Книга - O Escritor (Português Do Brasil)

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O Escritor (Português Do Brasil)
Danilo Clementoni


Volume 3/3:



E se nós fôssemos meros personagens de um grande romance intitulado ”Homem”? No terceiro episódio da série ”As aventuras de Azakis e Petri”, os dois adoráveis habitantes de Nibiru devem enfrentar uma ameaça terrível das profundezas do Universo.

Entretanto, desta vez, as suas forças e a sua incrível tecnologia podem não ser suficientes. Mas, e se auxílio viesse de um lugar inesperado?

Reviravoltas, revelações e releituras de eventos e incidentes históricos vão prender a respiração do leitor até a última linha deste romance.







Danilo Clementoni

O escritor

As aventuras de Azakis e Petri

Título original: Lo Scrittore



Traduzido por: Christina Yaghi


Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, locais e organizações mencionadas são o resultado da imaginação do autor e têm a intenção de dar autenticidade à narrativa. Qualquer semelhança com eventos ou pessoas reais, vivas ou falecidas é meramente coincidência.

O ESCRITOR

Copyright © 2016 Danilo Clementoni



Primeira edição: Abril 2016

Publicação e impressão independente



facebook: www.facebook.com/libroloscrittore

blog: dclementoni.blogspot.it

e-mail: d.clementoni@gmail.com



Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação deverá ser reproduzida em qualquer formato, incluindo por sistema mecânico ou eletrônico, sem a permissão expressa do editor, exceto trechos breves para resenhas.


Este é o terceiro volume da série



"As aventuras de Azakis e Petri”



Para apreciar na íntegra esta aventura emocionante, antes de iniciar este livro, recomendo a leitura dos volumes um e dois, intitulados respectivamente



“De volta à Terra”



e

“Interseção com Nibiru”



(Nota do autor)


A minha esposa e meu filho, pela paciência e sugestões inestimáveis, que auxiliaram o meu avanço e o meu romance.

Um abraço especial para a minha mãe e um beijo enorme para o meu pai que, embora adoecido e sofrente, me incentivou, com a sua presença e o seu olhar, a dedicar-me de corpo e alma a esta história maravilhosa.

Agradecimentos especiais a todos os meus amigos, pelo encorajamento e apoio contínuos, e pelo estímulo para a conclusão desta obra. Sem eles, não seria possível a sua concepção.




Introdução


O vigésimo planeta, Nibiru (o planeta de passagem), como foi denominado pelos sumérios, ou Marduk (rei dos céus), assim referido pelos babilônios, na verdade é um corpo celeste orbitando o nosso Sol num período de 3.600 anos. A sua órbita é substancialmente elíptica e retrógrada (gira em torno do Sol na direção oposta da de outros planetas) e nitidamente inclinada em relação ao eixo do nosso sistema solar.

Cada aproximação cíclica, com frequência, causou imensas turbulências interplanetárias no nosso sistema solar, assim como nas órbitas e na estrutura dos planetas em que consiste. Foi durante uma das suas transições mais conturbadas que o majestoso planeta Tiamat, localizado entre Marte e Júpiter, com uma massa de aproximadamente nove vezes a da atual Terra, rico em água e onze satélites, fora destruído numa colisão cataclísmica. Uma das sete luas que orbitam Nibiru atingiu o gigantesco Tiamat, cabalmente separando-o em dois e lançando as duas seções em órbitas opostas. Na transição seguinte (o "segundo dia" da Gênesis), os satélites remanescentes de Nibiru concluíram esse processo, destruindo completamente uma das duas porções formadas na primeira colisão. Os detritos gerados pelos múltiplos impactos criaram o que hoje conhecemos como "Cinturão de Asteroides" ou "Anel de Fragmentos", como veio a ser chamado pelos sumérios. Esse foi, em parte, engolido pelos planetas vizinhos. Júpiter, em particular, captou o grosso dos detritos, desse modo aumentando visivelmente a sua própria massa.

Os objetos do satélite nesse desastre, incluindo os sobreviventes de Tiamat, foram, em grande parte, "lançados" para órbitas externas, formando o que atualmente conhecemos como "cometas". A porção que sobreviveu à segunda transição então se posicionou numa órbita estável entre Marte e Vênus, levando consigo o último satélite restante e assim formando o que hoje chamamos de Terra, com a sua inseparável companheira, a Lua.

A ferida causada por esse impacto cósmico, que aconteceu há aproximadamente 4 bilhões de anos, ainda é parcialmente visível nos dias de hoje. A porção marcada do planeta está agora completamente coberta de água, no que hoje denominamos de Oceano Pacífico. Ele ocupa cerca de um terço da superfície da Terra, se estendendo por mais de 179 milhões de quilômetros quadrados. Ao longo dessa vasta área, praticamente não existem áreas de superfície, mas apenas uma grande depressão, com profundidades superiores a dez quilômetros.



Atualmente, a configuração de Nibiru é muito semelhante à da Terra. Dois terços estão cobertos pelas águas, enquanto o restante é ocupado por um único continente que se estende de norte a sul, com uma área de mais de 100 milhões de quilômetros quadrados. Por centenas de milhares de anos, alguns dos seus habitantes, aproveitando a aproximação cíclica do planeta ao nosso, nos fazem visitas sistemáticas, todas as vezes influenciando a cultura, o conhecimento, a tecnologia e até a própria evolução da raça humana. Nossos ancestrais se referiam a eles de muitas formas, mas talvez a que melhor os represente seja "deuses”.




Cenário


Azakis e Petri, os dois adoráveis e inseparáveis alienígenas protagonizando esta aventura, retornaram ao planeta Terra após um dos seus anos(3.600 anos terrestres). Sua missão? Recuperar uma carga preciosa, que tiveram de abandonar às pressas na visita anterior, devido a uma falha no sistema de acoplagem. Porém, desta vez, encontraram uma população terráquea bem diversa. Hábitos, tradições, cultura, tecnologia, sistemas de comunicação, armas. Tudo estava muito diferente do que haviam observado na visita prévia.

Na chegada, depararam-se com um par de terráqueos: a Doutora Elisa Hunter e o Coronel Jack Hudson, que se dispuseram a acolhê-los, e após inúmeras aventuras, ajudaram-nos a terminar a sua delicada missão.

Mas o que os dois alienígenas prefeririam nunca ter revelado a seus novos amigos era que o seu próprio planeta, Nibiru, estava rapidamente se aproximando e em apenas sete dias terrestres, cruzaria a órbita da Terra. De acordo com os cálculos dos seus Anciãos, um dos seus sete satélites chegaria perto o bastante para quase tocar o planeta, provocando uma série de mudanças climáticas, comparáveis àquelas de uma passagem prévia, que se resumiu numa definição: O Grande Dilúvio.



Nos dois livros anteriores ("De volta à Terra" e "Interseção com Nibiru"), apesar das incontáveis dificuldades, os protagonistas desta aventura foram capazes de salvar a Terra de um desastre, mas agora uma nova aventura os aguarda. A viagem para casa de Azakis e Petri sofreu uma sabotagem e uma ameaça ainda mais aterradora está prestes a sobrevir ao sistema solar inteiro.

No último livro, deixamos os ocupantes da majestosa Theos lutando contra a ativação repentina da sequência de autodestruição da espaçonave e é a partir daí que retomaremos a história desta nova e fantástica aventura.




Espaçonave Theos - A evacuação


— Abandonar a nave! — Azakis gritou em desespero.

A ordem incontestável do Capitão foi transmitida simultaneamente para todos os níveis da Theos. Após uma breve vacilação inicial, os poucos membros da tripulação automaticamente seguiram os procedimentos de evacuação, que haviam treinado em várias simulações de emergência.

"Oitenta segundos para autodestruição" anunciou novamente a tranquila voz feminina do sistema central.

— Depressa, Zak — gritou Petri. — Não temos muito tempo, precisamos sair daqui.

— Mas será que não podemos fazer absolutamente nada para interromper a sequência? — Azakis respondeu incrédulo.

— Infelizmente não, meu velho… De outra forma, não acha que eu já teria tentado?

— Mas simplesmente não é possível — o Capitão dizia, enquanto seu companheiro de aventuras o arrastava pelo braço na direção do módulo de comunicação interna número três.

— Na verdade poderíamos tentar interromper o procedimento, mas levaria pelo menos trinta minutos, e só nos resta aproximadamente um.

— Espere, pare! — exclamou Azakis, se soltando do aperto forte do amigo. — Não podemos deixar que exploda aqui. A onda de energia gerada pela explosão vai alcançar a Terra em poucos minutos, e a face exposta do planeta será atingida por uma gigantesca onda de choque que destruirá tudo em sua passagem.

— Já preparei o controle remoto da Theos, da cápsula. Vamos movê-la quando estivermos a bordo, contanto que você ande logo — Petri o repreendeu enquanto agarrava o braço do amigo novamente e fisicamente o arrastava até o módulo.

“Sessenta segundos para autodestruição.”

— Mas aonde quer levá-la? — Azakis continuou, enquanto a porta do módulo de comunicação interna se abria na ponte da cápsula, no nível seis. — Um minuto não bastará para chegar a uma distância suficiente para...

— Quer parar de tagarelar? — Petri o interrompeu. — Fique quieto e sente-se ali. Agora, eu vou cuidar disso.

Sem comentar mais nada, Azakis obedeceu e se sentou numa poltrona cinza, ao lado do console central. Como dezenas de vezes antes, em situações igualmente arriscadas, decidiu confiar totalmente na destreza e na experiência do companheiro. Enquanto Petri lidava, febril, com uma série de hologramas de manobra tridimensionais, ele pensou em checar a evacuação do restante da tripulação, contatando simultaneamente cada piloto. Em poucos segundos, todos confirmaram o desprendimento das suas cápsulas da espaçonave mãe. Estavam se afastando rapidamente. O Capitão deu um suspiro profundo de alívio e novamente voltou a atenção para a manobra habilidosa de seu amigo.

“Trinta segundos para autodestruição.”

— Saímos! — gritou Petri. — Agora vou mover a Theos.

— O que posso fazer para te ajudar?

— Nada, não se preocupe. Está em boas mãos — e piscou para ele com o olho direito, como os amigos terráqueos lhe ensinaram. — Vou colocar a nave atrás da Lua. Não poderá fazer estragos dali.

— Céus! — exclamou Azakis. — Não tinha pensado nisso.

— É por isso que estou aqui, não?

— A onda da explosão vai se partir no satélite, que absorverá toda a energia. Você é um fenômeno, meu amigo.

— E com certeza, não fará nenhum estrago na Lua — continuou Petri. — Não há nada ali, além de rochas e crateras.

“Dez segundos para destruição."

— Quase terminando... — Petri disse baixinho.

“Três... Dois... Um... ”

— Pronto! A Theos está em posição.



Exatamente nesse instante, na face oculta da Lua, nas coordenadas de grau decimal latitude 24.446471 e longitude 152.171308, correspondendo ao que os terráqueos chamavam de cratera de Komarov, houve um estranho movimento telúrico. Uma fenda grande e profunda, com bordas incrivelmente perfeitas, se abriu na superfície árida e acidentada da cratera, como se de repente uma lâmina enorme a tivesse cortado. Logo depois, um estranho objeto ovalado foi arremessado para fora numa incrível velocidade, como se tivesse sido atirado diretamente de dentro da cratera e se dirigido para o espaço, numa rota inclinada de aproximadamente trinta graus em relação ao plano perpendicular. O objeto permaneceu visível por apenas alguns segundos antes de desaparecer para sempre num clarão de luz azulada.



Na cápsula, através da abertura elíptica com vista externa, um clarão ofuscante iluminou o negro e gelado espaço exterior, inundando o interior da cápsula com uma luz quase irreal.

— Amigo, que tal sairmos daqui? — Azakis sugeriu preocupado, enquanto observava a onda de energia se expandir e rapidamente se aproximar da posição deles.

— Sigam-me! — Petri gritou no comunicador para os pilotos das outras cápsulas. Então, sem dizer mais nada, manobrou o seu veículo para rapidamente abrigar-se atrás do lado da Lua que está sempre virado para a Terra. — Aguentem firmes — disse, enquanto agarrava com firmeza os apoios de braços da poltrona de comando onde estava sentado.

Eles aguardaram em silêncio total, enquanto segundos intermináveis passavam, com os olhos fixos no monitor central, esperando que o movimento súbito da Theos conseguisse evitar uma catástrofe na Terra.

— A onda de energia está se dispersando no espaço — Petri disse baixinho. Ele fez uma breve pausa e então, após checar uma série de mensagens incompreensíveis que apareceram nos hologramas à sua frente, acrescentou: — e a Lua absorveu a porção direcionada ao planeta, com perfeição.

— Eu diria que você fez um trabalho realmente excelente, meu velho — Azakis comentou, depois de começar a respirar de novo.

— A única coisa que sofreu de verdade foi a pobre Lua. Levou uma surra e tanto.

— Imagine o que teria acontecido se a onda tivesse chegado à Terra.

— Teria queimado metade do planeta.

— Vocês estão todos bem? — Azakis se apressou a perguntar a todos os outros pilotos pelo comunicador, os quais, seguindo as manobras de Petri, também posicionaram as suas cápsulas no abrigo do satélite. Respostas reconfortantes vieram em seguida, e após o último capitão ter confirmado que a sua tripulação e o seu veículo estavam em perfeitas condições, ele se deixou afundar na poltrona e expirar todo o ar de seus pulmões.

— Deu tudo certo — Petri comentou, satisfeito.

— É, mas o que vamos fazer agora? A Theos não existe mais. Como vamos voltar para casa?




Tell el-Mukayyar – Clarão no céu


No acampamento-base da doutora Elisa Hunter, depois de pular dos braços da arqueóloga, a gatinha Lulu começou a perambular agitada, com o olhar fixo no céu. O sol estava se pondo, e uma linda lua quase cheia já se erguia no horizonte.

— O que foi, Lulu? — Elisa perguntou um pouco apreensiva, olhando a inquieta gatinha.

— Deve estar triste porque nossos amigos partiram — Jack comentou lacônico, tentando confortá-la ao mesmo tempo em que a acariciava embaixo do queixinho.

Inicialmente a gatinha pareceu apreciar a atenção, ronronando e esfregando o focinho na grande mão do Coronel. Mas de repente, ficou paralisada, emitiu um som estranho e voltou os olhinhos na direção do satélite pálido da Terra. Ambos a doutora e o Coronel, intrigados pelo comportamento bizarro, também se voltaram para a mesma direção. O que viram, após alguns instantes, os deixou sem fôlego. Um brilho anormal parecia envolver a Lua. Uma luz cintilante e branca, que se estendia por cerca de dez vezes o diâmetro do satélite, formou então uma espécie de coroa em volta do mesmo. Durou apenas alguns segundos, mas era como se outro sol tivesse subitamente aparecido no céu durante o crepúsculo, envolvendo a área toda com uma luz definitivamente artificial.

— Mas o quê... — o Coronel, perplexo, apenas conseguiu sussurrar.

Da mesma forma que surgiu, a luz anormal desapareceu e tudo parecia exatamente como antes. A Lua ainda estava ali, e o sol continuava preguiçosamente o seu descente por trás das silhuetas das dunas no horizonte.

— O que foi isso? — Elisa perguntou, com assombro.

— Não tenho a menor ideia.

— Por um instante, tive receio que a Lua tivesse explodido.

— Foi mesmo inacreditável — exclamou o Coronel, que com a mão aberta por sobre as sobrancelhas, verificava o céu límpido, procurando sinais.

— Azakis.... Petri... — Elisa disse, de repente. — Alguma coisa deve ter acontecido com eles, posso sentir.

— Ah deixa disso. Talvez foi apenas o efeito do arranque dos motores da nave deles.

— Não é possível. Aquilo foi como uma explosão real. Você deve conhecer essas coisas mais do que eu, não?

— Querida — o Coronel disse impaciente. — Para conseguir ver os efeitos de uma explosão como essa, de toda essa distância, seriam necessárias, pelo menos, cem bombas atômicas explodindo simultaneamente na Lua, ou talvez até mil.

— Mas então o que aconteceu?

— Poderíamos perguntar aos nossos amigos do exército. Afinal, ainda faço parte do ELSAD. Com todo o equipamento sempre posicionado para o céu, com certeza uma ocorrência desse tipo teria sido registrada.

— Até Lulu notou.

— Acho que essa gatinha é muito mais esperta do que nós dois juntos.

— Os felinos são uma raça superior — disse Elisa, ao apanhar a gatinha de novo. — Ainda não percebeu?

— É. Os antigos egípcios também os adoravam, quase como se fossem divindades.

— Exatamente, amor — disse Elisa, contente de que a discussão mudara para um assunto em que era bastante versada. — Por exemplo, Bastet era uma das divindades mais importantes e veneradas da antiga religião egípcia, representada como ou sob a aparência de uma mulher com cabeça de gato, ou diretamente como um gato. Inicialmente, Bastet era uma divindade do culto solar, mas com o tempo, tornou-se mais e mais uma deusa do culto lunar. Quando a influência grega se estendeu para a sociedade egípcia, Bastet se tornou permanentemente uma deusa lunar, quando os gregos a identificaram com Artemis, a personificação da "Lua Crescente".

— Ok, ok. Obrigado pela aula, Ilustríssima Professora — Jack disse com ironia, enfatizando a frase e se curvando levemente. — Mas agora vamos tentar entender o que diabos acabou de acontecer lá em cima. Vou fazer uns telefonemas.

— Não tem de quê, querido, pode contar comigo sempre — respondeu Elisa, elevando a voz gradualmente, enquanto o Coronel se afastava rumo à tenda do laboratório.

Tranquila novamente e de olhos fechados, Lulu estava desfrutando das carícias que a sua amiga humana lhe dispensava sem parcimônia.




Cápsula Espacial Seis - Inspeção lunar


Após a mão invisível de temor que lhe apertara o estômago finalmente desaparecer e deixar-lhe em paz, Azakis começou a caminhar agitado na ponte de comando da cápsula, murmurando sentenças ininteligíveis.

— Quer parar de andar em círculos como um pião? — Petri lhe deu uma bronca. — Vai desgastar o chão e vamos acabar à deriva no espaço como dois satélites velhos e abandonados.

— Mas como pode estar tão calmo? A Theos foi destruída, estamos a milhões de quilômetros do nosso próprio planeta, não podemos entrar em contato com ninguém e mesmo se conseguíssemos, seria impossível alguém vir nos buscar, e o que você está fazendo? Fica aí largado na poltrona como se estivesse de férias, sentado nas falésias do Golfo de Saraan, apreciando a vista ao pôr do sol.

— Relaxe, meu velho, relaxe. Vamos achar uma solução, você vai ver.

— No momento, não consigo pensar em absolutamente nenhuma, qualquer que seja.

— Por que está tão preocupado? São as ondas gama que o seu pobre cérebro cansado está emitindo, impedindo que raciocine com lucidez.

— Acha que é isso?

— Claro — Petri respondeu com um grande e belo sorriso. — Venha e sente-se ao meu lado, respire fundo algumas vezes e tente relaxar. Você verá, em breve tudo vai parecer bem diferente.

— Talvez tenha razão, amigo — disse Azakis, enquanto ao seguir o conselho do companheiro, jogou-se pesadamente na poltrona cinza do segundo piloto, — mas no momento, consigo fazer tudo, menos relaxar.

— Se prometer ficar calmo, vou deixar que fume uma daquelas coisas nojentas e fedorentas que sempre carrega consigo.

— Na verdade é uma boa ideia. Sei que ajudaria um pouco — Tendo dito isso, tirou do bolso um charuto enrolado à mão, longo e escuro, e após cortar as pontas com um estranho aparato multicolorido, colocou na boca e acendeu. Rapidamente tragou várias vezes, deixando pequenas nuvens azuladas de fumaça dispersarem na sala. Com um leve chiado, o sistema automático de purificação de ar foi acionado. Em poucos instantes, a fumaça desapareceu e com ela, o aroma doce e acre.

— Mas assim não tem graça — exclamou Azakis, que já estava de bom humor. — Tinha me esquecido da eficiência dos nossos sistemas de purificação.

— Foi você quem os projetou — respondeu Petri. — Não poderia ter sido de outra forma.

A tensão pareceu desvanecer lentamente.

— Vamos fazer um balanço da situação — propôs Azakis, enquanto com o charuto ainda entre os lábios, habilitava uma série de hologramas que se posicionaram em pleno ar, à volta dos dois alienígenas. — Temos quatro cápsulas operacionais, incluindo a nossa. A Theos-2 já aterrissou em Nibiru e as duas estão fora do alcance de ação do sistema de comunicação de vórtices ópticos — Ele expeliu mais algumas baforadas de pequenas nuvens de fumaça, depois continuou: — Combustível e estoques de comida estão a noventa por cento.

— Muito bem, vejo que está assumindo o controle da situação de novo. Prossiga — Petri insistiu, satisfeito.

— Todos os seis membros remanescentes da tripulação estão em perfeito estado. Os escudos e os equipamentos estão em eficiência máxima. O único problema é que não temos mais o H^COM para entrar em contato com os Anciãos e reportar sobre a situação.

— E é aí que você se engana — exclamou Petri.

— O que quer dizer?

— Ainda tem um H^COM funcionando.

— Mas o único que tínhamos foi destruído com a espaçonave.

— E o outro que deixamos com os terráqueos?

— Caramba, tem razão! Não pensei nisso. Temos que voltar e convencê-los a dar para nós.

— Relaxe, meu velho, relaxe. Temos tempo para isso. Primeiro, vou dar uma olhada na Lua, para ver se conseguimos recuperar alguma coisa da nossa bela nave que você alegremente partiu em pedacinhos.

— Eu? O que tenho com isso? Foi você que a explodiu lá em cima.

— E quem foi que perdeu o sistema de controle remoto?

— Mas isso foi culpa sua. A fivela estava com defeito.

— Está bem, ok! Já está feito. Agora vamos procurar resolver essa situação. Embora eu seja um otimista incurável, no momento, não consigo ver nenhuma solução brilhante.

— São as ondas gama — retrucou Azakis, devolvendo o troco ao amigo. — Assumindo, é claro, que os quatro neurônios vagando na sua cabeça oca ainda sejam capazes de emiti-las.

— Depois dessa piada lamentável, finalmente posso anunciar que o velho Zak está mais uma vez entre nós. Bem-vindo de volta.

— Então, consegue levar essa cápsula para o local da explosão sem colidir com nenhuma elevação lunar?

— Certamente, senhor. Às suas ordens — exclamou Petri, imitando as maneiras militares que observara nos seus amigos terráqueos. — Destino: Lua — acrescentou animado, após ligar os motores e estabelecer o curso rumo ao satélite.



Levou apenas alguns minutos para chegar ao lugar onde a Theos havia desintegrado. A cápsula começou a sobrevoar lentamente a área da face oculta da Lua que sofrera o impacto da explosão. O solo, normalmente muito irregular e cheio de crateras causadas por antigos impactos de centenas de meteoritos, que durante milhões de anos, literalmente o haviam perfurado, agora parecia incrivelmente liso e plano por cerca de seiscentos quilômetros quadrados. A onda de energia gerada pela explosão havia destruído tudo. Rochas, crateras e depressões não existiam mais. Era como se um rolo compressor gigante tivesse passado por cima da área, deixando para trás uma extensão interminável de areia leve e cinza.

— Inacreditável — exclamou Petri. — É como sobrevoar o imenso deserto de Sihar em Nibiru.

— Fizemos um grande estrago — Azakis disse, desanimado.

— Não. Não consegue ver como a vista é linda agora? Antes a superfície tinha mais rugas que o nosso Supremo Ancião, em vez disso, agora é lisa como a pele de um bebê.

— Acho que não resta muita coisa da nossa adorada espaçonave.

—Estou executando uma varredura detalhada da área, mas o maior pedaço que encontrei é de aproximadamente alguns centímetros cúbicos.

— Não tem como negar. O sistema de autodestruição funcionou muito bem.

— Ei, Zak — Petri exclamou, de repente. — O que é isso, na sua opinião? — e apontou para uma mancha escura no monitor principal.

— Não sei... Não é possível ver muito bem. O que dizem os sensores?

— Não estão captando nada. De acordo com eles, não há nada exceto areia ali, mas acho que posso ver outra coisa.

— É impossível que os sensores não possam captar nada. Tente fazer um teste de calibragem.

— Só um segundo — Petri mexeu numa série de controles holográficos, então proferiu: — Os parâmetros estão dentro dos limites normais. Tudo parece estar funcionando corretamente.

— Estranho... Vamos tentar chegar mais perto.

A cápsula número seis se moveu lentamente na direção do estranho objeto, que parecia emergir da camada de pó e areia cinza.

— Ampliação máxima — ordenou Azakis. — Mas o que é?

— Pelo pouco que consigo ver, parece parte de uma estrutura artificial — Petri tentou chutar.

— Artificial? Acho que ninguém de nós já instalou alguma coisa na Lua.

— Talvez foram os terráqueos. Acho que li algo sobre terem feito várias expedições para este satélite.

— O que é verdadeiramente estranho é que nossos sensores não estão captando nada do que nossos olhos estão vendo.

— Não sei o que dizer. Talvez a explosão os danificou.

— Mas se acabou de fazer um teste e tudo está funcionando — Azakis respondeu, perplexo.

— Então essa coisa que estamos vendo deve ser feita de um material desconhecido, e portanto nossos sensores não conseguem analisar.

— Está tentando me dizer que os terráqueos foram capazes de inventar um composto que nem nós conhecemos, trouxeram aqui e construíram uma base ou alguma coisa com ele?

— E mais, nós até destruímos para eles — Petri comentou, desolado.

— Nossos amigos continuam a nos surpreender, não?

— Verdade... Bom, demos uma olhada por aqui. Acho que devemos esquecer isso por enquanto. Temos coisas mais importantes para fazer agora. O que você diz, chefe?

— Acho que está absolutamente certo. Considerando que não parece restar mais nada utilizável da Theos, acho que podemos partir.

— Rumo à Terra?

— Vamos voltar ao acampamento da Elisa e tentar usar o H^COM para contatar Nibiru.

— E nossos companheiros de viagem? Não podemos deixá-los assim aqui — disse Petri.

— Temos que organizar uma base de apoio na Terra. Poderíamos montar uma espécie de acampamento próximo ao dos nossos amigos.

— Me parece uma boa ideia. Devo informar ao restante da tripulação?

— Sim. Forneça as coordenadas do sítio de escavação e peça para organizarem os preparativos de uma estrutura de emergência. Vamos descer lá primeiro e começar, entrando em contato com os Anciãos.

— Vamos indo! — Petri disse alegremente. — E pensar que, até agora há pouco, estava ficando preocupado em como ia superar o tédio da viagem de volta.



Ao mesmo tempo, a uma distância de aproximadamente 500 U.A. do nosso sol, um estranho objeto ovalado surgiu praticamente do nada, antecedido por uma faixa de relâmpago azul que rasgou a escuridão absoluta do espaço. Moveu-se em linha reta por quase cem mil quilômetros a uma velocidade incrível, antes de desaparecer de novo, engolido por uma espécie de vórtice prateado com reflexos dourados. A totalidade do evento durou apenas alguns segundos, e depois, como se nada tivesse acontecido, aquele lugar tão remoto e desolado, nas profundezas do espaço, mergulhou de novo na tranquilidade absoluta em que esteve submerso até então.




Tell-el-Mukayyar – Contato com Nibiru


— Sim, Coronel — disse uma voz polida do outro lado da linha. — Recebemos relatórios, de vários pontos de observação na Terra, sobre um clarão artificial supostamente emitido pela Lua.

— Mas a Lua não emite "clarões" — Jack disse, contrariado.

— Tem razão, Senhor. Tudo o que posso afirmar é que nossos cientistas ainda estão analisando os dados que recebemos para poder identificar quem ou o quê provocou esse acontecimento.

— Portanto, basicamente, não tem a menor ideia do que foi aquilo.

— Bem, eu não colocaria dessa forma, mas acho que a sua conclusão é justa.

— Escuta só esse cara — disse Jack, voltando-se para Elisa, que se aproximou, enquanto ele cobria o microfone do celular com a mão. — Ok. Obrigado pela informação — continuou. — Assim que tiver mais notícias, por favor me chame imediatamente.

— Sim, Senhor, com prazer. Até logo, tenha um bom dia — e terminou a conversa.

— O que disseram? — perguntou a doutora.

— Parece que algo estranho realmente aconteceu, mas ninguém achou uma explicação decente ainda.

— Estou cada vez mais convencida de que alguma coisa aconteceu aos nossos amigos.

— Ora, não diga isso. Com aquela espaçonave fantástica, sabe lá até onde chegaram a essa altura.

— Espero que sim, de verdade, de todo coração, mas ainda tenho um pressentimento estranho.

— Ouça, para eliminar qualquer dúvida, por que não usamos aquela coisa que nos deram e tentamos contatá-los?

— Não sei... Eles disseram que somente conseguiríamos usar depois que chegassem ao seu planeta... Não acho que...

— Vamos, traga para cá... — o Coronel a interrompeu. Então percebendo que talvez tivesse sido meio brusco, acrescentou gentilmente um "por favor", seguido de um sorriso cintilante.

— Ok. Na pior das hipóteses, não vai funcionar — disse Elisa enquanto ia pegar o H^COM portátil. Voltou quase imediatamente, e depois de arrumar um pouco os longos cabelos, colocou o grande e estranho capacete.

— Ele disse para apertar esse botão aí — disse Jack indicando o botão. — Assim o sistema vai fazer tudo sozinho.

— O que devo fazer, apertar? — Elisa perguntou, hesitando.

— Vá em frente, que acha que vai acontecer?

A arqueóloga pressionou o botão, e exagerando um pouco a sua fala, disse: — Alô? Tem alguém aí?

Esperou, mas não recebeu resposta. Esperou mais um pouco e então tentou de novo. — Alô... Alô... Petri, está aí? Não consigo ouvir nada.

Elisa esperou mais alguns segundos e então abriu os braços e encolheu os ombros.

— Aperte o botão de novo — o Coronel sugeriu.

Eles repetiram esse processo várias vezes, mas o sistema de comunicação não emitiu nem um rumorejo sequer.

— Não há nada a fazer. Talvez algo realmente aconteceu a eles — sussurrou Elisa enquanto removia o H^COM da cabeça.

— Ou quem sabe ainda não chegaram dentro do raio de ação dessa coisa.

O Coronel não havia terminado a última frase quando um som esquisito do lado de fora chamou a atenção dos dois.

— Jack, veja — Elisa exclamou surpresa, enquanto olhava para fora da tenda. — As esferas... Estão sendo reativadas.

Com o coração na garganta, ambos correram para fora, e para o espanto deles, avistaram a pirâmide virtual de pouso que estava se formando de novo. Seus amigos estavam retornando.

— Viu, eles não explodiram — disse Jack, bastante animado.

— Talvez esqueceram alguma coisa.

— O importante é que estão bem. Vamos tentar ficar calmos. Logo saberemos o que de fato aconteceu.

O procedimento de pouso continuou sem transtornos, e num instante, as grandes figuras dos dois alienígenas apareceram na plataforma de descida.

— Olá, gente — berrou Petri, acenando com a sua grande mão.

— Que diabos estão fazendo aqui de novo? — perguntou Jack, enquanto os dois alienígenas eram transportados para o nível do solo pela estrutura móvel.

— Estávamos com saudades — respondeu Petri, saltando daquela espécie de elevador, antes mesmo que tocasse o chão, imediatamente seguido pelo companheiro de viagem.

— Estávamos preocupados — disse Elisa, finalmente tranquila. — Presenciamos um estranho evento na Lua há poucos instantes e realmente tivemos receio de que algo terrível tivesse acontecido a vocês.

— Infelizmente, minha cara, algo terrível aconteceu de verdade — disse Azakis desolado.

— Até que enfim, eu sabia — Elisa exclamou. — Uma vozinha lá dentro ficava me dizendo isso. Mas o que foi?

— Tudo aconteceu muito de repente.

— Então, vai contar pra gente? Ah, não nos deixem aflitos. Nos conte tudo, agora.

— Nossa espaçonave se foi — Azakis anunciou de uma só vez.

Os dois terráqueos se olharam por um momento, completamente chocados. Então Jack disse: — Está de brincadeira? O que quer dizer "se foi"?

— Quer dizer que, nesse instante, o maior pedaço da Theos caberia facilmente na ponta do seu dedo indicador.

— Mas o que se passou? E o resto da tripulação, onde está? Estão todos bem?

— Sim, estão, obrigado. Nesse momento, estão nas outras três cápsulas e em breve chegarão aqui também. Se não se importarem, vamos montar uma estrutura de emergência aqui e nos organizar de algum jeito.

— Mas é claro, não tem problema — disse Jack. — Daremos toda a ajuda possível. Não precisa nem pedir.

— Então, — Elisa deixou escapar, não conseguindo mais segurar a curiosidade. — Vai nos contar, sim ou não, que raios aconteceu lá em cima?

— É uma longa história — disse Azakis, se sentando num balde de lata virado. — É melhor se sentarem.



Após cerca de dez minutos, o alienígena basicamente contou a eles a história toda. Desde a perda do sistema de controle remoto, até a tentativa para desativá-lo. Da irresponsabilidade de desistir de recuperá-lo, até a reativação repentina do instrumento que então iniciara o processo de autodestruição.

— Mas é apavorante — disse Elisa, horrorizada. — Quem seria capaz de provocar um desastre como esse?

— Provavelmente, — disse Azakis, — alguém deve ter encontrado o estranho objeto e estudado suas funções. Então devem ter achado alguma informação no meio de todos os dados que carregamos nos seus servidores, e de alguma maneira, conseguiram ligar de novo, causando o resultado que agora conhecemos.

— Santo Deus! — exclamou o Coronel, aborrecido. — Parece uma história tão absurda... E sabendo dos perigos de um dispositivo como esse, não fizeram nada para recuperá-lo?

— Foi minha culpa — disse Petri, juntando-se à discussão. — Achei que tinha desativado completamente e mesmo se fosse encontrado, nenhum terráqueo seria capaz de reativá-lo.

— E ainda assim, isso aconteceu — disse Jack. — Tem alguma ideia de onde o perdeu?

— Nós honestamente pensamos que havíamos perdido enquanto recuperávamos o cristal Zenio, mas é mais provável que foi parar em outro lugar, com mais gente. Não havia absolutamente ninguém lá em baixo.

— Zak, tive uma ideia — disse Petri, se levantando. — Acho que se eu trabalhar um pouco nisso, poderei voltar atrás e rastrear o momento em que o controle remoto foi desenganchado do seu cinto.

— Não é tão importante assim agora, mas devo admitir que também estou um pouco curioso.

— Ótimo. Primeiramente, vamos informar os Anciãos sobre a nossa situação e assim que estivermos um pouco organizados, vou tentar recuperar essa informação.

— Elisa — disse Azakis. — Infelizmente, o único H^COM que tínhamos foi destruído junto com a Theos. Você poderia nos fazer o favor de emprestar aquele que deixamos com vocês quando estávamos partindo?

— Você quer dizer, o capacete? Claro. Vou já pegar para você.

— Infelizmente, a situação é grave — sussurrou Azakis para o Coronel, assim que Elisa estava longe suficiente para não ouvir. — Mesmo se conseguirmos contatar os Anciãos, as chances de voltar ao nosso planeta são praticamente nulas agora.

— Mas não podem mandar alguém para vir buscá-los? Zaneki não tem uma nave como a sua?

— Infelizmente, os motores instalados na nave dele são consideravelmente menos potentes que os que tínhamos na nossa. É por isso que ele precisava partir imediatamente depois da passagem de Kodon. Se não tivesse feito isso, não conseguiria alcançar mais Nibiru, que estava indo embora rapidamente. Nós conseguimos ficar aqui por mais tempo precisamente por causa dos nossos motores experimentais. Infelizmente, a Theos era a única nave da nossa frota com esse tipo de motor. A produção e a instalação de mais dois novos como esses pode levar muito tempo. Muito do "nosso" tempo.

— Quer dizer, teriam que ficar aqui até a próxima passagem de Nibiru?

— Aqui está — disse Elisa voltando às pressas na direção deles.

— Infelizmente sim, Jack — sussurrou Azakis, enquanto se levantava para pegar o capacete do H^COM que a arqueóloga estava entregando a ele.

— Obrigado, Elisa — disse o alienígena ao colocá-lo na cabeça. — Vamos ver se funciona.

— Na verdade nós tentamos, mas não conseguimos falar com ninguém.

— Isso é obra do meu amigo — comentou Azakis olhando para Petri. — Não faz nada que funcione.

— Gentil como sempre — disse Petri, sério. — Vou me lembrar disso quando me pedir para consertar seu banheiro.

— Ah sim, — exclamou Elisa sorrindo. — Me lembro bem como seus banheiros funcionam. Uma experiência verdadeiramente inesquecível.

Os quatro explodiram em risadas, ao fim das quais, Petri tirou o capacete das mãos de Azakis e disse: — Espere, seu velho ingrato. Primeiro preciso mudar uma configuração. O sistema foi programado para nos chamar na pobre Theos e não acho que ninguém vai responder de lá agora.

O alienígena mexeu um pouco nos controles do H^COM portátil, e então, quando ficou satisfeito com seu trabalho, passou de volta ao companheiro, dizendo: — Tente agora. Felizmente a minha memória não tem me falhado, e fui capaz de configurar para que lhe conecte com a pessoa certa.

Azakis não duvidou da memória do amigo nem um instante, e colocou o capacete na cabeça. Apertou o botão de iniciar e esperou pacientemente. Levou quase um minuto até a imagem tridimensional do rosto ossudo do Ancião da sua linha direta ser projetada na retina dos seus olhos já cansados.

— Azakis, que bom vê-lo — disse o seu contato de cabelos brancos, erguendo o fino braço direito em saudação. — Mas da onde está me chamando? Sua imagem está um pouco estranha e bem distorcida.

— É uma longa história — respondeu o alienígena. — Estou usando um dispositivo provisório para comunicação de longa distância.

— Mas não está na sua nave? Não me diga que ainda não partiram. Você sabe que o tempo limite para nos alcançar quase esgotou, não sabe?

— É exatamente sobre isso que queria falar — ele fez uma breve pausa para tentar escolher as palavras mais apropriadas e continuou: — Houve um imprevisto... A espaçonave se foi.

— Se foi? O que quer dizer?

— Explodiu. O sistema de autodestruição foi ativado, e conseguimos escapar a tempo, antes de tudo explodir em mil pedaços.

— Mas somente você poderia ativar esse procedimento com o seu sistema pessoal de controle remoto. Como algo assim pôde acontecer? — perguntou o Ancião, atônito.

— Houve uma série de determinados eventos, e devo tê-lo deixado cair.

— E alguém achou e ativou no seu lugar?

— Ainda não conseguimos determinar o que realmente aconteceu, mas isso é bem provável.

— E agora? Como pretende voltar para cá?

— É por isso que entramos em contato. Nós precisávamos de uma solução boa e rápida para esse probleminha.

— Probleminha? — respondeu o Ancião, saltando de pé com uma agilidade surpreendente. — Percebe o que está dizendo? Seu prazo está quase no limite. Já deviam ter partido e está dizendo que a Theos não existe mais e que estão praticamente presos na Terra. O que faremos agora?

— Bem, realmente não sei. Vocês são os Anciãos. Confiamos que, com sua experiência e sua sabedoria infinita, serão capazes de nos ajudar a sair dessa situação.

O idoso homem sentou-se de novo, deixando o seu peso cair na poltrona cinza e macia, depois apoiou os cotovelos na mesa em frente e colocou as mãos nos longos cabelos brancos, ficando em silêncio total. Permaneceu imóvel por alguns segundos, depois ergueu o olhar novamente e disse: — Vou tentar convocar o Conselho imediatamente e colocar todos os nossos melhores Especialistas para trabalhar. Espero poder dar notícias boas a vocês em breve — e terminou a comunicação.




Pasadena, Califórnia – O nerd


— É só isso? — exclamou o sujeito grandão, definitivamente obeso, enquanto observava o estranho dispositivo que o jovem nerd estava segurando. — Não vai dizer que nos fez esperar mais de um mês só para nos mostrar essa coisa piscando.

— Posso garantir que está funcionando — respondeu o garoto, aterrorizado. — Na verdade, acho que já fez o que devia, conforme foi projetada.

— Sim, mas vai nos contar o que é que fez? — o magrelo alto berrou ao pular de pé. — Agora estou realmente perdendo a paciência.

No porão repleto de equipamentos, monitores e computadores de todos os tipos, iluminado por uma fraca luz led que se refletia nas paredes gastas, o rosto macilento do garoto parecia mais pálido do que na realidade era.

— Escute aqui, se não contar para que serve, juro que farei você engolir essa coisa inteirinha — exclamou o gordo, segurando o nerd pelo pescoço.

— Mas te disse — respondeu o garoto, ainda mais assustado. — É um sistema para ativar um procedimento à distância.

— Mas que procedimento? Qual? — o gordo continuou, enquanto sacudia o garoto como se estivesse chacoalhando Margaritas.

— Não sei bem — o jovem tentou responder. — Mas acho que ativamos algo bem peculiar e perigoso, tendo em vista os sistemas de proteção que precisei contornar.

— Explique — disse o gordo, ainda sacudindo o garoto.

— Se me soltar, vou te mostrar.

— Ok. Mas seja convincente, senão o maior pedaço de você que restar só será visível por microscópio.

O garoto endireitou a sua camisa, arrumou os longos cabelos que não eram lavados há um bom tempo e foi até o posto de trabalho com dois teclados e uma série de computadores desmantelados pela metade. Ele digitou rapidamente vários comandos incompreensíveis, e depois de alguns segundos, uma imagem tridimensional do estranho objeto que lentamente revolvia sobre si mesmo apareceu num monitor gigantesco pendurado no teto.

— Este é o nosso misterioso controle remoto.

— Ah, agora virou um controle remoto?

— Bom, considerando a sua função, acho que seguramente podemos chamá-lo assim.

— Prossiga — disse o magrelo, enquanto se acomodava numa cadeira maltrapilha, para poder observar melhor o grande monitor.

— Certo, o maior problema era como reativá-lo. Tive muitas dificuldades, porque provavelmente, além de estar desligado, o dono não queria que ninguém jamais ligasse de novo.

— Viu, não foram as pilhas que pifaram, seu tonto — exclamou o gordo, falando com o seu comparsa.

— Não, não há pilhas dentro — o nerd continuou. — Acho que funciona por meio de uma fonte externa de alimentação, uma espécie de fluxo eletromagnético, que é capaz de captar e transformar em energia pura.

— Interessante — o magrelo comentou. — Mas qual é o alcance?

— Teoricamente, talvez centenas de milhares de quilômetros.

— Diacho — o gordo exclamou enquanto segurava o estranho objeto na mão. — Está dizendo que essa coisinha seria capaz de transmitir um sinal daqui para a Lua?

— Acho que sim, e provavelmente já fez isso.

— E o que deve ter transmitido?

— Aí é que vem a parte interessante — continuou o garoto, enquanto trazia uma nova imagem para o grande monitor. — Esses são os símbolos que apareceram na frente dele depois de ser reativado.

— Parece um tipo de linguagem antiga — comentou o magrelo. — Tenho certeza que já vi antes.

— De fato, é cuneiforme. Os sumérios a usavam há milhares de anos antes de Cristo.

— E como foi parar num instrumento tecnológico tão avançado?

— É a linguagem dos nossos visitantes alienígenas.

— Está dizendo que aqueles brutamontes que nos capturaram falam cuneiforme? — perguntou o gordo, um pouco surpreso.

— Bem, — o garoto tentou explicar, — não se fala cuneiforme, exatamente. É um tipo de escrita. Mas acho que é a linguagem deles.

— E conseguiu traduzir?

— Na verdade, para enviar o comando, tive de inserir uma espécie de senha. Na prática, ao tocar os símbolos na ordem correta, acessei o modo operacional.

— Basicamente, igual ao sistema de desbloquear o celular?

— Sim, mais ou menos — disse o nerd sorrindo, contente que os dois sujeitos finalmente compreenderam o que ele estava falando.

— Você fez um trabalho excelente — disse o gordo, parecendo satisfeito.

— Sim, mas ainda não entendemos a função real dele — retrucou o magrelo, meio decepcionado.

— Eu poderia arriscar um palpite que acho que seria bem realista — disse o garoto, de mansinho.

— Então, está esperando o quê? Fale — respondeu o gordo, movendo-se a alguns centímetros do nariz do outro.

— Acho que é um sistema para ativar o procedimento de autodestruição de uma espaçonave, incluindo sabe lá mais quantas funções.

Os dois comparsas se olharam surpresos por um instante, e então, como se alguém lhes tivesse dado o presente mais maravilhoso do mundo, o mais gordo exclamou: — Por favor, me diga que os mandamos pelos ares.

— Com toda a probabilidade, os alienígenas tiveram tempo de se salvarem, mas seu veículo deve ter tido um fim terrível.

— Filho, você é um gênio — exclamou o gordo. Então ele retirou um pendrive USB do bolso, e acrescentou: — Ponha todos os dados que têm dessa coisa e depois cancele tudo. Se descobrirmos que guardou um único byte...

— Eu sei, eu sei. Vão fazer picadinho de mim.

— Muito bem. Sabia que era um cara esperto.

O processo de copiar durou apenas alguns segundos. Então, depois de remover o pendrive USB do computador, o nerd entregou ao gordo, que rapidamente arrancou de suas mãos. Também depois de apanhar o estranho objeto e colocar ambos no bolso direito das calças, ele disse ao seu cúmplice: — Vamos andando, meu velho, talvez nossos sonhos estejam prestes a se concretizar.

Eles quase chegaram à soleira quando o jovem exclamou: — Ei, não se esqueceram de algo?

— Do que está falando? — perguntou o sujeito magrelo e alto.

— Ahh... o resto do meu dinheiro.

— Dinheiro? — respondeu o gordo. — Agradeça ao Senhor por não termos quebrado o seu pescoço — e ele bateu a porta atrás de si.




A Constelação de Touro - Planeta Kerion


A quase sessenta e cinco anos-luz da Terra, um gigante vermelho chamado Aldebaran ilumina tenuemente um planeta árido conhecido pelo nome de Kerion. Sua superfície, que atualmente apresenta apenas desertos áridos, paisagens rochosas, profundos desfiladeiros secos e mesetas lisas, nem sempre fora assim. O planeta começou o seu lento declínio há cerca de dez mil anos, quando por razões ainda desconhecidas, o fluido metálico que formava o seu núcleo começou a reduzir lenta, mas inexoravelmente, a sua velocidade de rotação, provocando uma relativa diminuição progressiva do seu campo magnético.

Hoje em dia, a atmosfera de Kerion, outrora composta essencialmente de nitrogênio e quase vinte por cento de metano, é praticamente inexistente. Na realidade, os raios nocivos da sua estrela, sem a proteção do poderoso campo magnético planetário, gradualmente a dissolveram e a reduziram para cerca de 0.1 por cento do que era no passado. Mares de hidrocarbonetos ocupavam quase metade do planeta. Lagos de metano e áreas incontáveis de água gelada estavam espalhadas pela terra acima do nível do mar, e a vida florescia luxuriante. Mas o evento catastrófico aparentemente marcou o destino de Kerion. Por milênios, seus habitantes tentaram encontrar uma solução para reiniciar o núcleo, mas sem sucesso. Desde o início do processo de desaceleração, também se aventuraram em viagens interestelares arriscadas e extremamente longas, à procura de um planeta similar, para onde poderiam se deslocar, mas nenhuma dessas missões jamais obteve êxito.

Quando os recursos vitais estavam quase acabando, eles se conformaram, mais ou menos, com a sua extinção inevitável, quando uma das mentes mais brilhantes do planeta propôs o que para a maioria da população parecia ser insensatez absoluta: eliminar tudo o que podia "morrer". O Keriano em questão começou uma série de experimentos, que em poucas décadas, o levaram a extrair, o que poderíamos chamar de "almas", dos corpos materiais dos seus semelhantes, assim os libertando do seu vínculo, até então tido como indissolúvel, com o corpo físico. A própria essência de alguns voluntários era separada da matéria viva e implantada em estruturas novas, totalmente mecânicas. Isso deu origem a novas espécies, baseadas inteiramente em corpos cibernéticos, porém equipados com a sua própria inteligência e essa essência cósmica chamada de alma, ou mais simplificadamente, vida.

A separação das almas de todos os habitantes foi concluída em apenas alguns anos, mas devido à escassez de materiais adequados para fabricar os novos corpos cibernéticos, a transferência prosseguiu muito lentamente. Então, decidiram organizar a conservação das "essências" em cápsulas ovaladas específicas, com o fim de preservá-las da destruição, até que os seus novos exoesqueletos fôssem feitos.

Criados os primeiros seres novos, agora praticamente imortais, começaram a nova saga de exploração do cosmos, dessa vez à procura de planetas que pudessem fornecer as matérias-primas necessárias para a conclusão do projeto. Dez foram identificados, em distâncias de até várias centenas de anos-luz do seu planeta natal, nos quais laboratórios reais eram construídos, onde os recursos dos planetas eram extraídos e utilizados nas instalações para a criação de novos corpos. A presença de hélio-3, que por meio de um sistema complexo de fusão nuclear, garantiria a cada nova estrutura individual de Kerian uma fonte virtualmente inesgotável de energia, era imprescindível. Para alcançar esses planetas tão distantes, verdadeiros portais interestelares foram criados, através dos quais os contêineres com as almas dos habitantes e os equipamentos necessários eram transferidos para as oficinas de montagem. A criação de cada corpo individual, o implante da alma e a ativação completa requeriam um procedimento muito demorado todas as vezes, mas para eles, tempo não era mais um problema.

— Recebemos uma mensagem estranha da planta /\ — anunciou o Keriano encarregado das transmissões.

— Qual é a mensagem? — respondeu o seu comandante, que atendia pelo nome de Supervisor RTY e cuja forma física se assemelhava bastante a um aracnídeo de pernas muito longas e corpo maciço.

— Esquisito, mas foi interrompida antes de terminar. Isso é o que veio até nós — e ele transmitiu o fragmento de comunicação em sub-luz.



Laboratório atacado. Estamos mandando de volta...



— Estamos mandando o quê? Atacado por quem?

— É tudo. A partir daí, as comunicações com /\ foram interrompidas.

— Vamos tentar restabelecê-las sem demora e descobrir o que aconteceu — ordenou RTY. — Há mais de dez milhões de almas nesse laboratório esperando para serem transferidas.

— Estou ciente disso — disse o oficial de transmissões. — Mas, no momento, a única coisa que estou recebendo é o sinal do contêiner (|) que está atravessando o túnel de intercomunicação.

— Talvez seja isso o que eles estão mandando de volta para nós.

— Logo descobriremos. Estará aqui em trezentos e vinte cens.




Tell-el-Mukayyar – A energia das pirâmides


— Ali, eles estão vindo — disse Petri apontando para as três cápsulas que estavam se aproximando velozmente ao sítio de escavação.

— Posicionamento padrão — Azakis ordenou aos pilotos dos veículos pelo seu comunicador portátil.

Os dois alienígenas, juntos de Jack e Elisa, permaneceram quietos enquanto observavam as cápsulas concluírem as manobras de pouso com rapidez e precisão.

— Devemos ativar um campo de força em forma de abóbada para criar uma atmosfera mais adequada aos nossos sistemas respiratórios — sugeriu Petri.

— De acordo — respondeu Azakis. — Já estou farto de usar essas coisas — e apontou para os dois tubos pequenos de respiração inseridos em suas narinas.

— Existe oxigênio demais aqui, para nós. Talvez seria melhor organizar nossa base de emergência no alto das montanhas.

— Não. Pelo menos, por enquanto. O campo de força será mais que suficiente até nos organizarmos melhor.

— Ok, você é que manda — disse Petri, dando ênfase à frase com um tipo de saudação militar que observara soldados terráqueos fazer.

— Cápsula dois. Ative a abóbada de contenção — disse Azakis no seu comunicador.



Começando do topo da cápsula central e revelada apenas por uma leve vibração no ar, uma espécie de véu quase invisível se espalhou celeremente, com um raio de aproximadamente cem metros, formando uma capa semiesférica que se estendia do ápice da pirâmide virtual da cápsula dois diretamente para baixo, para penetrar no solo arenoso do deserto.

— Me parece um bom trabalho — disse Petri, satisfeito.

— Por que se posicionaram assim? — perguntou Elisa intrigada.

— Assim como? — respondeu Azakis. — O que quer dizer?

— As cápsulas. As pirâmides que formaram estão quase em linha reta e posicionadas com um lado voltado para o sul. As duas mais externas estão aparentemente alinhadas, enquanto a central parece levemente fora de eixo.

— Você tem um espírito de observação excelente — comentou Azakis.

— A verdade é que me fazem lembrar muito de outra coisa.

— O quê, exatamente? — perguntou o Coronel, que de repente se mostrou interessado na discussão.

— Já esteve no Egito?

— Há muito tempo.

— E visitou o Planalto de Gizé?

— Naturalmente que sim — respondeu Jack. Então, dando um tapa na testa, ele exclamou: — mas é claro! Estão posicionadas exatamente como as três grandes pirâmides.

— Quéops, Quéfren e Miquerinos — observou a doutora.

— Não sei do que estão falando — disse Azakis, perplexo.

— Espere aí — respondeu Elisa. — Vou lhe mostrar — e caminhou rapidamente para a tenda do laboratório. Ela apareceu menos de um minuto depois, carregando um livro grande e volumoso. Enquanto se aproximava aos outros três, rapidamente folheou as páginas. — Aqui estão. Veja — e entregou ao alienígena.

— Interessante... O que são?

— Deixe-me ver — disse Petri, deslizando o livro grosso das mãos do companheiro. — Ah sim. Já vi esse tipo de construção. São como aquela — e apontou para o Zigurate atrás da área. — Mas devem ter sido construídas por outro povo e numa época diferente.

— Muito bem, Petri. Você está certo, é claro. Desde o dia em que foram descobertas, nossos cientistas vêm quebrando a cabeça para entender a razão por que foram construídas e colocadas dessa forma.

— Mas é muito simples — disse Petri irradiando um belo sorriso. — Consegue ver aquelas estrelas ali? — e apontou para uma constelação no meio de todas as outras, no espaço deixado pelo pôr do sol.

— Sim, certamente. A chamamos de Constelação de Órion. Deve o seu nome ao semideus grego Órion — disse Elisa. Então, enquanto ela traçava seu perfil com o dedo indicador no ar puro do deserto, acrescentou: — Se ligar as estrelas numa linha virtual, vão aparecer a cabeça, os ombros, o cinto e os pés de um homem. De acordo com a mitologia grega, Órion era um gigante que nascera com habilidades sobre-humanas, um poderoso caçador que matava suas presas com um martelo inquebrável de bronze. Quando o herói grego morreu, foi colocado entre as estrelas pela eternidade.

— Suas histórias são sempre muito sugestivas — disse Petri encantado. — No entanto, de acordo com o que os Anciãos nos ensinaram, todas as construções desse tipo, e há muitas espalhadas por toda a Terra, estão ligadas a nós.

— Vocês, alienígenas?

— Nós "Deuses", que viemos dos céus para dar início à raça humana — especificou Petri.

— Mas quem teria adivinhado que vocês teriam relação com isso também — Jack deixou escapar. — Parece que tudo o que fizemos até agora depende única e exclusivamente de vocês.

— Pensando bem, — comentou Elisa, — devo dizer que ele tem razão.

— Eu só queria dizer, — acrescentou Petri calmamente, — que nossas cápsulas simplesmente estão posicionadas como as três estrelas do seu "cinturão" de Órion.

— E portanto, o mesmo se aplicaria às pirâmides no Egito? — perguntou Jack, espantado.

— Diria que sim.



— Então as suposições dos nossos cientistas eram verdadeiras — disse a doutora, em quase um sussurro. Depois ela segurou o queixo entre o polegar e o indicador e acrescentou: — Porém, ainda não entendi o verdadeiro motivo para esse arranjo.

— Simples, minha cara — exclamou Petri. — Energia.

— Terá que me explicar direitinho — respondeu a doutora, endireitando a coluna e cruzando os braços.

— Mesmo nós não sabemos muito sobre isso — Petri se apressou em esclarecer. — Mas parece que um objeto em forma de pirâmide é capaz de gerar uma espécie de energia positiva que é benéfica para todas as criaturas vivas que estão próximas a ele. Obviamente, quanto maior o objeto, maior é a energia gerada. Então, se também está conectada a um corpo celeste, ou melhor ainda, a uma série deles, tudo é ampliado de forma exponencial.

— Mas que tipo de energia estamos falando? — perguntou a arqueóloga.

— Como disse, não está claro para nós também. Muitos de nossos Especialistas a estudaram, mas ainda não temos dados confiáveis.

— Finalmente, algo que até vocês não conhecem — disse Jack, satisfeito. — É quase um milagre.

— Há muitas coisas que não conhecemos, meu amigo. Numa escala global, somos apenas um pouco mais evoluídos que vocês. Existem tantos mistérios no universo. Não pensou que conhecíamos todos, pensou?

— Confesso que, em momentos, realmente pensei que conhecessem.

— Existem conceitos que jamais entenderemos. Devemos nos conformar com isso.

— Mas somos seres inteligentes, criativos, curiosos. O que nos impede de entender?

Então Azakis se juntou ao debate, dizendo: — É apenas uma questão de níveis de percepção.

— Realmente não entendi isso — exclamou Elisa, confusa.

— Embora pensem que nossos cérebros sejam, sabe lá como, "evoluídos", existem algumas dimensões tão distantes das nossas estruturas de pensamento que não podemos sequer começar a fazer suposições, pelo menos, com o nosso conhecimento atual.

— Desculpe, mas não estou entendendo.

— Pegue uma célula do seu fígado, por exemplo — continuou Azakis pacientemente. — Imagine que esteja determinada a racionalizar sobre a sua condição, sobre o seu trabalho, sobre as células próximas a si. Quem saberia dizer quantas vezes deve ter tentado entender o que está além da realidade que vive. Existiriam outros grupos de células? Seriam como eu? Talvez tenha tentado postular sobre a presença de um deus. Também deve ter tentado contato com ele, seguindo sabe lá quantos rituais complexos, rezando por sua intervenção para resolver seus problemas diários. Mas quem é seu deus? Sua bexiga? Seu coração? Você? Que percepção poderia ter uma célula sobre o seu fígado, você, seu deus? Como poderia entrar em contato direto com você? E se ela não te percebe, poderia me perceber? E o mar, o céu, o sol, a galáxia... É isso o que quero dizer com níveis diferentes de percepção.

— Caramba — exclamou Elisa, como se tivesse acabado de sair de um transe. — Realmente nunca pensei sobre isso... Então, pode ser que jamais seremos capazes de contatar seres de níveis mais elevados, ou imaginar como seria fora da dimensão em que vivemos.

— Isso não é necessariamente verdadeiro. Aparentemente, também graças à energia peculiar da qual estávamos falando antes, liberada pelas pirâmides, algumas pessoas já são capazes de pular um ou mais níveis. Infelizmente, o nosso conhecimento sobre esse assunto em particular ainda é muito limitado.

— Fascinante — sussurrou a doutora, totalmente enlevada. — Então, vocês também estão em busca do seu Deus.

— Na verdade, é algo que temos estudado há um bom tempo.

— E se nem vocês conseguiram resolver isso, imagine quanta esperança nos resta.

— Frequentemente os palpites mais importantes surgem aleatoriamente — proferiu Azakis. — Nossas raças são bem similares, e estou certo de que nós dois e vocês temos as mesmas chances de descobrir como esse mecanismo misterioso funciona, por meio do qual poderíamos entrar em contato com seres mais elevados.

Petri entrelaçou as mãos por trás das costas e começou a andar lentamente em círculos. Meditou por alguns segundos, e então acrescentou: — Mas, na realidade, se a célula mencionada antes não fizer bem o seu trabalho, haveria problemas para mim e eu perceberia. Basicamente, isso é também uma forma de contato, não?

— Você está certo. Todos nós estamos aqui por um propósito bem específico e devemos simplesmente tentar fazer nosso trabalho tão bem quanto podemos. Isso é exatamente por que em Nibiru, desde o momento do nosso nascimento, nossos Educadores se esforçam para identificar qual é a nossa principal particularidade. Cada um de nós tem uma, assim como penso que vocês terráqueos também tenham. O maior problema é descobri-la e então tirar o máximo proveito dela. Além de nos dar o conhecimento básico, os Educadores fazem exatamente isso. São eles que, depois de analisar cuidadosamente nossos potenciais e fraquezas, nos dirigem ao grupo que está mais próximo das nossas aptidões pessoais, como os Artistas, os Artesãos, os Especialistas e assim por diante. Não precisamos fazer nada a não ser dar sempre o máximo na atividade em que nos destacamos, e seguir o caminho que foi pensado para nós.

— Ok, gente — o Coronel interveio. — Que tal colocarmos de lado toda essa conversa filosófica e seriamente tentarmos resolver o probleminha que temos agora?

— Sim — acrescentou Petri. — Na verdade, enquanto vocês "crânios" estavam discutindo os mistérios do universo, baixei os dados do seu gravador pessoal.

— Do que está falando? — perguntou Azakis, perplexo.

— Para dizer a verdade, também me esqueci dele — continuou o Especialista. — Mas, antes de partir, ativei um sistema pessoal de gravação que deve ter guardado todas as ações de todos os membros da tripulação.

— Sim... sim, agora me lembro. Está falando sobre essa coisinha que fixou aqui atrás de mim, não? — respondeu o capitão, enquanto ao girar o tronco, tentou apontar para um pequeno retângulo negro preso ao seu cinto cinza claro.

— Exatamente, meu velho. E não pode imaginar o quanto funcionou. Consegui descobrir o que aconteceu com o seu sistema de controle remoto.

— Ah, é mesmo? E o que aconteceu com ele?

— Não vai adivinhar nunca!




Pasadena, Califórnia – As notícias


— E agora, o que vamos fazer com essa bugiganga? — perguntou o sujeito magro e enxuto, enquanto subia no volante do Chevrolet Corvette vermelho vivo e novinho em folha.

— Está falando sobre o carro ou o objeto alienígena? — perguntou o comparsa gorducho, que com grande dificuldade, também tentava entrar no veloz carro esporte.

— Estava falando sobre o controle remoto, embora ainda não entendi por quê decidiu comprar um carro como este, visto que não consegue nem entrar nele.

— Eu diria que você também está tendo dificuldades, seu poste.

— Exato. Não podíamos ter comprado algo um pouco mais confortável para nós dois?

— Quando pisar no acelerador dessa fera, o motivo logo vai ficar claro — e depois de bater a porta de maneira um pouco violenta, acrescentou: — Anda, vamos.

— Aonde?

— De volta à base. Quero analisar detalhadamente os dados que o nosso amigo nerd nos deu e descobrir todos os segredos desse pedaço de equipamento alienígena.

— Não vai me dizer agora que sabe mais do que ele. O cara me pareceu ter bastante conhecimento.

— Devo dizer que o garoto fez um trabalho excelente, mas eu também fiz minha pesquisa.

— Do que está falando? — perguntou o magrelo, perplexo.

— O que acha que estive fazendo todas as noites durante o mês passado, na frente do computador, enquanto você roncava como um urso em hibernação?

— Olhando sites pornográficos?

— Mas onde fui achar você? Tenho me perguntado isso várias vezes ultimamente, sabe?

— Foi o destino que nos uniu — respondeu o magrelo enquanto pisava fundo no acelerador, e o Corvette avançava, deixando duas marcas negras de pneu no asfalto.

— Ei, vá devagar! — o gordo berrou, enquanto era jogado contra o assento pela aceleração repentina. — É melhor não destruí-lo logo de cara. Só paguei as duas primeiras parcelas.

— Uau! — exclamou o magricela. — Anda como um míssil. Essa pequena joia é uma verdadeira besta.

— Sabia que ia gostar. Mas agora, procure não atropelar essa velhinha — disse o grandão, apontando para uma frágil senhora que estava lentamente atravessando a rua. — Vamos deixá-la curtir um pouco mais a aposentadoria.

— Relaxe, meu amigo. Está em boas mãos — respondeu o sujeito ao volante, enquanto com uma manobra abrupta, por pouco não atingia a velhinha.

— Pois bem! — exclamou o grandão. — Você quase arrancou as roupas dela — depois ele se virou, e vendo a velhinha sacudir a bolsa, gritando todo tipo de coisas para ele, acrescentou: — Outra série de insultos como esse e será você quem não poderá desfrutar da aposentadoria — e caiu na gargalhada.

— Esqueça. Não sou supersticioso.

— Devia ser. E se ela praticar vodu? Você pode acabar pulando como um grilo enquanto a velha espeta agulhas no traseiro do seu bonequinho.

— Vai parar com esse monte de besteiras e me dizer o que vamos fazer com essa coisa?

— Ok, ok. Não fique irritado. Só estava brincando — o sujeito corpulento colocou o objeto alienígena na palma da mão esquerda novamente e disse: — O nerd pode muito bem conhecer um monte de gente, mas garanto, usei canais para a minha pesquisa que com certeza, ele não teve possibilidade de acesso.

— Às vezes você me dá medo.

— Quer ver uma coisa?

— Bem, depende.

— Nos vários arquivos que tive oportunidade de consultar a respeito dessa tecnologia alienígena, descobri que esse pequeno objeto, além de explodir espaçonaves, pode fazer um monte de coisas que são igualmente legais.

— Mas tem certeza que realmente funcionou? — perguntou o sujeito ao volante, enquanto fazia uma curva em velocidade máxima, fazendo o passageiro esbarrar contra a porta.

— Ei, pode ir mais devagar? Só faltava essa, a polícia nos perseguindo e nos prendendo de novo.

— Tive uma ideia — disse o magrelo. — Ligue o rádio.

— Acha que isso é hora de escutar musiquinhas?

— Claro que não, seu imbecil. Coloque nas notícias.

Embora um pouco incerto, o gordo resolveu não fazer mais perguntas, e tendo ligado o rádio, começou a navegar pelas estações até encontrar uma que estava transmitindo notícias mundiais.

“Depois de invadirem o banco central, os quatro criminosos de máscaras, com armas e rifles automáticos, ordenaram os funcionários para encherem as sacolas de dinheiro. Toda a operação durou pouco menos que cinco minutos. Quando a polícia chegou, os assaltantes já tinham fugido. Barreiras foram montadas em todas as rotas para a cidade."

— Que nos importa esse negócio? — perguntou o gordo, mais perplexo do que nunca.

— Paciência, meu amigo, paciência.

“E agora vamos voltar às manchetes. Aparentemente, temos algumas notícias interessantes. Vamos direto para o nosso correspondente em Washington, Fred Salomon."

“Obrigado, Lisa. Estou na sala de reuniões da Casa Branca onde o Presidente acabou de chegar e está prestes a fazer uma declaração oficial. Vamos ouvir ao vivo.”

Seguiram-se alguns momentos de silêncio e então a voz inconfundível do Presidente dos Estados Unidos da América chegou até os alto-falantes potentes do Corvette.

“Senhoras e Senhores, primeiramente agradeço por se juntarem a nós hoje. Infelizmente, as notícias que acabei de receber não são nada animadoras. Aparentemente o clarão inusitado, visto na Lua há quase uma hora, foi de fato causado por uma enorme explosão e na verdade envolveu a espaçonave dos nossos amigos alienígenas. Ainda não sabemos se conseguiram escapar. Um novo pronunciamento será feito assim que tivermos mais notícias. Obrigado.”

— Por todos os santos! — exclamou o gordo chocado. — Então nós realmente a explodimos.

— Não está satisfeito? Quando estávamos com o nerd, parecia ser a coisa mais importante do mundo para você.

— Bem, sim... claro, ... Mas agora, no fundo, tenho um pouco de pena.

— Inacreditável... Nunca pensei que tivesse um coração debaixo de toda essa banha.

— Ah, vá se lascar — disse o grandão arrependido. — Pise fundo e vamos voltar para a base.




Planeta Kerion - A trágica descoberta


— O contêiner (|) acabou de sair do túnel de intercomunicação — anunciou o pequeno Keriano encarregado da coordenação de manobras. — Vai chegar no ponto de ancoragem em 0.1 cens.

— Quero que o tragam aqui imediatamente para verificar o conteúdo e analisar os dados armazenados — o Supervisor RTY ordenou ao seu subordinado.

O estranho objeto ovalado, vindo de quase sessenta e cinco anos-luz, fora interceptado por uma espécie de campo de contenção que o apanhou na órbita do planeta e rapidamente o arrastou na direção da grande abertura da estrutura enorme e completamente metálica que se estendia por cerca de duzentos quilômetros quadrados ao longo da linha equatorial de Kerion.

— Contêiner (|) quase em posição — disse o coordenador.

— Se apresse e traga para cá! — gritou RTY. — É estritamente necessário descobrir o que aconteceu em /\.

Assim que o invólucro chegou ao ponto de ancoragem, foi imediatamente levado sob a guarda de dois Kerianos com figuras definitivamente incomuns. Um era bastante semelhante a uma espécie de carroceria sem rodas, enquanto o outro se assemelhava mais a um caranguejo gigante com seis patas. O caranguejo pegou delicadamente o contêiner e o depositou dentro da carroceria Keriana, que depois de receber a confirmação de que fora carregada com sucesso, sem nenhum som, partiu numa velocidade inacreditável em direção aos laboratórios.

— Contêiner (|) chegou! — exclamou o coordenador. — Time de inspeção, conduza uma análise completa do conteúdo.

Quatro Kerianos, também com figuras meio bizarras, correram para o objeto, e depois de mergulhá-lo em uma pequena área de ancoragem contendo uma solução à base de amônia, começaram a verificá-lo internamente. Apenas alguns minutos se passaram quando o menor dos quatro Kerianos anunciou: — Novecentos e noventa almas presentes, todas em perfeitas condições. Estou enviando o registro de eventos gravados pela cápsula para o sistema central.

— No monitor — ordenou RTY imperativamente.

As imagens mostravam a superfície da Lua rapidamente se afastando, enquanto um grande objeto perfeitamente esférico se aproximava da área do laboratório subterrâneo /\. Depois de alguns instantes, um clarão ofuscante quase saturou a filmagem e logo depois, não havia nada. A área inteira estava como se tivesse sido atingida por um martelo gigante. As imagens somente mostravam uma enorme área plana de solo lunar, incrivelmente lisa e polida. A gravação continuou por alguns instantes, mostrando o satélite se afastando gradualmente, depois foi interrompida.

— O laboratório! — exclamou RTY, estupefato. — Foi totalmente destruído.

— Não sobrou nada — comentou o coordenador amargamente. — A gravação terminou.

— Isso foi um ataque descarado e intencional à nossa base. Eu sabia que não devíamos ter confiado naquela espécie alienígena.

— Acha que essa arma esférica foi construída por eles?

— Só existem dois planetas habitados nesse sistema solar, e existem seres dessa espécie em ambos. Não devíamos ter estabelecido a nossa base lá.

— É uma tragédia abominável — disse o coordenador Keriano, lamentando. — Havia quase dez milhões de almas no laboratório, prontas para serem transferidas. Somente as novecentos e noventa que conseguiram escapar do desastre na cápsula (|) foram salvas.

— Ainda não posso acreditar — exclamou RTY, atônito. — Devemos notificar o Supremo TYK imediatamente.




Tell-el-Mukayyar – A gravação


Enquanto isso, Petri e seus três amigos entraram na tenda laboratório da Doutora Hunter.

— Agora estou realmente curioso — disse Azakis, agitado. — Quero saber o que não funcionou no seu sistema de engancho.

— Não, caro amigo. Verá que as coisas são um pouco diferentes — respondeu Petri, enquanto projetava um holograma tridimensional, a cerca de meio metro do chão.

— Essa coisa que você faz sempre me impressiona — exclamou Jack ao observar as imagens que estavam se formando no meio da tenda.

— Agora vou retroceder um pouco — disse Petri, enquanto se ocupava com um estranho instrumento e as cenas eram reproduzidas ao contrário. — Este é o momento em que levamos o General Campbell, o Senador Preston e aqueles dois personagens esquisitos que nos atacaram quando estávamos tentando recuperar a carga, na Área 51.

— Sim, ok. Lembro-me bem disso — comentou Azakis.

— Agora vou te mostrar uma coisa — e o holograma mostrou o sujeito obeso se aproximando de Azakis agressivamente, então lhe dando um leve empurrão com o ombro.

— Ele pensou que podia me assustar — disse o capitão alienígena. — Não me fez mexer nem um milímetro. Mas o que isso tem a ver com a perda do controle remoto?

— Espere um instante. Só me deixe ampliar este detalhe... O que está vendo é a mão do sujeito gordo enquanto, com muita destreza, ele puxa o dispositivo do seu cinto.

— Inacreditável — exclamou o Coronel. — Uma manobra digna dos melhores trombadinhas que espreitam pelo submundo.

— Com o pretexto de lhe dar um empurrão, ele aproveitou a chance de roubar seu controle remoto — acrescentou Elisa. — É uma velha técnica que ladrões de lojas passam de geração a geração.

— Ele roubou de mim? — perguntou Azakis, atônito.

— Exatamente, meu velho — confirmou Petri.

— E como diabos ele reativou e executou o comando de autodestruição? Você o desativou completamente, se não estou enganado?

— Sim, Zak. O dispositivo foi desativado. Provavelmente depois que foram soltos, ele e o comparsa devem ter feito uma busca nas informações incontáveis que deixamos para os terráqueos e encontraram uma maneira de driblar o sistema de bloqueio.

— Aqueles dois destruíram a nossa espaçonave e nos impediram de voltar para casa — Azakis deixou escapar, mais furioso do que jamais estivera. — Quando botar minhas mãos neles, vou fazer com que se arrependam de terem nascido, juro.

— Acalme-se, meu amigo. Já está feito. Não podemos fazer mais nada. Antes disso, o que devemos fazer é rastrear esses dois canalhas e recuperar o que roubaram de nós antes que também descubram outras funções.

— Por quê, o que mais faz? — perguntou Elisa intrigada.

— Não faz diferença, por enquanto. É melhor que você não saiba.

— Caramba, tantos segredos — respondeu a doutora, um pouco chateada.

— Com certeza, se conseguiram descobrir como ativar a autodestruição, também poderão descobrir o resto — disse Azakis, preocupado.

— Mas vocês não deveriam estar pensando em uma maneira de voltar para casa primeiro? — perguntou o Coronel. — Isso não me parece um problema tão urgente.

— Está certo, Jack, mas essa coisa pode ser bem perigosa nas mãos erradas.

— E essas são definitivamente as mãos erradas — acrescentou Elisa.

— Mas deve haver exatamente uma forma — disse Petri, quase sussurrando.

— Bem? Fale. Terei de ficar de joelhos e te implorar? — exclamou Azakis, irritado.

— Esse dispositivo é equipado com um sistema especial de alimentação elétrica. Se ainda estivéssemos na Theos, eu poderia fabricar um dispositivo que seria capaz de identificar os rastros de emissões que deixa para trás.

— E só se lembrou disso agora? — Azakis estava decididamente zangado. — Não podia ter feito isso quando descobrimos que tinha desaparecido?

— Desculpe-me, mas esse sistema de busca só funciona se o objeto estiver em movimento e ignoramos o fato de que você o havia deixado cair.

— Agora se acalmem, rapazes — disse o Coronel, reforçando suas palavras com gestos da mão. — Em todo caso, pelo que entendi, não podem fazer nada sem a Theos, correto?

— Bem, talvez eu possa bolar algo, apesar de tudo — disse Petri coçando a cabeça.

— Perdoe a minha reação, amigo — disse o Capitão, arrependido. — Sei que não é culpa sua. Esta é uma má hora para nós dois — Então, pousando uma mão no ombro de Petri, acrescentou: — Veja o que consegue fazer. Acho que é muito importante recuperarmos esse objeto assim que possível.

— Não se preocupe, Zak. Não é um problema. Vou tentar pensar em alguma coisa, me virando com o pouco que nos resta.

— Somente você pode fazer isso. Estamos em suas mãos.

— Estou indo — e sem dizer mais nada, o Especialista saiu da tenda do laboratório, deixando para trás umas nuvens pequenas de poeira.

— Será que ele consegue? — perguntou Jack, hesitante.

— Claro. Não tenho nenhuma dúvida. Petri é incrivelmente engenhoso. Mais de uma vez o observei fazer coisas que uma equipe dos melhores Artesãos não teria sido capaz de fazer. É uma pessoa excepcional. Eu lamento ter sido um pouco rude. Tenho grande afeição por Petri e prontamente daria minha vida por ele, em qualquer instante.

— Relaxe, Zak — disse Elisa numa voz bem doce. — Ele sabe disso. É um momento difícil, mas vamos superar, sem nenhum problema. Não tenho nenhuma dúvida.

— Obrigado, Elisa. Realmente espero que sim, do fundo do coração.




Pasadena, Califórnia – O esconderijo


Assim que abriu a porta, o sujeito obeso sentiu uma corrente de ar fresco. O ar-condicionado da sala, que estava ligado desde a noite anterior, fizera um trabalho excelente.

— Maravilhoso — ele exclamou. — Não conseguia aguentar mais aquele calor sufocante.

— Talvez se você resolvesse seguir uma dieta rigorosa e se livrar de toda essa banha, o calor não te incomodaria tanto.

— Por que você é sempre negativo sobre as minhas reservas?

— Chame-as de reservas, se quiser. Você poderia seguramente passar um mês inteiro sem comer — exclamou o magrelo, explodindo em gargalhadas logo depois.

— Vou fingir que não escutei isso.



A decoração do pequeno apartamento que os dois usavam como base era definitivamente modesta. Na sala principal havia apenas uma mesa simples de madeira clara com quatro cadeiras da mesma cor e um pesado sofá cinza escuro com assentos e apoios de braço gastos. No canto, perto da janela francesa que tinha vista para um sombrio pátio interno, um pote marrom de plástico continha os restos de uma pequena palmeira-de-saia, que apesar da grande resistência a climas secos, morrera há várias semanas por falta de água. O pequeno banheiro também mostrava sinais evidentes de desleixo. Vários azulejos haviam caído e grandes manchas negras no teto desbotado eram evidências de infiltração de água que não fora reparada. Dois quartos surrados, com uma única cama e um criado-mudo barato, junto a uma kitchenette com um armário que tinha, pelo menos, vinte anos, completavam a mobília do apartamento que era tudo, exceto agradável.

— Bom, uma coisa é certa, em termos de gosto na escolha dos nossos refúgios, você é ótimo mesmo, hein? — comentou o sujeito magrelo e alto.

— Por quê? O que tem de errado com esse lugar?

— É um muquifo. É isso o que tem de errado. Aqui estamos, sempre falando sobre montes de dinheiro, mas no fim, sempre terminamos nesses malditos muquifos.

— Ah, você sempre reclama — respondeu o grandão. — Vamos tentar obter um acordo e então verá, poderemos viver no sossego de uma vez por todas.

— Você que diz... Não estou muito convencido.

— Vamos, me dê o laptop e te mostrarei uma coisa.

O magrelo puxou uma mala preta com uma alça de ombro de trás do sofá e retirou um notebook cinza escuro. Olhou para o mesmo um momento e então deu ao comparsa, que o colocou na mesa e o ligou. Ambos se sentaram, quietos por um instante, olhando para a tela enquanto o sistema completava o processo de inicialização, até que em um momento, o magrelo desabafou: — Não suporto mais essas coisas. Passo horas vendo barras de progresso, ampulhetas girando, atualizações diversas... Por que simplesmente não fabricam um computador que funciona como uma televisão? Aperte o botão e ele liga.

— É, isso seria muito bom. Em vez disso, o que eu mais odeio é quando você acaba de usar e quer desligar para terminar, ele mostra uma simpática mensagenzinha que diz "Não desligue. Instalando atualização 1 de 325..." e você tem que esperar meia hora enquanto ele faz o que quer. Poxa, não podia fazer as drogas das atualizações antes? Realmente tem que esperar até eu estar pronto pra terminar?

— Hum, isso é a tecnologia da informação. Os programadores que projetam esses sistemas provavelmente se divertem vendo nós, pobres mortais, ficarmos cada vez mais irritados quando nos deparamos com as suas "criações".

— Está dizendo que fazem de propósito?

— Ao pensar que hoje em dia, só para escrever uma carta precisamos de um computador com uma capacidade de processamento bilhões de vezes maior que a das missões Apollo que levaram o homem à Lua, acho que alguma coisa não deu certo no progresso tecnológico.

— Bem, você é o especialista — comentou o magrelo. — É certo que eles nos fazem perder muito tempo, mas não seríamos capazes nem de ir ao banheiro sem esses aparelhos agora.

— Vamos parar por aqui, é melhor. Em vez disso, veja o que descobri durante minhas noites em claro.

O sujeito obeso trouxe uma série de imagens à tela, que devia ter tirado de algum arquivo que não era exatamente público. Ele navegou por algumas e então disse: — Aqui estão. Acho que o que está vendo é uma série de combinações de caracteres cuneiformes, capazes de ativar funções adicionais nesse pequeno dispositivo.

— E onde conseguiu isso? — perguntou o magrelo, com espanto.

— Se dissesse, teria de matá-lo — respondeu o gordo, bem sério.

Por um instante, o sujeito magro e alto ficou paralisado, então percebeu que o comparsa obviamente tinha feito uma piada, e depois de socá-lo, exclamou: — Que imbecil. Vamos, deixa ver essa inefável descoberta.

— Espere, primeiro me deixe ver o que o nerd nos deu — e conectou o pendrive que extorquiram do garoto no computador. Ele verificou rapidamente uma série de arquivos, abrindo alguns aleatoriamente, até a sua atenção se voltar a uma imagem que já havia visto. — Veja isto — exclamou.

— O que é?

— É uma sequência de caracteres que conheço.

— Não entendo.

— Você é realmente caquético. Esta é a combinação que ativou o comando de autodestruição da espaçonave e tenho certeza que já vi nas minhas buscas.

Para evitar de ser repreendido de novo, o magrelo só murmurou.

— Aqui está — disse o grandão novamente, mostrando a mesma série de imagens que estiveram olhando antes, mas destacando uma delas com o mouse. — É esta.

— Sim, e daí?

— Daí que, se essa sequência já funcionou uma vez, então as outras indicadas aqui provavelmente estão ativas também.

— Seu raciocínio faz sentido.

— Que tal experimentarmos uma?

— Mas não será perigoso? Acho que já causamos estragos suficientes.

— Covarde — disse o grandão. — Na pior das hipóteses, simplesmente explodiremos mais uma das malditas espaçonaves deles.

— E se em vez disso, nós fôssemos explodir? Não sabemos nada sobre essa coisa.

— Venha, vamos tentar — exclamou o gordo, com a expressão de um menino prestes a acender um rojão embaixo da espreguiçadeira do avô enquanto ele dorme feliz.

— Tente você. Vou me esconder atrás dali.

— Corajoso, hein? Não esquenta, vou tentar, seu maricas.

Então, depois de esperar o comparsa se esconder no quarto ao lado, o grandão tomou um grande fôlego e usando o grosso dedo indicador, traçou a primeira sequência da tela na superfície do objeto. Logo depois, jogou o dispositivo no sofá e se atirou ao chão com as mãos em cima da cabeça. Esperou vários segundos sem se mover, mas nada aconteceu. Ficou deitado ali no chão mais um instante, e somente após ter constatado que parecia não haver nenhum perigo iminente, levantou um pouco a cabeça. O controle remoto ainda estava no assento do sofá e não parecia estar funcionando.

— Então? O que aconteceu? — perguntou o comparsa, espiando cautelosamente pela porta entreaberta.

— Absolutamente nada.

— Talvez você fez um erro ao digitar a sequência?

— Acho que não. Acho que fiz tudo corretamente — disse o grandão enquanto, com muito cuidado, se levantou e se aproximou do objeto alienígena novamente.

— Vá, tente de novo. Vou ficar aqui.

— Obrigado pela ajuda. O que faria sem você?

Dessa vez, o gordo decidiu que não se atiraria ao chão de novo e formou a sequência simplesmente sentado na cadeira. Ele repetiu a operação várias vezes, mas não parecia haver qualquer reação do objeto.

— Absolutamente nada — acrescentou o grandão.

— Talvez estejamos destruindo todas as espaçonaves deles — comentou o sujeito magro e alto enquanto espiava pela porta de novo.

— Não fale asneira. O nerd disse que essa coisa só tem um alcance de cem mil quilômetros. Vai saber onde Nibiru está a essa altura. Ao contrário, eu simplesmente acho que essa sequência não é operacional.

— Então vamos tentar outra, não?

— Tentar outra? Eu diria que só eu é que estou fazendo as "tentativas".

— Ah, deixe de pirraça. Afinal, quem é que tem a mentalidade mais tecnológica de nós dois?

— Ok, ok. Vou tentar a segunda, agora.

O grandão passou os dez minutos seguintes formando quase todas as combinações que estavam dispostas na tela do computador, uma após outra, mas nada de anormal acontecia.

Enquanto isso, como a situação parecia ser tudo menos perigosa, o comparsa se juntou a ele, e os dois ficaram fazendo suposições de todos os tipos.

— Talvez as imagens estejam ao contrário — disse o magrelo em um certo momento.

— Não. Os caracteres cuneiformes no controle remoto estão na mesma ordem que os da tela.

— Então suas incríveis "fontes" devem ter secado.

— Não é possível. Tem que funcionar. Tenho certeza.

— Só restam duas. Se também não funcionarem, jogaremos essa coisa no lixo e iremos tomar uma bela bebida refrescante.

O grandão bufou, e sem acrescentar nada, formou a penúltima sequência, sem muita convicção. Assim que tocou o último símbolo, ele sentiu um tremor bem leve, e um instante depois, um tipo de brilho artificial foi liberado, vindo da parte da frente do dispositivo. Houve um ligeiro estalo, e uma nova janela, perfeitamente circular, de quase meio metro de diâmetro, se abriu na parede vazia à frente deles.

— Que diabos... — exclamou o magrelo, com os olhos arregalados.

— Por todos os santos... — acrescentou o amigo, igualmente perplexo.

Com as pernas ainda trêmulas pelo susto, eles se levantaram e se aproximaram ao buraco na parede com cautela. Foi o mais alto que, tendo colocado a cabeça dentro da abertura, exclamou: — É incrível! A parede se foi e nós até fizemos um buraco naquele grande outdoor de carros ali. Deve estar a pelo menos cem metros daqui!




Planeta Kerion - O Supremo TYK


— Supremo TYK — anunciou RTY no sistema interno de comunicação da estrutura equatorial do planeta. — Infelizmente trago notícias terríveis.

— RTY, meu leal amigo. Não tema, nada pode perturbar a minha serenidade nem a de nosso povo.



O Supremo TYK era, na realidade, o exoesqueleto de maior dimensão e ancianidade de todo o Kerion para onde, mil anos atrás, a alma de um ser que governava o planeta na época anterior à das máquinas, fora transferida. Com o tempo, a sua estrutura física tornou-se imensa. Sua extensão atual chegava a dois quilômetros quadrados, com uma altura que, em algumas partes, excedia quinhentos metros. TYK era um aglomerado tecnológico multifuncional, com as peculiaridades e a eficiência de um milhão de fábricas japonesas.



— Receio que desta vez, o que aconteceu é verdadeiramente atroz — continuou o Keriano no comando.

— Fale, o que aconteceu?

— O laboratório /\ foi atacado e destruído. Dez milhões de almas foram aniquiladas. Apenas novecentos e noventa lançadas pelo contêiner (|), alguns instantes antes da explosão, foram salvas.

— Explosão? Do que está falando? Quem foi? — a voz de TYK, sempre calma e tranquila, agora assumia um tom decididamente mais alterado.

— Você poderá ver o que foi gravado pela cápsula enquanto se afastava do satélite, diretamente no sistema central, referência |^|.

TYK permaneceu silencioso por um longo tempo enquanto assistia repetidamente as imagens capturadas pelo contêiner, então ele desligou a visualização e disse: — Essa bomba esférica foi projetada por aquela raça alienígena que habita o planeta azul, chamado |o|.

— Ou pelos habitantes do outro planeta que pertence ao mesmo sistema solar — acrescentou o comandante.

— Foi um ataque cruel à nossa raça por essa espécie primitiva. Milhões de irmãos nossos foram aniquilados antes que pudessem ser transferidos. Por quê?

— Sempre achamos que esses seres não representavam uma ameaça para nós, embora eu ter sido contra a criação de /\ no satélite deles.

— Como é esse outro planeta de que falou?

— Nós o chamamos de |O|. É bem similar a |o|. Mas a sua órbita é consideravelmente maior. Ele realiza uma revolução completa em torno do sol a cada 3.600 revoluções de |o| e os seus habitantes são de origem bem semelhante. De fato, de acordo com os estudos realizados há algum tempo, aparentemente os habitantes de |O| modificaram geneticamente algumas espécies que viviam em |o|, para torná-los similares a eles.

— Então podemos dizer que eles pertencem à mesma raça e são até mais evoluídos?

— Sim, isso mesmo — respondeu o Supervisor. — Eu também diria que, neste período, |O| cruzou a órbita de |o|, passando bem perto dela.

— Portanto, os habitantes dos dois planetas aproveitaram esta oportunidade para formar uma aliança e atacar a nossa estrutura. Só pode ser isso. O que ainda não compreendo é por quê.

— Provavelmente queriam explorar os recursos do satélite |o|. Devem ter descoberto a nossa instalação e decidiram se livrar dela sem a menor cerimônia. Sempre foram uma raça belicosa e propensa a violência. Várias vezes já expressei meus temores sobre a instalação de /\ nesse sistema solar.

— Eu sei. Tenho acesso a todas as informações que temos — TYK o lembrou. — Mas esse satélite era um dos poucos que, após décadas de explorações, tinha as características de que necessitávamos. Não poderíamos ter feito de outra maneira. Não tínhamos tempo.

— Mas agora pagamos pelas consequências. Dez milhões de almas destruídas de uma vez.

— Não tema, RTY. Nossa vingança será imediata e terrível.

— O que pretende fazer, Supremo TYK?

— Quero todo esse sistema solar dizimado. Eles devem pagar caro pela sua ação brutal. Destruiremos essa raça maligna para sempre. Sem misericórdia.

— Deixe comigo.

— Não, RTY, eu pessoalmente me vingarei por todas as almas que foram arrancadas de nós e retornaram ao túmulo.

— E eu estarei ao seu lado.





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Volume 3/3:

E se nós fôssemos meros personagens de um grande romance intitulado ”Homem”? No terceiro episódio da série ”As aventuras de Azakis e Petri”, os dois adoráveis habitantes de Nibiru devem enfrentar uma ameaça terrível das profundezas do Universo.

Entretanto, desta vez, as suas forças e a sua incrível tecnologia podem não ser suficientes. Mas, e se auxílio viesse de um lugar inesperado?

Reviravoltas, revelações e releituras de eventos e incidentes históricos vão prender a respiração do leitor até a última linha deste romance.

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