Книга - O Segredo Do Relojoeiro

a
A

O Segredo Do Relojoeiro
Jack Benton


O segundo mistério emocionante da série de mistérios Slim Hardy.

Um relógio enterrado é a chave para um mistério de décadas atrás. De férias para fugir dos pesadelos de seu último caso, o ex-soldado e agora detetive particular John ”Slim” Hardy encontra algo enterrado no mato em Bodmin Moor.

Incompleto e danificado pela água, mas ainda funcionando, o velho relógio fornece uma pista vital para um caso de pessoa desaparecida.

Quando Slim começa a fazer perguntas na pequena vila de Penleven, ele encontra um mundo de mentiras, rumores, e segredos, alguns dos quais os residentes preferem manter enterrados. Vinte e três anos atrás, um relojoeiro recluso deixou sua oficina e andou até Bodmin Moor, levando consigo seu último relógio incompleto. Ele desapareceu. Slim está determinado a descobrir o porquê. O segredo do relojoeiro é a assombrosa continuação do romance de estréia de Jack Benton, ”O Homem à Beira Mar”.









O segredo do relojoeiro

Os Mistérios de Slim Hardy #2

Jack Benton










Contents


O segredo do relojoeiro (#uc3cbfda7-f219-56dc-b186-cd0bbccd6735)

Capítulo 1 (#u710c9655-b8e3-5195-a3f9-8f05f24cabbf)

Capítulo 2 (#ubf2fa010-f343-58dc-8ce4-7a9186e41cc8)

Capítulo 3 (#uc98f4757-658c-51bf-8227-e1dc181e66d6)

Capítulo 4 (#u5f0ee79b-98b1-5c5b-9aa9-f247d94416ff)

Capítulo 5 (#uc5cbf2b6-916a-53ee-8ecd-7fe113af7124)

Capítulo 6 (#u40ba4de3-5946-5364-9dc2-02df2b2d7641)

Capítulo 7 (#u07fb94c7-9c76-584c-afeb-dc956d4aac29)

Capítulo 8 (#u9b928d43-7611-5a6b-8a69-55f1a2e587f5)

Capítulo 9 (#ub847731e-fcdf-553d-96cd-e698b3f72bcb)

Capítulo 10 (#ufcf7eee7-54ac-5424-a30a-45de57aab200)

Capítulo 11 (#uabaac841-98fd-5c30-bd15-8177a6210bc9)

Capítulo 12 (#u4b8a9ce1-0279-5735-a235-7cbf5f88deb3)

Capítulo 13 (#u78ed4ba8-8fbc-5874-b2d4-09d6032110bc)

Capítulo 14 (#ud5ef86b2-28db-5d76-bd79-2b1e59348961)

Capítulo 15 (#u5bfb220c-c791-5462-9de5-6588fcf9ca4b)

Capítulo 16 (#u1a930529-70e2-5153-b8aa-ca2f556570cc)

Capítulo 17 (#u2307a4fa-b345-5bcc-a995-987d5c37f05f)

Capítulo 18 (#u41fb4901-d02b-5e18-9106-95613a070c5e)

Capítulo 19 (#u92acd4ea-fef2-5177-8091-e967a42e9a57)

Capítulo 20 (#u5b635b10-261c-563d-84e3-eed1545ba612)

Capítulo 21 (#u4bbfc3c2-da31-57fe-b364-d009788fac2b)

Capítulo 22 (#u7cf40db1-52e4-5de9-a633-acfefb5f35ea)

Capítulo 23 (#u41ee30e9-c2f4-5128-bd60-992a9da6b33c)

Capítulo 24 (#u65a89712-c8e1-538b-be60-1a3f27f7db5a)

Capítulo 25 (#u4065fbd8-45cf-507f-840d-c0c68186a55e)

Capítulo 26 (#u03d0d14a-ef63-5631-b827-e7ee53e34c49)

Capítulo 27 (#u90c91ebc-475b-57c6-9ebb-3cd6d44858a6)

Capítulo 28 (#u7a0c299b-3f4c-5f61-be36-b7b98a8c9b01)

Capítulo 29 (#u0ecb3758-32f8-5cdb-8280-a2bf0d19da99)

Capítulo 30 (#u61265f0e-317c-52dc-b3a9-f5d164c87e68)

Capítulo 31 (#u8f362aa5-b103-5809-b8f3-0edd985fc4ed)

Capítulo 32 (#u2371f851-27a5-5848-ada3-dcb801e6ffee)

Capítulo 33 (#u24b30ea9-0cea-577a-96ee-1a80308fd739)

Capítulo 34 (#u90e5ea6f-eab8-5891-8b71-abc1bf2c2592)

Capítulo 35 (#u66fbf9d1-f1c9-5bf8-8743-57d22f62521c)

Capítulo 36 (#u0a3ed999-22e2-538c-a594-bff639805d48)

Capítulo 37 (#u2c106206-5f5e-5864-b3ce-461ac9a46c75)

Capítulo 38 (#u04eaaa8f-b49a-5f02-ae89-6e7084c2d9f5)

Capítulo 39 (#u232306ef-6a8b-52c8-8fca-7e028279f7fe)

Capítulo 40 (#u289b37b6-4425-5280-b257-c102fcf57cb7)

Capítulo 41 (#uf18b296e-053d-5d75-acf5-f610a1418b4f)

Capítulo 42 (#u1c3b99db-b920-5a18-a2e3-0043ee830d32)

Capítulo 43 (#ua25b5ffb-4337-511c-a203-9e09371a0922)

Capítulo 44 (#ud53e7652-45c9-5c1a-b605-7858b1a45665)

Capítulo 45 (#u8f7b7db9-c8a6-5084-95ba-b7382cf8363c)

Capítulo 46 (#u016cf085-a089-5b17-8b7c-bf498aab8471)

Capítulo 47 (#ucd3eb754-82c1-575a-9427-e522c4d49a0e)

Capítulo 48 (#u216e5f1b-eb41-57c0-8530-23a355190ab2)

Capítulo 49 (#ue88d0c49-4f76-5cd6-b365-eb7a45bf6941)

Capítulo 50 (#u0e7cf424-ce71-58e7-a22b-422441b98835)

Capítulo 51 (#u0c2452c9-5f92-595f-bf1e-350693f1a51a)

Capítulo 52 (#u31a0c9b9-0e3b-56e1-a62c-b0a03cd92a29)

Capítulo 53 (#u7f480c2b-86d5-5980-844f-89b0e254d325)

Capítulo 54 (#u18cbd396-de73-5e6c-a914-5b21eb166e36)

Sobre o Autor (#udc8e8d5b-0053-54e1-873d-c7b47f53b8cd)


“O segredo do relojoeiro” Copyright © Jack Benton / Chris Ward 2019

Traduzido por Leonardo Oliveira Pestana De Aguiar

O direito de Jack Benton / Chris Ward de ser identificado como o Autor deste Trabalho foi afirmado por ele de acordo com o Copyright, Designs and Patents Act 1988.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida, em qualquer forma ou por qualquer meio, sem a permissão prévia por escrito do Autor.

Esta história é uma obra de ficção e é um produto da imaginação do autor. Todas as semelhanças com locais reais ou com pessoas vivas ou mortas são mera coincidência.



O segredo do relojoeiro




1







A caminhada não ia como planejado.

As pilhas de granito saliente de Rough Tor eram um ponto de referência ruim, deslocando-se ao longo do horizonte enquanto Slim Hardy tentava se realinhar com a linha do caminho que o levara do estacionamento à colina.

À sua direita, um pequeno grupo de pôneis selvagens bloqueava a rota direta para a cordilheira e as pilhas mais altas. Seus olhos desafiadores observavam cada passo enquanto Slim fazia o contorno, movendo-se lentamente sobre o terreno pantanoso e desigual, receoso do granito que saltava da relva.

Slim suspirou. Ele estava bem fora de rota agora, o longo cume de Rough Tor subindo quase em linha reta, e o pico plano de Brown Willy com seu polvilho de rochas aparecendo em frente através de um vale largo e suave. Ele procurou, por hábito, o frasco de quadril que não estava mais lá, apertou sua mão como se para punir a si mesmo por seu esquecimento, então sentou-se em uma rocha para tomar um fôlego.

No cume, os dois caminhantes que ele tinha seguido do estacionamento saltaram de entre as rochas e foram em direção a Brown Willy. Conforme eles desapareciam de vista, Slim sentiu uma pontada súbita de solidão. No fundo da encosta, haviam três carros no estacionamento ao lado do borrão vermelho que era sua bicicleta, mas dos outros caminhantes não havia nenhum sinal. Além dos pôneis, ele estava sozinho.

Depois de uma mordida de um sanduíche e um gole de uma garrafa de água, Slim olhou para o pico, dividido pela indecisão. Ele tinha um longo passeio de bicicleta pela frente por estradas de terra sinuosas e esburacadas, e a bateria em sua lanterna estava acabando. Quando ele se virou, porém, o sol rompeu brevemente através das nuvens, e longe ao sul o Canal da Mancha brilhou entre duas colinas. Ao noroeste Slim procurou o Atlântico, mas um banco de nuvens pairava baixo sobre os campos, obscurecendo tudo, exceto um pequeno triângulo cinza que poderia ser água.

Com um grunhido perseverante, ele colocou sua mochila nas costas e voltou para a caminhada, mas não tinha dado mais do que alguns passos quando uma pedra solta rolou sob sua bota, derrubando-o até os joelhos em um poço de água suja. Com uma careta, Slim tirou o pé do pântano e cambaleou para a frente em solo mais seco.

Ao remover e esvaziar sua bota esquerda, ele deu um sorriso melancólico, lembrando que um par de meias sobressalentes estava na cama de seu quarto, deixado de fora de sua bolsa para abrir espaço para um livro velho da prateleira de empréstimos da hospedaria.

Novamente o sol emergiu brevemente das nuvens, e as pilhas de granito brilharam na luz repentina. O grupo de pôneis tinha se deslocado através da colina, deixando Slim com um caminho reto para a cordilheira.

"Vamos lá," ele murmurou para si mesmo. "Você não é de desistir, é?"

Sua bota apertou quando ele a pôs de volta, mas com uma careta que raramente deixava seu rosto, ele finalmente chegou à cordilheira quinze minutos depois, subindo as pilhas de granito até o ponto mais alto. A neblina tinha caído, obscurecendo tudo, menos as encostas da colina. As antigas pedreiras de caulinita a sudoeste eram fantasmas na neblina, mas além delas, um véu cinza turvo pairava sobre o mundo.

Com a fricção da água como uma lixa entre seus dedos dos pés, Slim fez uma pausa suficiente para tomar um gole rápido antes de começar sua jornada de descida. Um dia quente no início da primavera se transformou rapidamente em uma noite de fim de inverno, e apenas uma hora de luz restava antes da escuridão completa. Embora a neblina ainda não tivesse absorvido o pequeno estacionamento de cascalho em sua paleta cinza amorfa — uma mancha de vermelho perto da parede inferior identificava sua bicicleta — o mesmo parecia muito mais distante do que o pico quando ele estava no início.

Ele estava olhando para longe, contando as ovelhas amontoadas em uma cavidade mais abaixo na encosta, como uma forma de se distrair das rajadas de vento frio, quando algo se mexeu sob seus pés.

Ele caiu com força, segurando-se com as mãos. Ele havia caído com o mesmo pé, mas desta vez torceu o tornozelo e uma dor lancinante subiu por sua perna. Ele rolou de costas, tirou a bota e ficou sentado esfregando o tornozelo por alguns minutos. Ao remover a meia ensopada ele descobriu o início de um hematoma, e a exposição ao ar enviou calafrios por todo o seu corpo. O solo aqui pelo menos estava seco, e ele se sentou e olhou para cima, sentindo-se ao mesmo tempo zangado e estúpido. Errar é humano, repetir o erro... ele se lembrou do início de um ditado que sua ex-mulher gostava, embora ele tivesse esquecido o resto.

Ele olhou ao redor, imaginando qual pedra o havia feito tropeçar, e franziu a testa. Algo apareceu entre dois tufos de grama, tremulando com a brisa.

A ponta de um saco plástico, rasgado e puído, sua cor antiga há muito desbotada em um branco acinzentado. Slim hesitou antes de tentar pegá-lo, lembrando-se de sua viagem ao Iraque com o exército, quando tal coisa poderia ter indicado uma mina terrestre, um marcador para militares locais que ainda usassem a área. Cada pedaço de lixo poderia significar a morte, e nos subúrbios de algumas cidades sujas e empoeiradas, Slim mal ousava dar um passo à frente.

Para sua surpresa, o objeto resistiu ao seu puxão forte. Ele enfiou as mãos na grama e passou os dedos ao redor da forma dura e angular que a bolsa continha. O objeto se espalhava sob a relva, há alguns palmos de distância, e seu coração começou a disparar. Materiais militares perdidos? Dartmoor, a nordeste, era usada para exercícios militares, mas Bodmin Moor era supostamente segura.

Ele pressionou um dedo na superfície dura e ela cedeu um pouco. Madeira, não plástico ou metal. Ele nunca soube de uma bomba que fosse feita de madeira.

Ele puxou a grama que cedeu facilmente e tirou o objeto embrulhado para fora da grama. Cantos quadrados e ranhuras esculpidas despertaram sua curiosidade. Ele desatou o nó da bolsa e retirou o objeto de dentro.

"Huh...?"

A bolsa continha um lindo relógio-cuco ornamentado. Delicados entalhes de madeira cercavam um belo relógio central. Para sua surpresa, ele ainda funcionava, quando um pequeno cuco saiu de repente de uma porta acima do número 12, seu grito foi uma baforada cansada nos ouvidos atordoados de Slim.




2







"Você vai ficar mais uma semana, Sr. Hardy?

A Sra. Greyson, a senhoria idosa de rosto severo da Lakeview Bed & Breakfast, um estabelecimento que fazia jus a apenas duas de suas três estrelas, estava esperando no corredor sombrio quando Slim entrou pela porta da frente. Com frio e dolorido da longa viagem, e ainda assustado com o quão perto um Escort com o motor quebrado tinha chegado de reduzi-lo a picadinho, ele esperava evitar uma discussão pelo menos até tomar um banho.

"Ainda não decidi," disse ele. "Posso avisar amanhã?"

"É que eu preciso saber se posso anunciar o seu quarto."

Slim não tinha visto nenhum outro cliente no B&B de quatro quartos. Ele forçou um sorriso para a Sra. Greyson, mas quando começou a passar por ela para as escadas, ele parou.

"Diga, você não conhece nenhum lugar por aqui onde avaliem bens, conhece?"

"Avaliação? De que?"

Slim ergueu o pulso e acenou com o relógio genérico que comprara na liquidação da Boots há um ano. "Pensei em penhorar isso," disse ele. "Eu estava pensando que talvez fosse hora de um upgrade."

A Sra. Greyson torceu o nariz. "Posso te dizer quanto isso vale. Nada."

Slim sorriu. "Estou falando sério. Pertenceu ao meu pai. É uma herança de família."

A Sra. Greyson encolheu os ombros como se ciente de que ele estava inventando uma mentira. "Tenho certeza de que seria uma perda de tempo, mas se estiver falando sério, encontrará algum lugar em Tavistock. Eles têm uma feira todos os sábados. Vendem todo tipo de bugiganga e, sem dúvida, você encontrará alguém disposto a tirá-lo de suas mãos por uma pequena taxa.

"Tavistock? Onde é isso?"

"Do outro lado de Launceston. Em Devon." A última frase foi dita com o nariz franzido, como se existir além da fronteira de Cornwall fosse o mais hediondo dos crimes.

"Tem ônibus?"

A Sra. Greyson suspirou. "Por que você simplesmente não aluga um carro? Que tipo de pessoa vem para Cornwall sem carro?"

O tipo que não tem mais carteira de motorista, Slim quis dizer, mas não disse. Ela já tinha preconceitos o suficiente sem o conhecimento de sua suspensão por dirigir alcoolizado.

"Já disse, estou tentando ser ecologicamente correto. Estou tentando entrar em contato com a natureza."

"Que bom para você." Outro suspiro. "Bem, há um cronograma pregado na porta do seu quarto, como já te disse."

Slim não se lembrava se ela havia dito ou não. É verdade que havia algo, mas estava tão desbotado que era ilegível e provavelmente desatualizado a anos.

"Obrigado," disse ele, sorrindo para ela.

"Honestamente, você não sabe a sorte que tem agora que a First Bus começou a operar em North Cornwall. Antes, havia apenas um ônibus para Camelford por semana. Saía às duas na terça-feira e você tinha que esperar uma semana para voltar para casa. Imagine ficar preso em Camelford por uma semana? Uma hora é o suficiente para a maioria das pessoas."

"É assim tão ruim?"

A Sra. Greyson não percebeu o sarcasmo sutil de Slim. "Eles estão atrás de uma saída há anos. Pelo menos agora tem dois ônibus por dia. Foi Blair, na verdade, que resolveu isso. As coisas pioraram desde que os conservadores voltaram. Eles estavam atrás da piscina de Bude, depois dos banheiros públicos em..."

"Obrigado, Sra. Greyson," disse Slim.

A Sra. Greyson voltou para a cozinha, a boca ainda se movendo silenciosamente como se as palavras continuassem a cair como gotas de uma torneira vazando, suas mãos desajeitadamente embaralhando um punhado de notas e envelopes de extrato bancário. Slim tinha apenas começado a torcer para que a conversa tivesse acabado quando ela parou e voltou. "Você vai sair para jantar novamente esta noite?"

Penleven tinha uma única loja que fechava às seis da tarde e um único pub que deixava de servir comida às oito e meia. Ele tinha meia hora para chegar à sua mesa solitária na sala de família ou seria um Cup Noodle e um sanduíche de atum pela terceira noite consecutiva. Embora Slim tivesse seus motivos para sua estadia prolongada em Cornwall, passar fome não era um deles.

Ele assentiu com a cabeça. "Acho que vou," disse ele.

"Bem, não se esqueça da sua chave," disse ela, algo que havia lhe dito em todas as noites de sua estada de três semanas. "Não vou levantar para abrir a porta para você."




3







Em seu quarto arrumado e surpreendentemente grande para uma casa que parecia bastante pequena por fora, Slim tirou o relógio da mochila e o desembrulhou do saco plástico.

Ele não sabia nada sobre relógios. Seu último apartamento continha um único relógio de plástico barato que o ocupante anterior havia deixado para trás, e para ver as horas ele invariavelmente usava seu velho Nokia ou uma sucessão de relógios de pulso baratos que ele usava até ficarem arranhados demais para serem legíveis.

O relógio era um retângulo de madeira no formato de uma cabana de inverno, com um telhado pontudo e pendente e um orifício na parte inferior para um pêndulo ausente. O mostrador do relógio, com seus números romanos de metal levemente manchados, era cercado por redemoinhos e entalhes: desenhos de animais e árvores, símbolos que talvez representassem o sol e a lua ou as estações. Em um semicírculo sob o mostrador do relógio havia uma tira fina que lembrava uma lua inclinada para cima, ou talvez uma ferradura inacabada. Alguns arranhões ilegíveis tinham sido feitos em sua superfície. O relógio inteiro era revestido com uma camada de verniz espessa, a ser lixada e alisada conforme o design fosse finalizado e refinado.

Slim balançou a cabeça confuso. Ele nunca havia visto um relógio feito à mão antes. Se alguém se deu ao trabalho de criar algo tão complexo, por que embrulhar em um saco e enterrá-lo no mato?

Curiosamente, apesar da falta de um pêndulo, ele ainda estava funcionando, embora os ponteiros estivessem algumas horas adiantados — ele agora estava marcando quase onze — e o fundo estava seriamente danificado pela água onde o saco havia se rasgado. Slim tentou tirar a parte de trás para olhar dentro, mas estava bem aparafusada, e sem ter ferramentas, ele não queria incomodar a Sra. Greyson novamente antes do amanhecer. A madeira, porém, tinha o cheiro de terra queimada da turfa, assim como um bolor envelhecido. Slim podia facilmente acreditar que o relógio era mais velho do que seus próprios quarenta e seis anos.

Slim pegou um pano úmido na pia do canto e limpou o relógio. O verniz rapidamente alcançou um brilho majestoso quando a areia e a poeira foram embora. Os detalhes nas esculturas tornaram-se mais evidentes: camundongos, raposas, texugos e outros exemplos da fauna britânica escondidos entre as curvas e arcos das árvores. O clique firme do mecanismo do relógio sugeria um know-how mecânico igual ao artístico, quem o construiu o fez com muito orgulho e um nível excepcional de habilidade.

Slim colocou o relógio na cômoda ao lado da cama e foi pegar o casaco. Era hora de sua caminhada noturna até o pub local, com sorte a tempo de conseguir pedir um jantar. Ele não estava a fim de um Pot Noodle de frango com cogumelos pela terceira noite consecutiva. Não que odiasse Pot Noodles, mas a lojinha da aldeia só tinha um único sabor. Na única noite em que se deu o luxo e comprou uma lata de feijão e salsichas, descobriu que a mesma tinha passado três meses da validade.

Enquanto andava pela garoa leve que era padrão em Bodmin Moor e seus arredores após o anoitecer, ele não conseguia parar de pensar no relógio.

Se ele tivesse encontrado um saco de ouro, não teria sido mais misterioso.




4







"Então, quem é você realmente, Sr. Hardy?" Disse a Sra. Greyson, segurando o prato de café da manhã como se sua entrega dependesse de sua resposta. "Quero dizer, você fica aqui na minha hospedaria, no meio do nada, semanas a fio, e tudo o que faz todos os dias é caminhar na charneca ou vagar pela aldeia. Está aqui por algum motivo em particular?"

Slim deu de ombros. "Sou um alcoólatra em recuperação."

"Mesmo assim, você janta no Crown todas as noites?"

"Chame de penitência," disse Slim. "Estou confrontando meus demônios pessoais. Além disso, sempre me sento na área familiar, longe da bebida."

"Mas porquê aqui? Por que Penleven? Se eu não tivesse percebido sua incapacidade de lembrar funções básicas, como levar a chave da porta da frente ao sair, poderia imaginar que você fosse um espião escondido."

Slim deu de ombros. "Eu não tinha dinheiro para ir para o exterior. E sempre fui atraído por Cornwall, principalmente pelas partes frias, escuras e inexpressivas que a maioria das pessoas evita."

"Bom, não há lugar mais parecido com isso do que Penleven," a Sra. Greyson disse com um leve ar de decepção, como se ela tivesse tido uma oportunidade de ir embora, mas perdido a chance. "Há apenas algumas centenas de pessoas na aldeia, mas pelo menos não somos uma cidade fantasma de inverno como muitas das aldeias costeiras."

"Cidade fantasma?"

"Boscastle, Port Isaac, Padstow... são todas casas de férias. Prosperam no verão, mas ficam desertas no inverno. Podemos não ser uma comunidade movimentada, mas pelo menos sempre há um rosto amigo na loja ou no pub."

Nas ocasiões em que se aventurava no bar do Crown para pedir sua refeição, Slim vira poucos rostos amigos, mas muitos cabisbaixos, caídos sobre seus copos, olhando para o nada. Talvez fosse o inverno - à noite o vento uivava, sacudindo sua janela com força, ele temia às vezes, que fosse arrancá-la da parede, e estava escuro de verdade na estrada para a hospedaria, não o escuro habitual que Slim estava acostumado. Ou talvez fosse que havia pouco do que se falar por essas partes. Slim não tinha sinal no telefone, a menos que caminhasse um quilômetro morro acima em direção à A39, mas para alguém com mais para esquecer do que esperar, era a situação ideal.

Como que desistindo da caça à fofoca que poderia elevar brevemente seu perfil entre os membros mais velhos da comunidade, a Sra. Greyson deixou o café da manhã de Slim e recuou, cruzando os braços, montando guarda por alguns momentos antes de se virar abruptamente e marchar de volta para a cozinha. Slim ficou sozinho na área de jantar apertada da hospedaria: três mesas tão apertadas contra as paredes que marcavam o papel de parede, e uma flutuando no meio como se tivesse sido esquecida. A Sra. Greyson, em algum ato de rebeldia contra sua ousadia de sobrecarregá-la com seus negócios, reservava o local menos desejável de todos para Slim a cada manhã, em uma mesa escondida atrás de uma porta no corredor. O cardápio, com três das quatro opções riscadas, consistia apenas em repolho frito com uma porção ocasional de feijão cozido. Slim estava com tantos gases que precisava deixar a janela do quarto aberta à noite.

Pelo menos a torrada estava consistentemente agradável, e o café, embora carecesse do algo extra que Slim poderia ter adicionado outrora, era forte e parecia feito ontem, do jeito que Slim gostava.

Ele terminou rapidamente, gritou um obrigado à Sra. Greyson, em seguida, saiu antes que ela pudesse encurralá-lo novamente. Ele foi saudado por um vento úmido assobiando em Bodmin Moor, alguns quilômetros a leste, que desafiava sua jaqueta a mantê-lo seco e aquecido. Mesmo quando a charneca estava seca, Penleven ficava envolta na mesma neblina, como se fosse dona de seu próprio sistema climático microcósmico.

O ônibus estava com um atraso aceitável de dez minutos e o levou por um meandro aparentemente interminável por vales florestados ao longo de vielas estreitas e sinuosas até finalmente emergir no vale da bela cidade de Tavistock. Disposta ao longo de um trecho do rio Tavy, era um agradável conjunto de ruas históricas ladeadas por lojas surpreendentemente cosmopolitas. Aproveitando o raro conforto das pessoas, Slim aproveitou a oportunidade para atualizar o sabonete antigo no banheiro da Sra. Greyson, comprar uma camiseta na H&M e, em seguida, almoçar em um pub Wetherspoons. Voltando ao seu propósito depois de assistir um jogo de rúgbi, ele localizou o mercado interno perto do rio e indagou sobre um vendedor de antiguidades. Três pessoas recomendaram Geoff Bunce, o dono de um bricabraque escondido no canto nordeste ao lado de um café movimentado.

"Eu preciso que avalie um relógio," disse Slim ao Bunce de barba branca, cuja cintura e pelos faciais lhe davam a aparência de um Papai Noel fora de época, uma aparência acentuada pelos suspensórios que se estendiam sobre sua barriga saliente.

"Deixe-me dar uma olhada."

Bunce virou o relógio várias vezes, cantarolando baixinho com apreciação contente, de vez em quando olhando para Slim com um estreitamento suspeito de seus olhos.

"Você se importa se eu abrir a parte de trás?"

"Claro."

Enquanto Bunce começava a trabalhar com uma chave de fenda, Slim se sentou ao lado de sua mesa e deixou seus olhos vagarem sobre as prateleiras e caixas carregadas com artigos. Não eram bem antiguidades, mas lixo empoeirado de passados há muito esquecidos.

"Você é amigo do velho Birch?" Bunce disse abruptamente.

"O quê?"

Bunce estendeu um envelope danificado pela água.

"O velho Birch. Amos."

Slim franziu a testa, imaginando se Bunce tinha falado em algum dialeto de Corwall. Então, com um toque de frustração, o homem repetiu: "Amos Birch. O homem que fez este relógio. Morava em Trelee, perto de Bodmin Moor. Tinha uma fazenda. Nos velhos tempos, costumava vender seus relógios aqui no mercado de Tavistock, antes de ficar conhecido. Era um amigo seu?"

"Sim... um amigo."

"Então eu suponho que isso pertença a você." O homem sacudiu o envelope como se para lembrar Slim de sua existência.

Slim pegou, imediatamente sentindo a delicadeza do papel envelhecido juntamente com a umidade. Se ele tentasse abri-lo, o envelope desmoronaria em suas mãos, e qualquer mensagem contida dentro seria perdida.

"Ah, então é aqui que estava," disse ele, dando ao lojista um sorriso pouco convincente. "Eu estava procurando por isso."

"Claro que você estava, Sr.—?"

"Hardy. John Hardy, mas as pessoas me chamam de Slim."

"Não vou perguntar por quê."

"Não pergunte. Não é uma história que valha a pena contar."

Bunce suspirou novamente. Ele virou o relógio mais uma vez. "Está inacabado," disse ele, confirmando o que Slim já supunha. "Eu suponho que seu amigo Birch deu isso para você como um presente? Ele não poderia ter vendido nesta condição, um homem da reputação dele."

"Parece que você o conhecia bem."

"Amigos de escola. Amos era dois anos mais velho, mas não havia muitas crianças. Todo mundo se conhecia."

"Parece que são assim as pequenas comunidades."

"Você não é daqui, é?"

Slim sempre achou que falava com um sotaque neutro, mas isso por si só fazia dele um estrangeiro onde fortes sotaques do oeste eram esperados.

"Lancashire," disse ele. "Mas passei muito tempo no exterior."

"Militar?"

"Como soube?"

"Seus olhos," disse Bunce. "Eu vejo fantasmas neles."

Slim deu um passo para trás. Um rolo de memórias indesejadas começou a passar por sua cabeça, que ele sacudiu, desligando-o.

"Você era militar também?"

"Malvinas. Quanto menos falarmos disso, melhor."

Slim assentiu. Pelo menos eles tinham algum ponto em comum. "Bem, eu acho que eu já tomei muito do seu tempo—"

"Você conseguiria algumas centenas por isso," disse Bunce, entregando abruptamente o relógio. "Talvez um pouco mais se você colocá-lo em leilão. Há colecionadores de relógios de Amos Birch, por eles serem tão raros. Está inacabado, e tem algum dano estético, mas ainda é um original de Amos Birch. Eles costumavam ser procurados. Amos era uma indústria caseira antes das indústrias caseiras serem moda."

"Costumavam ser?"

Bunce franziu a testa, e Slim sentiu os olhos do homem dissecando cada fio de sua mentira.

"O interesse em Amos Birch diminuiu depois que ele desapareceu."

"Depois que ele...?"

"Você sabe, não é, Sr. Hardy, que seu amigo está desaparecido há mais de vinte anos?"




5







O Crown & Lion, o pub solitário que ficava bem na orla de Penleven, separado por um grupo de árvores da propriedade mais próxima como um vizinho rejeitado, nunca parecera mais convidativo. Do único ponto de ônibus do vilarejo, Slim não teve escolha a não ser passar por ele para chegar à hospedaria, e embora ele frequentemente jantasse em seu quarto familiar surrado com pouco desejo pela bebida que apagaria os últimos três meses de recuperação em um piscar de olhos, esta noite ele sentiu muito da velha tensão, a inquietação nervosa que sempre o levava ao limite. As pessoas diziam que uma vez alcoólatra, sempre alcoólatra, e embora Slim tivesse esperanças de um dia desfrutar de uma cerveja tranquilamente de vez em quando, aqueles dias de controle e contentamento livres de demônios estavam muito distantes. Ele deu uma única olhada ansiosa nas luzes da janela do pub, então apressou o passo e seguiu em frente.

A hospedaria estava silenciosa quando ele voltou, mas por uma porta fechada veio o som abafado de uma televisão com o volume baixo. Slim abriu a porta e viu a Sra. Greyson dormindo em sua cadeira em frente a uma lareira elétrica. O controle remoto da televisão repousava no braço da cadeira ao lado dela, como se ela tivesse tido a premeditação de diminuir o som antes de cochilar.

Slim subiu as escadas. Ele colocou o relógio em sua cama e saiu. A oitocentos metros na estrada, em frente à única loja da vila, Slim encontrou um telefone público.

Ele ligou para um amigo em Lancashire. Kay Skelton era um especialista em linguística e tradução que Slim conhecia desde os tempos de exército e com quem já havia trabalhado. Slim explicou sobre a velha carta encontrada dentro do relógio.

"Preciso saber o que está escrito nela, se houver alguma coisa," disse Slim.

"Mande para mim pelo correio," disse Kay. "Não é algo que eu possa fazer, mas tenho um amigo que pode ajudar."

Depois de encerrar a ligação, Slim ficou surpreso ao descobrir que a loja ainda estava aberta, mesmo às quase seis e quinze.

"Estou fechando," foi a saudação ríspida da lojista, uma senhora idosa com um rosto tão azedo que Slim duvidou que ela conseguisse sorrir se tentasse.

"Só vou demorar um minuto," disse Slim.

"Ah, todos dizem isso, não é?" disse ela com um sorriso e uma risada sarcásticos que deixaram Slim sem saber se ela estava fazendo uma piada ou sendo rude.

Depois de comprar um envelope, Slim descobriu que, sim, a loja também funcionava como um correio local, mas, embora pudesse providenciar uma entrega especial de correspondência, era necessário pagar uma sobretaxa para envios fora do horário comercial.

"Trelee fica longe?" ele perguntou, enquanto a lojista não tão sutilmente o conduzia em direção à porta.

"Por que você quer ir lá? Não há muito para turistas."

"Ouvi dizer que existe um certo mistério nesse lugar."

A lojista revirou os olhos. "Ah, você quer dizer Amos Birch, o relojoeiro. Achei que isso já fosse passado. Por que você se importa com o desaparecimento de um velho?"

"Eu sou um investigador particular. A história despertou meu interesse."

"Porque? Há muito pouco para contar. Alguém te contratou?"

Tanto desprezo foi colocado na palavra "contratar" que Slim se perguntou se a lojista teve alguma experiência ruim com investigadores particulares no passado.

"Estou de férias," disse ele. "Mas você sabe o que dizem: uma vez policial, sempre policial."

"Dizem isso, é?"

"Então... para a esquerda ou direita ao sair da aldeia?"

A lojista revirou os olhos de novo. "Ao norte pela velha estrada de Camelford. Talvez você veja uma placa — costumava haver uma, mas o conselho já não corta o mato como antes. Cerca de dez minutos de carro."

"E a pé?"

"Uma hora. Um pouco mais, talvez. Se você conhece o caminho, pode cortar pela orla de Bodmin Moor e ganhar tempo, mas tenha cuidado. Costumava ser uma área de minas."

"Obrigado."

"E leve algo para comer. Esta aqui é a única loja daqui até o posto Shell na A39, perto de Camelford."

Slim assentiu. "Obrigado pela informação."

A lojista deu de ombros. "Se você quer meu conselho, eu não me daria ao trabalho. Não há muito para ver, além de uma velha casa de fazenda, e nem muito para saber. Quando Amos Birch desapareceu, ele garantiu que nunca seria encontrado."




6







A chuva cumprimentou Slim na manhã seguinte, mas a Sra. Greyson estava com o humor mais alegre que ele já tinha visto quando ele contou que estava saindo.

"Não é o melhor dia para ir para a charneca, é?" disse ela. Quando Slim deu de ombros, ela acrescentou: "Digo, eu tenho um guarda-chuva que poderia te emprestar, mas você não vai poder usar em sua bicicleta e, de qualquer forma, o vento lá vai estragá-lo."

Slim considerou pedi-lo de qualquer maneira, mas decidiu arriscar com sua jaqueta normal. A Sra. Greyson ofereceu a ele um mapa velho, porém, com Trelee marcado como um ponto ampliado a um par de quadrados acima de onde Penleven havia recebido um pouco mais de espaço do que seu esparso agrupamento de casas merecia.

A estrada era como ele esperava de Cornwall em qualquer lugar longe da A30 ou A39: uma faixa sinuosa sem fim, que mal dava para dois veículos passarem, um emaranhado de esquinas cegas e convergências escondidas mergulhando para dentro e para fora de vales arborizados entre as colinas de terras agrícolas e charnecas. Sebes claustrofóbicas ocasionalmente se abriam para revelar panoramas rudes e belos de um espaço aberto enevoado, mas andando na escuridão lançada por árvores pendentes, tendo como única companhia o latido distante de um cachorro ou o canto de um pássaro, a imaginação de Slim começou a provocá-lo com imagens de corpos mutilados e anúncios de pessoas desaparecidas nos jornais de domingo.

Trelee, na fenda de estrada onde o mapa indicava que a aldeia deveria estar, era apenas uma dúzia de casas, espaçadas ao longo de meia milha de um trecho mais plano interrompido por portões em campos abertos com vista para Bodmin Moor. Algumas trilhas de fazendas desapareciam em vales escondidos, aglomerados de celeiros e casas de fazenda isoladas, revelando apenas telhados por entre as árvores sem folhas.

Slim acorrentou sua bicicleta a um portão próximo a uma placa do conselho anunciando TRELEE em letras confiantes, a grama ao redor cortada como se tivesse sido golpeada por uma vara, então continuou a pé, se perguntando se ele havia perdido a viagem. As três casas mais próximas eram bangalôs modernos afastados da estrada. Nenhuma tinha veículos do lado de fora, sugerindo que os ocupantes estavam trabalhando em alguma metrópole distante. Ele avistou alguns outros sinais de vida: alguns brinquedos de criança espalhados na garagem de uma casa, um gato elegante sentado na janela de outra.

Depois dos bangalôs, havia três chalés mais velhos, com paredes de pedra e telhados de palha, um pedaço de um documentário de viagem transportado para o meio do nada em Cornwell. Os dois primeiros pareciam vazios, portões trancados e caixas de correio lacradas, mas um velho vasculhava o jardim do terceiro, esvaziando os restos de plantas mortas em uma pilha de composto antes de empilhar as bandejas velhas.

Slim ergueu a mão em resposta a uma saudação educada.

"Gostaria de saber se eu poderia lhe tomar um minuto?" ele chamou.

O homem se aproximou. "Claro. Você é novo por aqui?"

"Estou visitando. Férias."

O homem assentiu de forma atenciosa. "Que bom. Eu teria escolhido algum lugar um pouco mais perto da costa, mas cada um com seu gosto."

Slim deu de ombros. "Estava barato."

"Isso não é nenhuma surpresa."

"Estou procurando alguém que possa ter conhecido Amos Birch," disse Slim, as palavras saíram antes dele realmente saber o que estava dizendo. "Estou ciente de que ele faleceu, mas me pergunto se ele talvez tivesse uma esposa ou um filho. Eu encontrei algo que pode pertencer a ele."

O homem ficou visivelmente tenso com o nome de Amos. "Se ele faleceu ou não, há controvérsias. Quem deseja saber?"

"Meu nome é Slim Hardy. Estou hospedado na Lakeview em Penleven."

"O que você encontrou?"

Slim achou que não havia razão para esconder nada. "Um relógio. Ouvi dizer que ele tinha um hobby."

O homem riu. "Um hobby? Quem te disse isso?"

"É só o que eu ouvi."

"Bem, meu amigo, se você encontrou um relógio de Amos Birch eu guardaria, a sete chaves."

"Por que isso?"

"Essas coisas são muito procuradas. Amos Birch não fazia por hobby. Ele era um artesão de renome nacional. Seus relógios valem milhares de libras."




7







Enquanto Slim se sentava em uma mesa com o velho que havia se apresentado como Lester "mas me chame de Les" Coates, ele se viu constantemente pensando no relógio que tinha deixado casualmente em sua cama na hospedaria. Ele pode valer uma pequena fortuna, algo que, na ausência de qualquer trabalho, seria útil agora.

"As histórias, são muitas," disse Les durante o chá que Slim achou frustrantemente fraco. "Ele literalmente estava aqui em um dia e sumiu no outro. Vão desde cair em uma mina em Bodmin Moor até um sequestro por um grupo terrorista internacional. Bastante fantasioso, pode-se dizer."

"Ele morava perto daqui?"

"Na fazenda Worth. Vá para o norte a partir da minha, e pegue a segunda entrada à esquerda. Ele tinha pessoas que trabalhavam na fazenda para ele, mas era uma operação mínima. As pessoas sempre alegaram que ele mantinha o lugar dando prejuízo graças a um incentivo fiscal."

"Por seus relógios?"

"Eventualmente. Ele começou como fazendeiro, assumiu a fazenda do pai, eu acredito. Então, quando o interesse em seu trabalho paralelo cresceu, ele deixou um de lado para expandir no outro."

"Vocês eram amigos?"

Les balançou a cabeça. "Vizinhos. Ninguém era mesmo amigo do velho Birch. Não era a pessoa mais sociável, mas ele era amigável o bastante se você passasse por ele na rua."

"Família?"

"Esposa e filha. Mary viveu alguns anos a mais do que ele, mas depois que ela se foi, Celia vendeu o lugar e se mudou. O novo casal lá são os Tinton. Pessoas legais, reservadas. Maggie é um pouco metida a chique, mas é legal."

"Eles sabiam a história do lugar quando o compraram?"

Les balançou a cabeça. "Eu não sei dizer. Eu nem sabia que Celia estava vendendo até as vans de mudança começarem a aparecer. Certamente não havia placas de venda até que a placa de "vendido" apareceu. Teria sido bom ver alguém daqui comprá-la, mas não se pode fazer nada quanto a essas coisas. Mas ninguém ficou triste ao saber que Celia ia embora. Já ia tarde."

Slim franziu a testa com a mudança abrupta no tom de Les. Lembrou-lhe da reação que ele tinha recebido na primeira vez que mencionou Amos. "Por que diz isso?"

Les suspirou. "A garota não era flor que se cheirasse. O velho Birch tinha dinheiro. Não faltava nada à garota. Corria por aí como se não fosse da conta de ninguém. Diziam todo tipo de coisa sobre ela."

"Por exemplo?"

Les parecia pesaroso, fazendo uma careta como se as palavras fossem uma fruta podre por dentro que ele não tivesse escolha a não ser engolir.

"Ela gostava de homens, é o que diziam. De preferência casados. Mais do que algumas casas foram vendidas enquanto ela estava por aqui, famílias que se separaram. Ela tinha apenas dezenove anos quando Amos desapareceu, e havia muitos que disseram que ele não aguentava mais."

"Você acha que ela o matou?"

Les bateu na mesa com força suficiente para fazer Slim dar um pulo, em seguida, soltou uma risada alta. "Pelo amor de Deus, não. Acha que ela sairia impune? A menina tinha suas habilidades, mas não era lá muito esperta."

Slim queria perguntar se Les sabia o novo endereço de Celia, mas o velho estava franzindo a testa enquanto olhava para o nada. Slim olhou ao redor, procurando sinais da presença de uma mulher e não encontrou nenhum. Ele se perguntou se as histórias do estilo de vida decadente de Celia Birch vinham de mais do que apenas boatos.

"Obrigado por seu tempo," disse ele, levantando-se. "Eu vou deixar você aproveitar seu dia."

Les levou Slim até a porta. "Volte quando quiser," disse ele. "Mas se quer meu conselho? Não remexa muito esse assunto."

"Como assim?"

"As portas por aqui estão sempre abertas para um estranho. Mas se você se intrometer muito no que se passa atrás delas, eles tendem a se fechar."




8







Slim almoçou ao lado de uma escadaria com vista para a distante baeta verde de Bodmin Moor. Pegadas na lama macia no canto do gramado indicavam que a rota era popular, mas ele ainda não tinha visto nenhum outro transeunte.

Ele se sentiu um pouco desconfortável ao bater na porta da fazenda Worth, mas a trilha que descia para o vale contornava a parte de trás do quintal antes de cortar um riacho e seguir para a charneca, então Slim podia olhar através da sebe enquanto passava.

Uma casa de fazenda dava para um pátio de concreto cercado por construções externas: dois grandes celeiros de animais, um de maquinário e dois outros cujos usos Slim só podia imaginar; produção de grãos ou laticínios, talvez. Na parte de trás do pátio principal, um caminho de cascalho levava a um aglomerado de banheiros externos que pareciam ser de uso pessoal. Slim apertou os olhos através da cerca, perguntando-se se a maior construção - um galpão de tijolos com duas janelas de cada lado de uma porta e uma pequena chaminé projetando-se do telhado - tinha sido, um dia, a oficina de Amos Birch.

Com um instinto para possíveis pistas desenvolvido ao longo de oito anos como investigador particular, Slim puxou sua câmera digital e tirou algumas fotos do quintal. Ele o colocou de volta no bolso apenas um momento antes que a voz de uma mulher o chamasse.

"Sabe, você pode ficar preso aí."

Slim tremeu, e se virou. Ele deslizou para fora da sebe, aterrissando em um monte na lama ao fundo. Quando ele se virou, fazendo uma careta por causa da mancha marrom que ia de seu tornozelo até a metade da coxa, ele se viu cara a cara com uma senhora idosa vestida com um traje tweed de caminhada. Ela se apoiava em uma bengala e olhava para ele, com os olhos semicerrados através dos óculos pendurados no nariz.

Slim ficou de pé e limpou a lama de suas roupas tanto quanto pôde. A mulher continuou a observá-lo, franzindo a testa cada vez mais, a cabeça inclinada para o lado como um artista examinando uma obra de arte de um rival.

"Você avistou alguma coisa de interesse de onde estava?"

"O quê?"

"Do seu lugar naquele matagal." Ela acenou com sua bengala em direção à charneca. "Você sabe, a maioria das pessoas neste caminho olham para o lado de lá, para aqueles rochedos espetaculares. Estava me perguntando o que você poderia achar tão interessante em algumas construções de fazenda escondidas atrás de uma cerca viva podada de tal forma que alguém com um mínimo de inteligência entenderia como uma tentativa de ter privacidade.

O tom da mulher mudou de interesse geral para um beirando a raiva. Slim estava se cansando de seus ares e graças, mas de repente percebeu com quem ele estava falando.

"Sra. Tinton? Você é dona da fazenda Worth, não é?"

A mulher assentiu com firmeza. "Esperto você, hein? Eu sou, de fato. E vou te dizer uma coisa: Não me importa quem morava aqui. Estou farta de vocês, caçadores de tesouros, bisbilhotando. Há anos venho dizendo a Trevor que construir uma cerca elétrica é a única solução, mas ele sempre acha que cada bisbilhoteiro que pegamos espionando nossa propriedade será o último. Honestamente, às vezes ele é bonzinho demais para o seu próprio bem."

"Sinto muito."

"Deve sentir mesmo. Agora, saia dessa cerca viva de uma vez. O direito de circular pode protegê-lo no caminho, mas essa cerca viva é parte da minha propriedade e, ao subir nela, você está cometendo uma invasão. Você sabe que pode ser multado em até cinco mil libras por invasão de propriedade, não é?"

Em um momento de urgência relacionado a um caso anterior, Slim certa vez vasculhou um guia para iniciantes das leis do Reino Unido e não se lembrava de nada disso, mas mencionar isso não resultaria em nada. Ele estendeu as mãos, deu a ela seu sorriso mais apologético e disse: "Eu não queria fazer nenhum mal."

"A fazenda Worth não é uma atração turística!"

A mulher cravou sua bengala no chão para dar ênfase, espirrando lama nas botas já encharcadas de Slim. Ele considerou outro protesto, mas decidiu não se dar o trabalho. Ela não tinha percebido a câmera, então era melhor ele fugir enquanto podia.

"É melhor eu ir para casa," disse ele, recuando pelo caminho enquanto ela balançava a bengala na direção dele. "Peço desculpas novamente. Não queria incomodar."

"Vá embora!"

Slim foi embora tropeçando. Uma vez entre as árvores na parte de trás do gramado, ele arriscou uma olhada para trás. A Sra. Tinton havia subido o caminho até a escadaria, mas lá ela reassumiu sua posição de sentinela, apoiando-se na bengala com as duas mãos como um soldado faria com um rifle.

Apenas a rota mais longa por trás da fazenda o levaria de volta à estrada sem passar por ela. O caminho seguia por uma margem estreita e traiçoeira com uma queda íngreme no riacho. A sebe alta que cercava a fazenda oferecia apenas alguns punhados de amoreiras para sustentá-lo, enquanto uma fileira de árvores plantadas no lado da fazenda projetava uma teia confusa de sombras no solo irregular. Em alguns lugares, o riacho tinha levado parte da estrada, e uma seção da sebe perto do canto sudeste era sustentada por um muro de pedra mais novo, sugerindo que o mesmo já havia sido escavado e demolido.

As primeiras gotas de chuva começaram a tamborilar ao seu redor enquanto o caminho se abria para outro campo. De dentro de um conservatório pitoresco com um prato de bolinhos ou até mesmo uma garrafa de uísque à sua frente, teria sido um som romântico e bem-vindo. Agora, porém, lembrava Slim da longa viagem de bicicleta de volta a Penleven. Ele se perguntou se não era hora de abandonar Cornwall e voltar para o interior, mas não conseguia enfrentar o incômodo de caçar um apartamento ou as tentações que o estresse poderia trazer. Em vez disso, ele olhou furioso para o céu turvo e saiu de baixo da última cobertura de árvores entrando na chuva.

Ao voltar para a hospedaria uma hora depois, a Sra. Greyson repreendeu-o por sujar o capacho com lama, mas por outro lado parecia satisfeita em vê-lo de volta antes de escurecer. Em seu quarto, ele comeu batatas fritas e chocolate enquanto carregava suas fotos em seu laptop. Ele não esperava encontrar muita coisa digna de nota, mas quando ampliou a imagem da pequena construção de tijolos, algumas coisas chamaram sua atenção.

Dentro das janelas de cada lado pareciam haver grades, enquanto a porta era adornada por um cadeado pesado.




9







O desaparecimento de Amos Birch provou ser muito monótono para causar qualquer rebuliço na internet. Através de uma extensa varredura e um pouco de trabalho para separar os sites de fãs e especulações das fontes confiáveis, Slim foi capaz de determinar a data exata como sendo 2 de maio de 1996, uma quinta-feira, vinte e um anos e dez meses atrás. De acordo com os registros meteorológicos, esteve nublado durante a manhã com uma garoa ligeira por volta das quatro horas.

O único artigo detalhado sobre o desaparecimento em si estava em um blog para entusiastas de relógios, um post no estilo "onde estão agora" sobre relojoeiros amadores que cobria pouca coisa que Slim já não soubesse. Na noite de quinta-feira, 2 de maio de 1996, Amos Birch jantou com sua esposa e filha, depois se retirou para sua oficina para continuar trabalhando em seu último relógio. Ele nunca mais foi visto.

A especulação variava de assassinato a fuga. Ele tinha 53 anos na época e dividia a casa da família com sua esposa, Mary, então com 47, e sua filha, Celia, com 19. Uma investigação policial ocorreu, envolvendo uma extensa busca em Bodmin Moor, mas chegou à conclusão, na ausência de evidências que sugerissem o contrário, que Amos Birch simplesmente resolveu fugir de sua própria vida. A oficina foi deixada destrancada, e apenas suas botas de caminhada e jaqueta haviam desaparecido. Ele não havia levado nenhum documento consigo, e sua carteira foi encontrada mais tarde em uma gaveta da cozinha. No entanto, uma vez que se acreditava que ele vendia muitos de seus relógios em dinheiro vivo para colecionadores locais, a ausência de quaisquer saques em caixas eletrônicos nos dias seguintes significava que ele provavelmente tinha dinheiro com ele, e que mais tarde criou uma nova identidade.

O artigo não tinha mais detalhes dignos de nota, mas a última linha chamou a atenção de Slim.

Parecia que Birch simplesmente se levantara e saíra pela porta, levando seu último relógio consigo.

Não havia nada que sugerisse que o autor sabia sobre o relógio. Em nenhum outro lugar havia menção de um relógio que ficou inacabado na oficina, então poderia ter sido uma linha de imaginação fantasiosa.

Seria o último relógio o que Slim descobrira na charneca?

Geoff Bunce concordara com a avaliação de Slim de que o relógio estava inacabado. E se o último relógio de Amos Birch agora estivesse debaixo da cama de Slim?

Slim se levantou, sentindo-se repentinamente nervoso. Ele andou pela sala algumas vezes. Não havia como saber as circunstâncias do desaparecimento de Amos, mas Slim não tinha ficado quieto sobre o que havia encontrado. E se Amos tivesse escondido o relógio por um motivo específico?

E se alguém estivesse atrás dele? Teria Amos desaparecido, levando o relógio com ele, para escondê-lo de alguém?

Slim tirou a cadeira de debaixo da pequena escrivaninha da sala, e então inclinou-a e acomodou-a sob a maçaneta da porta. Ele não havia considerado que a ausência de uma tranca pudesse ser problema, mas o seguro morreu de velho.

Ele se perguntou se deveria dizer algo para a Sra. Greyson, mas achou melhor não. Era provável que ele apenas a preocupasse e, de qualquer modo, seria ele a pessoa procurada, não ela.

A menos, é claro, que Amos tivesse sido assassinado. Bodmin Moor e adjacências foram supostamente áreas de mineração no passado, e o solo estava cheio de poços antigos, muitos dos quais não eram mapeados ou identificados. Quão difícil teria sido descartar o corpo de Amos onde ninguém jamais o encontraria?




10







No café da manhã do dia seguinte, Slim julgou que a Sra. Greyson estava de bom humor, então ele a chamou. Com seu chamado, o assobio que vinha da cozinha como o canto de um pássaro envelhecido mas alegre, morreu abruptamente, e ela pisou forte, torcendo o avental como se para lembrar Slim do inconveniente que ele ousara causar.

"Senhor. Hardy... espero que tudo esteja de seu agrado."

Ele sorriu, cutucando o prato com o garfo. "É claro. Esses ovos me lembram minha falecida mãe e as delícias culinárias que eu experimentava diariamente.

"Isso é... bom. Como posso ajudá-lo hoje?"

"Ontem, fui a Trelee. Eu me perdi um pouco nas charnecas, mas uma senhora teve a gentileza de me oferecer instruções. Queria enviar-lhe uma nota de agradecimento, mas receio ter esquecido o nome dela."

"E como você acha que eu saberia?"

"Ela disse que morava na antiga casa de Amos Birch. Fazenda Worth. Suponho que você não saiba o nome dos novos proprietários?"

"Nem tão novos; eles estão lá há doze anos."

Slim conteve o sorriso, mas acenou com a cabeça para encorajar mais comentários.

"Tinton," disse a Sra. Greyson. "Maggie Tinton. Só posso dizer que você deve ter pego ela em um bom dia. Uma velha tão azeda quanto se pode encontrar por aqui. E aposto que você estava pensando que eu era ruim."

O sorriso de Slim estava começando a doer em seu rosto.

"O marido dela, Trevor, é bem mais agradável. Costumava beber no Crown até... bem, já faz um tempo."

"Até o que?"

A Sra. Greyson desenrolou seu avental, tirou-o e, em seguida, franziu a testa como se Slim estivesse pedindo a ela para cruzar um limite moral.

"Houve boatos... as pessoas disseram que eles tiveram uma participação nisso."

"Nisso o que?"

"No desaparecimento de Amos." Antes que Slim pudesse responder, ela acrescentou: "O que é ridículo, é claro. Os Tintons vieram de Londres. Eles não podiam ter sabido nada sobre Amos. Afinal, Mary morou lá por uma década após o desaparecimento de Amos. Os Tintons só aproveitaram uma pechincha."

"As pessoas realmente acham que eles têm alguma coisa a ver com isso?"

"Claro que não. Era apenas um boato bobo, mas os dois se ofenderam e, depois disso, se isolaram da comunidade local."

"Parece que você os conhece bem."

"Eu costumava jogar bridge no Legion Hall com Maggie, mas ela parou de vir e nunca mais voltou."

"É quase como uma admissão de culpa."

"Eles ficaram ofendidos, só isso," disse ela. "Eles se mudaram para cá para viverem a aposentadoria no estilo de vida rural que se vê na televisão. Acho que eles imaginaram uma comunidade de aldeões simplórios esperando de braços abertos para levá-los às festas da aldeia e cafés da manhã. Quando não conseguiram o que queriam, desistiram."

"Mas não tem como eles terem algo a ver com o desaparecimento de Amos Birch?"

A Sra. Greyson balançou a cabeça. "Absolutamente impossível."

"Então o que você acha que aconteceu?"

A Sra. Greyson revirou os olhos. "Achei que estávamos falando sobre a Sra. Tinton?"

"Você deve pensar sobre isso. Parece que você os conhecia."

A Sra. Greyson encolheu os ombros e suspirou. "Ele fugiu da família. O que há para saber? Amos tinha muito dinheiro guardado e muitas vezes saía em viagens de negócios, convenções de relógios e tudo mais. Quer minha opinião? Ele teve alguma meretriz no exterior e fugiu para ficar com ela."

"Não teria sido mais fácil simplesmente se divorciar de Mary?"

A Sra. Greyson torceu seu avental novamente. "Não tenho tempo para isso," disse ela. Ao se virar e dirigir-se à cozinha, ela acrescentou: "Aproveite sua caminhada hoje, Sr. Hardy."

Slim ficou olhando ela partir, carrancudo. Ele não iria arrancar mais nada dela, ele tinha certeza, mas com a menção de outra mulher, suas bochechas tinham adquirido uma tonalidade avermelhada que definitivamente não existia antes.




11







Visitar a biblioteca local mais próxima significava voltar a Tavistock. Slim se viu sozinho em uma sala de arquivos, debruçado sobre enormes arquivos de antigos jornais locais, desbotados pelo tempo.

Cada arquivo continha os artigos semanais de um ano. Como ele esperaria de um jornal de cidade pequena dominado por anúncios de agentes imobiliários locais e locadoras de máquinas agrícolas, houve pouco sensacionalismo nas breves reportagens sobre o desaparecimento de Amos Birch. Relojoeiro local desaparece sob circunstâncias misteriosas dizia o título de um, antes de continuar com uma reportagem tão branda que era quase uma contradição com seu título, focando na história de Amos como um artesão de rara habilidade e um fazendeiro local respeitado, mas deixando de fora qualquer vestígio de especulação.

Ele encontrou a reportagem mais interessante em um arquivo de um jornal chamado Tribuna de Tavistock:

"Fazendeiro local e relojoeiro renomado, Amos Birch (53), está desaparecido desde a noite de quinta-feira, 2 de maio, conforme reportado à polícia por sua esposa, Mary (47). Bem conhecido nacional e internacionalmente por seus intrincados relógios feitos à mão, acredita-se que Amos pode ter se perdido durante um passeio noturno por Bodmin Moor. Ele era considerado de bom juízo e não tinha problemas de saúde, mas, segundo sua esposa, estava cada vez mais agitado na semana que antecedeu seu desaparecimento. A família solicita que qualquer informação sobre o desaparecimento de Amos seja passada para a Polícia de Devon e Cornwall."

Slim leu o artigo algumas vezes, então franziu a testa. Agitado? Poderia significar qualquer coisa, mas sugeria que Amos estava ciente de que algo poderia estar prestes a acontecer. Isso significava que ele havia planejado fugir ou que algo aconteceu com ele?

Lembrando-se de uma citação que um antigo colega militar lhe dissera sobre como as pistas para um crime costumam ser colocadas muito antes do crime em si, ele voltou algumas semanas, examinando as páginas de notícias em busca de qualquer coisa relacionada a Amos Birch. Exceto por uma coluna de cinco centímetros de mais de um mês antes do desaparecimento, que reconhecia a homenagem de uma associação nacional de relojoeiros concedida a Amos, não havia nada.

Quando deu a hora do almoço, seus olhos doíam de tanto ler artigos borrados pelo tempo, então ele se realocou para um café próximo para se recuperar. Lá ele ligou para Kay, mas seu amigo tradutor ainda não tinha informações sobre o conteúdo da carta.

A mente que ele havia dedicado à investigação particular alguns anos depois de sua dispensa desonrosa do serviço militar estava começando a girar com ideias fantasiosas. Ninguém deixa um relacionamento estável sem motivo de repente. Ou a pessoa estava correndo para alguma coisa ou de alguma coisa.

As possibilidades eram infinitas. O mais óbvio seria ele estar fugindo para uma amante, ou de um cliente insatisfeito ou um concorrente. Sem conhecer bem o próprio Amos, era difícil fazer julgamentos. Pelas conversas de Slim até agora, o relojoeiro tinha sido uma figura obscura na comunidade, a própria obscuridade de sua profissão trazia consigo um rótulo de mistério. Até mesmo o caminho que descia até a fazenda Worth e as sebes altas que a cercavam davam à família Birch um ar de reclusão, que os Tintons tinham continuado.

O café tinha um telefone público. Slim pegou uma lista telefônica de uma prateleira ao lado e voltou para sua mesa. Havia algumas dúzias de Birches listados, mas nenhum com C.

Slim estava voltando para o ponto de ônibus quando ouviu alguém gritando atrás dele. Algo em sua urgência o fez se virar e ele viu Geoff Bunce acenando para ele do outro lado da rua. Slim esperou enquanto o homem atravessava.

"Pensei que fosse você. Suas férias são bem longas."

Slim deu de ombros. "Eu sou autônomo. Posso tirar o tempo que quiser."

"Você o encontrou, então? Seu amigo?"

O sarcasmo no tom do homem causou uma onda de raiva no estômago de Slim, mas ele forçou um tom de casualidade em sua voz. "Amos Birch?"

"Sim. Devolveu o relógio a ele?"

"Ainda não. É um trabalho em andamento."

"Olha, eu não sei quem você é, mas acho que seria mais sábio você pegar aquele relógio e voltar para o lugar de onde veio."

Slim não pôde deixar de sorrir. Ele era um ex-fuzileiro naval que serviu na ABH sendo ameaçado pelo Papai Noel com uma jaqueta de cera verde. Bunce podia ter alegado ser ex-militar, mas não parecia.

"Qual é a graça?"

"Nada. Estou apenas intrigado como sua língua é afiada. Sou apenas um homem querendo vender um relógio velho."

"Veja bem, Sr. Hardy, essa é a última coisa que eu acho que você é."

"Você se lembrou do meu nome."

"Eu anotei. Alguma coisa sobre você não parecia certo."

"Apenas alguma coisa?" Slim suspirou, cansado dos joguinhos. "Olha, você quer a verdade? Estou aqui de férias. Encontrei aquele relógio enterrado em Bodmin Moor. A maldita coisa quase me fez quebrar o tornozelo. Acontece que meu trabalho atual - para o bem ou para o mal - é de investigador particular. É difícil resistir a um mistério."

Bunce torceu o nariz. "Bom, isso muda as coisas."

"Como assim?"

O outro homem assentiu, e então estufou as bochechas, como se preparando-se para fazer uma grande revelação. Slim levantou uma sobrancelha.

"Sabe," Bunce disse, "eu fui a última pessoa - fora da família imediata - a ver Amos Birch vivo."




12







"Então, onde está agora, aquele relógio que você encontrou?"

Slim estava sentado em frente a Geoff Bunce em um café na esquina do mercado de Tavistock. Ele tomou um gole de café fraco de um copo de isopor e disse: "Eu escondi."

"Aonde?"

Slim sorriu. "Em algum lugar onde tenho certeza de que estará seguro."

Bunce assentiu rapidamente. "Certo, certo. Boa ideia. Então, você tem alguma ideia do que aconteceu com Amos?"

"Nenhuma."

"Mas você é um investigador particular, certo?"

"Eu lido principalmente com casos extraconjugais e fraudes de seguro," disse Slim. "Nada muito empolgante. Não estou ganhando dinheiro com essa investigação, então, quando a pista esfriar, provavelmente irei desaparecer de volta para o país e encontrar um caso que seja pago."

"Você não tem nenhuma pista?"

"O que tenho é uma lista mental de possibilidades e, quanto mais eu riscar, mais perto chegarei de descobrir o que realmente aconteceu."

"O que você tem na sua lista?"

Slim riu. "Praticamente tudo, desde assassinato até abdução alienígena."

"Você não acha mesmo..." Bunce interrompeu abruptamente, torcendo o nariz. "Ah, uma piada. Entendo."

"Eu realmente não tenho ideia. No momento, estou apenas tentando estabelecer as circunstâncias de seu desaparecimento. Talvez você possa me ajudar com isso."

"De que jeito?"

"Você disse que foi a última pessoa a vê-lo vivo além da família. Que tal você me contar sobre isso?"

Bunce deu de ombros, parecendo subitamente inseguro. "Bem, foi há muito tempo, não foi? Fomos dar um passeio nas charnecas, até Yarrow Tor, passando pela casa de fazenda abandonada ali."

"Você se lembra por quê?"

Bunce encolheu um ombro em um gesto estranho e assimétrico. "Era um caminho comum. Fazíamos isso a cada dois meses. Não tinha motivo especial."

"Você se lembra do que ele falou?"

Bunce balançou a cabeça. "Ah... teriam sido as coisas de sempre. Não éramos muito de conversas aprofundadas. Nós nos víamos muito, sabe. Sempre falávamos sobre o tempo, uma reclamação ocasional sobre política, esse tipo de coisa."

"Você não está me ajudando muito."

Bunce pareceu desapontado. "Suponho que não haja muito a dizer. Digo, eu conhecia Amos desde sempre, mas não tínhamos o tipo de proximidade onde contaríamos tudo um ao outro. Ele não era esse tipo de homem. As pessoas costumavam brincar que ele preferia relógios a pessoas."

"Você me disse que aquele relógio valia algumas centenas de libras. Quão bom ele era, realmente?"

Bunce sorriu, parecendo aliviado por Slim ter feito uma pergunta que ele poderia responder.

"Ele era como um matemático com as mãos. A maioria dos artesãos tem uma habilidade particular, mas Amos era um pacote completo. Ele fazia todo o design, as esculturas, bem como construía todos os trabalhos mecânicos internos à mão. Você tem ideia de como é difícil fazer as peças de um relógio manualmente? Em um dia de trabalho se faz uma ou duas partes pequenas. É muito trabalhoso e poucas pessoas hoje em dia têm esse nível de concentração. Ele era uma peça rara, o Amos."

"Quantos ele fez?"

"Não tantos assim. Dois ou três por ano. Alguns eram comissões, acredito, outros vendas privadas. Ele não tinha pressa. Ele não desejava ser rico. Ele gostava da charneca, gostava da vida tranquila. Sua fazenda tinha um pequeno lucro — apesar do que muitas pessoas dizem — e a venda de seus relógios rendeu dinheiro extra para lhe dar aquele pequeno nível de luxo."

"Era plausível que alguém guardasse rancor dele? Talvez uma venda fracassada, ou um negócio que deu errado?"

"Possível, mas duvido. Amos era um homem humildemente simpático."

"Como assim?"

Bunce deu um puxão na barba. "Ele era inofensivo, essa é a melhor maneira de dizer. Ele falava baixinho, e nunca tinha uma palavra ruim a dizer sobre ninguém. Ele se enterrava em seu trabalho. E seu trabalho era bom. Quem poderia reclamar de relógios feitos com tanto amor e carinho. Quero dizer, com que frequência os relógios de cuco quebram? Quantas vezes você já entrou em um bar e viu um quebrado em um canto na parede? Os relógios de Amos, por outro lado... digo, por quanto tempo aquele relógio ficou enterrado? Vinte anos? E ainda assim você pode dar corda e fazê-lo funcionar de novo, simples assim? Nenhum relógio que você compre em uma loja terá esse tipo de durabilidade. Os relógios de Amos eram construídos para durar."

Bunce não tinha mais nada interessante a dizer, então Slim pegou o número dele, desculpou-se e saiu. Ele havia chegado na rodoviária e estava na fila para comprar sua passagem quando um pensamento lhe ocorreu.

Ele pegou o número de Bunce e ligou para o negociante de antiguidades.

"Já precisa de mim, de novo?"

Slim sorriu. "É só uma pergunta rápida. Com um relógio como o que encontrei, com que frequência você sugeriria dar corda nele?"

"Ah, não sei, uma vez a cada poucos meses. Amos costumava fazer essas molas incríveis. Você dava corda e elas duravam muito tempo."

"Tá bem, obrigado."

Quando ele voltou para a hospedaria, a Sra. Greyson estava espanando o pó do corredor. Slim deu-lhe um boa noite educado e depois correu para o quarto. Lá, ele puxou o relógio de debaixo da cama e ficou sentado ouvindo o tique-taque por alguns minutos. Então ele o virou, removeu o painel de madeira que Bunce deixara desatarraxado e olhou para o mecanismo do relógio. O pequeno mostrador que dava corda ao relógio reverberava ligeiramente a cada tique.

Ele franziu a testa, tocando-o levemente com um dedo, notando a falta de sujeira em comparação com o resto do relógio.

A cada poucos meses, Bunce havia dito. Se o relógio ficou enterrado por vinte anos, a corda teria acabado há muito tempo.

Slim não havia dado corda, o que o deixou com a pergunta: quem o fez?




13







Alguém sabia da localização do relógio enterrado e se preocupou o suficiente com ele para voltar a cada poucos meses para dar corda. Tal ação tinha que ter um motivo. Sentimentalismo seria uma possibilidade, mas isso exigia muito esforço, algo que provavelmente diminuiria com o tempo. Quem poderia querer que o relógio continuasse funcionando e por quê? Quando Slim virou o relógio, sua mente estava em branco. Ornamentado, sim, mas era apenas um relógio. Claro, o mecanismo do cuco fazia um barulho agradável, mas nada que pudesse ser ouvido do subsolo. Slim pensara que estava quebrado até que o passarinho de madeira saiu de sua caixa e o surpreendeu.

Slim recolocou o relógio embaixo da cama, vestiu o paletó e saiu noite afora. Era hora de entrar na coisa mais próxima que Penleven tinha de um bar noturno em busca de mais informações — o Crown. Pessoas bêbadas gostam de falar, mas se Amos Birch ainda tivesse inimigos, Slim provavelmente os encontraria.

Ele respirou fundo e empurrou as portas. Um relógio acima do balcão marcava nove e meia. Quatro rostos se voltaram para ele. Um velho estava sentado em um banquinho, seu rosto era um pano de prato enrugado rodeado por cabelos brancos rebeldes. Dois homens jogando cartas em uma mesa perto de uma lareira crepitante: um magro e de olhos fundos, como se considerasse a comida um inimigo mortal, o outro de rosto duro e com músculos de peão de obra. Tatuagens apareciam abaixo da bainha de uma camiseta apertada contra os bíceps inchados enquanto ele olhava para um par de setes antes de empurrar um punhado de moedas sobre a mesa.

"Cerveja?"

A quarta pessoa, uma mulher que Slim gentilmente chamaria de musculosa, e menos gentilmente de gorda, o observava de trás do bar. Sua blusa desabotoada revelava um decote triangular otimista o suficiente para desviar a atenção de seu rosto, onde sobrancelhas excessivamente grandes e um par ligeiramente azedo de lábios eliminavam qualquer possibilidade de beleza.

Slim hesitou, os olhos fixos no copo inclinado em direção à torneira de cerveja mais próxima. Seria tão fácil desfazer tanto trabalho. Com um nó no estômago, ele disse: "Estou dirigindo," em uma voz tímida que não parecia a sua.

"Não ouvi barulho de carro."

Ela levantou a cabeça do balcão. Seu seio estremeceu um pouco e Slim se forçou a não olhar. Ela estava do lado errado dos quarenta, mas provavelmente menos errada do que ele próprio.

"Amanhã," murmurou ele.

Ela assentiu com a cabeça. "Na torneira é de graça. Serve? Provavelmente está perto da validade, mas tem gosto de mijo de qualquer maneira."

"Está tudo bem."

Slim sentou-se em um banco ao lado do balcão, deixando um espaço vazio entre ele e o velho. Os dois homens jogando cartas estavam atrás dele, seus contornos refletidos em uma adega de vidro atrás do bar.

"Você é o rapaz que come na sala de estar," disse o velho. "É tímido? Não tem ninguém de quem ter medo aqui."

Slim estava preparando uma resposta quando a mulher disse: "É ele quem anda perguntando sobre o velho Amos."

Antes que Slim pudesse responder, ela acrescentou: "Não temos muito do que falar em um lugar como este. Você é a maior fofoca praticamente desde que ele fugiu."

Ela bateu uma cerveja espumante no descanso de copo mais próximo dele. Slim olhou para o copo com suspeita. Sem álcool, podia ser, mas parecia muito com a de verdade.

"Não, houve o falecimento da Mary, depois teve a Celia, e depois..."

"Tá bom, Reg, foi jeito de dizer."

"Eu gosto de um bom mistério," disse Slim.

"Ouvi dizer que você era detetive particular," disse a mulher. "Tá de olho em alguém?" Ela piscou e depois caiu na gargalhada, batendo na beirada do balcão com uma das mãos.

"O marido de June a deixou," disse Reg. "Eu tomaria cuidado. Ela tá na seca."

"Pode esquecer!" disse June. Então, para Slim, adicionou, "Ignore ele. Metade do tempo, ele não faz ideia do que tá acontecendo."

Slim sorriu enquanto deixava o papo correr por um tempo. Logo ficou nítido que Reg era um cliente regular, do tipo sempre presente que mantinha um pub aberto durante o inverno longo e escuro. Depois de meia hora, um casal de meia-idade entrou, ocupou uma mesa na outra extremidade do bar e fez um pedido que manteve June ocupada por um tempo. Slim tomou um gole de sua água que parecia cerveja e tinha gosto de metal, assentindo enquanto Reg contava histórias da vida no campo tão facilmente esquecíveis que, quando Reg começou a falar sobre um trator quebrado, Slim tinha certeza de já tê-lo ouvido antes.

Eventualmente, como ele esperava, a conversa chegou em Amos Birch.

"Sabe, eu era um pouco mais novo, mas nós fomos para o mesmo primário. Tinha um em Boswinnick, mas hoje não existe mais. Eu fui ao ginásio em Liskeard mas Birch nunca foi lá. Alguns diziam que ele era meio estranho, sabe, mas nessa época você não tinha que ir para a escola por tanto tempo. Seu pai administrava a fazenda Worth, precisava da ajuda dele. Quando o velho morreu, a fazenda era dele. Muita gente estranhou quando Celia a vendeu. Dizem que você pode encontrar Birches na fazenda Worth até no livro de Domesday. Vendeu um legado, foi o que essa menina fez."

"Porque?"

Reg suspirou. "Ah, quem sabe? Não gostavam muita da menina por aqui, por um motivo ou por outro. Não se encaixava no lugar, como vocês da cidade dizem."

Slim tinha mais perguntas, mas Reg tomou o último gole de sua bebida e se levantou.

"Bem, para mim já deu. Boa noite para você."

Slim viu ele sair. Atrás dele, os dois homens continuavam seu carteado. June voltou depois de servir a comida e pareceu surpresa ao ver que Reg tinha ido embora.

"Ele acabou de sair," disse Slim.

June franziu a testa. Ela ia dizer alguma coisa quando uma cadeira foi arrastada e o homem tatuado se levantou. Slim escutou seus passos conforme ele andou até o balcão. O sexto sentido militar de Slim detectava tensão, uma ameaça.

Ele não se moveu quando o homem se inclinou perto dele. Um hálito morno de cerveja soprou em sua orelha.

"É melhor tomar cuidado para não fazer perguntas demais," disse o homem. "Alguns pessoas podem gostar de falar, mas outros podem preferir que o passado fique onde está."

"Michael, já chega," June disse em voz baixa.

Slim ficou tenso. Seus músculos do exército tinham amolecido nos dezoito anos desde sua despensa desonrosa, mas conhecia ainda um truque ou outro se viesse a uma luta. Esperou para ver o que aconteceria. Michael manteve sua pose ameaçadora por mais alguns instantes, então se virou e voltou para sua mesa.

Slim bebeu o resto de sua cerveja e se levantou. "Acho que eu vou indo," disse ele.

June lançou-lhe um olhar triste e, em seguida, desejou-lhe boa noite.

Do lado de fora, um vendaval havia começado, sacudindo as sebes, lançando rajadas de chuva do escuro que atingiam o rosto de Slim antes de recuar como um animal predador. Slim levantou o paletó ao redor do pescoço e se abaixou, se perguntando o que ele havia ganhado, se alguma coisa, de sua visita ao pub.

As luzes da hospedaria apareceram por entre as árvores quando Slim fez uma pausa. Um som constante de batida vinha mais alto que o vento.

Pés correndo.

Slim amaldiçoou suas próprias reações lentas. O recém-chegado estava perto demais para ele se esconder; sua silhueta seria visível contra o céu cinza para alguém com olhos acostumados ao escuro.

Ele se virou, erguendo os punhos, esperando o ataque de Michael, esperando que o homem não tivesse tido tempo de encontrar uma arma.

O grito baixo de uma mulher veio de uma forma feminina que parou tropeçando atrás dele.

"Slim?"

"June?"

A mão dela tocou seu ombro. "Slim, não posso demorar. Tenho que voltar logo. Eles acham que eu estou na cozinha. Eu só queria pedir desculpas pelo Michael."

"Já passei por coisa pior."

"Ele normalmente não é assim. É só que... ele e Celia estavam juntos. Você sabe, naquela época."

"Que época?"

"Quando Amos desapareceu. Michael era namorado de Celia na época."

"E o que isso importa?"

"O desaparecimento de Amos... eles estavam noivos na época, mas depois ela rompeu com ele e ele nunca se recuperou."





Конец ознакомительного фрагмента. Получить полную версию книги.


Текст предоставлен ООО «ЛитРес».

Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=65164676) на ЛитРес.

Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.



O segundo mistério emocionante da série de mistérios Slim Hardy.

Um relógio enterrado é a chave para um mistério de décadas atrás. De férias para fugir dos pesadelos de seu último caso, o ex-soldado e agora detetive particular John ”Slim” Hardy encontra algo enterrado no mato em Bodmin Moor.

Incompleto e danificado pela água, mas ainda funcionando, o velho relógio fornece uma pista vital para um caso de pessoa desaparecida.

Quando Slim começa a fazer perguntas na pequena vila de Penleven, ele encontra um mundo de mentiras, rumores, e segredos, alguns dos quais os residentes preferem manter enterrados. Vinte e três anos atrás, um relojoeiro recluso deixou sua oficina e andou até Bodmin Moor, levando consigo seu último relógio incompleto. Ele desapareceu. Slim está determinado a descobrir o porquê. O segredo do relojoeiro é a assombrosa continuação do romance de estréia de Jack Benton, ”O Homem à Beira Mar”.

Как скачать книгу - "O Segredo Do Relojoeiro" в fb2, ePub, txt и других форматах?

  1. Нажмите на кнопку "полная версия" справа от обложки книги на версии сайта для ПК или под обложкой на мобюильной версии сайта
    Полная версия книги
  2. Купите книгу на литресе по кнопке со скриншота
    Пример кнопки для покупки книги
    Если книга "O Segredo Do Relojoeiro" доступна в бесплатно то будет вот такая кнопка
    Пример кнопки, если книга бесплатная
  3. Выполните вход в личный кабинет на сайте ЛитРес с вашим логином и паролем.
  4. В правом верхнем углу сайта нажмите «Мои книги» и перейдите в подраздел «Мои».
  5. Нажмите на обложку книги -"O Segredo Do Relojoeiro", чтобы скачать книгу для телефона или на ПК.
    Аудиокнига - «O Segredo Do Relojoeiro»
  6. В разделе «Скачать в виде файла» нажмите на нужный вам формат файла:

    Для чтения на телефоне подойдут следующие форматы (при клике на формат вы можете сразу скачать бесплатно фрагмент книги "O Segredo Do Relojoeiro" для ознакомления):

    • FB2 - Для телефонов, планшетов на Android, электронных книг (кроме Kindle) и других программ
    • EPUB - подходит для устройств на ios (iPhone, iPad, Mac) и большинства приложений для чтения

    Для чтения на компьютере подходят форматы:

    • TXT - можно открыть на любом компьютере в текстовом редакторе
    • RTF - также можно открыть на любом ПК
    • A4 PDF - открывается в программе Adobe Reader

    Другие форматы:

    • MOBI - подходит для электронных книг Kindle и Android-приложений
    • IOS.EPUB - идеально подойдет для iPhone и iPad
    • A6 PDF - оптимизирован и подойдет для смартфонов
    • FB3 - более развитый формат FB2

  7. Сохраните файл на свой компьютер или телефоне.

Книги автора

Рекомендуем

Последние отзывы
Оставьте отзыв к любой книге и его увидят десятки тысяч людей!
  • константин александрович обрезанов:
    3★
    21.08.2023
  • константин александрович обрезанов:
    3.1★
    11.08.2023
  • Добавить комментарий

    Ваш e-mail не будет опубликован. Обязательные поля помечены *