Книга - Predestinada

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Predestinada
Morgan Rice


Memórias de um Vampiro #11
TRANSFORMADA é um livro que pode competir com CREPÚSCULO e DIÁRIOS DO VAMPIRO, e fará com que você queira continuar lendo até a última página! Se você gosta de aventura, amor e vampiros, este é o livro para você! Vampirebooksite. com (sobre Transformada) Em PREDESTINADA, Scarlet Paine, de 16 anos, se esforça para compreender o que está lhe acontecendo, até despertar e perceber que está se tornando um vampiro. Afastando-se de seus pais e seus amigos, a única pessoa restante a quem ela pode recorrer é Sage, o garoto misterioso, que rapidamente se tornou o amor de sua vida. No entanto, Sage, cuja casa ela encontrara abandonada, desapareceu. Scarlet, sozinha no mundo, sem ninguém mais para apoiá-la, procura suas amigos e tenta se reconciliar com elas. Tudo parece voltar ao que era antes até que elas a convidam para uma viagem a uma ilha abandonada no meio Hudson – mas as coisas perdem o controle e os verdadeiros poderes de Scarlet são revelados e saber quem são seus amigos e quem são seus inimigos se torna mais confuso do que nunca. Blake ainda está interessado nela e tenta se reconciliar. Ele parece sincero e Scarlet fica confusa por ter escolher entre ficar com Blake ou esperar por Sage, que continua desaparecido. Quando Scarlet finalmente encontra Sage, eles passam os momentos mais romântico de sua vida; no entanto, ela é atingida com a tragédia: Sage está morrendo, faltando apenas poucos dias de vida. Kyle, entretanto, transformou-se no único outro vampiro restante no mundo, e está com uma fúria assassina, à procura de Scarlet; Caitlin e Caleb consultam Aiden e cada um deles embarca em diferentes missões – Caleb deve parar e matar Kyle enquanto Caitlin deve ir para a famosa biblioteca da Universidade de Yale, para pesquisar rumores sobre uma antiga relíquia que, dizem, pode cura e matar vampiros para sempre. É uma corrida contra o tempo e pode ser tarde demais. Scarlet está se transformando rapidamente, mal é capaz de controlar o que está lhe acontecendo e Sage está morrendo a cada momento que passa. O livro culmina em muita ação e reviravoltas, Scarlet terá que fazer uma monumental escolha – uma que mudará o mundo para sempre. Será que Scarlet fará o sacrifício final para salvar a vida de Sage? Será que ela vai arriscar tudo o que ela tem em nome do amor? Cheio de ação, romance, aventura e suspense. Ponha as suas mãos nesse e se apaixone mais uma vez. vampirebooksite. com (sobre Transformada)





Morgan Rice

Predestinada (Livro #11 De Memória De Um Vampiro)




Sobre Morgan Rice

Morgan Rice é a autora número 1 e também a autora best-seller, do USA Today, da fantasia épica O ANEL DO FEITICEIRO, formada por enquanto por dezessete livros; da série best-seller número 1 MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO, formada por onze livros (até o momento) e da série best-seller número 1 A TRILOGIA DA SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós apocalíptico formado por dois livros (até o momento). Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e em edições impressas, e há versões disponíveis em mais de 25 idiomas.

TRANSFORMADA (Livro #1 de Memórias de um vampiro), ARENA UM (Livro #1 de A Trilogia da Sobrevivência) e EM BUSCA DE HERÓIS (Livro #1 de O Anel do Feiticeiro) and ASCENÇÃO DOS DRAGÕES (Reis e Feiticeiros—Livro #1), todos disponíveis em downloads gratuitos!

Morgan quer ouvir a sua opinião, então, por favor, sinta-se à vontade para visitar seu website www.morganricebooks.com (http://www.morganricebooks.com/) para fazer parte da lista de e-mails, receber um livro de graça, ganhar brindes, baixar o novo aplicativo, ficar por dentro das últimas novidades exclusivas, conectar ao Facebook e Twitter e manter contato!



Crítica selecionada sobre MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO

“TRANSFORMADA é um livro que pode competir com CREPÚSCULO e DIÁRIOS DO VAMPIRO, e fará com que você queira continuar lendo até a última página! Se você gosta de aventura, amor e vampiros, este é o livro para você!”



    --Vampirebooksite.com (sobre Transformada)

“Rice faz um ótimo trabalho ao trazer o leitor para dentro da história desde o início, usando uma incrível qualidade descritiva que transcende a mera pintura do cenário… Bem escrito e extremamente rápido de ler.”



    --Black Lagoon Reviews (sobre Transformada)

“Um história ideal para jovens leitores. Morgan Rice fez um ótimo trabalho tramando uma inesperada reviravolta… Inovador e único. A série acontece em torno de uma garota… uma incrível garota!… Fácil de ler, mas de ritmo extremamente acelerado. Apropriado para maiores de 12 anos.”



    --The Romance Reviews (sobre Transformada)

“Prendeu minha atenção desde o início e não deixou mais escapar… Esta história é uma aventura incrível, de ritmo intenso e cheia de ação desde o início. Não há um momento entediante sequer.”



    --Paranormal Romance Guild  (sobre Transformada)

“Cheio de ação, romance, aventura e suspense. Ponha as suas mãos nesse e se apaixone mais uma vez.”



    --vampirebooksite.com (sobre Transformada)

“Uma trama incrível e é especialmente o tipo de livro difícil de parar de ler à noite. O suspense do final é tão espetacular que imediatamente você vai querer comprar o livro seguinte, só para ver o que acontece.”



    --The Dallas Examiner {sobre Loved}

“Uma trama incrível e é especialmente o tipo de livro difícil de parar de ler à noite. O suspense do final é tão espetacular que imediatamente você vai querer comprar o livro seguinte, só para ver o que acontece.”



    --The Dallas Examiner {sobre Loved}



Livros de Morgan Rice

REIS E FEITICEIROS

ASCENÇÃO DOS DRAGÕES (Livro #1)

RISE OF THE VALIANT (Livro #2)



O ANEL DO FEITICEIRO

EM BUSCA DE HERÓIS (Livro 1)

MARCHA DE REIS (Livro 2)

DESTINO DE DRAGÕES (Livro 3)

GRITO DE HONRA (Livro 4)

VOTO DE GLÓRIA (Livro 5)

CARGA DE VALOR (Livro 6)

A RITE OF SWORDS (Livro 7)

A GRANT OF ARMS (Livro 8)

A SKY OF SPELLS (Livro 9)

A SEA OF SHIELDS (Livro 10)

A REIGN OF STEEL (Livro 11)

A LAND OF FIRE (Livro 12)

A RULE OF QUEENS (Livro 13)

AN OATH OF BROTHERS (Livro14)

A DREAM OF MORTALS (Book #15)

A JOUST OF KNIGHTS (Book #16)

THE GIFT OF BATTLE (Book #17)



A TRILOGIA DA SOBREVIVÊNCIA

ARENA UM: COMERCIANTES DE ESCRAVOS (Livro 1)

ARENA DOIS (Livro 2)



MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO

TRANSFORMADA (Livro 1)

AMADA (Livro 2)

TRAÍDA (Livro 3)

DESTINADA (Livro 4)

DESEJADA (Livro 5)

COMPROMETIDA (Livro 6)

VOWED (Livro 7)

ENCONTRADA (Livro 8)

RESSUSCITADA (Livro 9)

COBIÇADA (Livro 10)

PREDESTINADA (Livro 11)














Direitos reservados© 2014 por Morgan Rice

Todos os direitos reservados. Exceto como permitido pela lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida por nenhuma forma ou meio, ou armazenada em banco de dados ou em sistemas de recuperação, sem a permissão prévia do autor.

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Este é um trabalho fictício. Nomes, personagens, empresas, organizações, locais e incidentes são frutos da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.

A ilustração de capa é um direito autoral de Subbotina Anna, utilizada sob autorização da Shutterstock.com.


“Nossas vontades e destinos tão contrariamente correm
Que nossas tramas no entanto são desmanteladas;
Nossos pensamentos são nossos, seus fins não são nada de nosso.”

    --William Shakespeare, Hamlet






CAPÍTULO UM


Caitlin Paine estava na salinha dos fundos do bar Pete, junto com Caleb, Sam, Polly e uma dúzia de policiais. Ela olhou para o lado de fora através de uma janela aberta e estilhaçada, a noite estava cheia de luzes piscantes da polícia. Ela se perguntou o que raios podia ter acontecido com sua filha. Scarlett, o amor de sua vida, estava por aí, em algum lugar, correndo pela escuridão, sozinha, provavelmente com medo, e este pensamento a rasgava por dentro. O que machucava Caitlin ainda mais do que imaginar Scarlett desaparecida era pensar o que Scarlett tinha se tornado, as lembranças dela, seu último olhar antes de ela ter pulado pela janela. Aquilo não era sua filha.

Era outra coisa.

Caitlin estremeceu ao pensar sobre isso e, apesar da tentativa de se livrar da ideia, ela sabia que era verdade. Ela vinha lutando contra este pensamento o tempo todo, lutando para não acreditar que Scarlett não era mais humana, que ela era realmente um vampiro. Caitlin vinha brigando com Aiden, com o padre, com Caleb e, acima de tudo, com ela mesma, esperando, desejando que a situação se tratasse de qualquer outra coisa. Mas ela não tinha mais como lutar contra isso tudo. Ela não tinha mais explicações.

O coração de Caitlin acelerou quando ela olhou para a escuridão da noite. Ela tinha visto tudo com seus próprios olhos, desta vez, ela mesma tinha testemunhado. Sua menina havia se transformado, havia se alimentado daquele homem, havia adquirido uma força super-humana. Ela havia arrebentado aquele enorme homem contra uma parede como se ele fosse um palito de dente – e depois saltou para a noite com tamanha velocidade, num piscar de olhos, que não havia nenhuma maneira de ela ainda ser humana. Também não havia como pegá-la, Caitlin sabia. Ela sabia que a polícia estava perdendo seu tempo.

Aquela vez fora diferente também, pois ela não tinha sido a única a presenciar a situação. Caitlin tinha visto a expressão no rosto de Caleb, de Sam e de Polly e ela podia ver isso em seus olhos: uma expressão de choque, um medo do sobrenatural. Scarlett, a pessoa que eles amavam acima de tudo, já não era mais Scarlett.

Era uma coisa vinda de pesadelos, contos de fadas e lendas, algo que Caitlin nunca tinha imaginado que veria em sua vida. Aquilo havia desestabilizado não apenas a sua visão sobre Scarlett, mas toda a sua visão sobre o mundo. Como poderia tal coisa realmente existir? Como poderia este planeta ter mais do que apenas seres humanos sobre ele?

“Senhora Paine?”

Caitlin se virou para ver um oficial de polícia que estava ao seu lado, com caneta e papel na mão, olhando para ela com paciência.

“Você ouviu a minha pergunta?”

Caitlin, tremendo, em transe,  balançou a cabeça lentamente.

“Eu sinto muito”, ela respondeu, sua voz estava rouca. “Não.”

“Eu disse: onde você acha que sua filha pode ter ido?”

Caitlin suspirou enquanto pensava sobre aquilo. Se fosse a antiga Scarlett, ela podia lhes contar facilmente. À casa de uma amiga; ao clube; a um encontro; ao campo de futebol…

Mas sobre a nova Scarlett, ela não tinha idéia.

“Eu também gostaria de saber,” ela finalmente respondeu.

Outro oficial se adiantou.

“Existem amigos que ela poderia ter ido visitar?”, ele insistiu. “Algum namorado?”

Ao ouvir a palavra namorado, Caitlin se virou e olhou para o resto da sala, à procura de qualquer sinal do garoto misterioso que aparecera naquele bar. Sage, ele havia lhe dito. Tão simples, apenas uma palavra, como se ela soubesse quem ele era. Caitlin teve que admitir que ela nunca havia conhecido ninguém como ele. Ele exalava um poder de atração mais forte do que qualquer um que ela já havia conhecido, era mais um homem adulto do que um adolescente. Se vestia todo de preto, tinha olhos brilhantes e maçãs do rosto esculpidas que o faziam parecer ter vindo diretamente de outro século.

O mais estranho de tudo era que o que Caitlin vira ele fazer aos homens daquele bar. Ela sabia que Caleb e Sam eram mais do que capazes de cuidarem de si mesmos – e, mesmo assim, aquele menino tinha conseguido uma vitória rápida quando os outros não a conseguiram, ele havia acabado com todos aqueles homens em um turbilhão. Quem era ele? Por que ele estava ali?

E por que ele estava à procura de Scarlett?

No entanto, quando ela olhou ao seu redor, Caitlin não viu nenhum sinal dele. Sage havia, de algum jeito, desaparecido. Qual era a sua conexão com Scarlett? ela se perguntava. Seu instinto de mãe lhe dizia que, de alguma forma, os dois estavam juntos. Mas quem era ele? O mistério só se aprofundava.

Caitlin não se sentia pronta para mencioná-lo à polícia; era tudo estranho demais.

“Não”, Caitlin mentiu, com a voz trêmula. “Não que eu saiba.”

“Você tinha dito que havia um menino, um menino que estava aqui com vocês, envolvido na briga?”, perguntou outro policial. “Você sabe o nome dele?”

Caitlin sacudiu a cabeça.

“Sage,” Polly entrou na conversa, dando um passo a frente. “Ele disse que seu nome era Sage.”

Por alguma razão, Caitlin não queria contar isso; ela sentia que deveria protegê-lo. E ela também sentia, sem saber explicar como, que Sage tampouco era humano – e ela não estava preparada para dizer isso à polícia e ter todos, mais uma vez, pensando que ela era louca.

O policial ficou ali, anotando o nome dele e ela se perguntou o que eles fariam.

“E quanto a todos esses mal-encarados aqui?” Polly pressionou, olhando a sua volta, consternada. “Todos esses idiotas que começaram a luta? Você não vai prendê-los?”

Os policiais se entreolharam, desconfortáveis.

Um deles pigarreou.

“Nós já prendemos Kyle, o homem que atacou sua filha”, disse o oficial. “Quanto aos outros, bem, para ser franco, é a sua palavra contra a deles – e eles dizem que foram vocês que começaram a briga.”

“Não fomos nós!”, disse Caleb, avançando com raiva, cuidando de um hematoma em sua cabeça. “Viemos aqui procurar minha filha – e eles tentaram nos impedir.”

“Como eu disse,” disse o oficial, “é a sua palavra contra a deles. Eles disseram que você que deu o primeiro golpe – e, francamente, eles estão em pior forma do que vocês. E, se nós os prendermos,  teríamos que prendê-lo também.”

Caitlin olhou para eles, fumegando de raiva.

“E a minha filha?”, perguntou ela. “Como é que você está pensando em encontrá-la?”

“Minha senhora, eu posso assegurá-la que temos toda a nossa força lá fora, procurando por ela neste instante”, disse o oficial. “Mas é muito difícil procurar alguém quando não sabemos onde ela foi – ou por que. Precisamos de um motivo.”

“Você disse que ela saiu correndo”, disse outro oficial, dando um passo a frente. “Nós não entendemos. Por que ela iria fugir? Vocês tinham chegado aqui. Ela estava com vocês. Ela estava segura. Então, por que?”

Caitlin olhou para Caleb e para os outros e todos a encararam, incertos.

“Eu não sei”, disse ela honestamente.

“Então por que você não tentou impedi-la?”, perguntou outro oficial. “Ou correr atrás dela?”

“Você não entende”, disse Caitlin, tentando convencê-los. “Ela não apenas correu; ela parecia um relâmpago. Foi como… assistir a um cervo. Nós não poderíamos alcançá-la mesmo se tentássemos.”

O oficial olhou com ceticismo para os outros.

“Você está me dizendo que, com todas essas pessoas adultas aqui, nenhum de vocês seria capaz de pegá-la? O que ela é algum tipo de atleta olímpico?”, ele zombou, sem acreditar.

“Você andou bebendo esta noite, minha senhora?”, Perguntou outro oficial.

“Ouça”, Caleb estalou, adiantando-se: “minha esposa não está inventando. Eu vi isso, também. Todos nós vimos: o irmão dela e sua esposa também. Nós quatro. Você acha que todos nós vimos coisas?”

O policial levantou a mão.

“Não há necessidade de ficar na defensiva. Estamos todos no mesmo time. Mas olhe para o nosso lado aqui: você me diz que sua filha corre mais rápido que um cervo. Obviamente, isso não faz nenhum sentido. Talvez vocês estejam todos abaldos da briga. Às vezes, as coisas nem sempre são o que parecem. Tudo o que eu estou dizendo é que nada disso está fazendo sentido.”

O oficial trocou um olhar cético com o seu parceiro, que se adiantou.

“Como eu disse, a nossa força está procurando por sua filha. Nove em cada dez vezes, os adolescentes em fuga aparecem de volta na casa. Ou na casa de um amigo. Então o meu melhor conselho para vocês é apenas voltarem para casa e ficarem parados lá . Aposto que tudo o que aconteceu aqui foi que ela queria quebrar as regras um pouco e sair para uma noite em um bar adulto para tomar uma bebida e as coisas ficaram um pouco fora de controle. Talvez ela tenha conhecido um cara no bar. Quando vocês vieram, provavelmente ela deu o fora porque se sentia envergonhada. Voltem para casa, eu aposto que ela vai estar esperando por vocês”, o oficial concluiu, como se para resumir tudo.

Caitlin sacudiu a cabeça, sobrecarregado com a frustração.

“Você não entende”, disse ela. “Você não conhece minha filha. Scarlett não vai a bares. E ela não se aproxima de homens estranhos. Ela veio aqui porque ela estava sofrendo. Ela veio aqui porque não tinha outro lugar para ir. Porque ela precisava de alguma coisa. Ela veio aqui porque ela está se transformando. Você não entendeu? Transformando.”

Os policiais a olharam como se ela fosse louca; Caitlin odiava aquele olhar.

“Transformando?” Eles repetiram, como se ela tivesse perdido a cabeça.

Caitlin suspirou, desesperada.

“Se vocês não a encontrarem, as pessoas por ai vão se machucar.”

O oficial franziu o cenho.

“Se machucar? O que você está dizendo? A sua filha tem ferido as pessoas? Ela está armada?”

Caitlin sacudiu a cabeça, frustradíssima. Aqueles policiais locais nunca iriam entendê-la; ela estava perdendo o fôlego.

“Ela está desarmada. Ela nunca fez mal a ninguém. Mas mesmo se os seus homens a encontrarem, eles não serão capazes de contê-la.”

Os policiais trocaram olhares, como se concluíssem que Caitlin estava louca e então eles viraram as costas e continuaram na sala seguinte.

Enquanto Caitlin os assistiu saírem, ela se virou e olhou para o lado de fora, através do vidro quebrado, para a noite.

Scarlett, pensou. Onde você está? Venha para casa, para mim, querida. Eu amo você. Eu sinto muito. O que quer que eu tenha feito para incomodá-lo, me desculpe. Por favor, venha para casa.

O mais estranho de tudo isso, Caitlin percebeu, era que, quando pensava sobre Scarlett lá fora, sozinha no meio da noite, ela não temia por Scarlett.

Em vez disso, ela temia por toda a gente.




CAPÍTULO DOIS


Kyle estava sentado na parte de trás do carro da polícia, com as mãos algemadas atrás das costas, ele olhava para as grades daquele carro apertado, sentindo-se diferente do que tudo que havia sentido antes. Alguma coisa estava mudando dentro dele, ele não sabia o que, mas ele podia sentir aquilo borbulhando por dentro. Ele lembrou da vez em que havia usado heroína, a primeira sensação de quando a agulha tocou sua pele. Aquela nova sensação era como um calor escaldante, que corria em suas veias – acompanhada por um sentimento de poder invencível. Sentia-se sufocado pelo poder, como se suas veias estivessem a ponto de saltar de sua pele, como se seu sangue estivesse inchando dentro dele. Sentia-se mais poderoso do que nunca, sua pele formigava em seu rosto, na sua testa, costas e pescoço. A onda de poder dentro dele era algo que ele não conseguia entender.

Mas Kyle não se importava; contanto que o poder estivesse lá, ele o acolhia com satisfação. Ele via, com os olhos embaçados, um mundo de cor vermelha, lentamente voltando ao foco. Por trás das grades, ele podia ver dois oficiais.

Quando o zumbido nos ouvidos começou a diminuir, ele começou a ouvir a conversa, silenciosa a princípio.

“Este aqui ficara na cadeia por um longo tempo”, disse um para o outro.

“Ouvi dizer que ele acabou de sair, também. Que droga para ele.”

O policial começou a rir, e o som arrastado foi diretamente para a cabeça de Kyle. O carro acelerou pela estrada, com as luzes acesas e Kyle se tornou mais consciente de seu entorno, começou a perceber onde estava. Ele estava na Rota Nove, voltando para a prisão, o lugar onde ele havia passado os últimos 15 anos de sua vida. Ele estava relembrando da noite: o bar… aquela menina… ele estava prestes a se aproveitar dela quando… algo havia acontecido. A cadelinha havia lhe mordido.

O pensamento passou por ele como uma onda. Ela o mordera.

Kyle tentou colocar suas mãos para sentir seu pescoço – as duas marcas estavam pulsando –  mas ele fora interrompido; percebeu que suas mãos estavam algemadas atrás das costas.

Kyle moveu seus braços e, para sua surpresa, quebrou as algemas, sem nenhum esforço. Ele levantou seus punhos, maravilhado, olhando para eles, chocado com sua própria força. As algemas não funcionaram? Ele as olhou balançando diante dele e se perguntou: como é que ele podia ter feito aquilo?

Kyle estendeu a mão e sentiu os dois caroços no pescoço, queimando, como se a mordida tivesse entrado em suas veias. Ele se sentou ali, olhando para as algemas penduradas e se perguntou: Será que vampiros existem? Seria possível?

Kyle sorriu largamente. Era hora de descobrir.

Kyle pegou as algemas penduradas e as bateu contra as  grades diante dele.

Os dois policiais se viraram e olharam para trás, desta vez eles não estavam rindo; Agora, em seus rostos havia olhares de choque. As mãos de Kyle estavam livres, suas algemas estavam quebradas e ele as balançava, sorrindo, enquanto continuava a bater nas grades.

“Puta merda”, disse um oficial para o outro. “Você não o algemou, Bill?”

“Algemei sim. Eu tenho certeza disso. Eu o algemei com mais força do que o inferno.”

“Não foi apertado o suficiente,” Kyle rosnou.

Um policial pegou sua arma enquanto o outro foi pisar no freio.

Mas não rápido o suficiente. Com velocidade incrível, Kyle estendeu a mão, rasgou a grade de metal  como se fosse um palito e mergulhou no banco da frente.

Kyle se lançou para o policial no banco do passageiro, tirou a arma de suas mãos e lhe deu uma cotovelada por trás com tanta força que quebrou o pescoço do policial.

O outro policial desviou e o carro cambaleou por toda a rodovia enquanto Kyle se esticou para agarrá-lo pela parte de trás da cabeça e lhe dar uma cabeçada. Um som de ossos quebrando encheu o ar enquanto o sangue do policial jorrava sobre Kyle. Com o carro descontrolado, Kyle estendeu a mão para pegar o volante, mas já era tarde demais.

O carro da polícia desviou para o outro lado da rodovia e buzinas encheram o ar quando ele bateu em um carro que se aproximava.

Kyle saiu voando pelo pára-brisa, de cabeça, e caiu na estrada, rolando e rolando enquanto o carro capotou e virou para um lado. Um veículo que vinha na direção de Kyle brecou com tudo, mas não a tempo – e Kyle sentiu seu peito sendo esmagado quando o carro o atropelou.

O carro emitiu um alto som de breque ao parar enquanto Kyle ficou ali, respirando com dificuldade e uma mulher de trinta e poucos anos saiu, gritando, chorando, enquanto corria para Kyle, que estava deitado de costas.

“Oh meu Deus, você está bem?”, disse ela, agitada. “Eu tentei parar a tempo. Meu Deus. Eu matei um homem! Meu Deus!”

A mulher estava histérica e se ajoelhou sobre ele, chorando.

De repente, Kyle abriu os olhos, sentou-se e olhou para a mulher.

O choro dela parou ao olhar para ele em choque, seus olhos se arregalaram como faróis.

Kyle sorriu e se inclinou para afundou suas belas presas em êxtase, penetrando em sua garganta.

Era a melhor sensação de sua vida.

A mulher gritava enquanto ele bebia seu sangue, empanturrando-se até que ela caiu mole em seus braços.

Kyle se levantou, satisfeito e se virou para examinar a estrada vazia.

Ele ajeitou o colarinho, alisou sua camisa e deu o primeiro passo. Havia um monte de pessoas para se vingar à caminho da cidade –  e iria começar por Scarlett.




CAPÍTULO TRÊS


Sage voou pelo ar, em direção ao nascer do sol que despontava para o amanhecer quebra, os primeiros raios de sol iluminavam uma lágrima em seu rosto, que ele rapidamente secou. Ele estava exausto, com os olhos turvos de voar durante toda a noite, em busca de Scarlett. Ele tinha certeza que ele a tinha visto muitas vezes durante a noite, mas ao descer, sempre encontrava uma estranha menina, chocada ao vê-lo pousar e, sem seguida, decolar novamente. Ele estava começando a se perguntar se ele nunca a encontraria.

Scarlett estava longe de ser encontrada e Sage não conseguia entender. Sua ligação era tão forte, ele tinha certeza de que ele seria capaz de senti-la, que ela o levaria até ela. Ele não conseguia entender o que havia acontecido. Será que ela tinha morrido?

O único palpite de Sage era que talvez ela estivesse em um estado tão emocional que todos os seus sentidos foram bloqueados, e ele não era capaz de captar sua localização; ou talvez ela tivesse caído em um sono profundo, como vampiros eram conhecidos por fazer depois da primeira vez que se alimentavam de um ser humano. Isso poderia ser mortal para alguns, ele sabia, e seu coração doía com ao pensar nela lá fora, sabe-se lá onde, sozinha. Será que ela já havia acordado?

Sage voava baixo, a uma velocidade tão rápida que ele era indetectável, passando por todos os lugares familiares que ele tinha ido com ela – sua escola, sua casa, todos os locais que ele poderia pensar – usando sua visão tipo laser para examinar as árvores e as ruas.

À medida que o sol subia e hora após hora se passava, Sage finalmente sabia que era iinútil continuar pesquisando. Ele teria que esperar até que ela viesse à tona, ou até que ele pudesse detectá-la novamente.

Sage estava exausto de uma forma que ele nunca havia sentido antes. Ele podia sentir a sua força vital começando a declinar aos poucos. Ele sabia que só tinha alguns dias a partir daquele momento até que ele morresse e, ao sentir outra dor em seu peito, braços e ombros, ele tinha sensação de que estava morrendo por dentro. Sabia que ele iria deixar o mundo em breve – e ele estava em paz com isso. Ele só queria passar seus últimos dias com Scarlett.

Sem ter mais onde procurar, Sage circulou e sobrevoou a propriedade de sua família próxima ao Hudson, olhando para baixo. Ele circulou de novo e de novo, como uma águia, se perguntando: ele deveria vê-los uma última vez? Ele não sabia por qual razão. Todos eles o odiavam agora por não ter trazido Scarlett a eles; e ele tinha que admitir que também os odiava. A última vez que ele saíra, sua irmã estava morrendo em seus braços e Lore estava à caminho de  tentar matar Scarlett. Ele não queria enfrentá-los novamente.

Por outro lado, ele não tinha mais para onde ir.

Enquanto ele voava, Sage ouviu um barulho e, ao olhar para baixo, viu vários primos seus segurando tábuas nas janelas e martelando. Um por um, eles estavam bloqueando as janelas de sua mansão ancestral, Sage avistou dezenas primos decolando vôo. Ele ficou intrigado. Claramente, algo estava acontecendo.

Sage precisava descobrir. Uma parte dele queria saber para onde estavam indo e o que seria de seu família – e uma grande parte dele queria saber se eles tinham idéia de onde Scarlett poderia estar. Talvez um deles a tivesse visto ou ouvido alguma coisa. Talvez Lore a capturara. Ele tinha que saber; era a única pista que ele tinha.

Sage mergulhou em direção à propriedade de sua família e pousou na parte de trás do pátio de mármore, diante dos grandes degraus que levavam à entrada da parte traseira, formada por portas francesas altas e antigas.

Ao se aproximar, elas de repente se abriram e ele viu sua mãe e seu pai darem um passo à frente, encarando-o com um olhar severo de desaprovação.

“O que você está fazendo aqui?”, perguntou sua mãe, como se ele fosse um intruso indesejável.

“Você já nos matou uma vez”, disse o pai. “Nosso povo poderia ter sobrevivido se não fosse por você. Você veio para nos matar de novo?”

Sage franziu a testa; ele estava tão cansado da desaprovação de seus pais.

“Para onde vocês estão indo?” Sage exigiu.

“Onde você acha?”, seu pai respondeu. “Eles convocaram o Grande Conselho, pela primeira vez em mil anos.”

Sage o encarou, chocado.

“Para o Castelo Boldt?”, perguntou. “Vocês estão indo para as Mil Ilhas?”

Seus pais fizaeram uma careta de volta.

“Por que você se importa?”, disse sua mãe.

Sage não podia acreditar no que estava ouvindo. O Grande Conselho não era convocado desde o início dos tempos e todos de sua espécie reunidos em um só lugar não poderia significar nada bom.

“Mas por quê?”, Perguntou. “Por que convocar, se todos nós vamos morrer de qualquer jeito?”

Seu pai se adiantou e sorriu ao levantar um dedo e apontá-lo no meio do peito de Sage.

“Nós não somos como você”, ele rosnou. “Nós não vamos desistir sem lutar. O nosso será o maior exército já conhecido, a primeira vez que nós todos iremos nos reunir em um só lugar. A humanidade vai pagar. Vamos nos vingar.”

“Vingança do que?”, perguntou Sage. “A humanidade não fez nada para você. Por que você iria ferir pessoas inocentes? “

Seu pai sorriu de volta.

“Estúpido demais”, disse ele. “Por que não ferir? O que temos a perder? O que eles vão fazer, nos matar?”

Seu pai riu e sua mãe se juntou a ele, os dois ficaram de braços dados e passaram por ele, batendo em seu ombro com força, enquanto se preparavam para decolar em vôo.

Sage gritou atrás deles: “Eu me lembro de uma época em que vocês eram nobres”, disse ele. “Mas agora, vocês não são nada. São menos do que nada. É isso o que o desespero fez com vocês?”

Eles se viraram e fizeram uma careta.

“Seu problema, Sage, é que apesar de você ser um de nós, você nunca entendeu a nossa espécie. Destruição é tudo o que eu sempre quis. E só você, apenas você tem sido diferente.”

“Você é o filho que nunca entendemos”, disse sua mãe. “E você nunca deixou de nos decepcionar.”

Sage sentiu uma dor atravessar seu corpo, sentia-se fraco demais para responder.

Quand eles se viraram para sair, Sage, ofegante, reuniu forças para gritar: “Scarlett! Onde ela está? Contem-me!”

Sua mãe se virou e abriu um largo sorriso.

“Oh, não se preocupe com ela”, disse sua mãe. “Lore vai encontrá-la e resgatar todos nós. Ou ele vai morrer tentando. E, quando conseguirmos continuar vivendo, não se atreva a pensar que haverá um lugar para você .”

Sage corou.

“Eu odeio vocês!”, ele gritou. “Eu odeios vocês dois!”

Seus pais simplesmente se viraram, sorrindo, subiram no parapeito de mármore e decolaram em direção ao céu.

Sage ficou parado e os viu partirem, desaparecendo no céu, enquanto o resto de seus primos se juntava a eles. Ele ficou ali, sozinho, diante de sua casa ancestral agora cheia de tábuas, nada ali fora deixados para ele. Sua família o odiava e ele os odiava de volta.

Lore. Sage sentiu uma nova explosão de determinação ao pensar sobre ele. Ele não podia deixá-lo encontrar Scarlett. Apesar de toda a dor que sentia por dentro, ele sabia que tinha que reunir suas forças uma última vez. Tinha que encontrar Scarlett.

Ou morrer tentando.




CAPÍTULO QUATRO


Caitlin sentou-se no banco do passageiro da sua picape, exausto, com o coração partido, enquanto Caleb dirigia incansavelmente pela Rota 9, subindo e descendo a estrada há horas, percorrendo as ruas. O dia estava nascendo e Caitlin olhou pelo pára-brisa para um céu incomum. Ela ficou maravilhada que já era madrugada. Eles haviam ficado no carro a noite toda, os dois na frente e Sam e Polly no banco de trás, mantendo seus olhos abertos para a estrada, procurando em todos os lugares por Scarlett. Uma vez, eles tinham brecado com tudo, Caitlin pensou ter visto sua filha – e então percebeu que era somente um espantalho.

Caitlin fechou os olhos por um momento, suas pálpebras estavam pesadas e inchadas, ela enxergava o piscar dos carros através de suas pálpebras, via os faróis que passavam, em um fluxo interminável de tráfego, como tinha sido a noite toda. Ela sentiu vontade de chorar.

Caitlin sentia-se vazia por dentro, como uma péssima mãe por não ter sido presente o suficiente para Scarlett – por não ter acreditado nela, por não entendê-la, por não estar lá em sua hora de necessidade. De alguma forma, Caitlin se sentia responsável por tudo o que estava acontecendo. Sentia como se estivesse morrendo ao pensar que ela poderia nunca mais ver sua filha novamente.

Caitlin começou a chorar, ela abriu os olhos e rapidamente enxugou as lágrimas. Caleb estendeu sua mão e agarrou a dela, mas ela o afastou. Caitlin se virou para olhar para fora da janela, querendo privacidade – querendo ficar sozinha, querendo morrer. Sem sua menina em sua vida, ela percebeu que não tinha mais nada.

Caitlin sentiu uma mão reconfortante em seu ombro. Ela se virou para ver Sam inclinado para a frente.

“Nós dirigimos a noite toda”, disse ele. “Não há nenhum sinal dela em lugar nenhum. Nós cobrimos cada centímetro da Rota 9. Os policiais estão lá fora, também, com muito mais carros do que nós. Estamos exaustos e não temos idéia de onde ela poderia estar. Ela pode até estar em casa, esperando por nós.”

“Eu concordo”, disse Polly. “Digo que devemos ir para casa. Precisamos de um pouco de descanso.”

De repente veio uma alta buzina, e Caitlin olhou para cima e viu um caminhão vindo diretamente para eles, eles estavam no lado errado da estrada.

“CALEB!” Caitlin gritou.

Caleb de repente saiu do caminho no último segundo e voltou para o lado correto da estrada, desviando do caminhão que buzinava, por alguns centímentros.

Caitlin olhou para ele, com o coração acelerado, Caleb, esgotado, a olhou de volta, seus olhos estavam avermelhados e cansados.

“O que foi isso?”, perguntou ela.

“Eu sinto muito”, disse ele. “Devo ter cochilado.”

“Isto não está fazendo bem a ninguém”, disse Polly. “Precisamos descansar. Precisamos ir para casa. Estamos todos exaustos.”

Caitlin pensou e, finalmente, depois de um longo tempo, ela balançou a cabeça, concordando.

“Tudo bem. Vamos para casa.”


*

Caitlin sentou em seu sofá enquanto o sol nascia, folheando um álbum com fotos de Scarlett. Ela foi inundada por todas aquelas memórias que voltavam a sua cabeça, ao ver Scarlett com idades diferentes. Caitlin esfregou seu polegar nas fotos, desejando mais do que qualquer coisa no mundo que ela pudesse ter Scarlett naquele momento com ela. Ela daria qualquer coisa, até mesmo o seu próprio coração e alma.

Caitlin pegou a página rasgada do livro que ela tinha tirado na biblioteca, sobre o antigo ritual, aquele que teria salvado Scarlett se Caitlin pudesse voltar no tempo, que a teria curado de se transformar em um vampiro. Caitlin rasgou a página antiga em pequenos pedaços e a jogou no chão. Eles caíram perto Ruth, sua grande husky, que gemeu e se enrolou ao lado de Caitlin.

Aquela página, o ritual, que outrora significara tanto para Caitlin, era inútil naquele momento. Scarlett já havia se alimentado e nenhum ritual poderia mais salvá-la.

Caleb, Sam e Polly, também estavam na sala, cada um absorto em seu próprio mundo, cada um caído em um sofá ou cadeira, adormecido ou quase dormindo. Eles ficaram ali com aquele silêncio pesado, todos esperavam que Scarlett andasse pela porta e todos suspeitavam que ela nunca o faria.

De repente, o telefone tocou. Caitlin pulou para alcançá-lo, sua mão tremia. Ela o deixou cair várias vezes até, finalmente pegá-lo e colocá-lo em seu ouvido.

“Alô, alô, alô?”, ela disse. “Scarlett, é que você? Scarlett!?”

“Minha senhora, é oficial Stinton”, veio uma voz masculina.

O coração de Caitlin parou ao perceber que não era Scarlett.

“Eu só ligando para que você saiba que não temos nenhum sinal de sua filha ainda.”

As esperanças de Caitlin foram frustradas. Ela agarrou o telefone, apertando-o, desesperada.

“Vocês não estão se esforçando o suficiente”, ela fervia por dentro.

“Minha senhora, nós estamos fazendo tudo o que pode –”

Caitlin não esperou o resto de sua resposta. Ela desligou com raiva e, em seguida, pegou o telefone, um grande aparelho fixo dos anos 80, arrancou o cabo para fora da parede, levantou sobre sua cabeça e o esmagou no chão.

Caleb, Sam e Polly todos saltaram de susto, acordando de repente e a olharam como se ela fosse louca.

Caitlin olhou para o telefone e ela percebeu que talvez estivesse mesmo louca.

Caitlin saiu do quarto, abriu a porta para a grande varanda e saiu sozinha, depois sentou-se em uma cadeira de balanço. Estava frio na madrugada, mas ela não se importava. Sentia-se insensível ao mundo.

Ela cruzou os braços e os apertou sobre seu peito, e então se balançou naquele ar frio de Novembro. Ela olhou para a rua vazia que estava se iluminando com a luz de um novo dia, não havia uma alma à vista, nem um movimento de carro, todas as casas ainda estavam escuras. Tudo quieto. A rua suburbana estava perfeitamente tranquila, nehuma folha fora do lugar, tudo normal com deveria ser. Perfeitamente normal.

Mas nada, Caitlin sabia, estava normal. De repente, ela odiava aquele lugar que ela tinha amado por anos. Ela odiava o silêncio; ela odiava a tranquilidade; odiava a ordem. O que ela não daria para ter caos, para a quietude ser quebrada, para haver barulho, movimento, para que sua filha aparecesse.

Scarlett, ela rezou, ao fechar os olhos, chorando, volte para mim, querida.Por favor volte para mim.




CAPÍTULO CINCO


Scarlett Paine sentia-se flutuando no ar, havia a vibração de um milhão de pequenas asas em seu ouvido, ela sentia que estava sendo levantada, cada vez mais alto. Ela olhou para fora e viu que  estava sendo içada por uma revoada de morcegos, um milhão de morcegos estavam a sua volta, agarrando a parte de trás de sua camisa, carregando-a no ar.

Scarlett estava sendo carregada por cima das nuvens, através da mais bela alvorada que ela já tinha visto, as nuvens se espalhavam e se partiam, todas queimadas de laranja, o céu parecia em chamas. Ela não entendia o que estava acontecendo, mas, de alguma forma, ela não tinha medo. Ela percebeu que eles estavam levando-a para algum lugar e, enquanto eles gritavam e vibravam ao seu redor ao içá-la para o céu, ela sentiu como se fosse um deles.

Antes de Scarlett poder processar o que estava acontecendo, os morcegos a colocaram gentilmente no chão, diante do maior castelo que ela já vira. Tinha antigas paredes de pedra e ela estava diante de uma imensa porta em forma de arco. Os morcegos voaram e sumiram e sua vibração desapareceu junto.

Scarlett ficou de frente para a porta que lentamente se abriu. Uma luz âmbar derramou-se para fora e Scarlett sentiu-se tentada a entrar.

Scarlett cruzou o limiar da porta, atravessou a luz e entrou na maior câmara que ela já tinha visto. No interior, alinhado com perfeição, de frente para ela, havia um exército de vampiros, todos vestidos de preto. Ela pairou acima deles e olhou para baixo, para eles, como se fosse sua líder.

Como se fossem um, todos levantaram suas mãos e deram um tapa em seus peitos.

“Você deu à luz uma nação”, eles gritaram, sua voz era só uma, ecoando nas paredes. “Você deu à luz uma nação!”

Os vampiros soltaram um grande grito e, ao fazerem, Scarlett absorveu tudo, sentindo como se, finalmente, tivesse encontrado seu povo.

Os olhos de Scarlett se abriram rapidamente quando ela acordou com o som de vidro quebrando. Ela se encontrava deitada de barriga para baixo sobre o cimento, seu rosto estava pressionado contra o chão, frio e úmido. Ela viu formigas rastejando em sua direção e então colocou suas palmas das mãos no cimento bruto, se sentou e as afastou.

Scarlett estava com frio e dores, seu pescoço e costas se torciam por ela ter dormido naquela posição desconfortável. Acima de tudo, ela estava desorientada, assustada por não reconhecer o que a rodeava. Ela estava embaixo de uma pequena ponte local, deitada embaixo dela sobre uma encosta de cimento, enquanto o sol nascia. Fedia de urina e cerveja velha ali embaixo e Scarlett viu que o cimento estava todo marcado com pichações, ao examinar o chão, ela viu latas de cerveja vazias, lixos e agulhas usadas. Ela percebeu que estava em um lugar ruim. Ela olhou a sua volta, piscando, sem idéia de onde estava nem como ela chegara ali.

Veio novamente o som de vidro quebrando, acompanhado de pés se arrastando e Scarlett virou-se rapidamente, seus sentidos em alerta.

A cerca de dez metros de distância, havia quatro vagabundos vestidos em trapos, pareciam bêbados ou drogados, à procura de encrenca. Eram homens velhos com barba mal feita, eles olhavam para ela como se ela fosse um brinquedinho, havia sorrisos lascivos em seus rostos, revelando dentes podres e amarelos. Mas eles eram fortes, ela podia dizer, largos e altos e, pela forma com que eles se aproximavam, com um deles jogando uma garrafa de cerveja e quebrando-a debaixo da ponte, ela sabia que suas intenções não eram das melhores.

Scarlett tentou se lembrar de como ela mesma havia chegado àquele lugar. Era um lugar que ela nunca teria ido voluntariamente. Será que ela tinha sido trazida ali? Seu primeiro pensamento foi de que talvez ela tivesse sido estuprada; mas ela olhou para baixo e se viu completamente vestida, sabia que não tinha sido isso. Ela pensou no que havia acontecido, tentou se lembrar da noite anterior.

Mas era tudo um doloroso borrão. Scarlett lembrava-se em flashes: um bar ao lado da Rota 9… uma briga… Mas era tudo tão nebuloso. Ela não conseguia se lembrar dos detalhes.

“Você sabe que está sob a nossa ponte, não sabe?”, um dos vagabundos disse enquanto se aproximavam, chegando cada vez mais perto. Scarlett se colocou rapidamente sobre suas mãos e joelhos e, em seguida, ficou em pé, de frente para eles, ela tremia por dentro, mas não queria aparentar medo.

“Ninguém vem aqui sem pagar o pedágio”, disse outro.

“Eu sinto muito”, disse ela. “Eu não sei como cheguei aqui.”

“Esse foi o seu erro”, disse o outro, com uma voz gutural, sorrindo para ela.

“Por favor,” Scarlett disse, tentando parecer durona, mas com a voz trêmula, enquando dava um passo para trás, “Eu não quero nenhum problema. Vou sair agora. Sinto muito.”

Scarlett se virou para sair, seu coração batia forte no peito, quando, de repente, ela ouviu passos correndo e, em seguida, sentiu um braço apertar seu pescoço, uma faca apertando sua garganta e um hálito horrível de cerveja em seu rosto.

“Não, você não sente, querida”, disse ele. “Nós ainda nem começamos a conversar”.

Scarlett lutou, mas o homem era muito forte para ela, sua barba raspava em sua bochecha enquanto ele esfregava seu o rosto contra o dela.

Logo os outros três apareceram diante dela e Scarlett gritou enquanto lutava sem sucesso, então sentiu mãos terríveis escorregando pelo seu estômago. Uma delas chegou a sua linha de cintura.

Scarlett resistia e se contorcia, tentando fugir – mas eles eram muito fortes. Um deles se abaixou, arrancou o cinto e o jogou, ela ouviu o barulho de metal bater no cimento.

“Por favor, deixe-me ir!” Scarlett gritou, enquanto se contorcia.

Uma quarta mão se abaixou e pegou sua calça jeans pela cintura e entçao começou a puxá-la, tentando arrancá-la. Scarlett sabia que, em alguns momentos, se ela não fizesse alguma coisa, ela seria machucada.

Algo dentro dela estalou. Ela não entendia o que era, mas havia dominado-a completamente, uma inundação de energia passava através dela, subia por seus pés e alcançava suas pernas e seu torso. Ela sentia como se fosse um calor escaldante, que disparava através de seus ombros e braços, percorrendo todo o caminho até a ponta de seus dedos. Seu rosto corou e seus pêlos se eriçaram por todo o corpo, ela sentiu um fogo queimando-lhe por dentro. Sentiu uma força que ela não compreendia, sentiu que era mais forte do que todos aqueles homens, mais fortes do que o universo.

Em seguida, ela sentiu algo mais: uma raiva primordial. Era um sentimento novo. Ela não tinha mais o desejo de fugir – agora ela queria ficar ali e fazer aqueles homens pagarem. Queria parti-los, membro por membro.

E, por fim, sentia mais uma coisa: fome. Uma fome atroz profunda que lhe dava uma necessidade de se alimentar.

Scarlett se inclinou para trás e rosnou, um som que era assustador mesmo para ela; suas presas cresceram sobre seus dentes quando ela tomou impulso e chutou o homem que segurava seus jeans. O chute fora tão cruel que o homem voou pelo ar por uns 20 metros até ele bater a cabeça contra a parede de concreto. E então ele caiu, inconsciente.

Os outros recuaram e largaram Scarlett, estavam de bocas abertas em estado de choque e medo quando olharam para ela. Parecia que perceberam que haviam cometido um erro muito grande.

Antes que pudessem reagir, Scarlett se virou e deu uma cotovelada no homem que a segurava, quebrando-lhe a mandíbula com força, ele rodopiou duas vezes e caiu, inconsciente.

Scarlett se virou rosnando e encarou os outros dois, como uma fera olhando para a sua presa. Os dois vagabundos ficaram paralisados, com os olhos arregalados de medo e Scarlett, ao ouvir um barulho, olhou para baixo e viu um deles fazer xixi nas calças.

Scarlett se abaixou, pegou seu cinto do chão e caminhou para a frente casualmente.

O homem cambaleou para trás, petrificado.

“Não!”, Ele choramingou. “Por Favor! Eu não quis dizer aquilo!”

Scarlett pulou para a frente e enrolou o cinto em volta do pescoço do homem. Ela, então o levantou com uma das mãos, os pés dele ficaram pendurados acima da terra, o homem estava ofegante enquanto apertava o cinto. Ela o segurou ali, no alto, até ele finalmente parar de se mover e o deixou cair no chão, morto.

Scarlett se virou e encarou o último, ele estava chorando, com medo de ser executado. De presas à mostra, ela deu um passo para frente e as penetrou na garganta do homem. Ele balançou em seus braços e, em seguida, após alguns momentos, ele estava no meio de uma poça de sangue, inerte.

Scarlett ouviu uma correria distante, e ela olhou para ver o primeiro vagabundo despertar, gemendo, se levantando aos poucos de pé. Ele olhou para ela, seus olhos estavam arregalados de medo e então rapidamente ficou apoiado em suas mãos e joelhos, tentando fugir.

Ela partiu para cima dele.

“Por favor, não me machuque”, ele implorou, chorando. “Eu não quis dizer nada daquilo. Eu não sei o que você é, mas eu não quis dizer aquilo.”

“Eu tenho certeza que você não quis”, ela respondeu, com uma voz sombria, desumana. “Assim como eu não quero dizer o que estou prestes a fazer com você.”

Scarlett o pegou pela parte de trás da camisa, o girou e o atirou com toda a força para cima.

O vagabundo saiu voando como um míssil em direção a parte de baixo da ponte, sua cabeça e ombros esmagaram o cimento até ele sair do outro lado, ouviu-se o som de escombros caindo por todos os lados quando ele atravessou a ponte até ficar ali, pendurado com suas pernas balançando.

Scarlett correu até a parte superior da ponte em um único salto e ela o viu, sua parte superior do tronco estava presa no concreto, ele gritava, sua cabeça e ombros encontravam-se expostos, estava incapaz de se mover. Ele se contorcia, tentando se libertar.

Mas não conseguia. Era um alvo fácil para qualquer carro que aparecesse.

“Tire-me daqui!”, ele exigiu.

Scarlett sorriu.

“Talvez da próxima vez”, disse ela. “Aproveite o trânsito.”

Scarlett se virou e pulou, voando para o céu, o som dos gritos do homem ficavam cada vez mais fracos à medida que ela voava mais alto, mais longe daquele lugar, sem ter idéia de onde estava, ela já nem se importava. Apenas uma pessoa apareceu em sua mente: Sage. Seu rosto pairava diante dela, bem no centro de sua mente, seu queixo e lábios perfeitamente esculpidos, seus olhos cheios de emoção. Ela podia sentir seu amor por ela. E ela correspondi este amor.

Ela não sabia mais onde era seu lar neste mundo, mas ela não se importava, desde que estivesse com ele.

Sage, ela pensou. Espere por mim. Eu estou indo encontrá-lo.




CAPÍTULO SEIS


Maria se sentou com suas amigas à beira da plantação de abóboras, ela odiava sua vida, estava com tanta inveja delas. Todo mundo parecia ter um namorado, menos ela. E quem não tinha parecia ter uma ligação muito forte com os amigos, eram inseparáveis.

Maria se sentou sobre uma pilha de abóboras, Becca e Jasmine ficaram ao seu lado, mas ela realmente não sabia mais onde se encaixava. Maria costumava ter uma panelinha tão forte, um grupo de amizade eterna e indissolúvel, eram sempre as quatro, ela, Becca, Jasmine e, é claro, sua melhor amiga, Scarlett. Elas sempre foram inseparáveis. Se uma delas não tinha namorado, as outras estavam sempre presentes. Ela e Scarlett tinham prometido que nunca brigariam, que iriam para a mesma faculdade, seriam dama de honra do casamentos uma da outra e que morariam sempre perto.

Maria sempre tivera tanta certeza sobre suas amizades, sobre Scarlett, sobre tudo.

E então, nas últimas semanas, tudo de repente caiu por terra, sem aviso prévio. Scarlett tinha roubado Sage bem debaixo de seu nariz, o único garoto por qual Maria tinha ficado realmente obcecada em muito tempo. O rosto de Maria corou ao se lembrar da humilhação; Scarlett a fizera parecer uma idiota. Ela ainda estava tão brava com sua amiga por isso, achava que nunca iria perdoá-la.

Maria se lembrou de sua última briga, Scarlett se defendera, disse que Sage gostava dela e que ela não queria roubá-lo. No fundo, uma parte de Maria sabia que provavelmente ela estava certa. Ainda assim, ela precisava culpar alguém, era muito mais fácil do que culpar a si mesma.

Alguém esbarrou nela e Maria escorregou da pilha de abóboras, caindo no chão, sua calça jeans ficou suja de barro.

“Cuidado!”, ela gritou, irritada.

Ela olhou e viu que era um dos garotos bêbados. Várias pessoas de sua classe estavam reunidas ali, como sempre faziam por tradição. Um dia após a festança de outono, havia o evento de colheita de abóboras da escola. Todo mundo sabia que ninguém realmente colhia abóboras, todos apenas se sentavam ao redor do campo de abóboras, enchiam a barriga de cidra de maçã quente e donuts, enquanto uma parte da classe misturava sua cidra com gin. E foi um desses rapazes que tinha esbarrado nela. Ele sequer havia percebido o que fizera, aumentando mais ainda o insulto, e saiu cambaleando por ai. Maria o conhecia e sabia que todos aqueles meninos daquela idade que já bebiam assim acabariam não fazendo nada com suas vidas de qualquer maneira e, pelo menos por isso, ela se consolava.

Maria precisava esfriar a cabeça. Ela não agüentava mais passar por tudo aquilo. Só queria fugir. Ela ainda estava muito chateada e agora ela sequer sabia o porquê. Perder sua melhor amiga, mesmo com Jasmine e Becca ali, a fazia se sentir deslocada. E, para piorar, ela ainda se sentia atraída por Sage. Pensar nele a estava deixando louca.

Maria se levantou e começou a andar.

“Onde você vai?”, perguntou Jasmine.

Maria deu de ombros.

“Só vou tomar um pouco de ar fresco.”

Maria abriu caminho através da multidão, indo cada vez mais longe, para fora no campo da fazenda nos arredores da cidade, ela olhou para todos aqueles alunos segurando canecas, sentados por ali e rindo, todos pareciam tão felizes. Todos, menos ela. Naquele momento, ela odiava todos eles.

Maria chegou à beira da multidão e continuou andando, até encontrar um bloco de feno solitário na base da plantação de milho.

Ela colocou a cabeça entre as mãos e segurou as lágrimas. Estava se sentindo deprimida e não sabia o porquê. Principalmente, ela pensou, era porque Scarlett estava fora de sua vida. Ela costumava mandar lhe mensagens de texto centenas de vezes por dia. Ela também não entendia por que tudo tinha acontecido daquele jeito. E ela não podia parar de pensar em Sage, mesmo sabendo que ele não gostava dela. Ela fechou os olhos e desejou fortemente que ele aparecesse.

Sage, eu daria qualquer coisa, ela pensou. Venha aqui. Eu quero você. Eu preciso de você.

“O que uma garota tão bonita como você está fazendo sentada aqui sozinha?”, veio uma voz sombria e sedutora.

Maria se encolheu ao abrir os olhos e ficou completamente chocada quando viu o que estava a sua frente. Não era Sage. Mas era um rapaz, se possível, ainda mais belo que Sage. Ele usava botas de couro pretas, calças de couro pretas, camiseta preta, um colar preto de dentes de tubarão e uma jaqueta de couro também preta. Ele possuía olhos castanhos, cabelos castanhos e ondulados e tinha um pequeno sorriso, perfeito. Tinha mais sex appeal do que qualquer outro garoto que ela já tinha visto: parecia uma estrela do rock que tinha pisado fora do palco apenas para ela.

Maria piscou várias vezes e olhou ao seu redor, se perguntando se aquilo era uma piada. Mas ela era a única lá, ele estava falando com ela e com mais ninguém. Ela tentou responder, mas suas palavras ficaram presas em sua garganta.

“Bonita?”, foi tudo o que ela conseguiu responder, seu coração batia rápido em seu peito.

Ele riu, e foi mais o som bonito que ela já tinha ouvido.

“Vamos lá, eles estão se divertindo tanto. Por que você não?”

Rapidamente, ele se aproximou dela graciosamente, estendeu-lhe a mão e, mesmo sem perceber, ela pegou a mão dele, se levantou da pilha de feno e o seguiu, logo, os dois estavam andando de mãos dadas pela plantação de milho. Ela estava tão atraída por ele que sequer parou para pensar nem percebeu que aquilo não era exatamente normal. Sua fantasia havia se materializado e a tinha surpreendido completamente. Mas ela não estava exatamente a ponto de começar a fazer perguntas.

“Um… Quem é você?”, ela perguntou, hesitante, com a voz trêmula, arrebatada pela sensação de sua mão na dela.

“Eu estava procurando um par para a plantação de milho,” ele disse com um sorriso quando eles adentraram a plantação. “Este é o meu dia de sorte. Maria, certo?”

Ela olhou para ele, admirada.

“Como você sabe o meu nome?”

Ele abriu um sorriu e riu.

“Você vai logo saber mais sobre mim”, disse ele, “eu sei quase tudo. E, sobre o meu nome: você pode me chamar de Lore.”


*

Lore caminhou lado a lado com a amiga de Scarlett, impressionado de como fora fácil seduzi-la. Os seres humanos eram muito frágeis, muito ingênuos, aquilo realmente não era justo. Ele  quase não precisara usar seus poderes e, em poucos segundos, ele a tinha na palma de sua mão. Uma parte dele queria se alimentar dela, drenar a energia de seu corpo e depois descartá-la como ele tinha feito com outros seres humanos.

Mas outra parte lhe dizia para ser paciente. Afinal, ele tinha voado por todo o campo e pousara apenas para ela. Lore estava procurando uma maneira de conseguir Scarlett e, ao voar, ele sentiu fortes sentimentos de Maria pairando no universo; ele sentiu seu desejo por Sage, seu desespero. Isto o atraiu como um ímã.

Lore tinha visto Maria com seus olhos de águia no alto e, ao mergulhar, ele percebeu que ela seria a armadilha perfeita, afinal, alguém tão só, tão vulnerável e tão próxima de Scarlett. Se alguém conhecia uma maneira de encontrar Scarlett, este alguém era ela. Lore decidiu que faria amizade com ela, a usaria para encontrar Scarlett e, depois de usá-la, ele iria matá-la. Nesse meio tempo, ele poderia muito bem se divertir com ela. Aquela humana patética iria acreditar em qualquer fantasia que ela quisesse.

“Hum… Eu não entendo…”, disse Maria, enquanto caminhavam, com a voz trêmula, nervosa. “Explique-me novamente. Você disse que você é tipo… novo por aqui?”

Lore riu.

“De certa forma”, disse ele.

“Então, você vai tipo frequentar nossa escola?”, perguntou ela.

“Eu não acho que eu tenha tempo para escola”, ele respondeu.

“O que você quer dizer? Você não é da minha idade? “, ela indagou.

“Sou. Mas eu terminei a escola há muito tempo.”

Lore quase disse séculos atrás, mas ele se deteve no último segundo, por sorte.

“Muito tempo atrás? O que você quer dizer? Você é um gênio ou algo assim?”, ela o olhou  com olhos arregalados e admirados, e ele sorriu de volta para ela.

“Algo parecido com isso”, disse ele. “Então, suas amigas estão lá atrás, na festa?”, acrescentou.

Maria assentiu.

“Sim, todas, exceto… Bem, eu não sou amiga dela mais, então sim, todas.”

“Exceto o que?”, perguntou Lore, intrigado.

Maria corou.

“Bem, minha ex-melhor amiga. Ela não está lá. Mas como eu disse, nós não somos mais amigas.”

“Scarlett?”, ele perguntou logo em seguida, imediatamente se arrependendo de ter falado demais.

Maria olhou para ele, desconfiada.

“Assim, como você sabe tudo isso? Você por acaso tem me perseguido?”

Lore começou a sentir que ela estava se afastando dele, mas ele não queria perdê-la. Ele olhou para ela, segurou seu rosto, obrigando-a a olhar para ele e então olhou nos olhos dela. Ela piscou, e, logo em seguida, ele eliminou os últimos trinta segundos daquela conversa de sua memória.

Maria piscou várias vezes, ele pegou a mão dela e eles continuaram a caminhar.

Essa foi por pouco, ele pensou. Vamos começar de novo.

“Então, suas amigas estão lá atrás, na festa?”, acrescentou.

Maria assentiu.

“Sim, todas, exceto… Bem, eu não sou amiga dela mais, então sim, todas.”

“Exceto o que?”, perguntou Lore, intrigado.

Maria corou.

“Bem, minha ex-melhor amiga. Ela não está lá. Mas como eu disse, nós não somos mais amigas.”

Lore fez uma pausa naquele momento, pensando sobre o que falaria.

“O que aconteceu entre vocês duas?”, perguntou ele, cauteloso.

Maria deu de ombros e eles continuaram a andar em silêncio, suas botas esmagavam o feno.

“Você não tem que me dizer”, disse Lore, por fim. “De qualquer forma, eu sei como é ser afastado de um amigo. Meu primo Sage. Já fomos tão próximos qaunto irmãos. Agora nós nem sequer conversamos.”

Maria olhou para ele com compaixão.

“Isso é terrível”, disse ela. “O que aconteceu?”

Lore deu de ombros.

“Longa história.” Longos séculos, ele queria acrescentar, mas se conteve.

Maria concordou, sentindo claramente uma simpatia por ele.

“Bem, já que você parece entender,” ela disse, “então eu vou lhe contar. Eu não sei por que, tipo, eu nem o conheço, mas sinto que você entenderia.”

Lore sorriu, tranquilizando-a.

“Parece que eu tenho este efeito nas pessoas”, disse ele.

“De qualquer forma,” Maria continuou, “minha amiga, Scarlett, ela, tipo assim, roubou um cara que eu gostava. Não que eu me importe mais com ele.”

Maria parou de falar e Lore sentia que ela queria dizer algo mais, então ele leu sua mente:

Bem, não desde que conheci você, é claro.

Lore sorriu.

“Roubar o parceiro de alguém”, disse Lore, balançando a cabeça. “Não há nada pior do que isso.”

Ele apertou-lhe a mão com mais força e Maria lhe deu um meio sorriso.

“Então vocês não são mais amigas?”, disse Lore, se intrometendo.

Maria balançou a cabeça.

“Não. Eu tipo cortei relações. Eu meio que me sinto mal com isso. Quero dizer, ela ainda está nos meus contatos favoritos e ainda somos amigas no Facebook e tal. Eu ainda não cheguei a este ponto. Mas ainda não liguei nem mandei mensagens a ela. Costumávamos trocar centenas de mensagens por dia.”

“Você pelo menos tentou lhe escrever algo?”

Maria balançou a cabeça.

“Eu realmente não quero falar sobre isso”, disse ela.

Lore sentiu que estava pressionando demais. Haveria tempo de sobra para ele seduzi-la, para saber tudo o que precisava saber sobre Scarlett. Nesse meio tempo, ele tinha que fazê-la confiar nele – e confiar completamente.

Eles chegaram ao centro da plantação de milho, os dois pararam e ficaram ali. Maria olhou para o lado e Lore podia sentir como ela estava nervosa.

“Então, tipo, e agora?”, perguntou ela, com as mãos tremendo. “Talvez devêssemos voltar?”, Acrescentou.

Ele leu sua mente:

Espero que ele não queira voltar. Espero que ele me beije. Por favor, me beije.

Lore estendeu sua mão, segurou seu rosto, se inclinou e a beijou.

A princípio, Maria resistiu, indo para trás.

Mas, em seguida, ela se derreteu em seu beijo. Ele podia senti-la se entregando completamente, e ele sabia que, agora, ela era totalmente sua.




CAPÍTULO SETE


Scarlett voava pelo céu da manhã, enxugando suas lágrimas, ainda abalada com o incidente sob a ponte, tentando entender tudo o que estava lhe acontecendo. Ela estava voando, ela mal podia acreditar. Não sabia como, mas asas haviam brotado e ela tinha acabado de decolar, levantando no ar como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ela não conseguia entender por que a luz machucava seus olhos, por que sua pele estava começando a coçar sob o sol. Por sorte, era um dia nublado e isso lhe dava um pouco de alívio; ainda assim, ela não se sentia como ela mesma.

Scarlett se sentia tão perdida, tão só, não sabia para onde ir. Ela sentia que não podia voltar para casa, não depois de tudo o que tinha acontecido, não depois de descobrir que sua mãe queria que ela morresse,, que todos a odiavam. Ela tampouco podia procurar suas amigas; afinal, Maria a odiava agora e parecia que ela tinha feito suas outras amigas ficarem contra ela também. Ela não podia voltar para a escola, não podia simplesmente voltar à sua vida normal, ainda mais  depois de sua grande briga com Vivian na festa.

Uma parte de Scarlett só queria se encolher como uma bola e morrer. Ela sentia que não tinha mais nada para ela no mundo.

Scarlett sobrevoou sua cidade natal e, ao passar por sua casa, teve uma sensação muito estranha ao olhá-la por cima. Scarlett voou alto o suficiente para não ser vista por ninguém, ela viu sua cidade por uma visão panorâmica, a qual ela nunca tivera. Ela viu os quarteirões perfeitamente formados, as grades retangulares, as ruas limpas, o alto campanário da igreja; viu as fiações em todos os lugares, as cabines de telefone, os telhados inclinados, alguns de telhas, outros de ardósia, a maioria tinha centenas de anos de idade. Ela viu pássaros empoleirados nos telhados e um balão roxo solitário flutuando em sua direção.

O vento de novembro era frio ali em cima e lhe chicoteava o rosto, Scarlett sentia frio. Ela queria descer e se aquecer em algum lugar.

Enquanto Scarlett voava e voava, tentando pensar, a única pessoa que ela via, o único rosto que continuava piscando em sua mente era o de Sage. Ele não tinha aparecido como prometido para fugirem; ele a deixara esperando e ela ainda estava brava com isso. Scarlett achava que ele não queria vê-la novamente.

Então, novamente, ela não tinha realmente certeza do que acontecera. Talvez, apenas talvez, ele tivesse algum motivo por não aparecer. Talvez ele a amasse apesar de tudo.

Qaunto mais pensada sobre isso, mais Scarlett sentia que precisava vê-lo. Ela precisava ver um rosto familiar, alguém no mundo que ainda se importasse com ela, que a amasse. Ou, pelo menos, que a tivesse amado alguma vez.

Scarlett tomou uma decisão. Ela se virou e foi para o oeste, em direção ao rio, para onde ela sabia que Sage morava. Ela continuou voando fora dos limites da cidade, olhando para as principais estradas abaixo dela, usando-as como pontos de referência enquanto flutuava. Seu coração batia rapidamente ao perceber que iria chegar em pouco tempo.

Enquanto voava fora da cidade, a paisagem mudou: em vez de quarteirões e casas perfeitamente estabelecidos, havia menos casas, terrenos maiores e mais árvores… Os terrenos aumentaram de dois hectares para quatro hectares, seis e, em seguida, dez, vinte… Ela estava entrando na seção dos casarões.

Scarlett chegou à beira do rio e, quando ela fez uma curva para voar ao longo dele, abaixo dela, ela podia ver todas as mansões, repletas de suas longas e largas calçadas, emolduradas por carvalhos antigos e formidáveis portões. Tudo cheirava a riqueza e história, dinheiro e poder.

Scarlett passou pela maior e mais elegante de todas as mansões, afastada da estrada por vários hectares, bem próxima à margem do rio, uma velha casa de pedra antiga, com as mais belas espirais e torres, parecia mais um castelo do que uma casa. Suas quinze chaminés se projetavam para o céu como um farol para o paraíso. Scarlett nunca tinha percebido o quão bela era casa de Sage até vê-la do alto.

Scarlett voou para baixo, mergulhando, seu coração batia forte, estava nervosa. Será que Sage ainda queria vê-la de novo? E se ele não quisesse? Se não, ela não saberia para onde ir.

Scarlett desembarcou diante da porta da frente, descendo suavemente, suas asas foram retraindo, ela olhou para o edifício de pedra – e ao fazê-lo, ela sentiu seu coração congelar por dentro. Ela não conseguia entender o que estava vendo: a casa inteira, cada parte dela, estava com tábuas de madeira na frente. No lugar dos belos vidros ornamentados, havia madeiras compensadas, apressadamente pregadas; no lugar de toda a atividade que ocorrera lá na última em sua última visita, não havia nada.

Estava deserto.

Scarlett ouviu um rangido. Ela olhou para o lado e viu um portão enferrujado balançando levemente, chiando com o vento. Era como se ninguém vivesse ali há mil anos.

Scarlett voou até os fundos da casa, pousando na grande praça de mármore e olhou para a fachada; a mesma coisa. A casa estava completamente vazia, cheia de tábuas. Como se nada tivesse acontecido, como se nunca tivesse acontecido.

Scarlett se virou e olhou para as terras ao seu redor, que iam até o rio, olhou para o horizonte cheio de nuvens, o céu escurecia, ameaçando uma tempestade, e ela olhou para todos os lados em busca de Sage.

Ela não o sentia ali. Não na casa. Nem em nenhum outro lugar.

Ele se fora.

Scarlett não podia acreditar. Ele realmente não estava lá.

Scarlett se sentou, colocou as mãos sobre seus joelhos e chorou. Será que ele realmente a odiava tanto assim? Será que ele nunca a amara de verdade?

Scarlett ficou ali, chorando, até se sentir vazia, entorpecida. Ela olhou fixamente para o nada, pensando no que fazer. Uma parte dela queria invadir a casa, apenas pelo motivo de obter calor e abrigo. Mas ela sabia que não poderia fazer isso. Ela não era uma criminosa.

Scarlett ficou sentada com a cabeça entre as mãos pelo que parecia uma eternidade, sentindo uma pressão intensa entre os olhos, sabendo que ela tinha que ir a algum lugar, fazer alguma coisa. Mas onde?

Por alguma razão, Scarlett pensou em suas amigas mais uma vez. Maria a odiava; mas não havia nenhuma razão para que as outras também a odiassem. Elas já foram eram tão próximas. Mesmo que ela não pudesse falar com Maria, talvez ela pudesse conversar com Becca ou Jasmine. Afinal, Scarlett não tinha feito nada para elas. E para que serviam os amigos, se não fosse para ajudar em um momento como este?

Scarlett se levantou, enxugou as lágrimas, deu três passos e saltou para o ar. Ela iria encontrar suas amigas, pedir-lhes que a acolhessem, apenas por uma noite e depois descobriria o que fazer com sua vida.




CAPÍTULO OITO


O padre McMullen ajoelhou-se diante do altar, suas mãos tremiam quando ele apertou o rosário, rezando por esclarecimento. E também, ele tinha que admitir, orando por proteção. Sua mente ainda mostrava imagens daquela menina, Scarlett, trazida por sua mãe alguns dias antes, daquele momento em que, mesmo ali, em um lugar santo, cada janela fora estilhaçada. O padre olhou para cima e olhou ao seu redor, como se quisesse saber se aquilo havia realmente acontecido – e ele sentiu um nó no seu estômago quando lhe veio a dolorosa lembrança, as antigas janelas agora estavam tapadas com madeira compensada.

Por favor, Pai. Envie-nos proteção. Envie sua proteção. Salve-nos dela. E salve-a de si mesma. Peço um sinal.

O padre McMullen não sabia o que fazer. Ele era um padre de uma pequena cidade, com uma pequena paróquia, e ele não tinha as habilidades para lidar com uma força espiritual daquela magnitude. Ele havia lido lendas a respeito, mas nunca soubera se eram verdadeiras, e certamente nunca havia testemunhado algo assim com os próprios olhos.

Agora, depois de passar toda a sua vida orando a Deus, depois de passar a vida falando com as pessoas sobre as forças do bem e do mal, ele havia testemunhado algo daquele tipo por si mesmo. Forças espirituais verdadeiras estavam batalhando, ali na terra, expostas para que todos pudessem vê-las. Agora, ele havia realmente tido uma experiência sobre o assunto – tudo o que ele já tinha lido e conversado com outros – ele mesmo.

E isso o assustava demais.

Pode tal mal realmente existir na terra? ele perguntou. Da onde que ele vem? O que ele quer? E por que tudo foi para o seu caminho, caiu em seu colo?

O padre McMullen tinha contatado o Vaticano imediatamente, relatando o que havia acontecido, pedindo ajuda, orientação. Acima de tudo, ele queria saber a melhor forma de ajudar aquela pobre moça. Havia alguma antiga oração, alguma cerimônia, que ele não conhecesse?

Mas, para seu espanto, ele não recebera retorno.

O padre se ajoelhou ali, orando, como fazia todas as tardes, agora, rezava com mais empenho que nunca.

De repente, o padre estremeceu quando as enormes portas de madeira em arco da igreja se abriram, a luz invadia o ambiente atrás dele, uma brisa fria tocava suas costas. Ele sentiu um arrepio – e não era apenas devido ao tempo.

Ele sentiu que algo sombrio havia entrado no lugar.

O padre, com o coração acelerado, ficou rapidamente em pé e se virou, de frente para a entrada, perguntando-se o que poderia ser. Ele apertou os olhos contra a luz.

Entraram as silhuetas de três homens com seus sessenta anos, de cabelos brancos, todos vestiam preto, usavam golas altas pretas e batinas. Ele os examinou com espanto; havia algo diferente neles, algo sinistro. Eles não se pareciam com nenhum dos sacerdotes que ele já tinha visto.

“Padre McMullen?”, perguntou um deles.

O padre se manteve firme quando eles se aproximaram, e acenou de volta, trêmulo.

“Quem é você?”, perguntou. “Como posso ajudá-lo?”

“Você entrou em contato conosco”, disse um deles.

O pai olhou para ele, intrigado.

“Eu entrei?”

Eles chegaram perto dele e, ao fazê-lo, um deles estendeu-lhe um pedaço de papel.

O padre o pegou. Era do Vaticano.

“Eles nos mandaram aqui para investigar”, disse um deles.

O pai sentiu algum alívio, mas, mesmo assim, ele os examinou com apreensão, atentando-se à suas aparências austeras.

“Sinto-me honrado por vocês terem vindo da Itália para cá”, disse ele. “Obrigado por terem vindo. Como posso ajudá-los?”

Porém, os homens o ignoraram, todos se viraram, examinando as tábuas nas janelas, trocando olhares pensativos, como se tivessem visto aquilo antes, como se soubessem exatamente o que havia acontecido.

“Esta menina que você descreve,” disse um deles, sua voz era sinistra e baixa. “Qual é o nome dela?”

“O nome dela é Scarlett,” o padre McMullen respondeu.

“E sobrenome?”, o mesmo homem perguntou.

O pai olhou para ele, incerto do que responder. Ele não sabia se deveria proteger sua paróquia, proteger a privacidade daquela garota. Mas ele sabia que era bobagem; aqueles homens pertenciam à Igreja.

“Paine”, respondeu ele, sentindo-se cada vez mais hesitante.





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