários outros monstros, derrubando-os. Outra fera ataca Kendrick, que não vê quando ela se aproxima, e Thor pega sua adaga e a enfia na garganta dela segundos antes que ela morda o ombro de Kendrick. Thor sente que isso é o mínimo que ele pode fazer para começar a se redimir por ter enfrentado Erec e Kendrick e todos os outros. É bom estar lutando ao seu lado novamente, no lado correto; é bom saber quem ele é de novo, e saber por que ele está lutando.

Enquanto Rafi permanece ali, com os braços bem abertos, cantando, milhares de outras criaturas continuam saindo das entranhas da terra, e Thor sabe que não será capaz de segurá-los por muito tempo. Uma nuvem negra os envolve, à medida que mais mortos-vivos, lado a lado, avançam na direção deles. Thor sabe que em breve, ele e todo o seu povo será derrotado.

Pelo menos, considera ele, ele morreria lutando do lado certo da batalha.




CAPÍTULO DOIS


Luanda reluta e se debate enquanto Romulus a carrega em seus braços, distanciando-a cada vez mais de sua terra natal a cada passo, à medida que atravessam a ponte. Ela grita e se debate, cravando as unhas na pele dele, fazendo o possível para se soltar. Mas os braços dele são fortes como rochas, e seus ombros largos a envolvem com tanta força, apertando seu corpo como uma píton, sufocando-a quase até a morte. Ela mal consegue respirar, e suas costelas doem bastante.

Apesar de tudo isso, não é com sua própria vida que ela mais se preocupa naquele momento. Ela olha pra frente e vê, no final da ponte, um vasto mar de soldados do Império, parados em pé e de armas em punho, esperando. Eles estão todos ansiosos que o Escudo seja desligado para que eles possam correr para a ponte. Luanda olha e vê o estranho manto que Romulus está vestindo, vibrando e brilhante enquanto a carrega, e ela sente que de alguma forma ela seria a chave para que Romulus desative o Escudo. Há alguma relação com ela. Por que outra razão ele a teria sequestrado?

Luanda sente uma nova determinação: ela teria de libertar-se, não apenas para se salvar, mas pelo seu reino, e pelo seu povo. Quando Romulus derrubasse o Escudo, aqueles milhares de homens que o esperavam iriam atravessar para o outro lado, uma grande horda de soldados do Império que, como gafanhotos, atacariam o Anel. Eles destruiriam o que resta de sua terra natal em definitivo, e ela não poderia permitir que isso acontecesse.

Luanda odeia Romulus com todas as suas forças; ela odeia todos do Império, e Andronicus acima de tudo. Um vento sopra e ela sente o vento frio contra sua cabeça calva, e ela estremece ao se lembrar de sua cabeça raspada, sua humilhação nas mãos daqueles monstros. Ela planeja matar cada um deles se puder.

Quando Romulus a tinha libertado de suas amarras em seu acampamento, Luanda a princípio havia pensado que ela estava sendo poupada de um destino horrível, poupada de ser exibida como um animal no Império de Andronicus. Mas Romulus tinha sido ainda pior do que Andronicus. Ela tem certeza de que, assim que cruzarem a ponte, ele irá matá-la, ou então ela submetê-la a sessões de tortura. Ela precisa encontrar alguma maneira de escapar.

Romulus se inclina e fala em seu ouvido, um som profundo e gutural que a deixa arrepiada.

"Não vai demorar muito agora, minha querida," ele fala.

Ela tem que pensar rápido. Luanda não é uma escrava; ela é a filha primogênita de um rei. Sangue real corre dentro dela, o sangue de guerreiros, e não há nada que ela tema. Ela faria o que fosse preciso para enfrentar qualquer adversário; mesmo alguém tão grotesco e poderoso como Romulus.

Luanda invoca toda a sua força restante e, em um movimento rápido, ela estica o pescoço para trás, se inclina, e afunda seus dentes na garganta de Romulus.  Ela morde com toda força, apertando cada vez mais, até que o sangue dele espirra em seu rosto e ele grita, soltando-a.

Luanda fica de joelhos, virando-se, e corre de volta para o outro lado da ponte, para a sua terra natal.

Ela ouve os passos dele correndo atrás dela. Ele é muito mais rápido do que ela tinha imaginado em ao olhar para trás, ela vê quando ele a alcança com um olhar de pura raiva.

Ela olha pra frente e vê o continente do Anel antes dela, apenas vinte metros de distância, e ela corre ainda mais.

A poucos passos de distância, Luanda de repente sente uma dor terrível em sua coluna, quando Romulus salta pra frente e bate com o cotovelo em suas costas. Ela sente como se tivesse sido esmagada ao cair de cara no chão.

Um momento depois, Romulus está cima dela. Ele vira o corpo dela para cima e dá um soco em seu rosto. Ele bate com tanta força que seu corpo inteiro capota, e ela vai parar de volta no chão. A dor ressoa ao longo de sua mandíbula, todo seu rosto, enquanto ela permanece ali, quase inconsciente.

Luanda sente que está sendo erguida por cima da cabeça de Romulus, e ela assiste com terror enquanto ele se aproxima da borda da ponte, preparando-se para arremessar seu corpo. Ele grita ao chegar lá, enquanto segura Luanda acima de sua cabeça, preparando-se para jogá-la.

Luanda olha ao seu redor, para a grande queda, e sabe que sua vida está prestes a terminar.

Mas Romulus fica ali, congelado, à beira do precipício, com os braços tremendo e, aparentemente, considerando melhor sua decisão. Enquanto sua vida permanece em jogo, Romulus parece pensar. Claramente, ele gostaria de jogá-la de cima da ponte em seu acesso de raiva, ainda que não possa fazê-lo. Ele precisa dela para cumprir seu propósito.

Finalmente, ele a coloca no chão, passando os braços em torno dela com ainda mais força, quase espremendo a vida para fora dela. Então, ele atravessa mais uma vez o Canyon, voltando para o seu povo.

Desta vez, Luanda fica inerte, sofrendo com a dor, pois não há mais nada que ela possa fazer. Ela já havia tentado – e havia falhado. Agora, tudo o que ela pode fazer é assistir enquanto seu destino se aproxima, lentamente, à medida que ela é levada através do Canyon e a névoa a envolve para, em seguida, desaparecer com a mesma rapidez. Luanda sente como se estivesse sendo levada para algum outro planeta, para algum lugar de onde ela nunca mais voltaria.

Finalmente, eles chegam ao outro lado do Canyon e, quando Romulus dá o último passo, o manto sobre seus ombros começa a vibrar com um grande estrondo, brilhando em um vermelho luminescente. Romulus solta o corpo de Luanda, como um saco de batatas, e ela cai no chão, batendo a cabeça, e ali permanece.

Os soldados de Romulus ficam parados, na beira da ponte, olhando adiante, todos eles claramente com medo de dar um passo à frente e testar se o Escudo tinha realmente sido desativado.

Romulus, irritado, pega um soldado, erguendo-o acima dos ombros, e o joga para a ponte, na direção da parede invisível até então havia sido o Escudo. O soldado levanta as mãos e grita, se preparando para a morte inevitável, acreditando que iria se desintegrar.

Mas desta vez, algo diferente acontece. O soldado saiu voando pelo ar, pousando na ponte, e sai rolando. A multidão assiste em silêncio enquanto ele rola até parar – vivo.

O soldado se vira e fica sentado no chão olhando para o exército, mais chocado que todos eles. Ele havia sobrevivido. O que só poderia significar uma coisa: o escudo estava desligado.

O exército de Romulus dá um grito de guerra, e como um só, todos eles avançam. Eles tomam conta da ponte, correndo para o Anel. Luanda se encolhe, tentando ficar fora do caminho, enquanto eles correram por dela, como uma manada de elefantes, em direção à sua terra natal. Ela olha com pavor.

Seu país como ela o conhecia estava acabado.




CAPÍTULO TRÊS


Reece fica na beira do poço de lava, olhando para baixo em total descrença enquanto a terra treme violentamente embaixo dele. Ele mal consegue processar o que tinha acabado de fazer, seus músculos ainda doendo de soltar a rocha, de lançar a Espada do Destino dentro do poço.

Ele havia acabado de destruir a arma mais poderosa do Anel, a lendária arma, a espada que tinha pertencido aos seus antepassados por várias gerações, a arma do Escolhido, a única arma que sustentava o Escudo. Ele a tinha jogado em um poço de fogo fundido e com seus próprios olhos tinha assistido enquanto ela derretia, incendiando-se em uma grande bolha vermelha para, em seguida, desaparecer no nada.

Destruída para sempre.

A terra tinha começado a tremer naquele momento, e não tinha parado desde então. Reece se esforça para se equilibrar, como fazem os outros, enquanto se afasta da beirada do poço. Ele sente como se o mundo estivesse desmoronando ao seu redor. O que ele havia feito? Ele havia destruído o Escudo? O Anel? Ele tinha cometido o maior erro de sua vida?

Reece tenta se tranquilizar, dizendo a si mesmo que não havia tido escolha. A pedra e a Espada eram simplesmente pesadas demais para eles carregarem para fora dali – e muito menos para escalarem as paredes com elas – ou para fugirem daqueles selvagens violentos. A situação tinha sido desesperadora, e exigido que ele tomasse decisões desesperadas.

A situação desesperada ainda não tinha sido superada. Reece ouve uma grande gritaria em torno dele, e ele ouve o sim de milhares daquelas criaturas, batendo os dentes de forma irritante e rindo e rosnando ao mesmo tempo. Parece o barulho de um exército de chacais. Claramente, Reece os tinha irritado; ele havia destruído seu precioso objeto, e agora eles pareciam resignados a fazê-lo pagar por isso.

Por pior que a situação tivesse sido ruim momentos antes, agora é ainda pior. Reece localiza os outros – Elden, Indra, O'Connor, Conven, Krog e Serna – todos olhando com horror para o poço de lava para, em seguida, olhar em volta desesperados. Milhares de Faws estão se aproximando de todas as direções. Reece tinha conseguido poupar a espada, mas não tinha pensado além, não tinha pensado em como deixar a si mesmo e aos outros fora de perigo. Eles ainda estão completamente cercados, sem nenhuma maneira de sair dali.

Reece está determinado a encontrar uma saída, e com a preocupação da Espada foram de suas cabeças, pelo menos agora eles poderiam mover-se rapidamente.

Reece desembainha sua espada, e corta o ar com um toque diferenciado. Por que sentar e esperar que aquelas criaturas atacassem? Pelo menos ele morreria lutando.

"AO ATAQUE!" Reece grita para os outros.

Todos sacam suas armas e se reúnem atrás dele, seguindo-o enquanto ele corre para longe da borda do poço de lava diretamente para o meio da multidão espessa de Faws, golpeando com sua espada para todos os lados, matando-os à esquerda e à direita. Ao lado dele, Elden levanta seu machado e corta duas cabeças em um único golpe, enquanto O'Connor empunha seu arco e lança flechas enquanto corre, tirando todos aqueles que ficam em seu caminho. Indra corre pra frente e com sua espada curta, esfaqueia dois no coração, enquanto Conven, empunhando suas espadas e gritando como um louco dispara na frente, atacando descontroladamente e matando Faws em todas as direções. Serna usa sua maça, e Krog sua lança, protegendo o flanco traseiro.

Eles são uma máquina de combate unificada, lutando como um só, lutando por suas vidas, abrindo caminho através da multidão à medida que tentam desesperadamente escapar. Reece os leva até uma pequena colina, buscando ficar em um terreno elevado.

Eles escorregam enquanto avançam, – o chão ainda treme e ladeira é íngreme e lamacenta. Ao diminuírem o ritmo, vários Faws pulam sobre Reece, arranhando e mordendo. Ele gira o corpo e desfere vários socos nelas; os Faws são persistentes e se agarram a ele, Reece consegue se livrar deles e os derruba e então apunhala cada um deles antes que eles consigam atacar novamente. Machucado, Reece continua lutando, como seus companheiros, todos lutando por suas vidas para conseguir subir o morro e escapar daquele lugar.

Quando eles finalmente chegam ao topo da colina, Reece sente um momento de alívio. Ele fica parado por um instante, com falta de ar, e tem um vislumbre da parede do Canyon antes que ela seja coberta pela névoa espessa. Ele sabe que é lá que está sua tábua de salvação de volta à superfície, e sabe que eles têm que fazer de tudo para chegar até lá.

Reece olha para trás e vê milhares de Faws correndo a toda velocidade na direção deles, gritando, batendo os dentes, fazendo um barulho horrível, mais alto do que nunca, e Reece percebe que eles não deixariam que partissem.

"E quanto a mim?" uma voz grita, cortando o ar.

Reece se vira e vê Centra. Ele ainda está sendo mantido em cativeiro, ao lado do líder, e um Faw segura uma faca em sua garganta.

"Não me abandonem!" Ele grita. "Eles vão me matar!"

Reece fica ali, morrendo de frustração. Naturalmente, Centra estava certo: eles iriam matá-lo. Reece não poderia deixá-lo ali; isso iria contra o código de honra de dele. Afinal, Centra havia ajudado quando eles mais precisavam.

Reece fica paralisado, hesitando. Ele se vira mais uma vez e vê, ao longe, a parede do Canyon, o caminho para fora, tentando-o.

"Nós não podemos voltar atrás!" Indra grita freneticamente. "Eles vão matar todos nós."

Ela chuta um Faw que se aproxima dela e ele cai para trás, deslizando encosta abaixo de costas.

"Do jeito que as coisas estão, já teremos muita sorte em sair deste lugar vivos!" Serna completa.

"Ele não é um de nós!" Afirma Krog. "Não podemos colocar em risco o nosso grupo por ele!"

Reece fica parado, debatendo em silêncio. Os Faws estão chegando mais perto, e ele sabe que tem de tomar sua decisão.

"Você está certo" Reece admite. "Ele não é um de nós. Mas ele nos ajudou. E ele é um bom homem. Eu não posso deixá-lo à mercê dessas coisas. Nenhum homem será deixado para trás!” Reece diz com firmeza.

Reece começa a descer ladeira abaixo, – para salvar Centra, mas antes que possa fazer isso, Conven de repente sai correndo do meio do grupo e ataca, correndo colina abaixo, pulando e escorregando na encosta lamacenta com os pés em na frente e sua espada nas mãos, deslizando, atacando – e matando vários Faws pelo caminho. Ele corre – sozinho, de volta ao lugar de onde tinham vindo, de forma imprudente, atirando-se no meio do grupo de Faws e de alguma forma abrindo caminho através deles, com grande determinação.

Reece entra em ação logo atrás dele.

"O resto de vocês fica aqui!" Reece ordena. "Aguardem nosso retorno!"

Reece segue pelo mesmo caminho de Conven, matando Faws por todos os lados; ao alcançar Conven, ele passa a servir de apoio, e os dois lutam lado a lado abrindo caminho de volta para baixo da montanha para chegar até Centra.

Conven ataca na frente, correndo na direção da multidão de Faws, enquanto Reece abre caminho até Centra, que assiste tudo com os olhos arregalados de medo. Um Faw ergue uma adaga para cortar a garganta de Centra, mas Reece não lhe dá a chance: ele dá um passo à frente, levanta a espada, mira e atira com toda sua força.

A espada sai voando pelo ar, girando várias vezes até se alojar na garganta do Faw, um momento antes que ele mate Centra. Centra grita ao ver o Faw morto, apenas alguns centímetros de distância, seus rostos quase se tocando.

Para surpresa de Reece, Conven não vai até Centra; ao invés disso ele continua correndo, e Reece percebe horrorizado o que ele aparenta estar fazendo. Conven parece suicida. Ele corta o seu caminho pelo grupo de Faws em torno do líder, que está sentado no alto de sua plataforma, assistindo a batalha. Conven mata diversos deles rapidamente. Eles não estavam esperando por isso, e tudo acontece muito rápido para que qualquer um deles possa reagir. Reece percebe que Conven pretende atacar o líder.

Conven se aproxima e salta no ar, erguendo sua espada, e quando o líder finalmente percebe e tenta fugir, Conven acerta seu golpe bem no meio do coração dele. O líder grita e, de repente, um coro de dez mil gritos – todos os Faws – começa a gritar como se eles próprios tivessem sido feridos. É como se todos compartilhassem o mesmo sistema nervoso – e Conven tinha acabado de acertá-lo com sua espada.

"Você não deveria ter feito isso," diz Reece quando Conven volta para o seu lado. "Agora você começou uma guerra."

Enquanto Reece assiste com horror, uma pequena colina explode, e de dentro dela saem milhares e milhares de Faws, correndo como um monte de formigas. Reece percebe que Conven havia matado sua abelha-rainha, havia incitado a ira de uma nação daquelas coisas. O chão treme com seus passos, à medida que eles rangem os dentes e avançam no rumo certo de Reece, Conven e Centra.

"MOVAM-SE!" Reece grita.

Reece empurra Centra, – que está em estado de choque, e todos eles se viram e começam a correr de volta para os outros, lutando de volta até a encosta lamacenta.

Reece sente um Faw pular em suas costas e derrubá-lo. Ele é arrastado pelos tornozelos, de volta para baixo da encosta, e começa a aproximar as presas de seu pescoço.

Uma flecha passa ao lado da cabeça de Reece, e ele ouve o som de algo sendo perfurado. Reece olha para cima e vê O'Connor, no topo da colina, segurando um arco.

Reece fica em pé novamente, com a ajuda de Centra, enquanto Conven protege a retaguarda, lutando contra o Faws. Finalmente, todos correm o restante do caminho de volta até os outros.

"É bom ter você de volta!" Elden grita, correndo e matando vários Faws com seu machado.

Reece para no topo, olhando para o meio da névoa e se perguntando qual o caminho a percorrer. O caminho bifurca para os dois lados e ele está prestes a ir pela direita.

Mas Centra de repente passa correndo por ele, dirigindo-se à esquerda.

"Siga-me!" Centra grita enquanto corre. "É a única maneira!"

Ao mesmo tempo em que milhares de Faws começam a subir a ladeira, Reece e os outros se viram e correm, seguindo Centra, escorregando e deslizando para baixo do outro lado da colina, enquanto o chão continua a tremer. Eles seguem o exemplo da Centra, e Reece fica mais grato do que nunca por ter salvado a vida dele.

"Precisamos alcançar o Canyon!" Reece grita, sem saber ao certo qual caminho Centra pretende seguir.

Eles correm, tecendo seu caminho através das árvores frondosas com seus galhos retorcidos, lutando para acompanhar Centra enquanto ele habilmente navega pela da névoa em uma trilha de terra áspera, coberta de raízes.

"Só há uma maneira de perder essas coisas!" Centra grita para eles. "Mantenham-se atrás de mim!"

Eles seguem Centra de perto enquanto ele corre, tropeçando em raízes, arranhados por galhos, e Reece se esforça para ver através da névoa espessa. Ele tropeça mais de uma vez no terreno irregular.

Eles correm até seus pulmões arderem, seguidos pelo terrível grito daquelas coisas, milhares delas, cada vez mais próximas. A ajuda de Elden e O'Connor a Krog está atrasando todos eles. Reece espera e torce para que Centra saiba para onde está indo; ele não consegue ver a parede do Canyon de forma alguma de onde está.

De repente, Centra para, e estende o braço e, com a palma da mão, dá um tapa no peito de Reece, parando-o em seu caminho.

Reece olha para baixo e vê diante de seus pés uma queda acentuada, e um grande rio abaixo.

Reece olha para Centra, intrigado.

"Água,” explica Centra, com falta de ar. "Eles têm medo de atravessar a água."

Os outros param ao lado deles, olhando para as corredeiras abaixo, enquanto tentam recuperar o fôlego.

"É sua única chance," acrescenta Centra. "Atravesse este rio agora e você pode despistá-los, por agora, e ganhar tempo."

"Mas como?" Pergunta Reece, olhando para as espumantes águas verdes.

"Essa corrente vai nos matar!" Diz Elden.

Centra sorri.

"Essa deveria ser a menor das suas preocupações," ele responde. "Esta água está repleta de Fourens – o animal mais mortal do planeta. Entre no rio, e eles vão deixar você em pedaços."

Reece olha para a água, em dúvida.

"Então não podemos nadar," O'Connor fala. "E eu não vejo um barco em parte alguma."

Reece olha por cima do ombro, o som do Faws se aproximando.

"Sua única chance é essa," diz Centra, esticando o braço e puxando uma longa vinha amarrada a uma árvore, seus galhos pairando sobre o rio. "Temos que balançar até o outro lado," ele explica. "Não escorreguem. E não aterrissem antes da costa. Jogue a vinha de volta para nós quando você chegar."

Reece olha para a água borbulhando e vê as terríveis pequenas criaturas amarelas brilhantes saltando para fora como peixes, com as mandíbulas estalando e fazendo barulhos estranhos. Há escolas deles e todos parecem estar à espera de sua próxima refeição.

Reece olha por cima do ombro, e vê o exército de Faws no horizonte, aproximando-se. Eles não têm escolha.

"Você pode ir primeiro," Centra fala para Reece.

Reece balança a cabeça.

"Eu irei por último," ele responde. "Caso todos não tenham tempo de atravessar. Você vai primeiro. Você nos trouxe até aqui."

Centra assente.

"Você não tem que me pedir duas vezes," ele responde com um sorriso, olhando desconfiado na direção dos Faws que se aproximam.

Centra segura na videira e, com um grito, pula, atravessando rapidamente as águas pendurado no cipó, erguendo os pés para longe da água e das criaturas que tentar mordê-lo. Finalmente, ele desembarca na margem oposta, caindo no chão.

Ele tinha conseguido.

Centra fica em pé, sorrindo; ele segura a videira e a empurra de volta para o outro lado do rio.

Elden estende a mão e a segura, oferecendo-a para Indra.

"Primeiro as damas," ele diz

Ela faz uma careta.

"Eu não preciso de benefícios," ela responde "Você é grande. É possível que você quebre a videira. Vá você, e acabe logo com isso. Não caia, ou então esta mulher aqui terá que salvá-lo."

Elden faz uma careta, sem achar graça, e se agarra à videira.

"Eu só estava tentando ajudar," ele fala.

Elden pula dando um grito, cortando o ar, e cai na margem oposta ao lado de Centra.

Ele joga a corda de volta, e então é a vez de O'Connor, seguido por Serna, Indra, e então Conven.

Os últimos que restam são Reece e Krog.

"Bem, eu acho que somos apenas nós dois agora," afirma Krog para Reece. "Vá. Salve-se," continua Krog, olhando por cima do ombro, nervoso. "Os Faws estão muito próximos. Não há tempo para nós dois atravessarmos."

Reece balança a cabeça.

"Nenhum homem é deixado para trás," ele insiste. "Se você não vai, então eu também não vou."

Ambos ficam ali, teimosos, Krog parecendo cada vez mais nervoso. Krog balança a cabeça.

"Você é um idiota. Por que você se importa tanto comigo? Eu não me importaria tanto assim com você."

"Eu sou o líder agora, o que faz com que você seja minha responsabilidade," Reece responde. "Eu não me importo com você. Eu me importo com a honra. E a minha honra me impede de deixar qualquer pessoa para trás."

Os dois se viram rapidamente quando o primeiro do Faws os alcança. Reece se adianta para o lado de Krog, e eles golpeiam com suas espadas, matando vários deles.

"Vamos juntos!" Reece grita.

Sem perder mais nenhum segundo, Reece agarra Krog, jogando ele por cima de seu ombro, pega a corda, e os dois gritam ao saltarem no ar, segundos antes dos Faws invadirem a costa.

Os dois cortam o ar, enquanto atravessam o rio agarrados à videira

"Socorro!" Krog grita.

Krog começa a escorregar do ombro de Reece, e ele segura na videira; mas ela agora está molhada pela espuma das corredeiras, e as mãos de Krog deslizam pela videira enquanto ele despenca. Reece se abaixa para pegá-lo, mas tudo acontece muito rápido: o coração de Reece se parte enquanto ele é forçado a assistir a queda de Krog, fora de seu alcance, até as águas movimentadas do rio.

Reece chega até a margem oposta e cai no chão. Ele rapidamente fica em pé, preparado para correr de volta para a água, mas antes que ele possa reagir, Conven sai correndo do meio do grupo mais uma vez, mergulhando de cabeça nas águas turbulentas.

Reece e os outros observam, sem fôlego. Conven estava sendo corajoso, Reece se pergunta, – ou suicida?

Conven nada destemidamente, atravessando a corrente. Ele chega até Krog, de alguma forma sem ser atingido pelas criaturas, e o segura enquanto ele se debate, colocando um braço em torno de seu ombro e nadando pela água com ele. Conven nada contra a corrente, voltando para a costa.

De repente, Krog grita.

"Minha perna!"

Krog se contorce de dor quando um Fouren se aloja em sua perna, mordendo-o, suas escamas amarelas brilhantes visíveis do lado de fora da água.  Conven nada sem parar até que finalmente eles se aproximam da costa e Reece e os outros correm até eles e arrastam os dois para fora da água. Assim que fazem isso, uma escola de Fourens salta no ar diante deles, e Reece e os outros afastam as pequenas criaturas com as mãos.

Krog se debate e, ao olhar para baixo, Reece vê o Fouren ainda alojado em sua perna;  Indra pega sua adaga e, inclinando-se, enfia ela na coxa de Krog enquanto ele grita, finalmente removendo o animal da perna dele. Ele cai no chão e, em seguida, volta para a água.

"Eu te odeio!" Krog grita para ela.

"Que bom," Indra responde, imperturbável.

Reece olha para Conven, parado ali, todo molhado, ainda surpreso pela sua coragem. Conven olha fixamente pra frente, sem expressão, e Reece nota com surpresa que um Fouren está alojado no braço dele, se debatendo no ar. Reece não consegue acreditar na calma de Conven ao aproximar a mão lentamente da criatura, arrancando-a de seu braço e jogando ela de volta dentro do rio.

"Não dói?" Pergunta Reece, confuso.

Conven dá de ombros.

Reece fica mais preocupado com Conven do que nunca; enquanto ele admira sua coragem, ele não consegue acreditar em sua imprudência. Ele havia mergulhado de cabeça em uma escola de criaturas cruéis, e nem sequer pensou duas vezes.

Do outro lado do rio, centenas de Faws ficam paralisados, olhando na direção deles, enfurecidos, rangendo os dentes.

"Finalmente," O'Connor diz, "estamos a salvo."

Centra balança a cabeça.

"Só por agora. Esses Faws são espertos. Eles conhecem os meandros do rio. Eles vão tomar o caminho mais longo, correr e volta dele, encontrar um cruzamento. Em breve, eles estarão do nosso lado. O nosso tempo é limitado. Devemos começar a nos afastar."

Todos seguem Centra enquanto ele corre pelos campos de lama, passado por gêiseres, navegando o seu caminho através daquela paisagem exótica.

Eles correm sem parar até que finalmente a névoa se dissipa; o coração de Reece fica feliz por voltar a ver, diante deles, a parede do Canyon e suas antigas rochas reluzentes. Ele olha para cima, e as paredes parecem impossivelmente altas. Ele não sabe o que fazer para escalarem.

Reece fica parado ao lado dos outros e olha para cima com medo. A parede parece ainda mais imponente agora do que no caminho para até ali. Ele olha e vê sua superfície irregular e se pergunta como eles fariam para escalá-la. Eles estão todos esgotados, abatidos e machucados, cansados da batalha. Suas mãos e pés estão em carne viva. Como poderiam subir, quando eles tinham gastado suas últimas energias apenas para descer?

"Eu não posso continuar," afirma Krog, desanimado, com a voz embargada.

Reece está se sentindo da mesma forma, embora não possa dizê-lo.

Eles estão encurralados. Eles tinham ultrapassado os Faws, mas não por muito tempo. Logo eles os encontrariam, e eles estariam em menor número e seriam mortos. Todo aquele trabalho duro, todos os seus esforços, tudo por nada.

Reece não quer morrer ali. Não naquele lugar. Se ele tiver que morrer, ele quer morrer lá em cima, em seu próprio solo, no continente, e com Selese ao seu lado. Ele tem apenas que encontrar mais uma maneira de escapar.

Reece ouve um barulho horrível, quando olha ele vê vários Faws aproximando-se rapidamente. Há milhares deles, e eles já haviam atravessado o rio, e estavam chegando cada vez mais perto deles.

Todos sacam suas armas.

"Não temos para onde correr," Centra diz.

"Então nós vamos lutar até a morte!" Reece exclama.

"Reece!" diz uma voz.

Reece olha para cima da parede do Canyon e quando a névoa se parte, um rosto surge e ele a princípio pensa se tratar de uma aparição. Ele não consegue acreditar. Parada, acima dele, está a mulher em quem ele tinha acabado de pensar.

Selese.

O que ela estava fazendo ali? Como ela havia chegado até eles? E quem seria a outra mulher com ela? Parece ser a curandeira real, Illepra.

As duas permanecem paradas ali, diante do penhasco, com uma corda longa e grossa enrolada na cintura e mãos. Eles descem rapidamente pela longa corda grossa, fácil de segurar. Selese solta a corda e desliza o restante do caminho rapidamente, desembarcando ao lado de Reece.

É a única saída.

Eles não hesitam. Todos correm até a corda e, dentro de instantes, começam a subir o mais rápido que conseguem. Reece deixa todos irem primeiro, e quando chega a sua vez, ele sobe puxando a corda junto com ele, de modo que os Faws não possam segui-los.

Assim que seus pés saem do chão, os Faws chegam, empurrando e pulando para alcançarem seus pés – e Reece escapa por pouco.

Reece para diante de Selese, que espera por ele na beirada do Canyon; ele se inclina e os dois se beijam.

"Eu te amo," Reece diz, com o coração transbordando de amor por ela.

"E eu amo você," ela responde.

Os dois se viram e vão até a parede do Canyon com os outros, e continuam subindo cada vez mais alto. Logo, eles estariam em casa. Reece mal consegue acreditar.

Em casa.




CAPÍTULO QUATRO


Alistair corre seu pelo caótico campo de batalha, tecendo seu caminho no meio dos soldados enquanto todos lutam por suas vidas contra o exército de mortos-vivos que parece aumentar cada vez mais ao redor deles. Gemidos e gritos preenchem o ar quando os soldados matam os vampiros e quando estes, por sua vez, matam os soldados. Os Pratas, MacGils e Silesianos lutam corajosamente, mas eles estão em bem menor número. Para cada morto-vivo abatido, três mais aparecem. É só uma questão de tempo, Alistair percebe, até que todos de seu grupo sejam exterminados.

Alistair aumenta a velocidade, correndo com tudo o que tem, seus pulmões quase estourando, esquivando-se quando um morto-vivo tenta acertar seu rosto e gritando de dor quando outro consegue arranhar seu braço, tirando sangue. Ela não para de lutar contra eles. Não há tempo, ela precisa encontrar Argon.

Ela corre na direção que o tinha visto pela última vez, enquanto ele lutava contra Rafi e havia desmaiado com o esforço. Ela reza para que não esteja morto, para que ela consiga despertá-lo, e principalmente para que ela consiga alcançá-lo antes que ela e todas aquelas pessoas sejam mortas.

Um morto-vivo aparece diante dela, bloqueando seu caminho, e ela estende a palma da mão; uma bola branca de luz atingiu o monstro no peito, derrubando-o no chão.

Cinco mais aparecem, e ela volta a estender a palma da mão, mas desta vez, só mais uma bola de luz emana dela, e os outros quatro partem para cima dela. Alistair fica surpresa ao perceber que seus poderes são limitados.

Alistair se prepara para o ataque enquanto eles se aproximam – e então ela ouve um barulho de rosnado e vê Krohn, pulando para o lado dela e afundando suas presas em suas gargantas. Os mortos-vivos se voltam contra ele, e Alistair decide aproveitar a oportunidade. Ela dá uma cotovelada na garganta de um deles, derrubando-o, e corre.

Alistair abre caminho pelo caos, desesperado, correndo em meio a um número crescente de vampiros, que fazem com que seu povo comece a recuar. Depois de correr e desviar de alguns ataques, ela finalmente chega a uma pequena clareira, o lugar onde ela se lembra de ter visto Argon.

Alistair procura pelo chão, desesperada, até que, finalmente, entre todos os corpos, ela o encontra. Ele está deitado ali, caído no chão, com o corpo encolhido na posição fetal. Ele está em uma pequena clareira e claramente tinha usado algum tipo de feitiço para manter os outros longe dele. Ele está inconsciente e, enquanto Alistair corre para o seu lado, ela espera e torce para que ele ainda esteja vivo.

Ao se aproximar, Alistair se sente envolvida e protegida por sua bolha mágica. Ela se ajoelha ao lado dele e respira fundo, finalmente a salvo da batalha ao seu redor, encontrando refúgio no olho do furacão.

No entanto, Alistair também foi tomada pelo terror ao olhar para Argon: ele está ali, de olhos fechados, sem respirar. Ela entra em pânico.

"Argon!" Ela grita, sacudindo os ombros dele com as duas mãos, tremendo. "Argon, sou eu! Alistair! Acorde! Você tem que acordar!"

Argon continua ali, sem resposta, enquanto ao seu redor a batalha se intensifica.

"Argon, por favor! Nós precisamos de você. Não podemos combater a magia de Rafi. Não temos as habilidades que você possui. Por favor, volte para nós. Para o Anel. Para Gwendolyn. Para Thorgrin."

Alistair continua sacudindo Argon, ainda que ele não responda.

Desesperada, ele de repente tem uma ideia. Ela coloca ambas as mãos sobre o peito dele, fecha os olhos e se concentra. Ela invoca toda a sua energia interior, o que foi ainda resta dela e, lentamente, ela sente as mãos quentes. Quando ela abre os olhos, ela vê uma luz azul que emana das palmas de suas mãos, espalhando-se sobre o peito e ombros de Argon. Logo, ela envolve todo o corpo dele. Alistair estava usando um antigo feitiço que um dia havia aprendido, para curar doentes. O poder drena o restante de suas forças, e ela sente a energia deixando seu corpo. Já bastante fraca, ela implora que Argon volte.

Alistair desaba, exausta devido ao esforço, e se deita ao lado de Argon, fraca demais para se mover.

Ela percebe um movimento e, ao olhar para o lado, para sua surpresa, ela vê Argon começar a se mexer.

Ele se senta e olha para ela, com os olhos brilhando com uma intensidade que a assusta. Ele olha para ela, sem expressão, e em seguida, estende a mão, pega seu cajado, e fica em pé. Ele estende uma mão, segura na mão dela e, aparentemente sem esforço, a ajuda a se levantar.

Quando ele segura na mão dela, ela sente toda a sua própria energia restaurada.

"Onde ele está?" Pergunta Argon.

Argon não espera por uma resposta; é como se ele já saiba exatamente onde precisa ir ao se virar, segurando o cajado ao seu lado, e caminhar diretamente para o centro da batalha.

Alistair não consegue entender como Argon não fica hesitante em caminhar entre os soldados. Em seguida, ela entende por que: ele é capaz de lançar uma bolha mágica em torno dele enquanto anda, e apesar dos mortos-vivos atacarem de todos os lados, nenhum deles é capaz de alcançá-lo. Alistair fica perto dele enquanto marcham sem medo, sem serem atingidos pela batalha, como se estivessem passeando pelo campo em um dia ensolarado.

Os dois abrem caminho através do campo de batalha, e ele se mantém em silêncio, marchando, vestido com seu manto branco longo e capuz, andando tão rápido que Alistair mal consegue acompanhar.

Ele finalmente para no meio da batalha, em uma clareira diante de Rafi. Rafi ainda está ali, segurando os dois braços ao lado de seu corpo, com os olhos virados para trás enquanto ele invoca milhares de mortos-vivos, que continuam saindo pela fenda na terra.

Argon levanta um dos braços com a palma da mão voltada para cima, de frente para o céu, e arregala os olhos.

"RAFI!" Ele grita em desafio.

Apesar de todo o ruído, o grito de Argon supera o barulho da batalha, ressoando pelas colinas.

Quando Argon grita, de repente as nuvens no céu se partem. Um feixe de luz branca é lançado do céu, diretamente para a palma da mão de Argon, como se fosse uma ligação direta com o próprio céu. O feixe de luz cresce cada vez mais, como um tornado, envolvendo o campo de batalha e tudo em torno dele.

Há um grande vento e um grande barulho sibilante, e Alistair assiste incrédula enquanto o chão embaixo dela começa a tremer ainda mais violentamente, e a enorme fenda na terra começa a se mover na direção oposta, lentamente voltando a se fechar.

Quando a terra começa a se fechar, dezenas de mortos-vivos gritam – esmagados enquanto ainda tentam se arrastar para fora.

Dentro de instantes, centenas de mortos-vivos começam a deslizar de volta para a terra, à medida que a fenda se torna cada vez mais estreita.

A terra treme uma última vez, e então fica em silêncio, quando a fenda finalmente se fecha e a terra volta a ficar inteira novamente, como se nenhuma fissura tivesse existido. Os gritos horríveis dos mortos-vivos enchem o ar, abafados pela terra.

Um silêncio atordoado toma conta do campo de batalhas, uma calmaria momentânea enquanto todos se levantam e começam a assistir o que se passa.

Rafi grita, voltando suas atenções para Argon.

"ARGON!" Rafi grita.

É chegada a hora do confronto final daqueles dois grandes titãs.

Rafi corre para a o meio da clareira, segurando seu cajado vermelho no alto, e Argon não hesita, correndo para saudar Rafi.

Os dois se encontram no meio, cada um empunhando seu próprio cajado. Rafi baixa seu cajado golpeando Argon, que usa o seu cajado para bloquear o golpe. Uma grande luz branca surge, soltando faíscas quando as duas armas se encontram. Argon dá outro golpe, e Rafi também o bloqueia.

Eles continuam se enfrentando, golpe a golpe, atacando e bloqueando, enviando a luz branca para todos os lados. O chão treme com cada um de seus golpes, e Alistair pode sentir a enorme energia no ar.

Finalmente, Argon vê uma oportunidade, e ataca com seu cajado de baixo para cima; o golpe parte o cajado de Rafi ao meio.

O chão treme violentamente.

Argon avança, ergueu o cajado no alto com as duas mãos, e o mergulha bem no meio do peito de Rafi.

Rafi solta um grito terrível, e milhares de pequenos morcegos voam para fora de sua boca enquanto sua mandíbula permanece aberta. O céu se escurece por um momento, grossas nuvens negras se juntam sobre a cabeça de Rafi, e então começam a descer. Elas o envolvem completamente e Rafi geme ao ser erguido no ar, puxado para cima, para o céu, rumo a um destino terrível que Alistair prefere nem imaginar qual seja.

Argon fica ali, respirando com dificuldade, enquanto todos finalmente se calam, e Rafi está morto.

O exército de mortos-vivos grita à medida que, cada um à sua vez, todos eles se desintegram diante dos olhos de Argon, transformando-se em um monte de cinzas. Logo, o campo de batalha está repleto de milhares de montes, tudo o que resta das magias malignas de Rafi.

Alistair inspeciona o campo de batalha e vê que resta apenas uma batalha: do outro lado da clareira, seu irmão, Thorgrin, já está diante de seu pai, Andronicus. Ela sabe que, na batalha por vir, um daqueles homens determinados perderia sua vida: seu irmão ou seu pai. Ela torce para que seu irmão sobreviva.




CAPÍTULO CINCO


Luanda fica deitada no chão, aos pés de Romulus, assistindo com horror enquanto milhares de soldados do Império inundam a ponte, gritando com triunfo enquanto se dirigem para o Anel. Eles estão invadindo sua terra natal, e não há nada que ela possa fazer, a não ser ficar ali sentada, indefesa, e assistir, perguntando-se se ela, de alguma forma era a culpada por tudo aquilo. Ela não consegue evitar a sensação de que de alguma forma ela fosse responsável pela queda do Escudo.

Luanda se vira e olha para o horizonte, vê os intermináveis navios do império, e ela sabe que logo haveria milhões de tropas do Império ali. Seu povo estaria acabado; o Anel seria destruído. Ela não tem mais esperanças.

Luanda fecha os olhos e balança a cabeça diversas vezes. Houve um tempo em que ela estava tão zangada com Gwendolyn, com seu pai, e teria ficado feliz em testemunhar a destruição do Anel. Mas ela havia mudado de opinião, desde a traição e tratamento que tinha recebido de Andronicus, desde que havia raspado sua cabeça, e batido nela na frente de seu povo. Isso a tinha feito perceber o quão errada, e ingênua, ela tinha sido em sua própria busca pelo poder. Agora, ela daria qualquer coisa para ter sua antiga vida de volta. Tudo o que ela quer agora é uma vida de paz e contentamento. Ela já não tem ambição ou anseios por poder; agora, ela só quer sobreviver, e corrigir seus erros.

Mas enquanto observa o que se passa ao redor dela, Luanda percebe que é tarde demais. Agora sua querida pátria está a caminho de ser destruída, e não há nada que possa fazer.

Luanda ouve um barulho horrível, um riso misturado com grunhido, e ao olhar para cima ela vê Romulus em pé, com as mãos nos quadris, olhando tudo com um enorme sorriso no rosto, exibindo seus enormes dentes irregulares. Ele joga a cabeça para trás e dá uma gargalhada, exultante.

Luanda gostaria de matá-lo; se ela tivesse um punhal na mão, daria um golpe fatal em seu coração. Mas conhecendo-o, sabendo como ele é inabalável, a adaga provavelmente não conseguiria perfurá-lo.

Romulus olha para ela, e seu sorriso se transforma ema uma careta.

"Agora," ele diz, "é hora de matá-la lentamente."

Luanda ouve um ruído característico e observa enquanto Romulus saca uma arma da cintura. Parece ser uma espada curta, com uma ponta estreita e comprida. É uma arma do mal, claramente projetada para a tortura.

"Você vai sofrer muito, muito mesmo," ele diz.

Quando ele abaixa a arma, Luanda ergue as mãos ao rosto, como se para bloquear tudo. Ela fecha os olhos e grita.

É quando a coisa mais estranha acontece: quando Luanda grita, seu grito é respondido por um grito ainda mais intenso. É o grito de um animal. Um monstro. Um rugido primitivo, mais alto e mais ressonante do que qualquer coisa que Luanda já tinha ouvido em toda sua vida. É como um trovão, rasgando o céu distante.

Luanda abre os olhos e olha para os céus, se perguntando se ela tinha imaginado tudo aquilo. Seu grito havia soado como se tivesse sido o grito do próprio Deus.

Romulus, também atordoado, olha para cima, perplexo. Por sua expressão, Luanda consegue perceber que aquilo realmente tinha acontecido; ela não tinha imaginado nada.

E de repente, um segundo grito é ouvido, ainda pior do que o primeiro, com tal ferocidade, tal poder, que Luanda sabe que só pode ser uma coisa:

Um dragão.

À medida que os céus se abrem, Luanda se surpreende ao ver dois dragões imensos voarem acima dela, as maiores e mais assustadoras criaturas que ela já tinha visto, encobrindo o sol, transformando o dia em noite, e lançando uma sombra sobre todos eles.

A arma de Romulus cai de suas mãos, e ele fica boquiaberto. Claramente, ele também nunca tinha testemunhado algo parecido com aquilo, especialmente quando os dois dragões voam tão rente ao chão, pouco mais de 5 metros acima de suas cabeças, quase tocando neles. Suas longas caudas ficam penduradas abaixo deles, e quando gritam novamente, eles arqueiam as costas e abrem suas asas.

A princípio, Luanda se prepara para o inevitável, presumindo que eles estejam se aproximando para matá-la. Mas enquanto os observa, voando tão rápido, ao sentir o vento do rastro deles sobre ela, Luanda percebe que eles estão indo para outro lugar: atravessando o Canyon, em direção ao Anel.

Os dragões devem ter visto os soldados atravessando rumo ao Anel e percebido que o escudo havia sido desativado. Eles devem ter percebido que esta era a sua chance de entrar no Anel também.

Luanda observa, horrorizada, quando um dragão de repente abre a sua boca, desce, e sopra uma corrente de fogo nos homens sobre a ponte.

Milhares dos soldados do Império gritam, olhando para os céus quando uma grande muralha de fogo toma conta deles.

Os dragões continuam a voar, cuspindo fogo enquanto atravessam a ponte, queimando todos os homens de Romulus. Em seguida, eles continuam a voar, sobrevoando o Anel, cuspindo fogo e destruindo todos os homens do Império que encontram pela frente,  enviando onda após onda de destruição.

Dentro de momentos, não restam homens Império na ponte, ou no continente do Anel.

Os homens do Império que se dirigiam para a ponte, que estavam prestes a cruzar, ficam paralisados no lugar. Eles não se atrevem a entrar. Em vez disso, eles se viram e começam a fugir de volta para os navios.

Romulus observa seus homens correndo, irado.

Luanda continua sentada, atordoada, e percebe que aquela é a chance que ela estava esperando. Romulus está distraído, enquanto persegue seus homens tentando levá-los de volta para a ponte. Esta é sua oportunidade.

Luanda fica em pé, com coração batendo acelerado, se vira e corre de volta para a ponte. Ela sabe que tem apenas alguns momentos preciosos; se ela tiver sorte, talvez, apenas talvez, ela possa correr o suficiente antes que Romulus perceba, e chegar ao outro lado. E se ela chegar ao outro lado, talvez ela consiga reativar o Escudo.

Ela tem que tentar, e sabe que é agora ou nunca.

Luanda corre sem parar, respirando com tamanha dificuldade que ela mal consegue pensar, com as pernas tremendo. Ela tropeça em seus próprios pés, as pernas pesadas, sua garganta seca, sacudindo os braços enquanto corre e com o vento frio soprando sua cabeça careca.

Ela corre cada vez mais, com o coração batendo em seus ouvidos e o som de sua própria respiração enchendo seu mundo, à medida que sua visão se torna turva. Ela corre uns cinqüenta metros sobre a ponte antes de ouvir o primeiro grito.

Romulus. Claramente, ele a tinha visto.

Atrás dela de repente vem o som de homens atacando a cavalo, atravessar a ponte em busca dela.

Luanda corre, aumentando seu ritmo, ao sentir que os homens estão se aproximando dela. Ela passo correndo por todos os cadáveres dos homens Império, queimado pelos dragões, alguns ainda em chamas, fazendo o possível para evitá-los. Atrás dela, o barulho dos cavalos se torna ainda mais alto. Ela olha por cima do ombro, vê suas lanças erguidas e sabe que desta vez Romulus tem a intenção de matá-la. Ela sabe que, em alguns momentos, aquelas lanças seriam enfiadas em suas costas.

Luanda olha pra frente, e vê o Anel, – o continente, poucos metros à sua frente – se ela conseguir chegar até lá. Apenas mais alguns metros. Se ela ao menos conseguir atravessar a fronteira, talvez, apenas talvez, o Escudo seja reativado e a salve.

Os homens se aproximam dela enquanto ela dá os passos finais. O som dos cavalos é ensurdecedor em seus ouvidos, e ela sente o cheiro do suor dos cavalos e dos homens. Ela se prepara, esperando que a ponta de uma das lanças perfure suas costas a qualquer momento. Eles estão muito perto, mas ela também está quase lá.

Em um último ato de desespero, Luanda mergulha ao ver um soldado levantar a mão empunhando uma lança atrás dela. Ela cai no chão dando uma cambalhota. Com o canto do olho, ela vê a lança atravessando o ar, indo diretamente até ela.

No entanto, assim que Luanda cruza a ponte, desembarcando no continente do Anel, de repente, atrás dela, o Escudo é ativado novamente. A lança, centímetros atrás dela, se desintegra no ar. E atrás da lança, todos os soldados na ponte gritam, levantando as mãos para o rosto, enquanto entram em chamas, se desintegrando.

Em momentos, todos eles são apenas montes de cinzas.

Do outro lado da ponte Romulus fica de pé, assistindo a tudo. Ele grita e bate no peito. É um grito de agonia. Um grito de alguém que havia sido derrotado. Vencido.

Luanda permanece ali, respirando com dificuldade, em estado de choque. Ela se inclina e beija o solo diante dela. Em seguida, ela joga a cabeça para trás e ri com prazer.

Ela havia conseguido – estava em segurança.




CAPÍTULO SEIS


Thorgrin está em pé na clareira, de frente para Andronicus, cercado por ambos os exércitos. Eles ficam parados, observando enquanto pai e filho se enfrentam mais uma vez. Andronicus fica lá em toda a sua glória, elevando-se sobre Thor, empunhando um enorme machado em uma mão e uma espada na outra. Enquanto Thor o encara, ele se esforça para respirar lenta e profundamente, controlando suas emoções. Thor precisa se controlar, se concentrar para lutar contra aquele homem da mesma forma que faria contra qualquer outro inimigo. Ele precisa dizer a si mesmo que não está diante de seu pai, mas em frente ao seu pior inimigo. O homem que havia machucado Gwendolyn; o homem que tinha machucado todos os seus compatriotas; o homem tinha feito uma lavagem cerebral nele. Um homem que merece morrer.

Com Rafi morto, Argon de volta no controle, todos os mortos-vivos de volta nas profundezas da terra, não há mais como adiar o confronto final, a batalha de Andronicus com Thorgrin. Esta seria a batalha que determinaria o destino da guerra. Thor não pretende deixar que ele escape – não desta vez. Andronicus, finalmente encurralado, parece disposto a enfrentar seu filho.

"Thorgrin, você é meu filho," Andronicus diz com a voz baixa. "Eu não quero machucá-lo."

"Mas eu quero matar você," Thor responde, recusando-se a ceder aos jogos mentais  de Andronicus.

"Thorgrin, meu filho," Andronicus repete, quando Thor dá um passo cauteloso na direção dele, "eu não quero te matar. Abaixe suas armas e junte-se a mim. Junte-se a mim como você tinha feito antes. Você é meu filho. Você não é filho deles. Você carrega o meu sangue em suas veias, e não o deles. Minha pátria é a sua terra natal; o Anel é apenas um lugar que você adotou. Você faz parte do meu povo. Essas pessoas não significam nada para você. Venha para casa. Volte para o Império. Permita-me ser o pai que você sempre quis. E torne-se o filho que eu sempre quis que você fosse.

"Eu não lutarei contra você," Andronicus fala, finalmente, abaixando seu machado.

Thor acredita ter ouvido o suficiente. Ele precisa tomar uma atitude agora, antes que ele permita que sua mente seja influenciada por aquele monstro.

Thor deixa escapar um grito de guerra, levanta a espada e ataca, trazendo-a para baixo com ambas as mãos visando acertar a cabeça de Andronicus.

Andronicus olha com surpresa e, então, no último segundo, ele se abaixa, pega o machado do chão e bloqueia o golpe de Thor.

Faíscas voam da espada de Thor quando as duas armas se encontram a centímetros de distância, e os dois gemem enquanto Andronicus detém o golpe de Thor.

"Thorgrin," diz Andronicus, "sua força é grande. Mas é a minha força. Eu lhe dei esse poder. Meu sangue corre em suas veias. Pare com essa loucura, e junte-se a mim!"

Andronicus empurra Thor para trás, e Thor cambaleia.

"Nunca!" Thor grita, desafiante. "Eu nunca vou voltar para você. Você não é um pai para mim. Você é um estranho. Você não merece ser meu pai!"

Thor ataca novamente, gritando e golpeando mais uma vez com sua espada. Andronicus bloqueia o golpe e Thor, esperando por isso, rapidamente vira a sua espada e corta o braço de Andronicus.

Andronicus grita quando o sangue esguicha de seu braço. Ele tropeça e olha para Thor com descrença, esticando o braço para tocar sua ferida e, em seguida, examina o sangue em sua mão.

"Você quer me matar," Andronicus diz, como se estivesse finalmente percebendo aquilo. "Depois de tudo que eu fiz por você."

"Eu certamente quero," Thorgrin responde.

Andronicus o analisa, como se estivesse olhando para um estranho, e logo seu olhar se transforma – de um olhar de curiosidade e decepção em um olhar de raiva.

"Então, você não é meu filho!" Ele grita. "O Grande Andronicus não pede duas vezes!"

Andronicus jogou a espada longe, ergue o machado de batalha com as duas mãos, soltando um grande grito, e parte para cima de Thor. Finalmente, a batalha começa.

Thor ergue a espada para bloquear o golpe, mas o golpe de Andronicus é tão forte que, ao se chocar com a espada de Thor, ele a parte ao meio.

Thor improvisa rapidamente, desviando do golpe – que passa a apenas alguns centímetros dele, tão perto que ele pode sentir o vento passando pelo seu ombro. Seu pai tem uma tremenda força, mais forte do que qualquer guerreiro que ele já havia enfrentado, – e Thor sabe que aquela luta não será fácil. Seu pai também é rápido, uma combinação mortal. E agora Thor não tem nenhuma arma.

Andronicus vira novamente sem hesitar golpeando dos dois lados, com o objetivo de cortar Thor pela metade.

Thor salta no ar, por cima da cabeça de Andronicus, dando uma cambalhota e usando seus poderes para pegar um impulso. Ele caiu em pé atrás de Andronicus, se abaixa e pega a espada de seu pai no chão, girando o corpo de dando um golpe nas costas de seu pai.

Mas para surpresa de Thor, Andronicus é rápido, e está preparado. Ele se vira e bloqueia mais este golpe. Thor sente o impacto de metal contra metal ressoar por todo o corpo. A espada de Andronicus resiste; ela é mais forte do que a sua havia sido. É estranho segurar a espada de seu pai, especialmente quando está lutando com a intenção de matá-lo.

Thor dá mais um golpe, tentando acertar o ombro de Andronicus. Andronicus bloqueia o ataque, e revida com outro golpe.

Eles ficam se alternando, ataque e bloqueio, Thor faz com que Andronicus recue, e Andronicus, por sua vez, também leva Thor a fazer o mesmo. Faíscas voam quando as se encontram, brilhando sob a luz, e o barulho do confronto ressoa pelo campo de batalha enquanto os dois exércitos assistem paralisados. Os dois grandes guerreiros se empurram mutuamente pela clareira, sem que qualquer um deles possa avançar.

Thor ergue sua espada para atacar novamente, mas desta vez Andronicus o surpreende ao avançar e chutá-lo no peito. Thor saiu voando para trás, caindo de costas no chão.

Andronicus corre e dá mais um golpe com seu machado. Thor rola para fora do caminho, mas não rápido o suficiente: o machado corta o bíceps de Thor, apenas o suficiente para tirar sangue. Thor grita, mas mesmo assim, ele se vira e dá mais um golpe com sua espada, cortando a panturrilha de Andronicus.

Andronicus tropeça, gritando de dor, e Thor volta a ficar em pé. Os dois se encaram, ambos feridos.

"Eu sou mais forte que você, meu filho," fala Andronicus. "E tenho mais experiência com batalhas. Desista agora. Seus poderes druidas não irão funcionar contra mim. Agora sou eu contra você, de homem para homem, espada contra espada. E como guerreiro, eu sou melhor. Você sabe disso. Renda-se a mim, e não o matarei."

Thor faz uma careta.

"Não me renderei a ninguém! Muito menos para você!"

Thor se obriga a pensar em Gwendolyn, no que Andronicus tinha feito com ela, e sua raiva se intensifica. Agora é a hora. Thor está determinado a acabar com Andronicus de uma vez por todas, e a mandar aquela criatura terrível de volta para o inferno.

Thor é tomado por uma explosão final de força, suas últimas reservas de energia, e deixa escapar um grito de guerra. Ele leva sua espada para baixo, golpeando para a esquerda e para a direita, tão rápido que mal consegue conter-se, enquanto Andronicus bloqueia golpe após golpe, sendo empurrado para trás, um passo de cada vez. A luta continua, e Andronicus parece surpreso que seu filho tenha tamanha força, e por tanto tempo.

Thor vê sua oportunidade quando, por um momento, os braços de Andronicus se cansam. Thor mira na lâmina do machado de Andronicus e acerta o golpe, derrubando o machado das mãos dele. Andronicus observa enquanto sua arma é arremessada no ar, chocado, e Thor, em seguida, chuta seu pai no peito, derrubando-o de costas no chão.

Antes que ele possa se levantar, Thor se adianta e coloca um pé sobre sua garganta. Thor o imobiliza e fica ali, olhando para ele.

Todo o campo de batalha parece hipnotizado, enquanto Thor permanece sobre seu pai, segurando a ponta de sua espada contra garganta dele.

Andronicus, com sangue escorrendo pela boca, sorri entre suas presas.

"Você não vai conseguir fazer isso, meu filho," ele diz. "Essa é a sua grande fraqueza. O seu amor por mim. Assim como também é a minha fraqueza em relação a você. Eu nunca tive coragem de matá-lo. Nem agora, nem durante to da a sua vida. Toda essa batalha é inútil. Você vai me deixar ir. Porque você e eu somos um.”

Thor continua em cima dele, com as mãos tremendo enquanto segura a ponta da espada na garganta de seu pai. Lentamente, ele a levanta. Uma parte dele sente que as palavras do pai são verdadeiras. Como ele seria capaz de matar seu próprio pai?

Mas enquanto ele olha para baixo, ele se lembra de toda dor e de todo o mal que seu pai tinha infligido a todos ao seu redor. Ele considerou o preço que pagaria por deixá-lo vivo. O preço da compaixão. Seria um preço muito alto a pagar, não apenas para Thorgrin, mas para todos que ele ama e com quem se preocupa. Thor olha para trás e vê as dezenas de milhares de soldados do Império quem haviam invadido sua terra natal, ali de pé, prontos para atacar seu povo. E esse homem era seu líder. Thor devia isso para sua terra natal. Para Gwendolyn. E acima de tudo, para a si mesmo. Este homem poderia ser seu pai de sangue, mas isso era tudo. Ele não era seu pai em qualquer outro sentido da palavra. Laços sanguíneos não são a única coisa que faz de um homem, um pai.

Thor ergue sua espada no alto, e com um grande grito, desfere um golpe.

Thor fecha os olhos e quando volta a abri-los vê a espada enfiada no chão, ao lado da cabeça de Andronicus. Thor a deixa ali e dá um passo para trás.

Seu pai tinha razão: ele tinha sido incapaz de matá-lo. Apesar de tudo, ele simplesmente não consegue matar um homem indefeso.

Thor vira de costas para seu pai, de frente para o seu próprio povo, de frente para Gwendolyn. É evidente que ele havia vencido a batalha; havia defendido seu ponto de vista. Agora Andronicus, se tivesse alguma honra, não teria outra escolha a não ser voltar para casa.

"THORGRIN!" Gwendolyn grita.

Ao se virar para ver o que está acontecendo, Thor vê o machado de Andronicus atravessando o ar, vindo direto para sua cabeça. Thor se abaixa no último segundo, e o machado passa voando.

Mas Andronicus é rápido e, no mesmo movimento ela estica o braço com sua manopla e dá um soco no maxilar de Thor, deixando-o de joelhos.

Thor sente uma dor terrível em suas costelas, quando a bota de Andronicus acerta seu estômago, fazendo com que ele saia rolando e com falta de ar.

Thor se apóia suas mãos no chão, de joelhos, respirando com dificuldade, com sangue escorrendo pela boca e morrendo de dor nas costelas, tentando reunir forças para se levantar. Com o canto do olho, ele vê Andronicus dar um passo a frente, com um amplo sorriso nos lábios, enquanto levanta o machado com as duas mãos. Ele pretende acertar a cabeça de Thor, que percebe pelos seus olhos injetados de sangue que Andronicus não terá misericórdia, como Thor teve.

"Isto é o que eu deveria ter feito 30 anos atrás," Andronicus declara.

Ele dá um grito, e desfere o golpe com seu machado na direção do pescoço exposto de Thor.

Thor, no entanto, não se sente vencido; ele consegue reunir uma última explosão de energia, e apesar de toda sua dor, fica em pé e ataca o pai, envolvendo os braços em torno de seu abdômen e levando Andronicus de costas no chão.

Thor fica em cima dele, imobilizando-o enquanto se prepara para lutar com as próprias mãos, quando Andronicus estende o braço e agarra sua garganta. Thor se surpreende com a força do pai; e sente que está perdendo o fôlego e que morrerá sufocado.

Thor procura em sua cintura, desesperado, em busca de sua adaga. O punhal real, que o rei MacGil havia lhe dado antes de morrer. Thor está ficando sem ar rapidamente, e sabe que se não encontrá-lo morrerá em breve. Ele consegue encontrá-la bem a tempo, e enfia a adaga com as duas mãos no peito de Andronicus.

Andronicus estremece, – surpreso e ferido mortalmente, mas continua enforcando seu filho.

Thor, sem fôlego, está começando a ver estrelas, prestes a desmaiar.

Por fim, lentamente, Andronicus solta seu pescoço, e seus braços caem ao lado de seu corpo. Seus olhos parecem vidrados, e ele não se move.

Ele permanece imóvel. Morto.

Thor respira profundamente enquanto tira a mão flácida de seu pai de sua garganta, arfando e tossindo, rolando o corpo de seu pai para o lado.

Seu corpo inteiro está tremendo. Ele havia acabado de matar seu pai. Ele não pensava que isso fosse possível.

Thor olha em volta e vê todos os guerreiros, os dois exércitos, encarando-o em estado de choque. Thor sente um tremendo calor percorrer seu corpo, como se alguma profunda mudança estivesse ocorrendo dentro dele, como se ele estivesse limpando alguma parte mal dentro de si mesmo. Ele se sente mudado, mais leve.

Thor ouve um barulho no céu, como um trovão, e vê uma pequena nuvem negra aparecer sobre o cadáver de Andronicus, e um funil de pequenas sombras negras, como demônios, girando até o chão. Eles rodam em torno de seu pai, erguendo seu corpo enquanto uivam, e em seguida, levantam seu corpo para o alto, mais e mais, até que desaparecem na nuvem. Thor observa, em estado de choque, e se pergunta para qual inferno o espírito de seu pai seria arrastado.

Thor olha para cima, e vê o exército do Império diante dele, centenas de milhares de homens, com um olhar de vingança nos olhos. O Grande Andronicus está morto, mas ainda assim, os seus homens ainda resistem. Thor e os homens do Anel ainda estão em menor número, cem para um. Eles haviam vencido a batalha, mas estão prestes a perder a guerra.

Erec e Kendrick e Srog e Bronson caminham para o lado de Thor, com espadas nas mãos, para enfrentarem o Império juntos. Trombetas soam na linha do exército do Império, e Thor se prepara para enfrentar a batalha pela última vez. Ele sabe que não poderia ganhar. Mas, ao menos todos iriam lutar juntos – em uma batalha épica.




CAPÍTULO SETE


Reece marcha ao lado de Selese, Illepra, Elden, Indra, O'Connor, Conven, Krog e Serna, nove deles marchando a oeste, como já faziam há horas, desde que tinham saído do Canyon. Em algum lugar, Reece sabe, seu povo o aguarda e, vivos ou mortos, ele está determinado a encontrá-los.

Reece tinha ficado chocado quando haviam passado por uma paisagem de destruição, intermináveis campos com cadáveres, carbonizado por dragões, com bandos de pássaros se alimentando deles. Milhares de cadáveres de soldados do Império pontuam o horizonte, alguns deles ainda com fumaça, que preenche o ar com o cheiro insuportável de carne queimada permeando a terra destruída. Aqueles que não haviam sido mortos pelo sopro do dragão tinham sido abatidos durante uma batalha convencional, e soldados do Império, MacGils e McClouds jazem mortos, e cidades inteiras foram destruídas – há pilhas de escombros por toda parte. Reece balança a cabeça: esta terra, que uma vez tinha sido tão abundante, agora está devastada pela guerra.

Desde haviam saído do Canyon, Reece e os outros estavam determinados a voltarem para casa, a voltarem para o lado MacGil do Anel. Sem encontrarem cavalos, eles marcham todo o caminho pelo território McCloud, ao longo das Highlands, até o outro lado, e agora, finalmente, eles se encontram no território MacGil, sem encontrar nada exceto ruína e devastação. Pela aparência da terra, os dragões pareciam terem ajudado a destruir as tropas do Império e, por isso Reece se sente grato. Mas Reece ainda não sabe em que estado se encontra seu próprio – estariam todos mortos? Até o momento, é essa a impressão que ele tem. Reece está ansioso para descobrir se estão todos bem.

Toda vez que encontram um campo com mortos e feridos, Illepra e Selese passam de corpo em corpo – aqueles que não foram carbonizados pelas chamas dos dragões, virando-os, verificando. Eles não são motivados apenas por suas profissões, Illepra também tem outro objetivo em mente: encontrar o irmão de Reece. Godfrey. É um objetivo que Reece e ela compartilham.

"Ele não está aqui," Illepra anuncia mais uma vez, quando ela finalmente termina, após ter verificado cada cadáver daquele campo, a decepção gravada em seu rosto.

Reece percebe o quanto Illepra se importa com seu irmão, e fica sensibilizada. Reece também tem esperanças de que ele esteja bem e entre os vivos, mas a julgar pela aparência daqueles milhares de cadáveres, ele tem um pressentimento de que talvez não o encontre.

Eles continuam marchando, passando por outra série de colinas, e quando terminam, eles avistam outro campo de batalha no horizonte, com milhares de cadáveres esparramados no chão. Eles continuam marchando naquela direção.

Enquanto caminham, Illepra chora baixinho. Selese coloca a mão em seu pulso.

"Ele está vivo," Selese a tranquiliza. "Não se preocupe."

Reece se adianta e coloca uma mão confortante em seu ombro, sentindo compaixão por ela.

"Se há uma coisa que eu sei sobre meu irmão," Reece diz, "é que ele é um sobrevivente. Ele encontra uma maneira de sair de qualquer confusão. Até mesmo a morte. Eu prometo. É mais provável que Godfrey esteja em alguma taverna por aí, bêbado."

Illepra ri por entre as lágrimas e enxuga seu rosto.

"Espero que sim," ela fala. "Pela primeira vez, eu realmente espero que sim."

Eles continuam a sua marcha sombria, silenciosamente atravessando o deserto, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Imagens do Canyon passam pela cabeça de Reece; ele não consegue suprimi-las. Ele volta a pensar na situação desesperadora que havia superado, e se sente eternamente grato a Selese; se ela não tivesse aparecido naquele momento, eles ainda estariam lá, e com certeza, mortos.

Reece se aproxima e pega a mão de Selese sorrindo, e os dois caminham de mãos dadas. Reece pensa no amor e devoção que ela sente por ele, e fica tocado que ela tenha atravessado todo o campo de batalhas apenas para salvá-lo. Ele sente um tremendo amor por ela, e ele mal pode esperar até que eles tenham um momento a sós para que ele possa demonstrar todo seu sentimento por ela. Ele já tinha decidido que queria ficar com ela para sempre. Ele sente uma lealdade a ela, diferente do que já havia sentido por qualquer outra pessoa, e assim que tivesse um momento, ele pretende pedi-la em casamento. Ele daria a ela o anel de sua mãe, o anel que ele havia prometido para a mãe que entregaria para o amor de sua vida – quando a encontrasse.

"Eu não posso acreditar que você atravessou o Anel por mim," Reece fala para ela.

Ela sorri.

"Não foi tão longe," responde ela.

"Não foi longe?" ele pergunta. "Você coloca sua vida em perigo ao atravessar um país devastado pela guerra. Devo-lhe uma. Mais ainda do que eu poderia dizer."

"Você não me deve nada. Estou feliz que você está vivo."

“Nós todos devemos a você," Elden entra na conversa. "Você salvou todos nós. Ainda estaríamos todos presos lá embaixo, perdidos no Canyon, para sempre."

"Falando de dívidas, tenho algo a discutir com você," Krog fala para Reece, chegando ao seu lado, mancando um pouco. Desde que Illepra havia colocado uma tala na perna dele, no topo do Canyon, Krog tinha, ao menos, sido capaz de caminhar por conta própria, mesmo que com dificuldade.

"Você me salvou lá embaixo, e mais de uma vez," continua Krog. "Foi muito estúpido de sua parte, se quiser saber minha opinião. Mas você fez isso de qualquer maneira. Mas não vá achando que eu lhe devo uma."

Reece balança a cabeça, surpreso pela aspereza de Krog e por sua tentativa desajeitada de agradecimento.

"Eu não sei se você está tentando me insultar, ou tentando me agradecer," Reece responde.

"Esse é o meu jeito," afirma Krog. "Eu estou cuidar de você a partir de agora. Não porque eu goste de você, mas porque é isso que eu me sinto motivado a fazer."

Reece balança a cabeça mais uma vez, perplexo, como sempre, pelo comportamento de Krog.

"Não se preocupe," diz Reece. "Eu também não gosto de você."

Todos continuam marchando, mais relaxados, felizes por estar vivos, fora do Canyon, de volta neste lado do Anel – todos, exceto Conven, que caminha em silêncio, separado dos outros, alheio ao mundo ao seu redor como havia ficado desde a morte de seu irmão gêmeo no Império. Nada, nem mesmo o fato de ter escapado da morte, parece capaz de tirá-lo desse torpor.

Reece começa a recordar os acontecimentos e se lembra que, durante a batalha, Conven havia se colocado em perigo de forma imprudente, repetidas vezes, quase matando a si mesmo para salvar os outros. Reece não consegue evitar a sensação de que havia sido mais uma tentativa de acabar com sua própria vida que uma forma de ajudar os outros. Ele se preocupa com Conven. Reece não gosta de vê-lo tão alienado, tão perdido em depressão.

Reece se aproxima dele.

"Você lutou de forma brilhante lá atrás," Reece diz para o amigo.

Conven apenas dá de ombros e olha para o chão.

Reece procura desesperadamente algo para dizer, enquanto marcham em silêncio.

"Você está feliz por estar em casa?" ele pergunta. "Por estar livre?"

Conven se vira e olha para ele fixamente.

"Eu não estou em casa. E eu não sou livre. Meu irmão está morto. E eu não tenho direito de viver sem ele."

Reece sente um arrepio percorrer seu corpo ao ouvir estas palavras. Claramente, Conven ainda está dominado pela tristeza; e usa o luto como uma medalha de honra. Conven está parecendo mais um morto-vivo, seu olhar está vazio. Reece ainda se lembra de vê-los cheios de alegria. Reece percebe que seu luto é profundo, e tem a sensação de que ele talvez nunca consiga superar isso. Reece se pergunta o que seria de Conven. Pela primeira vez, ele não consegue pensar em nada bom.

Eles marcham sem parar, as horas passam, e eles alcançam mais um campo de batalha, completamente repleto de cadáveres. Illepra, Selese e os outros se espalham, indo de cadáver em cadáver, virando-os, procurando por qualquer sinal de Godfrey.

"Estou vendo mais MacGils neste campo," Illepra diz esperançosamente, "e quase nenhum sinal do dragão. Talvez Godfrey esteja aqui."

Reece olha para cima e, ao ver os milhares de cadáveres, se pergunta se, mesmo que ele estivesse aqui, como seria possível encontrá-lo.

Reece se afasta e começa a olhar de cadáver em cadáver, juntamente com os outros, virando cada um deles. Ele vê todos os rostos de seu povo, alguns que ele reconhece e muitas pessoas estranhas – pessoas que ele conhecia e com quem havia lutado e pessoas que lutaram por seu pai. Reece fica espantado com a devastação que de sua terra natal, como uma praga, e sinceramente espera que tudo tenha finalmente acabado. Ele já havia visto batalhas, guerras e cadáveres suficientes para uma vida inteira. Ele está pronto para se estabelecer e viver em paz, se recuperar e reconstruir sua vida novamente.

"Aqui!" Grita Indra, sua voz cheia de emoção. Ela fica em pé sobre um corpo e olha para baixo.

Illepra se vira e sai correndo, e todos e reúnem ao redor dele. Ela se ajoelha ao lado do corpo, e as lágrimas inundam seu rosto. Reece se ajoelha ao lado dela e suspira ao ver seu irmão.

Godfrey.

Com a grande barriga de fora, a barba por fazer, os olhos fechado, muito pálido e com as mãos azuis devido ao frio, ele parece morto.

Illepra se inclina sobre ele e chacoalha seu corpo algumas vezes; ele não responde.

"Godfrey! Por Favor! Acorde! Sou eu! Illepra! GODFREY!"

Ela o sacode uma e outra vez, mas ele não desperta. Finalmente, freneticamente, ela se vira para os outros, olhando na direção de seus cintos.

"Seu vinho!" Ela exigiu de O'Connor.

O'Connor se atrapalha um pouco, mas se apressa a entregá-lo a Illepra.

Ela pega o vinho e o segura sobre o rosto de Godfrey, esguichando um pouco em seus lábios. Ela levanta a cabeça dele, abre sua boca, e esguicha um pouco em sua língua.

Há uma resposta súbita, quando Godfrey lambe os lábios e engole.

Ele tosse, e então se senta, pega o saco com os olhos ainda fechados, e começa a beber mais e mais, até ficar completamente sentado. Ele abre os olhos devagar e limpa a boca com as costas da mão. Ele olha em volta, confuso e desorientado, e arrota.

Illepra grita de alegria, inclinando-se e dando-lhe um grande abraço.

"Você sobreviveu!" ela exclama.

Reece suspira de alívio quando seu irmão olha em volta, confuso, mas bastante vivo.

Elden e Serna seguram Godfrey pelos ombros e o colocam em pé. Godfrey fica parado, vacilante a princípio, e então ele dá outro longo gole de vinho e limpa a boca com as costas da mão.

Godfrey olha ao redor, com os olhos turvos.

"Onde estou?" ele pergunta. Ele estende a mão e coça a cabeça, que tem um grande ferimento, e seus olhos fecham de dor.

Illepra estuda a ferida atentamente, passando a mão sobre ela, e sobre o sangue seco em seu cabelo.

"Você está ferido," ela diz. "Mas pode se orgulhar: por estar vivo. Você está seguro."

Godfrey cambaleia, e os outros o seguram.

"Isso não é grave," ela diz, examinando-o, "mas você vai precisar de repouso."

Ela tira uma bandagem de sua cintura e começa a envolvê-la em torno da cabeça dele, dando algumas voltas. Godfrey estremece, e olha para ela. Então, ele olha em volta e observa todos os corpos de olhos arregalados.

"Eu estou vivo," ele fala. "Eu mal posso acreditar."

"Você conseguiu," fala Reece, apertando o ombro de seu irmão mais velho, feliz. "Eu sabia que você conseguiria."

Illepra o abraça e, lentamente, ele a abraça de volta.

"Então é assim que é ser um herói," Godfrey observa, e os outros riem. "Se continuarem me dando bebida desse jeito," acrescenta ele, "talvez eu faça isso mais vezes."

Godfrey dá outro gole e, finalmente, começa a caminhar com eles, inclinando-se sobre Illepra, com um braço em torno dela enquanto ela o ajuda a se equilibrar.

"Onde estão os outros?" Godfrey pergunta no caminho.

"Nós não sabemos," Reece responde. "Em algum lugar a oeste, eu espero. É para lá que estamos indo. Marchamos para Corte do Rei – para vermos se ele ainda vive."

Reece engole em seco ao pronunciar estas palavras. Ele olha para o horizonte, e reza para que seus compatriotas tenham encontrado um destino semelhante ao de Godfrey. Ele pensa em Thor, em sua irmã Gwendolyn, em seu irmão Kendrick, e em tantos outros que ele ama. Mas ele sabe que a maior parte do exército do Império ainda não havia sido derrotada e, a julgar pelo número de mortos e feridos que ele já tinha visto, ele tem a sensação de que o pior ainda está por vir.




CAPÍTULO OITO


Thorgrin, Kendrick, Erec, Srog e Bronson se alinham diante do exército do Império,  com seus homens atrás deles, de armas em punho, preparando-se para enfrentar a ofensiva das tropas do Império. Thor sabe que este seria o derradeiro ataque, a batalha final de sua vida, mas ele não tem qualquer arrependimento. Ele morreria ali, de frente para o inimigo, em pé, de espada na mão, com seus companheiros de armas ao seu lado, defendendo sua terra natal. Ele teria a oportunidade de corrigir o que tinha feito ao enfrentar seu próprio povo na batalha. Não há mais nada que ele possa querer da vida.

Thor pensa em Gwendolyn, e gostaria apenas de ter mais algum tempo por ela. Ele reza para que Steffen a tenha levado para um lugar seguro, atrás das linhas. Thos está determinado a lutar com tudo o que tem, e matar o maior número de soldados do Império que puder, apenas para impedi-los de machucá-la.

Enquanto Thor permanece ali, ele sente no ar o companheirismo de seus irmãos, todos ali, destemidamente em pé, corajosamente defendendo seu terreno. Estes são os melhores homens do reino, os melhores cavaleiros – Pratas, MacGils e Silesianos – todos unidos, nenhum dando chance para o medo, apesar das probabilidades. Todos estão dispostos a dar suas vidas para defender sua pátria. Todos eles valorizam a honra e a liberdade mais do que a vida.

Thor ouve as trombetas do Império, por toda a linha inimiga, e observa suas divisões com inúmeros homens alinhados em unidades precisas. Eles enfrentariam soldados disciplinados, soldados com comandantes impiedosos que tinham lutado a vida toda. Eles são como uma máquina bem ajustada, treinada para continuar em face da morte de seu líder. Um novo comandante havia assumido o comando do Império, e agora lidera suas tropas. Eles são numerosos, e Thor sabe que não há qualquer possibilidade de derrotá-los com tão poucos homens. Mas isso não importa mais. Não importa se eles morrerem. Tudo o que importa é como eles morreriam. Eles morreriam em pé, como homens, em um confronto final que dificilmente seria esquecido.

"Vamos esperar que eles venham até nós?" Pergunta em voz alta Erec. "Ou devemos lhes dar a saudação dos MacGils?"

Thor sorri, junto com os outros. Não há nada como um pequeno exército atacando um maior. É imprudente, mas também pode ser visto com a mais alta demonstração de coragem.

Como um só, Thor e seus homens de repente soltam um grito de guerra, e começam a atacar. Eles correm a pé, correndo para preencher a lacuna entre os dois exércitos, seus gritos de batalha preenchem o ar, e todos os seus homens o seguem de perto. Thor segura sua espada erguida, correndo ao lado de seus irmãos, com o coração batendo acelerado e uma rajada de vento soprando seu rosto. Esta era a sensação de uma batalha, fazendo Thor se lembrar de como é bom estar vivo.

Os dois exércitos atacam, correndo o mais rápido que podem para matar uns aos outros. Assim que se encontram no meio, há um tremendo estrondo de armas.

Thor dá golpes para todos os lados, atacando a primeira fila de soldados do Império, que empunha lanças longas, azagaias e arpões. Thor corta a primeira lança que encontra na metade, e então perfura o intestino de um soldado.

Thor desvia e recua quando várias lanças aparecem em seu caminho; ele golpeia com sua espada, girando em todas as direções, cortando todas as armas ao meio e dá chutes e cotoveladas, tirando vários soldados de seu caminho. Ele desfere socos com sua manopla, chuta soldados na virilha, dá cotoveladas em alguns e perfura outros com sua espada. O espaço é reduzido e ele avança aos poucos. Thor é uma máquina de um homem só, abrindo caminho através de um exército muito superior.

Ao seu redor, seus irmãos estão fazendo o mesmo, lutando com incrível velocidade e potência, força e espírito, apesar de estarem em menor número, atirando-se contra um exército muito maior e atravessando as linhas dos soldados do Império, que parece não ter fim. Nenhum deles hesita, e ninguém recua

Ao redor de Thor, milhares de homens enfrentam milhares de soldados;  homens gritando e gemendo enquanto lutam lado a lado em um grande confronto, a batalha determinante para o destino do Anel. E, apesar das forças inimigas muito superiores, os homens do Anel vão ganhando força, impedindo o avanço do Império, e até mesmo fazendo com que recuem.

Thor pega um mangual das mãos de um soldado do Império, dá um chute nele e, em seguida, gira o corpo e bate com a arma na lateral de seu capacete. Thor gira o mangual, derrubando vários outros soldados, e então ele arremessa a arma para o meio da multidão, atingindo mais alguns.

Thor, em seguida, ergue a espada e volta para a luta corpo-a-corpo, atacando por todos os lados, até que seus braços e ombros se cansam. Em certo momento, ele se move um pouco mais lentamente, e um soldado parte pra cima dele com uma espada em punho; Thor se vira para ele, tarde demais, e se prepara para o golpe inevitável.

Thor ouve um rosnado e Krohn passa por ele, pula no ar e trava suas mandíbulas na garganta do soldado, levando-o para o chão e salvando Thor.

Horas de  luta se passam. Enquanto Thor a princípio se anima com o avanço inicial, logo se torna evidente que aquela batalha é um ato de futilidade, prolongando o inevitável. Não importa quantos deles matem, o horizonte continua com um número infindável de homens. E enquanto Thor e os outros vão ficando cansados, os homens do Império parecem descansados, e cada vez mais numerosos.

Thor, perdendo força, não se defende tão rapidamente quanto antes, e de repente recebe um golpe de espada no ombro; ele grita de dor enquanto o sangue jorra de seu braço. Thor em seguida, leva uma cotovelada nas costelas, e um machado de batalha desce na direção dele, e ele mal consegue bloqueá-lo com seu escudo. Ele ergue o escudo quase um segundo tarde demais.

Thor está perdendo terreno, e ao olhar à sua volta, vê que os outros ao seu redor também estão. A maré estava começando a virar mais uma vez; os ouvidos de Thor são preenchidos com os gritos de morte de muitos de seus homens, que começam a cair. Depois de horas de luta, eles estão começando a perder a batalha. Logo, eles seriam completamente derrotados. Ele pensa em Gwendolyn, e se recusa a aceitar que aquele seja o fim.

Thor joga a cabeça para trás, olhando para céu, e tenta desesperadamente reunir os poderes que lhe restam. Mas seu poder Druida não está respondendo. A maior parte de seu poder, ele sabe, havia sido drenada durante sua luta com Andronicus, e ele precisa de tempo para se recuperar. Ele nota Argon no campo de batalha, também não tão poderoso quanto antes, pois seus poderes também tinham sido usados na luta contra Rafi. E Alistair também está enfraquecida, tendo usado seus poderes para reviver Argon. Eles não têm qualquer outro reforço. Apenas a força de seus braços.

Thor joga a cabeça para trás mais uma vez e dá um grande grito de guerra desesperado, torcendo por algum milagre, alguma mudança.

Por favor, Deus, ele pede. Eu imploro. Salve-nos neste dia. Eu recorro a você. Não aos meus homens, ou aos meus poderes, mas a você. Dê-me um sinal de seu poder.

De repente, para espanto de Thor, o ar é tomado pelo som de um grande rugido, um barulho tão alto que parece dividir os próprios céus.

O coração de Thor acelera quando ele imediatamente reconhece o som. Ele olha para o horizonte e vê, atravessando as nuvens, sua velha amiga, Mycoples. Thor está surpreso, eufórico ao ver que ela está viva, que ela está livre, e que ela está de volta ao Anel, voando em direção a ele. É como se uma parte dele estivesse restaurada.

Thor se surpreende ainda mais ao ver, ao lado dela, um segundo dragão. Um dragão do sexo masculino, com escamas vermelhas desbotadas e antigas, e enormes olhos verdes brilhantes olhos verdes, de aparência ainda mais feroz que Mycoples. Thor observa enquanto os dois dragões atravessam o ar, voando entre as nuvens para, em seguida, mergulhar na direção de Thor. Ele percebe, então, que suas preces tinham sido atendidas.

Mycoples levanta as asas, jogando o pescoço para trás, e grita, assim como o dragão ao lado dela, e os dois assopram uma parede de fogo sobre o exército do Império, iluminando o céu. O dia frio de repente se torna quente, à medida que as paredes de fogo se alastram  na direção deles. Thor leva os braços ao rosto.

Os dragões atacam da parte de trás, de modo que as chamas não chegam a atingir Thor. Ainda assim, a parede de fogo está perto o suficiente para que Thor sinta seu calor, e os cabelos de seu antebraço são chamuscados pelas chamas.

Os gritos de milhares de homens tomam conta do ar à medida que o exército do Império, divisão por divisão, é incendiado. Dezenas de milhares de soldados gritam por suas vidas, correndo para todos os lados, mas não há para onde fugir. Os dragões são impiedosos. Eles atacam, – cheios de fúria, dispostos a vingar-se do Império.

Divisão após divisão do Império é derrotada, e seus soldados caem no chão, mortos.

O restante dos soldados que enfrentam Thor entram em pânico e foge, tentando se afastar dos dragões que cruzam o céu, cuspindo chamas em todos os lugares. Mas eles apenas correm para suas próprias mortes, quando os dragões se aproximam deles, e os mata um de cada vez.

Logo, Thor se vê diante de um campo vazio, com nuvens negras de fumaça e o cheiro de carne queimada no ar – o bafo dos dragões, um cheiro de enxofre. Quando a fumaça desaparece, eles vêem um terreno carbonizado diante deles, nem um único homem vivo, toda a grama e árvores reduzidas a cinzas. O exército do império, até então insuperável, tinha sido completamente dizimado.

Thor fica espantado e eufórico. Ele não iria morrer. Todos eles sobreviveriam. O anel está livre. Finalmente, eles estão livres.

Mycoples mergulha e para diante de Thor, abaixando a cabeça e bufando.

Thor se adianta, sorrindo ao se aproximar de sua velha amiga, e Mycoples abaixa a cabeça até o chão, ronronando. Thor acaricia as escamas em seu rosto, e ela estica o pescoço e esfrega o focinho para cima e para baixo no peito dele, acariciando o rosto contra seu corpo. Ela ronrona satisfeita, e fica claro que ela está em êxtase por ver Thor novamente, que está igualmente satisfeito em revê-la.

Thor monta no dragão e se vira para o seu exército, milhares de homens que olham para ele com espanto e alegria, e levanta sua espada.

Os homens também erguem suas espadas e aplaudem Thor. Finalmente, o ar é preenchido com o som da vitória.




CAPÍTULO NOVE


Gwendolyn fica parada olhando Thorgrin montado em Mycoples, e seu coração dispara de alívio e orgulho. Ela abre caminho através da multidão de soldados, de volta à linha de frente, abrindo mão da proteção de Steffen e dos outros. Ela percorre rapidamente a distância que os separa, atravessando a clareira até parar diante de Thor. Ela começa a chorar de alegria, observando a completa derrota do Império, o fim de todas as ameaças, e ao ver Thor, seu grande amor, vivo e em segurança. Ela se sente triunfante, pois toda a escuridão e tristeza dos últimos meses tinha finalmente acabado, e ela acredita que o Anel está finalmente a salvo mais uma vez. Ela é tomada por um sentimento de alegria e gratidão quando Thor a vê e olha para ela com amor e um brilho nos olhos.

Gwen está prestes a se aproximar e cumprimentá-lo, quando de repente um barulho corta o ar , tirando sua atenção.

"BRONSON!" Diz a voz.

Gwen e os outros se viram, e o coração fica apertado ao verem um homem emergir das cinzas do lado do Império. O homem tinha ficado deitado de barriga para baixo no chão, coberto com os corpos dos soldados do Império, e ele agora se levanta e afasta os corpos de perto dele, ficando em pé.

McCloud.

Gwen sente um arrepio. McCloud, de alguma forma havia sobrevivido, tendo sido covarde e se refugiado sob os corpos de outras pessoas, sobrevivendo de alguma forma à parede de chamas. Ele fica ali com o seu corpo desfigurado, com o rosto marcado, sem um dos olhos, e agora, meio queimado por causa das chamas, com fumaça ainda saindo de suas roupas. No entanto, ele ainda está vivo, de espada na mão, olhando diretamente para seu filho, Bronson.

Gwen sente um tremendo desgosto tomar conta dela. Aquele é um homem que ela detesta com cada centímetro de seu corpo, o homem dos seus pesadelos, que ela revive todas as noites, o homem que a tinha atacado. Não há nada que ela deseja mais do que vê-lo morto.





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Em UM CÉU DE FEITIÇOS (LIVRO #9 DA SÉRIE O ANEL DO FEITICEIRO), Thorgrin finalmente volta a ser ele mesmo e deve enfrentar seu pai de uma vez por todas. Uma batalha épica ocorre, quando dois titãs se enfrentam e Rafi usa seu poder para convocar um exército de mortos vivos. Com a espada Destino destruída e o destino do Anel em risco, Argon e Alistair terão de convocar seus poderes mágicos para ajudar os bravos guerreiros de Gwendolyn. No entanto, mesmo com a ajuda deles, tudo poderia estar perdido se não fosse pelo retorno de Mycoples e seu novo companheiro, Ralibar. Luanda luta para prevalecer contra seu captor, Romulus, enquanto o destino do escudo está ameaçado. Enquanto isso, Reece se esforça para levar seus homens de volta até as paredes do Canyon, com a ajuda de Selese. Seu amor por Selese se aprofunda; mas com a chegada de um antigo amor de Reece, sua prima, um triângulo amoroso trágico e muitos mal-entendidos se geram. Quando as forças do Império são finalmente expulsas do Anel e Gwendolyn tem a chance de obter sua vingança pessoal contra McCloud, há grandes motivos para comemorar. Como a nova Rainha do Anel, Gwen usa seu poder para unir os MacGils e McClouds pela primeira vez na história e começa a reconstrução épica de sua terra, de seu exército e da Legião. A Corte do Rei volta lentamente à vida, mais uma vez, enquanto todos eles começam juntar suas peças. Ela está destinada a se tornar uma cidade mais gloriosa do que até mesmo o Rei MacGil havia sonhado, e no meio desse processo, a justiça finalmente encontra Gareth. Tirus também deve ser levado à justiça e Gwen terá de decidir que tipo de líder ela será. Surge um grande conflito entre os filhos de Tirus, os quais não veem as coisas da mesma maneira e a luta pelo poder irrompe mais uma vez enquanto Gwen decide se aceitará um convite para visitar as Ilhas superiores, tornando assim o clã MacGil completo novamente. Erec é convocado para retornar ao seu povo nas Ilhas Austrais e visitar seu pai moribundo, Alistair se junta a ele, ambos se preparam para o seu casamento. Futuramente, Thorgrin e Gwendolyn poderão realizar os preparativos do seu casamento também. Thor se torna mais achegado a sua irmã e quando tudo se acalma no interior do Anel, ele é convocado para embarcar em sua missão, a maior de todas: procurar sua misteriosa mãe em uma terra distante e descobrir quem ele realmente é. Com vários preparativos de casamento no ar; o retorno da primavera; a reconstrução da Corte do Rei e os festivais em andamento, a paz parece resolver restabelecer-se no Anel. Mas o perigo espreita nos lugares mais inusitados e grandes tribulações ainda podem sobrevir a todos esses personagens. Com sua ambientação em um mundo sofisticado e sua caracterização de época, UM CÉU DE FEITIÇOS é um conto épico sobre amigos e amantes, rivais e pretendentes, sobre cavaleiros e dragões, intrigas e maquinações políticas, sobre atingir a maioridade, corações partidos, decepção, ambição e traição. É uma história de honra e coragem, de destinos, de feitiçaria. É uma fantasia que nos leva a um mundo que nunca esqueceremos e que vai interessar a todas as idades e gêneros. Os livros #10 a #14 da série já estão disponíveis!

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