Книга - A Baía Kismet

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A Baía Kismet
Dawn Brower


Uma antologia de contos que se passa na cidade da Baía de Kismet.

Bem vindos à cidade da Baía de Kismet, onde mágica e destino são um modo de vida...Acompanhe os integrantes da família Strange em suas jornada para o amor e seus eventuais felizes para sempre. Era uma vez no Natal; Revelação de Ano Novo; Totalmente Dia dos Namorados; Sorte à primeira vista; Dias intermináveis de verão; Encanto da bruxa; Completamente sem gratidão; Natal para sempre.








A Baía Kismet




Contents


Era uma vez no natal (#ue17897b7-bfe9-50c4-9ba3-47b20d87d2df)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#u82f6f783-482a-5d78-8013-717ed6174001)

CAPÍTULO DOIS (#u1eecf907-b43a-5c0e-b4c5-77af8425a5fd)

CAPÍTULO TRÊS (#u254ca5b6-b61f-5250-9943-e4ab75376e7a)

CAPÍTULO QUATRO (#ua33223f8-8354-5b8d-8166-67f5faa0dba9)

CAPÍTULO CINCO (#u0e7ada59-ef98-5462-9874-43a80bd84749)

Revelação de Ano Novo (#ube1f15c3-a72d-53fa-94e6-c1d7c4905a33)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#u1c20d8a8-a550-50f1-aa8d-2205452553dc)

CAPÍTULO DOIS (#u656b0633-521f-5066-93c1-5fd7476ca6da)

CAPÍTULO TRÊS (#uedf154f8-ce46-553c-b362-acb5bdc9c69e)

CAPÍTULO QUATRO (#uf1910cb1-c703-5871-ac9b-323e82fa5209)

CAPÍTULO CINCO (#u5fcdbdbc-7e1b-5a73-bde5-d36b6e295d72)

Totalmente Dia dos Namorados (#u9afbe5b5-040f-5937-a555-0dda1dd04102)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#u73d03cd9-a4b6-5741-a1ec-0d1a044b8eed)

CAPÍTULO DOIS (#u13fee416-6f5c-59eb-9996-f80e94899dd9)

CAPÍTULO TRÊS (#u2283cd1c-1572-53b0-b2b6-3ce2900c7591)

CAPÍTULO QUATRO (#u49d06d78-7a85-5263-bdec-ee6bbae24553)

CAPÍTULO CINCO (#u6843d4ad-ae89-59b6-9b0b-d62eea9cfe58)

Sorte à Primeira Vista (#u010f7daf-586b-5964-ae86-8b9ef7b63250)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#u6a49b42f-9bb5-56f1-9f8a-2cfafcd16654)

CAPÍTULO DOIS (#ube5c68a1-45c8-57d2-8f6d-65bcb178be63)

CAPÍTULO TRÊS (#u509fda04-a552-5c2e-a1ce-84ea260df22c)

CAPÍTULO QUATRO (#u5baf9da8-484e-5b2a-a441-6510a7151e6c)

CAPÍTULO CINCO (#u7757ada1-4fe9-5e5b-b08e-90a9b3d88c8b)

Dias intermináveis de verão (#uc4f4c93b-a52c-57d2-ab0a-b4e852a94126)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#uf89d4d2c-701d-5fbf-8e75-20902881e2f1)

CAPÍTULO DOIS (#u3b3226cc-5046-54b4-ae6a-9eec3f87bd27)

CAPÍTULO TRÊS (#u069c565c-e871-5343-96f3-da635150fa85)

CAPÍTULO QUATRO (#u5bbb3a4b-72fe-5b3e-a991-853a25c9c2c3)

CAPÍTULO CINCO (#u5f663c6d-8e6b-55af-8c5f-b31627f44ba9)

Encanto da Bruxa (#u76c472c6-2e58-5a18-962f-57db97dd01e3)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#ua00de497-6c1c-5206-a66a-e5ea5a81505f)

CAPÍTULO DOIS (#u52d33f51-27f7-59a4-a290-63e8daa182ad)

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CAPÍTULO QUATRO (#ua6586d4e-a6be-507b-9298-c04a5a9250ef)

CAPÍTULO CINCO (#u5af9ff18-4178-5869-88ea-bd1ae125862d)

Completamente sem gratidão (#u07209128-0763-55e0-9fbc-9c0e6073899f)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#u63f37d9b-b293-539e-bb2d-d5d16b60b8e2)

CAPÍTULO DOIS (#uc35292e7-363c-5cb0-b23b-d8bbf707dee6)

CAPÍTULO TRÊS (#u33584583-cbde-5aaa-8ab3-e4a59d934ce2)

CAPÍTULO QUATRO (#u4eee777e-7bd6-53c4-abae-a4d03f3995e9)

CAPÍTULO CINCO (#ua84507f2-650e-51ed-b689-7e5b68a5f45e)

Natal para sempre (#uc01e89f4-de01-5cca-a42d-440a371d3b4f)

Dawn Brower

CAPÍTULO UM (#u5e2abeb7-2252-515d-a7ee-fa746207319f)

CAPÍTULO DOIS (#uf9ed1656-ef34-5582-b532-3dd926f82015)

CAPÍTULO TRÊS (#uef657166-e0d0-53ce-861b-0691c0e28abd)

CAPÍTULO QUATRO (#u4722efd9-644c-5b10-8caf-0eaa05350918)

CAPÍTULO CINCO (#u93fad224-f28e-5f6b-94c7-7b89cd92341c)

O DESFECHO (#u32c9b7d1-0e02-5aed-a756-d671dedb1cee)

Dawn Brower

EPÍLOGO (#u0aad967f-2bda-54b3-b5ce-ac98eb38d9f7)

SOBRE A AUTORA (#u34acfb3c-c505-5164-8142-f6befab439e4)

Livros de Dawn Brower (#u9af1cce2-7835-575c-9082-57d275ef0abd)


Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, locais e incidentes são obras da imaginação da autora ou usados de forma fictícia e não devem ser considerados reais. Qualquer semelhança com locais, organizações ou pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.

Kismet Bay Direitos Autorais © 2020 Dawn Brower

Todos direitos reservados. Não é permitida a utilização ou reprodução de nenhuma parte deste livro, impressa ou eletronicamente sem a expressa autorização por escrito, com exceção de breves citações em entrevistas.

Publicadas por Tektime



Era uma vez no natal




CAPÍTULO UM


Dezembro na Baía Kismet...

A neve caía, de leve, e tocava o chão. Como ela não se manteve, a rua ficou mais molhada e lamacenta do que qualquer coisa. Holly Strange olhou para fora da janela, com nojo. O natal era sua época preferida do ano e ela estava empolgada para o Tour Anual do Chocolate Quente. Todas as empresas da rua principal participavam. Ela e sua irmã mais velha, Ivy, eram donas da loja Travessa do Feliz Acaso. Holly tinha uma gêmea fraterna, Sage, mas ela raramente voltava à Baía Kismet. Todos os produtos da loja eram feitos à mão e selecionados com cuidado. Lá, elas ofereciam aulas de artesanato e pintura. Havia uma aula agendada mais tarde de construção de terrários. Uma ideia talvez peculiar para o meio do inverno, mas as pessoas precisavam de plantas em suas vidas. Elas proviam harmonia e eram esteticamente agradáveis. A Travessa do Feliz Acaso era especializada em coisas que fazem pessoas se sentirem bem — corpo, mente e alma.

O tour do chocolate quente dava uma chance aos residentes de ver o que havia de novo na loja e atraía turistas. Era um dos maiores dias de venda do ano inteiro…isso se o tempo decidisse cooperar. A Parada do Papai Noel começaria em uma hora e imediatamente depois de seu término, começaria o tour do chocolate quente. A receita secreta de chocolate quente de Holly já estava sendo preparada. Esse ano haveria uma competição à parte. Os participantes votariam em seu chocolate quente preferido e o vencedor forneceria o chocolate quente oficial na casa do Papai Noel no ano seguinte. Era uma grana que poderia auxiliar os planos de expansão da Travessa do Feliz Acaso.

“Pare de olhar pra fora da janela como se isso pudesse mudar o clima para algo que te agrade”, disse Ivy. Ela estava no balcão preparando os sabonetes artesanais em formato de cupcake para vender. Ivy os havia feito mais cedo na semana e finalmente estavam prontos para serem colocados na estante. Eles pareciam um bolo red velvet com cobertura de cream cheese. Ivy havia inclusive adicionado o que pareciam granulados vermelhos na cobertura branca. As criações eram tão intricadas e detalhadas que elas tinham que tomar cuidado quando crianças pequenas entravam na loja. Uma vez, quando tinham recém aberto a loja, uma criança de colo enfiou uma na boca. O gosto deles não era tão bom quanto a aparência…

Holly encarou sua irmã, mas Ivy estava muito ocupada para perceber. Ela suspirou. “Precisa ficar perfeito.” Ela se virou e olhou de volta para fora da janela. O Tour do chocolate quente começaria logo. A Parada já havia acabado, provavelmente. Ela olhou pela rua até onde ela conseguia enxergar. As pessoas já estavam se encaminhando para as lojas. Um casal parou na frente da Adega de Sabores da Uva e observou a vitrine. As primas de Holly, Leilia e Caprecia Strange eram donas da Adega. Elas possuíam em estoque diversos vinhos locais e também uma seleção de sua própria vinícola.

Ela se virou para Ivy. “Você acha que teremos muitos clientes?”

Ivy terminou de arrumar os sabonetes em formato de cupcake. “Será o mesmo que todo ano, se não melhor. Pare de se preocupar tanto.”

“Eu não consigo evitar”, ela respondeu. “É assim que eu sou com tudo.”

A vista de fora de sua loja chamou sua atenção de novo. Ela desesperadamente precisava que isso tudo funcionasse. Holly precisava provar para sua irmã que ela não era uma cabeça de vento e que Ivy havia tomado a decisão correta em permitir que ela fizesse parte da Travessa do Feliz Acaso. Holly havia aberto mão de fazer faculdade e ficou na Baía Kismet para ajudar sua irmã a abrir a loja. A avó materna delas deixou uma herança a elas e fazia sentido abrir uma loja. Sage, a irmã gêmea de Holly, havia deixado a cidade para abrir uma empresa de planejamento de eventos. Ela queria sair da Baía Kismet o mais rápido possível. Até então, a Fortaleza da Fortuna tinha sido bem sucedida. Sage havia realizado diversos casamentos de pessoas influentes e uma festa de bodas de ouro. Se tudo continuasse desta forma, Sage poderia ampliar sua empresa e contratar mais funcionários.

”Eu vou para a Poção da Bruxa para tomar um café.” Holly pegou seu casaco de um gancho próximo. “Você quer alguma coisa?”

“Espere.” Ivy contornou o balcão e procurou algo que estava embaixo dele. Ela puxou um pacote e o entregou. ”Dê isso para Esmeralda. É o presente dela para Tristan.”

Esmeralda e Tristan eram donos da cafeteria Poção da Bruxa. Esmeralda era mais uma prima. A Baía Kismet era quase toda administrada pela família Strange. O ancestral da família, Thomas Strange, foi o primeiro prefeito e havia sido fundamental na fundação da Baía Kismet. Desde então, todos participavam na administração da cidade. O pai delas, Adam Strange, era o atual prefeito. Bowen, o gêmeo dele, era chefe de polícia e o tio Sebastian, o mais velho dos irmãos Strange, era o procurador do distrito.

“O que foi?” Holly não gostava de não saber de algo.

Ivy revirou os olhos. “Se ela entregar a ele enquanto você estiver lá, você vai descobrir. Por que você se importa? Não é pra você.”

Ela deu de ombros. “Eu me importo.” Holly colocou o pacote debaixo do braço. “Você quer um café?”

“Não.” Ivy sacudiu a cabeça. “Mas se você não se importar, pare na Flores do Destino quando voltar. Amadea e Ophelia já devem ter as Flores-do-Natal que eu encomendei. Gostaria de colocá-las na nossa vitrine.”

Ela torceu o nariz. Ela não entendia o amor de suas primas por flores. Elas sabiam tudo sobre todos tipos de plantas e ervas. Apesar de que ela achava que o conhecimento de ervas às vezes era útil. Toda a cidade acreditava que a família Strange possuía uma proteção mágica. Holly discordava. Especialmente no que diz respeito ao amor. Todos tinham uma boa porção de azar nesse departamento. A lenda dizia que o amor os encontrava quando menos esperavam, e que às vezes, ele estava ao lado. Tudo uma besteira. O amor não surgia do nada. Ela acreditaria nisso pelo resto de sua vida.

“Está bem”, concordou Holly. “Voltarei antes que você perceba que saí.”

“Por algum motivo eu duvido disso.” Ivy deu uma risada.

Holly mostrou a língua e saiu da loja. Talvez ela não se apressaria mesmo…




CAPÍTULO DOIS


A cidade da Baía Kismet parecia como toda vila pequena por excelência. Era tão perfeita e tão doce que quase dava dor de dente. Nicholas Bell preferia o agito da cidade grande e a atitude sem frescura de seus habitantes. Os aldeões da Baía Kismet provavelmente conheciam uns aos outros e perguntavam sobre seus respectivos membros da família.

“Por que estamos aqui mesmo?” Nicholas virou para seu amigo Gabriel Reed e fez uma careta. “Eu não participo de fofuras.”

“Relaxe”, Gabriel disse a ele. “Só ficaremos uns dias aqui para agradar meus pais e garantir a eles que eu não vou morrer ou algo assim.” Ele deu uns tapinhas nas costas de Nicholas. “Estaremos a caminho de uma praia quente e de areia branca antes de você desenvolver a reação alérgica que corajosamente está segurando.”

Nicholas teve que resistir ao ímpeto de rosnar para seu melhor amigo. Gabriel era um recebedor para o time de futebol americano Houston Runaways. Ele machucou seu joelho em um jogo de semifinal e foi colocado na reserva desde então. O médico do time falou que o prognóstico não era bom e que a avaliação do fisioterapeuta também não foi positiva. Parecia que os dias de jogador de Gabriel haviam ficado para trás, mas seu amigo não queria que ele desistisse tão facilmente. Ele havia falado com Nicholas para que o acompanhasse na visita a seus pais e depois visitar um especialista diferente nas Bahamas. Que tipo de charlatão trabalhava lá? Nicholas duvidava que o médico teria uma opinião diferente do médico do esporte, mas Gabriel era seu amigo e ele estaria ao seu lado durante esse período turbulento.

“Isso é uma cafeteria?” Nicholas apontou para a frente da loja. “Poção da Bruxa? Que tipo de nome é esse?”

Gabriel deu de ombros. “Não saberia dizer. Faz um tempo desde que eu vim para a Baía Kismet. Que tal entrarmos e ver o que eles têm a oferecer?”

Eles foram em direção à entrada mas Nicholas nem teve tempo de chegar até a porta. Ela abriu de sopetão e uma morena deu um encontrão nele. Café quente derramou pela sua camisa social azul e ele gritou quando sentiu a pele queimar. “Qual é o seu problema?” Era possível sentir a raiva na sua voz. Ele estava começando a realmente odiar essa cidade e as pessoas não pareciam ter muito a oferecer.

“Me desculpe.” A jovem mulher deu um passo à frente e colocou a mão no peito dele. Ao toque da mão dela, faíscas percorram seu corpo e ele relanceou os olhos dela. Sua cor era do oceano ao meio dia. Seu cabelo não era um marrom comum. Luzes vermelhas percorriam as mechas cor de chocolate e quase cintilavam na luz do sol. Ela era deslumbrante…

“Não foi nada.” Ele retirou a mão dela de seu peito. O toque dela causou algo nele, que ele não sabia se gostava ou não. “Vou ficar bem.”

“Holly?” Gabriel ficou ao lado dele. “O que está acontecendo?”

Ela olhou para Gabriel. Seus lábios assumiram uma curva ascendente criando o sorriso mais estonteante que Nicholas jamais viu. Era como levar um soco no meio do peito, do nada. Na parte que já ardia da queimadura feita pelo café dela. O que ela tinha que o fazia sentir coisas que ele nunca sentiu na vida? Ele não queria que essas emoções o perpassassem e ele queria colocar uma distância entre os dois.

Ela passou por Nicholas e abraçou Gabriel. Holly deu um passo para trás e quase esbarrou em Nicholas novamente. Ele estendeu os braços e a estabilizou antes que ela perdesse o equilíbrio. Ela olhou para ele e disse, “Me desculpe. Juro que normalmente não sou tão desajeitada.”

“Tudo bem”, ele respondeu de forma áspera.

Holly voltou sua atenção para Gabriel. “Eu ouvi falar de sua lesão”. Ela balançou as mãos de forma agitada. “Bom, nós assistimos acontecer. O pessoal de esportes só falava sobre isso. Não perdemos nenhum jogo dos Runaways.” Ela desviou o olhar de Gabriel e encarou a manga de seu casaco, então começou a mexer em fiapos imaginários ou talvez um fio solto. Nicholas não pareceu entender o que ela estava tentando fazer. “Quero dizer, a família toda...” Holly falou isso como se sua última frase esclarecesse tudo. Claramente não esclareceu nada para Nicholas.

Mas não pareceu perturbar Gabriel. Ele assentiu com a cabeça e deixou que ela agisse de maneira atordoada. “Como está Ivy?” ele perguntou. Isso aguçou a curiosidade de Nicholas. Quem diabos era Ivy?

“Hm...” Holly olhava para tudo exceto para Gabriel. “Ela está bem.” Bem bem. Você não precisa se preocupar com ela.” Ela colocou as mãos no bolso e retirou seu telefone. “Preciso ir, se me der licença. Já que você está na cidade, deveria participar do Tour do chocolate quente. Será divertido.” Com essas palavras, ela escapou deles e entrou no que parecia ser uma loja de flores. Que tinha um nome igualmente peculiar — Flores do Destino. Qual era a desses estabelecimentos nessa cidadezinha provinciana?

“Tour do chocolate quente?” Nicholas levantou uma sobrancelha.

“Não precisamos participar se você não quiser. Nós compramos uma caneca do Papai Noel em uma das lojas e então podemos provar todos os diferentes tipos de chocolate quente oferecidos nas lojas.” Gabriel deu de ombros, indiferente. “Os lucros são direcionados à organização local de caridade que auxilia as famílias necessitadas da comunidade. A família Strange administra a caridade quase desde a fundação da cidade. É uma tradição.”

“Família Strange?” Se ele continuasse levantando a sobrancelha logo ela sairia voando de sua testa para sempre. “Isso é um eufemismo ou é o nome verdadeiro deles?”

“Eu nunca inventaria algo assim.” Gabriel deu um tapinha no ombro dele. “Os Stranges são praticamente donos da cidade. O prefeito…” Ele lançou o olhar para a loja de flores para onde Holly tinha desaparecido. “Holly é uma deles.”

“E essa Ivy misteriosa também?” Nicholas não conseguia segurar sua curiosidade. Seu amigo não demonstrava interesse em mulheres perto dele a não ser por sexo casual ocasional, e isso acontecia raramente.

Gabriel suspirou. “Sim, e percebo que você tem perguntas. Você está interessado na Holly. Se quiser aprender sobre os Stranges então teremos que participar do Tour. Confie em mim. Todos eles participarão de alguma forma. Ele gesticulou em direção ao amigo. “Vamos lá, vamos entrar em uma loja e comprar nossa caneca de Papai Noel. Todas elas terão canecas.”

Nicholas se entregou e fez o que Gabriel estava sugerindo. O que mais ele teria pra fazer nessa cidadezinha mesmo?




CAPÍTULO TRÊS


Holly levou as flores-de-natal para a Travessa do Feliz Acaso e as colocou no balcão. Ivy deveria estar na sala dos fundos pois não estava no balcão da frente. Não havia clientes e o sino a teria alertado sobre a entrada de Holly. Ela deveria aparecer a qualquer momento para ver se alguém precisava de sua ajuda. Holly encarou a porta e deu uma mordidinha no seu lábio inferior. Sua irmã não ficaria feliz com o fato de seu ex-namorado ter voltado para a Baía Kismet.

Gabriel foi o amor da vida dela mas ele a abandonou pela promessa de fama e fortuna. Agora ele estava lesionado e talvez nunca voltasse a jogar futebol americano profissionalmente. Ela não queria mencionar isso a Gabriel. Deveria ser um ponto nevrálgico para ele. Ela deveria ter questionado o motivo de seu retorno e por quanto tempo planejava ficar. Se o amigo dele não tivesse mexido com algo dentro dela, ela teria perguntado. Ela nem tinha se preocupado em descobrir seu nome. Para ver como ele mexeu com sua cabeça. Holly ainda não acreditava que ela derramou café nele. O que aquele cara pensava sobre ela?

“Ah”, Ivy disse quando veio ao balcão. “É só você. O tour já começou?”

“Sim”, ela respondeu. “Essas são as canecas do Papai Noel?” Cada loja possuía um estoque limitado para vender para os participantes. As canecas permitiam o acesso ao chocolate quente oferecido em cada loja. Todos podiam beber tanto chocolate quente quanto aguentassem. “Por que você já não as arrumou? Eu achei que você faria isso enquanto eu estava fora.” Ela deveria ter ficado e desistido do café. “Deixa eu ajudar você.”

“O que está acontecendo com você?” Ivy franziu o cenho. “Você está agindo estranho.”

“Eu estou bem.” Ela começou a trabalhar silenciosamente e colocou as canecas em filas arrumadas na prateleira atrás do balcão. A maior parte de seu chocolate quente estava em uma grande panela na sala de trás, mas elas colocaram um pouco em um pote em um balcão próximo. Clientes que já tinham suas canecas podiam entrar e se servir. Os que precisavam da caneca do Papai Noel podiam vir ao caixa e comprá-la.

“Você esteve fora por bastante tempo. Por que demorou tanto?” Ivy pegou as flores-de-natal e as levou para a vitrine. Ela as arrumou em cada lado de uma pintura comissionada por um artista local. Frequentemente exibiam obras de artistas locais e os ajudavam a vendê-las. A Travessa do Feliz Acaso ficava com uma pequena porcentagem da venda.

“Eu tive um pequeno contratempo na frente da Poção da Bruxa.” Holly não olhou Ivy nos olhos. Ela ainda estava envergonhada de ter derramado café no homem bonitão em quem esbarrou. Ela nunca havia visto um homem mais atraente. Seu cabelo era escuro como o céu noturno e seus olhos azuis também eram tão escuros que quase pareciam pretos. A careta que ele fez os escureceu mais ainda. Ele não era jogador dos Runaways. Ela ficou se perguntando como Gabriel o havia conhecido.

“Ah é? É só isso que você vai falar?”

Holly foi salva pelo gongo ou, nesse caso, pela abertura da porta da loja, enquanto participantes do tour entravam. Todos já tinham suas canecas, então ela os direcionou para a versão da Travessa do chocolate quente. Ela torceu para que eles gostassem…

“O que você está olhando?”, um homem a questionou. Ela quase morreu de susto. Como diabos eles tinham conseguido surpreendê-la? Com tanta gente entrando e saindo da loja era fácil o bastante fazer isso. Especialmente porque ela estava perdida em seus pensamentos.

Holly se virou para encontrar seu olhar. “Olá, novamente.” Onde estava Gabriel? Ele não deveria estar fazendo o tour com seu amigo? Ela examinou a loja procurando por Ivy, mas não a encontrou. Onde ela tinha se metido? Se ela soubesse que Gabriel estava na cidade, daria um piti. Ela ainda o amava. Holly não acreditava que ela não o amasse, mas existe uma linha tênue entre amor e ódio. Gabriel a havia ferido profundamente e Ivy carregava as cicatrizes abertas.

“Acho que não fomos formalmente apresentados.” Ele estendeu sua mão. “Me chamo Nicholas Bell.”

“Hm. Prazer em conhecê-lo.” Por que ela não conseguia falar nada perto desse homem? “Você vai ficar bastante tempo na cidade?”

“Não se eu puder evitar”, ele respondeu. “Gabe precisava passar uns dias com sua família antes de viajarmos para um lugar com um clima muito melhor para o restante do feriado.

“Ah, é?” Ele deve pensar que ela é a mulher mais burra que ele já conheceu. “Entendo.” Ela assentiu para a caneca de Papai Noel na mão dele. “Você veio buscar chocolate quente?”

Ele encarou a caneca como se a achasse ofensiva. “Já tomei várias canecas. Se eu beber mais, vou me transformar em uma barra de chocolate.”

Ela apostava que ele seria bem saboroso. Holly quase lambeu seus lábios com a ideia de mordê-lo. Bem, não literalmente, mas em uma forma mais íntima. Ela precisava tirar esses pensamentos da cabeça. Ele não era para o bico dela. Nicholas odiava a Baía Kismet e ela jamais iria embora dali. Era a vida dela. “Que pena. A Travessa do Feliz Acaso tem o melhor chocolate quente da cidade.”

“Você tem tanta certeza assim?” Seus lábios se inclinaram para cima, em um sorriso sensual. “Você precisa ficar aqui ou pode dar uma volta comigo? Onde está o dono?” Ele deu uma olhada pela loja. “Peça por um intervalo ou permissão para sair mais cedo.”

Ela queria dizer sim, mas não queria deixar Ivy sozinha. E também estava irritada de ele não achar que ela poderia ser dona da loja. Ela só tinha 23 anos, mas isso não significava que ela não poderia ser uma proprietária séria. Ele devia ter quatro ou cinco anos a mais que ela. Ele parecia ter mais ou menos a idade de Gabriel.

“Receio que não.” Holly abanou a cabeça. “Ela é bem durona.”

“Que pena, nós poderíamos ter nos divertido.” Seu sorriso morreu em uma linha plana. “Se você me mostrar quem ela é, eu posso usar meu charme para que ela deixe você sair.”

“Isso não vai ser possível”, ela falou para ele. “Se fosse, eu já teria dito que sim.”

“Como assim?” Ele a olhou, confuso, e balançou a cabeça. “Entendi. Você é dona da loja.”

Ela assentiu. “Eu e minha irmã.” Ela apontou para o outro lado da loja. Ivy finalmente tinha voltado e não parecia muito feliz. “Ivy.”

“Talvez mais tarde então.” Ele encarou Ivy e ela ficou incomodada que o interesse dele se virou para ela. Esse homem era tão inconstante? Bem, ela não precisava dele mesmo… Ela o deixou sozinho e retomou o trabalho atrás do balcão. Holly tinha coisas melhores a fazer do que devanear com um homem que ela não poderia ter.




CAPÍTULO QUATRO


Nicholas tinha pisado na bola com Holly. Ele queria passar um tempo com ela e decidiu esperar o fechamento da Travessa do Feliz Acaso. O horário de funcionamento estava exibido na vitrine e elas não manteriam a loja aberta depois das cinco da tarde. Isso dava a ele algumas horas pra matar e ele usou o tempo de forma inteligente. Ele entrou na floricultura local e perguntou se conheciam Holly – e obviamente conheciam. Gabriel tinha razão. A cidade era cheia de Stranges. Como pertenciam à família de Holly, foi fácil descobrir suas flores preferidas e pedir uma dúzia delas. Então ele entrou na Sabores da Uva para comprar uma garrafa de vinho. Ele teve sorte lá também e conseguiu comprar alguns dos vinhos favoritos dela. Ele foi para a Poção da Bruxa e fez um negócio com Tristan Scott – dono da cafeteria, em conjunto com a prima de Holly, Esmeralda. A Poção da Bruxa fechava uma hora antes da Travessa do Feliz Acaso e ele pôde pagar pelo uso da cafeteria. Nicholas arrumou tudo para surpreendê-la. Tudo o que ele precisava era que alguém armasse sua entrada na cafeteria. Isso partiu de uma fonte surpreendente.

“Vou entrar na Travessa e falar que Esmeralda precisa da ajuda dela aqui.” Ele piscou para Nicholas. “Quando se trata das mulheres Strange, você precisa de toda ajuda que conseguir. A Esme já foi embora. Ela também tem um encontro quente mais tarde.”

“Isso incomoda você?” Nicholas perguntou.

“Não”, ele disse, balançando a cabeça. “Somos amigos, nada mais. Uma outra Strange é dona do meu coração. Ela voltará um dia. Elas sempre voltam.”

Nicholas franziu o cenho. “O que faz você ter tanta certeza?”

“Essa cidade chama por elas. Elas fazem dessa cidade o que ela é. Não consigo explicar direito.” Ele parou por um momento e continuou: “É quase como mágica. Tudo pode acontecer, às vezes quando você menos espera. Não consigo dizer quantas vezes o bichinho do amor picou as pessoas aqui. É quase como se essa cidade reunisse casais.” Ele balançou a cabeça. “Talvez isso seja ilusão minha. Eu preciso acreditar nisso ou terei perdido a minha amada para sempre.

“E quem é ela?” Ele não achava que fosse Holly pois, se fosse, Tristan nunca o teria ajudado. Nicholas já havia conhecido diversas Strange nas últimas horas. Nenhuma delas poderia ser o amor de Tristan. Todas eram donas de negócios na cidade. A forma que Tristan falava dessa moça deixava a entender que ela foi embora da cidade, sem nunca olhar para trás.

“A irmã gêmea de Holly – Sage.”

Algo o incomodou nessa revelação. Ele iria atrás de Holly se não conseguisse ficar com Sage? Se elas eram gêmeas…“Para onde ela foi?”

“Ela está na cidade grande administrando uma empresa de planejamento de eventos. Ela está construindo sua reputação. Sage é a única Strange que não teve vontade de deixar sua marca na Baía Kismet. A única coisa que tem em comum com as outras é a cor de seu cabelo. De outra forma, ela parece não pertencer.”

“Ela e Holly não são parecidas?”

Tristan fez que não com a cabeça. “Não, elas não são idênticas.”

Por algum motivo isso deixou Nicholas aliviado. Ele queria Holly para si e não gostava da ideia de ela ser parecida com alguém. Ela era…ele franziu o cenho quando seus pensamentos se tornaram possessivos. Naquele momento só uma palavra vinha à mente a respeito de Holly. Minha.

“Obrigado por me ajudar. Eu agradeço.”

“Não foi nada.” Tristan fechou o balcão e guardou tudo. Ele entregou um molho de chaves para Nicholas. “Certifique-se de que trancou tudo quando terminar. Entregue as chaves para Holly e eu as busco na Travessa do Feliz Acaso. Esmeralda abrirá amanhã então não vou precisar delas logo.

Nicholas nunca havia encontrado pessoas que confiavam tão facilmente. Talvez essa vida de cidade pequena tivesse algo…Tristan mal o conhecia e entregou a ele as chaves de sua empresa. Por que ele faria isso com um estranho? “Você pode confiar em mim.”

“Eu sei”, ele falou enigmaticamente. “Caso contrário eu teria te colocado pra fora quando pediu minha ajuda. Como eu disse…Kismet é mágica. Você vai ver.”

Com essas palavras, Tristan saiu da Poção da Bruxa e deixou Nicholas sozinho esperando por Holly. Ele torcia para que ela gostasse da surpresa e o desculpasse pela mancada anterior. Nicholas raramente agia por impulso, mas Holly fazia ele querer coisas, querer ela....




CAPÍTULO CINCO


Tristan disse para ela ir para a Poção da Bruxa. Para que Esmeralda precisava dela? Holly odiava estar mal-humorada, e tudo o que ela queria era ir para casa e se aninhar em seu sofá. O tour do chocolate quente havia sido um sucesso. Mais tarde naquela semana descobririam qual empresa ganhou mais votos em seu chocolate quente. Talvez Esmeralda quisesse acompanhá-la na janta. Holly não deveria ter afastado Nicholas. Se ela tivesse sido mais amigável talvez ele a teria convidado para jantar. Ela não poderia sair da Travessa do Feliz Acaso quando ele queria, mas ela estava livre o resto do dia.

Holly suspirou e empurrou a porta da Poção da Bruxa. Luzinhas brancas decoravam a loja inteira. Tristan e a Esmeralda tinham finalmente decidido colocar decorações de Natal? Holly estava pegando no pé deles há mais de uma semana para deixaram o lugar mais festivo. As luzes da loja estavam apagadas e a única iluminação vinha das luzinhas. “Esme?”, ela chamou. Não teve resposta. Holly entrou mais na cafeteria e deu um gritinho quando uma sombra grande parou na sua frente.

“Não queria assustá-la.” Nicholas chegou mais perto. “Eu queria que fosse uma surpresa boa.”

Será que Tristan e sua prima teriam armado um encontro para ela? Como sabiam que ela estava interessada em Nicholas? Isso não importava, mas ela perguntaria para os dois da próxima vez que se encontrassem. Ela estava desejando passar a noite com Nicholas e agora ela poderia. A questão era o quanto ela queria que ele soubesse desse desejo? “Está tudo bem. Eu estava esperando encontrar minha prima aqui e foi um pequeno choque que você não é a Esmeralda.”

“Me perdoe.” Ele falou. “Mas eu precisava vê-la novamente e na hora isso pareceu uma boa ideia.”

Holly olhou com cuidado o que ele havia feito. Suas flores preferidas – lírios rosa e branco em um vaso no centro de uma das mesas. Um vinho Riesling branco perto delas, com duas taças vazias. Havia duas tampas cobrindo dois pratos, provavelmente para manter a comida aquecida. Se ele havia escolhido todas suas coisas preferidas, quais eram as chances de ele ter escolhido sua comida preferida também? Holly virou sua atenção para ele. Nicholas tinha trocado sua camisa manchada e colocado uma camisa azul, um tom mais claro que os olhos dele. Sua gravata combinava com eles perfeitamente. Seu terno escuro o deixava tão elegante que ela tinha vontade de se jogar em seus braços.

“Então?”, ele levantou uma sobrancelha. “Você aprova tudo?”

Ela inclinou seus lábios para cima, em um sorriso sensual. “Por enquanto, sim.” Holly removeu seu casaco de inverno e o colocou em um gancho próximo, então voltou sua atenção novamente para ele. “Me conte o que você preparou para a janta e eu decido se está perfeito.”

“Frango marsala com macarrão integral.” Sua boca encheu de água imediatamente. Ele havia descoberto sua refeição preferida. Nicholas estava se revelando o homem perfeito e isso a assustava um pouquinho.

“Como você…?”

“Organizei isso?”, ele terminou a frase dela. “Sua família foi bem útil. Talvez você devesse conversar com eles sobre o perigo de compartilhar coisas com pessoas que eles não conhecem muito bem.”

Havia somente um motivo para todos o terem ajudado. A Baía Kismet estava fazendo sua mágica. Nicholas tinha sido grosseiro e irritável da primeira vez que se esbarraram. O nome da cidade não significava “Destino” à toa. Seus fundadores, os ancestrais dela, acreditavam em destino. Eles foram salvos quando seu navio chegou ileso à baía. Desde então, aquela região parecia mágica, e uma das coisas que trazia às pessoas era o amor. O destino podia trazer outras coisas além de uma alma gêmea, mas você não deve ignorar quando seu amor verdadeiro cruza seu caminho. Esse era um dos motivos para Ivy se sentir tão melancólica o tempo todo. Gabriel tinha sido isso para ela. Sem ele, ela não tinha um pedaço dela. O Nicholas seria a outra metade de Holly? Sua família parecia acreditar nisso e Holly também começava a crer. Ela sentiu um magnetismo por ele e não poderia ignorá-lo. Ele também deveria sentir um pouquinho, já que estava tentando conquistá-la tão avidamente.

“Os Stranges sempre confiam em sua intuição. Eles não o teriam ajudado se não acreditassem que era certo.” Ela não queria assustá-lo falando em destino e magia. Mas Holly queria fazer algo antes de tomar qualquer decisão. Ela diminuiu a distância entre os dois e envolveu o pescoço dele em seus braços. “Me beija”, ela comandou.

Nicholas não precisou que ela repetisse. Ele se inclinou e tocou seus lábios nos dela. A magia sobre a qual estava pensando os envolveu e acendeu uma faísca que fez os dois intensificarem o beijo. A língua dele se enroscou na dela e ela sentiu uma infusão do gosto dele — canela e chocolate. Os dois ingredientes principais de seu chocolate quente…Holly gemeu com o aumento de seu desejo e ela queria deixar os dois nus para ver se eram compatíveis de todas as formas. No entanto, ela se segurou. Era cedo demais para ficar tão íntima dele. Holly deu um passo para trás antes de seguir um caminho que ela poderia se arrepender.

“Isso…”

“Eu sei”, ela falou para ele.

Ele chacoalhou a cabeça. “Eu quero mais com você.”

Holly sorriu para ele e amoleceu um pouco. Nicholas poderia vir a ser mais importante para ela do que sua própria felicidade. Ele poderia ser sua felicidade. Ela manteve sua irmã Ivy em mente e seguiu cuidadosamente. “Eu gostaria de ter tempo para descobrir o que é isso. Como poderemos fazer isso se você mora na cidade grande?”

“Eu não sei”, ele respondeu francamente. “Mas eu quero tentar se você estiver disposta.”

Holly assentiu. “Eu quero.”

Nicholas a puxou de volta para seus braços e a segurou firmemente. “Eu nunca esperei encontrá-la quando vim para essa cidade com Gabriel, mas estou feliz que aconteceu. Mais tarde vou contar para ele que não quero ir com ele. Eu vou ficar na Baía Kismet no feriado. O resto…nós resolvemos no caminho.”

Holly também o abraçou e fechou os olhos. Ela conseguiu seu maior desejo e não queria desperdiçá-lo. Histórias precisavam começar em algum ponto e esse era seu Era uma vez no Natal com Nicholas…



Revelação de Ano Novo




CAPÍTULO UM


O vento frio soprou, deslizando para dentro da jaqueta de couro de Nash King como se ela nem existisse. Ele esfregou as mãos tentando espalhar algum calor pelos membros quase congelados. Seu destino não estava tão longe. Mais alguns passos e estaria na Adega de Sabores da Uva e poderia passar uns momentos preciosos com o amor de sua vida — Leilia Strange.

Eles eram melhores amigos desde a escola primária. Nash sempre a amou, mas infelizmente ela sempre o viu como amigo e nada mais. Alguns dias isso o incomodava mais do que ele queria admitir. Em outros, ele só era grato de poder pertencer à vida dela. Hoje ele esperava ser corajoso o suficiente para finalmente admitir para ela que a amava.

Ele empurrou a porta da adega e entrou. Nash amava o que Leilia e sua irmã, Caprecia, tinham feito com a adega. Cada vinho estava separado por tipo e colocado em estantes espalhadas pela loja. Elas tinham até uma seção cheia de diferentes tipos de queijo, biscoitos e pães. Era confortável e convidativo. Em conjunto com a outra irmã, Ophelia, eram donas de um vinhedo nos arredores da cidade. Cada uma desempenhava um papel no vinhedo, mas Ophelia não se envolvia com a adega. Ela preferia trabalhar com a prima Amadea na Flores do Destino. A família Strange era responsável por muitos dos negócios e atividades da cidade. Seus ancestrais fundaram a cidade há mais de 200 anos.

Nash adentrou mais fundo na adega em direção ao balcão de trás onde esperava encontrar Leilia. Ele não tinha uma boa desculpa para visitá-la, porém como vinha à adega com frequência, nem Caprecia nem Leilia estranhariam sua presença. Quando ele chegou ao canto ele a viu. Seus cabelos preto-azulados se espalhavam sobre seus ombros em magníficas ondas. De onde ele estava, não conseguia ver seus olhos, apesar de não precisar. O azul cobalto estava gravado em sua memória. Tudo sobre Leilia estava lá, na sua mente. Ele não poderia esquecê-la nem se tentasse, e certamente não queria esquecer. Ele deveria diminuir a distância entre os dois e falar com ela. Nash estava prestes a fazer isso quando Caprecia surgiu da sala dos fundos e deu uma leve batida de ombros em Leilia.

“O que você ainda está fazendo aqui?” Caprecia perguntou. “Vá pra casa se arrumar para seu encontro.”

Nash congelou no lugar. Que encontro? Leilia não havia mencionado para ele que teria planos de Ano Novo. Ele achava que contavam tudo um para o outro… Havia um jeito bem simples de descobrir. Tudo o que ele precisava fazer era caminhar até ela e puxar uma conversa. O resto sairia facilmente. Mas ele não conseguia fazer seus pés se mexerem e a dor que se espalhava pelo seu coração estava quase insuportável.

“Ainda tenho bastante tempo”, Leilia respondeu casualmente. Ela manteve sua atenção no que ela estava encarando quando Nash veio em sua direção. “Eu preciso terminar o inventário antes de ir embora. Vendemos todo o moscatel e o espumante rosé.” Ela deu uma olhada no relógio de punho e suspirou. “Esse é um dos dias mais movimentados do ano para nós. O que eu estava pensando quando concordei sair com Percival?”

“Porque você ainda está em busca de seu par Percifeito?” Caprecia deu uma piscadela. “Pegou meu trocadilho?”

Leilia olhou pra cima e a encarou. “Rá. Rá. Peguei sim.” Ela não parecia muito feliz com o que Caprecia estava sugerindo, mas isso não importava para Nash. Ele queria ser o único amor de Leilia. “Pode parar aí. A próxima coisa que vai dizer é que eu quero meu próprio príncipe num cavalo branco” Leilia revirou os olhos. “Eu também escuto a fofoca. Os três cavaleiros, como aquele trio é chamado. O que estava passando na cabeça das mães deles?”

“Eu não sei”, Caprecia falou com um dar de ombros. “Talvez elas esperavam que eles seriam tão nobres quanto os Cavaleiros da Távola Redonda de verdade. Apesar de que estão faltando Lancelote e Galaaz — elas não devem ter achado mais duas outras otárias para pegar os nomes deles.” Ela parou e tamborilou os dedos no queixo. “Tristan ainda tem sentimentos por Sage. Então sobram Percival e Gawain… Se você conseguir atraí-lo para longe das tentações de Hollywood — o que me faz pensar que realmente só sobra o Percival. Você vai arrebatar Percival para você?” Ela levantou as sobrancelhas. “Que chance você acha que tem? Ele é um gato.”

Nash não aguentava mais ouvir a conversa delas. Distraidamente, enfiou as mãos nos bolsos. Os três homens sobre quem discutiam, o importunavam durante o ensino médio. Fazia só quatro anos desde que se formaram e aquelas lembranças eram difíceis de esquecer. Agora tinham um relacionamento melhor, mas Nash não esquecia como o tinham tratado.

Ele se virou para ir embora, mas a ação veio tarde demais. “Nash”, Leilia chamou. O tom da sua voz tinha um fundo de alegria que era música para os ouvidos dele. “Vem aqui. Tenho um vinho novo para você provar.”

Nash tirou as mãos do bolso e foi até ela. Ele nunca poderia negar algo a Leilia. “Ah é?” Ele se inclinou no balcão. “Vou me arrepender de ter bebido ele?”

“Claro que não.” Ela deu um tapinha no ombro dele. “Alguma vez já guiei você para algo errado?”

“Até agora não, mas ainda somos jovens.” Ele elevou os lábios em um sorriso resplandecente. Não era completamente falso. Nash estava feliz em vê-la, mas ele odiou a conversa que ouviu por acaso. As pessoas diziam que bisbilhoteiros raramente escutavam algo que os agradasse.

“Sempre fazendo piadas.” Ela buscou algo debaixo do balcão e entregou uma garrafa escura a ele. “Esse é um novo Merlot que estamos cultivando na vinícola. Me conte o que achou dele. Provavelmente vamos apresentá-lo ao público depois do Ano Novo.”

“Será um ano de revelações, não é?” Ele não pretendia falar isso em voz alta.

“Como assim?” Leilia perguntou.

Nash esperava que seria repleto de amor para ele e Leilia, mas ele achava que a Baía Kismet não acreditava que pertenciam um ao outro. Todos da cidade sabiam o quanto o destino desempenhava um papel em unir casais. “Não é nada.” Ele levantou a garrafa. “Obrigado por isso. Me ligue mais tarde e talvez bebamos juntos.”

Ela sorriu. “Está bem. Vou me lembrar disso. Você tem planos para hoje a noite?”

Essa deveria ter sido a deixa dele para falar algo sobre passar a noite com ela. Uma pena que isso não aconteceria. “Nada de mais. Vou ficar em casa.”

“Assistir a bola de Ano Novo descer na televisão?” Ela perguntou e inclinou a cabeça para o lado.

“Talvez. Não tenho certeza se vou ficar acordado até tão tarde.” Ele deu uma olhada para Caprecia que fez o que podia para fingir não estar lá. Talvez ela estivesse tentando dar privacidade para os dois. Nash não tinha certeza. “Preciso ir.” Ele não falou mais nada, só saiu o mais rápido que conseguiu. Seu coração batia forte no seu peito a cada passo que dava.




CAPÍTULO DOIS


Nash tinha praticamente corrido para fora da adega. Leilia deveria ir atrás dele… Ele estava agindo de forma estranha. Algo deveria estar incomodando ele, mas ele decidiu não contar para ela. Ela não fazia ideia do que poderia ser. Se ela, pelo menos, não tivesse prometido a Percival Wright que passaria o Réveillon com ele. Ela ainda não sabia quais células cerebrais ela perdeu para ter concordado com isso. Não tinha nada de errado com Percival, mas ela não o via como alguém para ter um relacionamento longo.

“Vou para casa”, ela disse a Caprecia. “Te vejo amanhã na vinícola.” A adega fechava em 1º de janeiro, mas, mesmo assim, era dia útil para elas. A Vinícola da Prosperidade era um lar longe do lar. Ficava a mais ou menos 50 km da cidade e tinha uma pequena casa de fazenda. Ela a dividia com as irmãs e todas tinham um quarto lá para quando passavam a noite, mas por causa da loja na cidade, isso não acontecia com frequência.

Leilia caminhou até o carro e entrou. Ela o ligou e deixou ele esquentando por alguns minutos, então engatou a marcha e foi para seu apartamento. Quando chegou lá, tomou um banho rápido e se preparou para o encontro. Ela torceu para não se arrepender de ter ido. Percival a levaria para uma festa que aconteceria na Poção da Bruxa. Sua prima Esmeralda era uma das donas da cafeteria. Tinham encomendado algumas caixas de espumante rosé da Sabores da Uva para esse evento. As usariam para recepcionar o novo ano.

Ela secou o cabelo com secador e o escovou até ficar brilhoso. Então colocou uma saia azul longa com uma fenda que quase chegava no quadril e uma blusa preta com mangas longas e rendadas. Depois disso, colocou sandálias de salto alto. Leilia gostava de se arrumar quando podia. Uma pena que não tinha tantas oportunidades de usar coisas bonitas.

Uma batida na sua porta a trouxe de volta para a realidade. Ela abriu a porta. Percival estava do outro lado, muito elegante em seu terno escuro e gravata verde, combinando com seus olhos. Ele deu a ela uma rosa solitária. “Não tinha certeza do que você gostava. Espero que essa agrade.”

Leilia pegou a rosa e a cheirou. Ela amava todas as flores, mas rosas não eram suas preferidas. No entanto, ele não tinha como saber disso. “Obrigada”, ela falou. “É linda.”

“Você também é”, ele respondeu, galanteador. Ela não deveria tomar isso contra ele, mas por algum motivo isso a desagradou. “Você está pronta?”

“Sim”, ela disse e deixou a flor no balcão. Leilia provavelmente deveria tê-la colocado na água, mas não se importava o suficiente para se incomodar com isso. Por que ela estava fazendo isso? Qual era o objetivo disso tudo? Percival não era o cara para ela e mesmo assim, ela estava disposta a sair com ele. Ela suspirou e se resignou a passar a noite na companhia dele. Ela tinha aceitado e era tarde demais para desistir. Depois de pegar seu casaco e vesti-lo, ela o acompanhou para fora da porta.

Não demorou muito para chegarem à Poção da Bruxa. Quando entrou, pendurou seu casaco em um gancho e admirou as decorações. Esmeralda e Tristan tinham se superado. Havia pequenas luzes penduradas ao redor da cafeteria e balões por todos os cantos.

“Você chegou”, Esmeralda quase gritou quando abraçou Leilia. “Quer que eu busque algo para você?”

“Não”, Leilia disse a ela. “Estou bem.”

Esmeralda se virou para Percival. “Tristan estava procurando por você. Acho que ele está atrás do balcão. Vá dizer oi.”

“Eu vou daqui a pouco.” Percival olhou na direção onde Tristan deveria estar. “

“Faça como quiser”, Esmeralda falou para ele. “Preciso dar uma circulada.” Ela se virou para Leilia e disse: “Se você for embora, lembre-se de se despedir.”

Depois disso, Esmeralda foi falar com a próxima pessoa ao seu alcance. Assim era sua prima. Sempre a alma da festa…

“Você quer uma bebida?” Leilia quase revirou os olhos. Ele não escutou que Esmeralda recém perguntou isso a ela?

“Não.” Ela não o puniu por sua falta de atenção. Isso não faria nada bem. Ela não fazia ideia do que falar. “Eu pego uma mais tarde.”

“Se você não se importar, eu vou pegar para mim.” Ele a deixou sozinha e foi para uma mesa próxima. Tristan estava lá conversando com alguém. Quando Percival se aproximou, ele se virou e seu sorriso se alargou. Eles se cumprimentaram como se não se vissem há dias. Leilia não sabia há quanto tempo não se viam, mas por algum motivo ela tinha ficado irritada.

Não fazia mais de 15 minutos que estavam na Poção da Bruxa e Percival já a tinha abandonado para ficar com um de seus melhores amigos — não que ela o culpasse, afinal teria feito o mesmo se Nash estivesse lá. Porém, Percival deveria agir como um cavalheiro. Pelo menos ela não esperava que ele ficasse servindo a ela.

Lá se foi a ideia de ele ser o cavaleiro na armadura brilhante dela… Que bom que ela não esperava que ele fosse. Parecia que Percival não retornaria tão cedo. Ela poderia encontrar um amigo para conversar, mas por algum motivo isso a incomodava ainda mais. Além do que, só tinha uma pessoa com quem queria falar e ele não estava lá. Talvez ela devesse cancelar o encontro antes de se decepcionar. Quem ela queria enganar? Ela já estava decepcionada antes mesmo de começar…

Leilia pegou seu casaco e saiu da cafeteria. Ela se divertiria mais em casa com um balde de pipoca e uma taça de vinho. Talvez ela até chamaria Nash para ver se ele gostaria de fazer companhia a ela. Isso soava muito melhor quanto mais ela pensava nisso.

Ela olhou para Percival e pensou se deveria avisá-lo que iria embora, mas desistiu da ideia. Em vez disso, ela tirou o telefone do bolso e mandou uma breve mensagem com um pedido de desculpas e avisando que teve que ir. Leilia colocou o telefone de volta no bolso do casaco e em vez de ir para casa, caminhou em direção ao apartamento de Nash. Ela precisava ver seu melhor amigo.




CAPÍTULO TRÊS


Nash entrou em seu apartamento e colocou o vinho que ganhou de Leilia em cima do balcão. Ele despiu o casaco e o jogou em cima de uma cadeira, ou, pelo menos, tentou… Por algum motivo ele errou o alvo e o casaco caiu no chão. Ele o encarou por alguns segundos debatendo se deveria se importar o suficiente para pegá-lo e pendurá-lo no armário. Com um suspiro ele recolheu o casaco e o colocou onde deveria ter colocado desde o princípio. Não era culpa da vestimenta que seus planos de dividir com Leilia seus sentimentos tinha ido errado. Ele encarou a garrafa de vinho que ganhou dela e considerou bebê-la sozinho, mas não, ele precisava de algo mais forte do que Merlot para afogar suas mágoas.

Ele foi até um armário próximo e puxou uma garrafa de uísque, pegou um copo de vidro e serviu uma dose considerável. Nash trouxe o copo à boca e engoliu o conteúdo. Ele chacoalhou a cabeça para ajudar com a queimação que sentia na garganta e serviu mais. Depois de três copos a sala começou a girar e seu cérebro estava um pouco anestesiado quanto o que o estava incomodando. Nash colocou o copo no balcão, agarrou a garrafa de uísque e cambaleou até o sofá. Ele não via o sentido em se preocupar com sutilezas. Ele poderia beber direto da garrafa.

Nash caiu no sofá, abraçado à garrafa de uísque. Ele pegou o controle e ligou a televisão. Duas pessoas apareceram na tela — um homem e uma mulher. Nash rosnou quando um deles começou a falar. “Olá, sou Gawain Daly e minha adorável co-apresentadora é Jocelyn Stacy.”

“Babaca,” Nash resmungou para si. Gawain tirou uma mecha do cabelo da testa e se virou para Jocelyn. “Está bem frio aqui em Nova Iorque. Olhe para a multidão! Muita gente veio para se juntar a nós e recepcionar o Ano Novo.” Ele deu o seu famoso sorriso para a câmera e perguntou para sua co-apresentadora: “Você já fez suas resoluções?”

“Você que precisa fazer resoluções, Gawain”, Nash rosnou as palavras. Ele teve que segurar o ímpeto de jogar o uísque contra a televisão. Em vez disso, ele tomou um belo gole. Ele achava que tinha superado os tempos de ensino médio, mas aparentemente alguns rancores nunca sumiam.

“Não tem nada em mim que eu gostaria de mudar”, Jocelyn respondeu. “E você?”

“Não tem como arrumar o que é perfeito.” Gawain deu uma piscadela. “E o beijo à meia-noite? Você tem alguém especial em mente?”

Ele não mexeu as sobrancelhas mas suas palavras tinham uma insinuação que equivalia a esse ato. Nash bufou. Gawain claramente queria que Jocelyn o beijasse. Ele esperava que a bela celebridade o rejeitasse. Nash bebeu mais uísque. Metade da garrafa já tinha se ido. Do jeito que estava indo, ele terminaria a garrafa inteira e desmaiaria antes da meia-noite.

“Talvez tenha algumas possibilidades”, Jocelyn falou, audaciosamente. A loira lambeu os lábios de forma sugestiva, deixando pouca chance para interpretações errôneas.

“Aquele babaca sempre foi sortudo.” Por que ele não desligava a televisão? A última coisa que precisava era assistir Gawain se dar bem com a atriz com quem atuou em seu último filme. Ele era o líder do trio de cavaleiros. Percival e Tristan eram mais legais quando ele não estava por perto. Nash ficou feliz quando ele foi embora para perseguir fama e fortuna na Califórnia. Não demorou muito para ele atingir esse objetivo. O destino sempre brilhou para ele.

A câmera focou na bola brilhosa que desceria, recebendo o Ano Novo. A voz de Gawain ainda saía dos alto-falantes da televisão. “Como você pode ver, a bola está pronta para descer. O que precisamos é que chegue a meia-noite e poderemos brindar o mais feliz dos anos novos. Por enquanto, vamos ver como estão as estações irmãs de Los Angeles e Corbin Vale.

Nash não prestou mais atenção depois disso. Ele achou que tinha bebido uísque suficiente para esquecer que Leilia passaria a noite com Percival, mas sua mente voltava para ela. Será que ela beijaria Percival à meia-noite, como Gawain pretendia beijar Jocelyn? Isso fez seu estômago revirar e começou a se arrepender de ter bebido tanto. Mas que seja… Ele já tinha ido longe demais, então por que não continuar bebendo? O que ele tinha a perder?

Ele engoliu mais uísque. Há alguns goles a garganta já não queimava mais. Uma batida na porta ecoou pela sala. Ele achou que tinha sido imaginação, até que aconteceu de novo. Nash se sentou e encarou a porta com olhos cerrados. Não tinha como ele chegar até a porta sem cair de cara no chão. “Está aberta”, ele berrou. Não passou pela sua cabeça se perguntar quem tinha vindo vê-lo. Até a porta se abrir e Leilia entrar. O que diabos ela estava fazendo ali? O que tinha acontecido com Percival? Se ele a tivesse machucado… Bem, quando Nash estivesse sóbrio ele o faria pagar pelo que tivesse feito. Ninguém poderia machucar o amor de sua vida.




CAPÍTULO QUATRO


Leilia encarou Nash como se fosse a primeira vez que o via. Esse não era seu melhor amigo. Nash parecia estar… “Você está bêbado?” Ela fechou a porta atrás de si e tirou o casaco. Se ele estivesse bebendo muito, precisaria de alguém para cuidar dele.

“Talvez eu tenha tomado uns golinhos de uísque.” Ele levantou a garrafa, mais da metade vazia.

“Por favor me diga que essa garrafa não era nova.” O que o tinha feito beber tanto? Era o ano novo mas mesmo assim… Nash não bebia muito. “Me dá isso.” Ela pegou a garrafa das mãos dele e a colocou em um balcão, fora do seu alcance. “O que você tem? Você agiu estranho o dia inteiro.”

“Um homem não pode beber em paz de vez em quando?” Ele gesticulou para a televisão. “Olhe, é um dos seus cavaleiros. Você não quer ver se ele está pronto para ser arrebatado dos teatros de Hollywood?”

Leilia olhou para a televisão. Gawain Daly realmente estava na televisão, se exibindo para a audiência. Ele sempre foi assim. O homem prosperava quando recebia atenção e absorvia os holofotes. Gawain era atraente. Realmente tinha jeito de celebridade e usou seu rosto deslumbrante e corpo sarado para alcançar o sucesso. O único motivo de saber algo sobre Gawain era por causa de seu vínculo com Tristan. Em tempos longínquos, Tristan e sua prima Sage eram inseparáveis. Ela nunca entendeu o que os tinha feito se afastar, mas não era da conta dela mesmo. Sage desapareceu na mesma época em que Gawain partiu para Hollywood. Às vezes ela se perguntava se a debandada dos dois estava relacionada. “Não estou interessada em Gawain ou qualquer um dos pretensos cavaleiros. Eu nunca quis me meter no meio desse trio.” Isso soou bem mais safado do que ela pretendia…

“Então o que você quer?” As palavras saíam arrastadas quando ele falava. “Porque eu achava que conhecia você, mas claramente não conheço.”

Leilia suspirou. “Você se importa se eu fizer café?” Acho que faria bem pra você. Acho que pra mim também.” Ela precisaria de muitas xícaras para lidar com o que estava aborrecendo ele.

“Faça como quiser”, ele respondeu. “Mas eu não quero. Traga de volta meu uísque. É tudo do que eu preciso agora.”

Leilia foi até o balcão e colocou uma xícara na máquina de café individual. Ela inseriu a cápsula de café e verificou que tinha água, então apertou o botão para iniciar o preparo. Ela percebeu a garrafa de vinho que tinha dado para ele mais cedo. Pelo menos ele não a tinha gasto na sua farra bêbada. Esse vinho deveria ser saboreado e apreciado, não usado para encher a cara. Quando o café estava pronto, ela o levou até ele — puro, como ele gostava. “Aqui está”, ela o entregou para ele. “Quente, escuro e forte pra caramba. Mas não tão forte quanto a mais de metade de garrafa de uísque que você absorveu.”

Ele cheirou o café e o devolveu. “Eu falei que queria o meu uísque. A única maneira de eu beber isso é se você adicionar uma boa dose de álcool.”

Ela suspirou, pegou a caneca e a colocou na mesa em frente ao sofá, então sentou-se ao lado dele. “Eu não vou servir mais uísque a você. Por que em vez disso não conversamos sobre o que o está incomodando?

A voz de Gawain ecoou pela sala e Nash quase rosnou para a televisão. Leilia pegou o controle e desligou a tevê. Ela não precisava que continuasse a provocá-lo. Ela estava familiarizada com a aversão dele a Gawain, Tristan e Percival. Aqueles três eram populares no ensino médio e Nash era do grupo dos nerds. Com os anos ele desabrochou e se tornou um homem deslumbrante. Ela preferia seu cabelo loiro dourado e seus olhos azuis-claros que refletiam sua inteligência. Nash era um gênio. Ele desenvolveu um software que o tornou um homem muito rico. Ele poderia comprar mansões mas preferia seu pequeno apartamento de um quarto, acima da loja da prima dela, a Travessa do Feliz Acaso.

“O que te faz feliz?”, ele perguntou. “Você quer mais do que a vinícola e a adega?”

Ela levantou a mão e colocou um longo cacho dourado de cabelo dele atrás da orelha. Ele tinha deixado crescer no último ano e estava quase comprido o suficiente para fazer um pequeno rabo de cavalo. Leilia gostava do cabelo dele comprido. “Alguém realmente sabe o que quer? E claro que estou feliz. Eu amo a vinícola e a adega.”

“Mas você não quer…Sei lá…Mais?”

“Você quer dizer tipo amor e uma família? Talvez uma casa com cercas e um quintal com um cachorro?” Ela deu de ombros. “Um dia vou querer. Com a pessoa certa.”

Ele ficou quieto por alguns segundos. “Claro. A pessoa certa”, ele finalmente resmungou baixinho. Nash esfregou os olhos. “Acho que preciso dormir pra passar.”

Leilia não discordou dessa afirmação. Ela estava supresa que ele conseguia manter os olhos abertos e que não tinha vomitado, considerando o tanto de uísque que ele tinha bebido. “É uma boa ideia. Deixa eu te ajudar a ir para o quarto.

“Eu consigo fazer isso.” Ele ficou em pé, cambaleou um pouco e caiu. “Está bem, talvez eu precise de um pouco de ajuda.”

Ela riu e se levantou, então estendeu a mão e o ajudou. “Vamos lá, cara.” Nash conseguiu ficar de pé com a ajuda dela. Ele envolveu seus braços nela e manquejaram até a cama. Que, felizmente, não estava muito longe. Ele mais caiu do que sentou na cama. “Vamos tirar essa camisa.”

“Você está tentando me deixar pelado para se aproveitar de mim?”

“Eu nunca…” Ela sentiu as bochechas corarem. Nash realmente tinha um peito musculoso que ela secretamente admirava, mas ele não precisava saber disso.

“Está tudo bem se você quiser. Eu não me importo”, ele falou para ela. Ela desabotoou a camisa dele e a tirou. “Seria uma boa mudança, na verdade.” Seus olhos fecharam e ele caiu de costas na cama.

Leilia suspirou e jogou as pernas dele para cima da cama para que ele ficasse mais confortável e o cobriu com o cobertor. Ela começou a ir embora mas ele a chamou antes que ela estivesse longe. “Não vá”, ele implorou. “Fique comigo.”

Ela o encarou e os olhos dele mostravam algo que ela não reconhecia. Não era comum ele suplicar para ela. Tinha um pouco de tristeza nos seus olhos e ela não gostava de ver isso. “Está bem”, ela concordou. “Pelo menos até você dormir.”

“Eu aceito o que eu conseguir”, ele resmungou.

Leilia deitou na cama com ele e encostou a cabeça no seu ombro. Tinha algo nessa ação que parecia…certo. Não era a primeira vez que ela fazia algo assim, mas isso parecia, de alguma forma, mais íntimo. Ele a envolveu nos braços e a puxou para mais perto. “Te amo”, ele disse baixinho. Então tocou os lábios nos dela gentilmente e repetiu: “Sempre te amei.”

Seu coração deu uma paradinha. Certamente ele não queria dizer isso de forma romântica. Ou queria? Porque se fosse isso, talvez o destino tenha intervindo e a juntou com o homem que ela amava. Já não era sem tempo…





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Uma antologia de contos que se passa na cidade da Baía de Kismet.

Bem vindos à cidade da Baía de Kismet, onde mágica e destino são um modo de vida…Acompanhe os integrantes da família Strange em suas jornada para o amor e seus eventuais felizes para sempre. Era uma vez no Natal; Revelação de Ano Novo; Totalmente Dia dos Namorados; Sorte à primeira vista; Dias intermináveis de verão; Encanto da bruxa; Completamente sem gratidão; Natal para sempre.

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    Аудиокнига - «A Baía Kismet»
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