Книга - Para Sempre Natal

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Para Sempre Natal
Sophie Love


"A capacidade de Sophie Love encantar seus leitores é delicadamente trabalhada em poderosas e inspiradoras frases e descrições... Este é o romance perfeito para ler na praia, com uma diferença: seu entusiasmo e belas descrições nos chamam a atenção, inesperadamente, para a complexidade não apenas do desenvolvimento do amor, mas do desenvolvimento da psique dos personagens. É uma recomendação deliciosa para quem ama romances e está em busca de um toque a mais de complexidade em seus livros". --Midwest Book Review (Diane Donovan, sobre Agora e Para Sempre)PARA SEMPRE NATAL é o livro 8 na série de best-sellers A POUSADA EM SUNSET HARBOR, que começa com Agora e Para Sempre (Livro 1).Aos 35 anos, Emily Mitchell deixou seu emprego, apartamento e ex-namorado em Nova York para morar na casa histórica e abandonada de seu pai na costa do Maine, buscando uma mudança na vida e determinada a transformar a propriedade numa pousada. Mas nunca teria imaginado que seu relacionamento com o zelador da casa, Daniel, viraria sua vida de ponta-cabeça.O Natal e o Ano Novo se aproximam rapidamente em Sunset Harbor, e Emily Mitchell está quase no final da gestação. Enquanto eles continuam as obras em sua ilha particular, surge uma nova oportunidade de negócio – um que Emily nunca poderia antecipar, e que poderia mudar tudo.O tempo de vida que resta para Roy está passando rápido, e à medida em que o Natal se aproxima e todos estão ocupados com os preparativos, Emily sabe que este será o mais importante de sua vida. Será um final de ano inspirador, que mudará suas vidas para sempre.PARA SEMPRE NATAL, é o livro 8 de uma nova e eletrizante série de livros que fará você rir, chorar e continuar virando as páginas até tarde da noite: você vai se apaixonar pelo romance mais uma vez.A nova comédia romântica de Sophie, AMOR COMO ESTE, também já está disponível!"Um livro muito bem escrito, que narra a luta de uma mulher (Emily) para encontrar sua verdadeira identidade. A autora fez um trabalho incrível ao criar os personagens e descrever o cenário. O romance está presente, mas sem excessos. Parabéns à autora por este incrível começo de uma série de promete ser muito interessante".--Books and Movies Reviews, Roberto Mattos (sobre Agora e para Sempre)







P A R A S E M P R E N A T A L



(A POUSADA EM SUNSET HARBOR – LIVRO 8)



S O P H I E L O V E


Sophie Love

Fã de longa data de romances, Sophie Love está muito feliz em publicar sua primeira série de livros: AGORA E PARA SEMPRE (A POUSADA EM SUNSET HARBOR – LIVRO 1). Sophie adoraria ouvir seus comentários, então, visite www.sophieloveauthor.com se quiser enviar-lhe um e-mail, receber eBooks de graça, saber das novidades e manter contato!



Copyright © 2017 por Sophie Love. Todos os direitos reservados. Exceto como permitido pelo Ato de Direitos Autorais dos EUA, publicado em 1976, nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida em qualquer formato ou por qualquer meio, ou armazenada num banco de dados ou sistema de recuperação, sem permissão prévia da autora. Este eBook está licenciado apenas para uso pessoal. Este eBook não pode ser revendido ou doado a outras pessoas. Se você quiser compartilhar este eBook com outra pessoa, por favor, compre uma cópia adicional para cada indivíduo. Se você está lendo este livro sem tê-lo comprado, ou se não foi adquirido apenas para seu uso, por favor, devolva-o e compre seu próprio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho da autora. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e incidentes são produto da imaginação da autora ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência. Foto da capa: Phase4Studios, todos os direitos reservados. Usada sob licença da Shutterstock.com.


LIVROS POR SOPHIE LOVE



A POUSADA EM SUNSET HARBOR

AGORA E PARA SEMPRE (Livro #1)

PARA TODO O SEMPRE (Livro #2)

PARA SEMPRE, COM VOCÊ (Livro #3)

QUEM DERA, PARA SEMPRE (Livro #4)

PARA SEMPRE E UM DIA (Livro #5)

PARA SEMPRE, MAIS UM (Livro #6)

PARA VOCÊ, PARA SEMPRE (Livro #7)

PARA SEMPRE NATAL (Livro #8)



CRÔNICAS ROMÂNTICAS

AMOR COMO ESTE (Livro #1)

AMOR COMO AQUELE (Livro #2)

AMOR COMO O NOSSO (Livro #3)


ÍNDICE

CAPÍTULO UM (#u689d4895-33a0-5508-aee8-70130f452be8)

CAPÍTULO DOIS (#u5ea568ec-2312-5b7c-9706-ce0eca0ae7aa)

CAPÍTULO TRÊS (#uc45136ec-d9cc-5b03-94b1-a87cb9a48470)

CAPÍTULO QUATRO (#u3395f666-27fc-55f1-9ec1-279fa20c5921)

CAPÍTULO CINCO (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO SEIS (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO SETE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO OITO (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO NOVE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO DEZ (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO ONZE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO DOZE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO TREZE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO CATORZE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO QUINZE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO DEZESSEIS (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO DEZESSETE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO DEZOITO (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO DEZENOVE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO VINTE (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO VINTE E UM (#litres_trial_promo)

CAPÍTULO VINTE E DOIS (#litres_trial_promo)




CAPÍTULO UM


A Dra. Arkwright sorriu para Emily enquanto retirava a fita métrica ao redor de sua barriga. “Posso confirmar que sua data do parto será 13 de dezembro,” ela disse. “Você está com 37 semanas, e oficialmente a termo.”

Emily olhou para Daniel e sorriu. Era muito empolgante saber que, em apenas três semanas, a bebê Charlotte se juntaria a eles.

Todos se recostaram em seus assentos e a Dra. Arkwright continuou.

“Chega de viagens de avião,” disse ela a Emily. “Então, se você estava planejando uma babymoon, receio que não possa fazer isso no exterior.”

“Babymoon?” riu Emily. “Eu nunca ouvi falar nisso antes.”

A médica riu de volta. “É a última moda. Pais e mães planejando babymoons luxuosas por saberem que é sua última chance.”

Emily achou a ideia divertida. Com tudo o que estava acontecendo na pousada, era muito improvável que eles fossem capazes de encontrar tempo (para não mencionar o dinheiro) caso quisessem sair de férias!

A doutora bateu palmas. “Terminamos.”

“Ótimo,” disse Emily, pulando da cadeira. “Ah, eu quase me esqueci. Tenho algo para você.” Ela tirou de sua bolsa o último álbum de Roman. Ele ficou feliz em autografá-lo para a médica, embora também tivesse achado muito engraçado.

A Dra. Arkwright viu o que Emily estava segurando e corou. Ela pegou-o apressadamente. “Muito obrigada,” sussurrou.

Emily e Daniel deixaram o consultório e dirigiram-se ao estacionamento. O tempo estava notavelmente quente para uma segunda-feira após o Dia de Ação de Graças.

“Quais são as chances de não nevar este ano?” perguntou Emily a Daniel assim que chegou à caminhonete.

“Sinceramente, não consigo imaginar um Natal sem neve”, disse ele. “Tenho certeza de que o tempo irá mudar em breve.”

Ambos entraram no carro.

“Tem sido útil,” acrescentou Emily. “Pense no quanto de trabalho adiantamos na ilha graças ao tempo!”

Daniel girou a chave na ignição e a velha caminhonete ganhou vida. “Eu sei,” disse ele, enquanto saia do estacionamento. “Estamos adiantados. E, considerando que precisamos terminar tudo até abril, isso é muito bom.”

Emily pensou em como a ilha já havia sido reservada, com meses de antecedência, antes mesmo que as cabanas tivessem telhado!

“Como Stu, Clyde e Evan estão se saindo?” perguntou ela.

“Absolutamente bem,” respondeu ele. “Eu não sabia que eles dariam conta. Sempre achei que fossem preguiçosos.”

Emily riu, mas manteve seus próprios pensamentos sobre os amigos de Daniel para si mesma. Ela se afeiçoou a eles durante as semanas em que estavam trabalhando por casa e comida, mas a impressão inicial seria difícil de esquecer!

“Bem, eu estou feliz que eles estejam trabalhando duro,” disse ela a Daniel. “Precisamos desesperadamente da renda da ilha se as coisas continuarem como estão.”

Daniel olhou para ela no banco do passageiro. “Está tão ruim assim?”

Emily fez uma careta. “Sim. Infelizmente. Não tivemos nenhuma reserva para o inverno. Na verdade, não teremos ninguém até março. Nada no chalé, na casa de Trevor ou na pousada principal. Eu tive que cortar os turnos de todos também. Somente Lois e Parker estão fazendo alguns turnos selecionados. Vanessa e Marnie concordaram em folgar durante todo o inverno, mas Matthew não ficou animado com os cortes. Ele está tentando economizar para comprar um carro novo. Eu me sinto péssima. Felizmente o restaurante ainda está recebendo muitas reservas, então Harry está dando a ele algum trabalho por lá. O spa ainda é popular, e os dois devem nos ajudar a passar essa fase. Mas serão meses complicados.”

O momento era tanto uma bênção, quanto uma maldição. Um bênção porque daria a Emily o tempo para passar com o bebê, mas uma maldição porque os bebês custavam caro e a última coisa que ela queria era se preocupar com dinheiro!

“Não serão,” disse Daniel, com determinação. “Colocarei a minha carpintaria em funcionamento antes do ano novo, se for preciso. Você e a bebê Charlotte terão tudo o que precisarem. Eu prometo.”

Emily sorriu e esfregou sua barriga redonda. Daniel estava focado em proporcionar a elas a melhor vida possível. Isso a deixava muito feliz. Ela tinha muita sorte em tê-lo em sua vida. Só esperava que ele não se esgotasse de tanto trabalhar. Com Daniel, era sempre uma questão de equilíbrio, e ele frequentemente pendia para o lado errado!

“Talvez devêssemos tentar fazer com que Amy realizasse seu casamento na pousada, como ela estava planejando com Fraser?” sugeriu Emily.

Daniel deu uma risada, como se nunca tivesse ouvido algo tão ridículo. “Eu duvido que ela queira, depois da última vez. Isso não traria algumas lembranças desagradáveis? E por que Harry iria querer se casar no seu local de trabalho?” Ele balançou a cabeça, brincalhão. “Mas é uma pena. Talvez você possa convencer outra de suas amigas ricas a se casar este ano. E quanto a Jane?”

“Absolutamente, não!” respondeu Emily. “Jane não é do tipo para casar.”

Mas sua sugestão fez com que ela pensasse. Quando se estabeleceram em um silêncio confortável, Emily tentou imaginar maneiras mais criativas de lucrar com a pousada durante o inverno. Eles focaram tanto na ilha, no spa, no restaurante e no bar que negligenciaram a divulgação da pousada e tudo o que ela tinha a oferecer de maneira apropriada. Os casamentos de inverno podem ser uma boa ideia, especialmente com o salão de festas para cerimônias e todos os quartos sobressalentes para os convidados! Ela teria que marcar uma reunião com Bryony, sua especialista em marketing e internet.

Daniel saiu da rua principal e seguiu pela estrada menor em direção à escola de Chantelle. Sua consulta com a médica se prolongara e não havia tempo para ir para casa antes de pegá-la.

“Você tem ouvido falar em Raven Kingsley?” perguntou ele enquanto dirigia. “Quando é a próxima reunião municipal para decidir se sua pousada pode ser construída?”

“Eu ainda não sei,” disse Emily. “Estou aguardando. Eles postarão um boletim quando o conselho de zoneamento municipal se reunir. Tenho certeza de que vai demorar um pouco.”

“Você não está preocupada?” perguntou Daniel.

“É claro. Concorrência, especialmente de alguém como Raven, é sempre algo assustador. Tudo tem sido fácil até agora. O mercado era nosso.”

“Tudo tem sido fácil?” brincou Daniel, referindo-se aos anos e meses de trabalho que eles tiveram para fazer da pousada um sucesso.

“Você sabe o que quero dizer,” disse Emily. “Nós nunca tivemos que nos preocupar com falência antes.”

“E precisamos agora?” perguntou Daniel, sua expressão jocosa de antes desaparecendo completamente.

Emily mordeu o lábio. “Talvez um pouco,” disse a ele. “Se as coisas não melhorarem logo. Mas não se preocupe, vou pensar em algo. Um baile de Natal. Com Roman cantando. Por cem dólares o ingresso!”

Ela só estava brincando. Usar o status de celebridade de Roman para seu próprio benefício era algo que ela jamais faria. Mas um baile de Natal para a cidade pode ser uma boa ideia.

Daniel ainda parecia preocupado.

“Hum,” Emily disse a ele, com firmeza. “Deixe comigo. Não se preocupe. Nada, nem mesmo a nova pousada de Raven Kingsley, vai nos prejudicar. Eu prometo. Estamos muito determinados para falhar agora.”

Ela falou com confiança, mas no fundo também tinha dúvidas. E se este fosse o inverno ao qual não pudessem resistir? E se sua vida perfeita estivesse prestes a desmoronar?



*



Daniel entrou na área da escola. As aulas daquele dia já haviam sido encerradas e todas as crianças brincavam no grande playground, supervisionadas por seus professores. Emily avistou Chantelle, brincando com Bailey e Laverne. Era um grande alívio ver as meninas voltarem a ser amigas.

Ela saiu da caminhonete e acenou para a professora de Chantelle nos degraus do lado de fora da escola. Ela também acenou para Tilly, a recepcionista da escola com a qual Emily recentemente fez amizade. Tilly estava tomando seu café da tarde nos degraus com o resto do corpo docente. Ela acenou calorosamente para Emily.

Chantelle deve ter notado seus pais, porque ela veio atropelando todo mundo.

“Adivinha só!” exclamou ela. “Estamos fazendo um Conto de Natal inspirado no Dr. Seuss para a nossa apresentação deste ano!”

“O que seria isso?” perguntou Emily.

“É um Conto de Natal de Charles Dickens, mas todo em rimas, como em Dr. Seuss,” disse Chantelle. “E eu serei O Fantasma do Natal Passado!”

Emily sabia que esse era um dos papeis principais da peça. Depois de Ebenezer Scrooge, o fantasma certamente teria a maioria das falas.

“Muito bem, querida!” disse ela, abraçando Chantelle com força.

Depois de soltá-la, Daniel levantou-a no ar.

“Que papel legal!” exclamou ele. “Estou muito orgulhoso de você!”

Ele a colocou no chão, e Chantelle pegou algo de sua bolsa.

“Estas são as minhas falas,” disse ela, segurando um livrinho grosso com uma ilustração reconhecível ao estilo Seuss na capa. “A peça será na sexta-feira, 18 de dezembro.”

Emily olhou para Daniel, com as sobrancelhas levantadas. A bebê Charlotte já terá nascido! De repente, tudo parecia incrivelmente real. E muito, muito emocionante.

“Não é muito tempo para aprender todas as suas falas?” perguntou Daniel a Chantelle. “Três semanas?”

“Eu sei,” ela disse, parecendo de repente muito séria. “Mas eu consigo.”

“Claro que você consegue,” disse Emily.

Todos entraram na caminhonete e Daniel ligou a ignição. O motor ganhou vida com um ruído estridente.

“Quando eu chegar em casa, posso começar a decorar a pousada para o Natal?” perguntou Chantelle do banco de trás.

Emily riu e olhou por cima do ombro para ela. “Ainda nem saímos do clima de Ação de Graças.”

“Eu sei,” respondeu Chantelle. “Mas eu adoro o Natal. Mal posso esperar para trocar minhas bandeirinhas de folhas de outono pelas de floco de neve.”

Daniel começou a rir. Olhou para Chantelle pelo espelho retrovisor.

“Você pode decorar a pousada como quiser,” disse ele.

Emily sorriu por dentro. Ela amava a criatividade de Chantelle e adorava o modo como sua casa era transformada pelas mãos da criança para todas as festas, todas as estações. Ela não trocaria por nada no mundo – nem as aranhas de plástico do Halloween que ela encontrava atrás dos móveis, nem as bandeirolas americanas entre as tábuas do piso, depois do dia 4 de Julho. Sua vida era perfeita. Dedos cruzados, continuaria assim.



*



Alguns minutos depois, chegaram em casa e Daniel estacionou do lado de fora da pousada. O vasto caminho estava completamente vazio agora. Sem carros de hóspedes preenchendo o espaço exterior, o percurso parecia subitamente longo.

Subiram os degraus da varanda e entraram pela grande porta da pousada. Quando entraram, Emily descobriu, para sua surpresa, que as decorações do outono já haviam desaparecido. Ela só tinha saído de casa por algumas horas, mas alguém havia transformado a pousada de volta em uma tela em branco. Quem poderia ter feito isso?

Ela pensou em Lois e Marnie usando parte do seu tempo extra durante seu longo turno para arrumar, ou talvez Vanessa tivesse feito isso durante a limpeza. Mas então ouviu vozes vindo da sala de estar e instantaneamente percebeu quem instigara a arrumação.

Emily entrou na sala de estar e lá estava a culpada: Amy. Amy era tão organizada que não surpreenderia que ela tivesse imediatamente retirado toda a decoração de Ação de Graças.

E não estava sozinha. Sentada no sofá ao seu lado, junto à lareira acesa, com a cabeça de Mogsy descansando no colo, bebendo o que parecia ser chocolate com marshmallows, estava Patricia. A mãe de Emily não só tinha gostado de marshmallows desde a sua primeira experiência com smores, como tinha aprendido a apreciar o amor de um cão fedorento largando pelos. E, o mais importante, ela ficou durante todo o fim de semana de Ação de Graças. Era um milagre, na opinião de Emily, que ela e a mãe tivessem passado três dias inteiros juntas sem se matarem. As coisas realmente pareciam estar mudando para melhor. De fato, Emily estava um pouco melancólica por sua mãe ter de ir embora hoje.

“Amy!” exclamou Chantelle quando viu a amiga de Emily sentada no sofá. “Podemos decorar a pousada para o Natal. Você conseguiu as coisas?”

Emily franziu a testa e olhou para Daniel, perplexa. Pela sua expressão, ela poderia dizer que ele estava tão animado quanto ela.

“Claro que sim,” respondeu Amy com um sorriso.

Ela pegou uma sacola grande ao lado do sofá, onde estava fora de vista. Emily podia ver tecidos prateados brilhantes, flocos de neve reluzentes e pingentes de plástico cobrindo o topo da bolsa estofada.

“O que é tudo isso?” exclamou ela. “Vocês estiveram aprontando! Vocês duas!”

Ela fez cócegas na barriga de Chantelle e a menininha gritou. Então ela escapou dos dedos de Emily e correu para Amy, pegando a bolsa e olhando para o que tinha dentro.

“Isso é tão legal,” disse ela a Amy. “Podemos começar agora?”

Amy olhou para Emily como se esperasse aprovação.

“Não olhe para mim,” riu Emily, mantendo as mãos em posição de trégua. “Vocês duas claramente já planejaram tudo!”

As duas foram para o corredor e começaram a prender pisca-piscas pelo teto e espalhar neve falsa nos vidros da janela. Emily as observava da porta, com um ombro apoiado contra ela. Sentiu uma forte onda de alegria natalina.

“Minhas costas estão me matando,” disse Daniel, aparecendo atrás dela. “Vou tomar um bom banho quente.”

“Boa ideia,” disse ela. “Descanse.”

Daniel estava trabalhando muito, tentando sustentar a família. Ela não queria que ele sofresse uma lesão como o seu patrão Jack sofreu recentemente. Isso seria um desastre. Ele precisava se cuidar.

Ele beijou-a no rosto e subiu as escadas, passando por Amy e Chantelle no caminho.

“Vamos lá, mamãe!” exclamou Chantelle. “Você tem que ajudar também!”

Emily começou a se sentir muito cansada nesta fase final de sua gravidez. Mas ela não queria desapontar Chantelle. Olhou para Patricia, que folheava uma revista de design enquanto tomava seu chocolate quente.

“Mãe? Quer ajudar também?”

Patricia pareceu surpresa. “Ah. Bem. Acho que sim.”

Emily sorriu, muito satisfeita por sua mãe se juntar a elas. Voltou-se para Chantelle.

“Estamos indo!”

Ela e Patricia dirigiram-se para o saguão e vasculharam a bolsa de artigos de Amy. Emily tirou alguns enfeites cintilantes e começou a enrolá-los em torno do corrimão da escada, enquanto Patricia selecionava algum material brilhante para envolver artisticamente as molduras dos porta-retratos. Foi um momento maravilhoso para Emily, repleto de paz e felicidade.

“Quando você irá se casar, Amy?” perguntou Chantelle enquanto afixava flocos de neve nas paredes com adesivo pegajoso.

“Eu ainda não defini a data,” respondeu Amy, sorrindo por dentro. “Não consigo decidir em que estação eu quero que meu casamento aconteça. Ou mesmo em que país.”

Os olhos de Chantelle se arregalaram, como se a ideia de um casamento no exterior nunca tivesse passado pela sua cabeça. “Você poderia se casar na Lapônia! Com renas e neve branca!”

Amy riu. “Eu estava pensando mais nas Bahamas. Tartarugas... e praia branca.”

“Parece legal também,” admitiu Chantelle.

“Se você precisar de alguma ajuda para planejá-lo,” disse Emily. “Eu ficaria muito feliz em ajudar. Você me ajudou tanto com meu casamento, que eu adoraria retribuir o favor.”

Amy parecia tocada. “Sério, Em? Isso seria perfeito. Mas, sinceramente, é você que tem uma tonelada de coisas para organizar antes de eu estar pronta para me casar. Você vai dar à luz, para começar! E que tal uma babymoon? O tempo está se esgotando.”

Emily riu e sacudiu a cabeça. “Você também, não! Uma babymoon? Minha médica nos perguntou se iríamos ter uma. Isso é alguma novidade?”

“O que é uma babymoon?” interrompeu Chantelle.

Amy parecia chocada. “Não acredito que nenhuma de vocês tenha ouvido falar. Uma babymoon é a última chance dos pais terem férias antes que as necessidades de um recém-nascido ocupem todo o seu tempo.”

“Eu nunca ouvi falar de algo tão exagerado,” disse Patricia, com desprezo.

Ignorando a mãe, Emily notou que Chantelle parecia um pouco preocupada com a perspectiva dela e Daniel passarem um fim de semana fora. Ela sempre se desestabilizava quando a deixavam porque seu terrível começo na vida a ensinara que, quando as pessoas saíam, não necessariamente elas voltavam para casa. Foi um trabalho difícil tentar desfazer a destruição que os cuidados maternais de Sheila causaram.

“Não se preocupe, querida,” disse Emily a ela. “Eu não posso mais viajar de avião, então não faria muito sentido.”

“Emily!” exclamou Amy, soando incrédula. “O ponto é que você e Daniel têm uma última chance para uma viagem romântica juntos. Suas vidas estão prestes a mudar para sempre. Você não quer uma despedida? Não precisa ir para longe. Vocês poderiam dirigir até o Quebec. É lindo lá nesta época do ano.”

Pela primeira vez, Emily realmente começou a considerar se uma babymoon seria divertida. Apenas ela e Daniel, todo o estresse de administrar seus negócios e toda a ansiedade sobre o parto, deixados para trás.

“Você não acha que está um pouco em cima da hora?” disse Emily. “Minha data do parto é daqui a três semanas.”

“E apenas vinte por cento dos bebês nascem na data prevista,” respondeu Amy.

“Você estava atrasada, a propósito, Emily,” disse Patricia. “Foi assim com Charlotte também. E comigo também. Se você for como eu, ela se atrasará. Eu estava com 42 semanas mais sete dias com vocês duas.”

“Tá brincando!” exclamou Emily. Ela nunca fora informada sobre isso. “Isso parece extremamente desconfortável.”

“Nem um pouco,” respondeu Patricia. “Seu corpo sabe o que quer. Você precisa confiar nele.”

“Eu não sabia que podia demorar tanto,” disse Emily.

Patricia assentiu. “Na minha época, você evitaria ser induzida se pudesse, e confiaria que a natureza seguiria seu curso. É mais comum do que as pessoas pensam. Alguns bebês levam mais tempo para ‘cozinhar’.”

Amy e Chantelle riram, mas Emily se sentiu enjoada com o pensamento. Gravidez era difícil! Ela não queria que durasse mais do que o necessário! Mas talvez sua mãe estivesse certa. As gerações mais velhas eram muito menos mimadas e exigentes. Eles não tinham babymoons nem nada parecido. Às vezes, a maneira prática e descomplicada de fazer as coisas era melhor.

Elas terminaram de decorar o saguão e em seguida foram para a sala de jantar, onde colocaram flocos de neve brilhantes em todas as mesas e substituíram os centros de mesa de outono pelos de inverno. Ficou lindo e Emily se sentiu ainda mais animada para o Natal.

Mas a animação não era o suficiente para impedi-la de bocejar. O trabalho de decoração foi bastante cansativo e ultimamente ela não tinha mais tanta energia.

“Eu preciso parar um pouco,” confessou. “Se eu continuar no salão de baile, posso cair no sono!”

Ela notou então que Amy e Chantelle estavam trocando olhares maliciosos entre si.

“O que está acontecendo?” perguntou ela, colocando as mãos nos quadris.

“Nada,” disse Amy em um tom que sugeria o oposto.

“Podemos mostrar a ela?” perguntou Chantelle a Amy.

“Você decide. Você é quem queria que fosse uma surpresa.

“Mostrar-me o quê?” exclamou Emily.

Mas Chantelle e Amy estavam conversando entre si. Ela ficou impaciente.

“Pessoal, eu quero saber qual é a surpresa!” exclamou ela.

“Está bem,” disse Chantelle. “Venha comigo.”

Ela pegou-a pela mão e levou-a pelo corredor de teto baixo que se abria para o salão de baile. Mas em vez de seguir em frente, virou à direita, ao longo da passagem ainda menor que serpenteava até as dependências e a garagem. Elas pararam em uma das portas.

Emily franziu a testa, curiosa.

“Não tínhamos certeza de onde poderíamos fazer isso,” disse Chantelle. “Porque nós não queríamos ocupar um dos quartos da pousada. Então Amy sugeriu uma das dependências. E... ” Ela fez uma pausa dramática e abriu a porta.

Emily piscou, depois suspirou. A pequena sala estava completamente transformada. As paredes de tijolos expostos haviam sido rebocadas e pintadas de amarelo. Em vez do piso de cimento, havia um de vinil e, sobre ele, um tapete macio. A sala estava repleta de luzes – luminárias, pisca-piscas e luzes musicais giratórias que projetavam estrelas nas paredes.

“O que é isso?” perguntou Emily, atordoada.

“É a sala de jogos!” exclamou Chantelle.

Amy falou, então. “Achamos que seria legal se as meninas tivessem um local para brincar longe do resto da pousada. Um lugar onde elas pudessem fazer tanto barulho quanto quiserem sem perturbar nenhum dos hóspedes. E onde possam guardar seus brinquedos para que eles não fiquem espalhados por aí.”

Emily ficou muito impressionada. O quarto era lindo. Apenas precisava ser preenchido com brinquedos agora!

“Eu adorei, muito obrigada, pessoal,” disse ela, abraçando Amy e Chantelle, uma por vez.

Elas voltaram para a sala de estar para que Emily pudesse descansar antes que o resto da decoração começasse. Então, quando se sentiu rejuvenescida, elas assumiram a gigantesca tarefa de decorar o salão de baile.

“Sabem, está faltando alguma coisa,” disse Emily, assim que pendurou os últimos pisca-piscas.

“O que é?” perguntou Chantelle.

“Uma árvore de Natal!” exclamou Emily.

Os olhos de Chantelle se arregalaram de animação. “Claro. Mas precisamos de mais de uma, não é? Precisamos de uma para o salão de baile e outra para o saguão. E uma para a casa do Trevor. E para o spa. E o restaurante.”

“Parece que precisam de uma floresta inteira,” brincou Amy.

“Que tal irmos todas nós amanhã?” sugeriu Emily. “Yvonne estava me contando sobre uma incrível fazenda de árvores de Natal fora da cidade. Não é a que nós fomos no ano passado, esta parece ser realmente enorme. Nós poderíamos aproveitar o dia para isso”.

“Vovó Patty pode vir também?” perguntou Chantelle.

Emily balançou a cabeça. “Ela vai embora hoje”.

A expressão de Chantelle desanimou. Emily odiava vê-la triste.

“Por que você não pergunta a ela?” sugeriu Emily.

Patricia vinha surpreendendo-a recentemente. Talvez ela ficasse por perto se elas deixassem claro que a queriam também.

Chantelle saiu do salão de baile e caminhou pelo corredor, até onde Patricia estava relaxando na sala de estar.

“Vovó Patty!” exclamou Chantelle, sua voz alta o suficiente para percorrer todo o caminho até onde Emily cambaleava pela casa, tentando alcançá-la. “Você pode vir comprar árvores de Natal conosco amanhã?”

“Eu tenho um voo reservado para me levar para casa,” disse Patricia. “Está saindo esta noite.”

“Por favor,” disse Chantelle. Ela subiu no sofá ao lado de Patricia e abraçou-a em volta do pescoço. “Eu realmente quero que você fique.”

Patrícia parecia surpresa pelo afeto. Ela deu um tapinha no braço de Chantelle e olhou para Emily em pé na porta. Emily sorriu, tocada pela doce cena, por quanto amor Chantelle tinha para dar, mesmo para aqueles que se comportaram de maneiras que deveriam impedi-la. Sua capacidade de perdão e bondade sempre inspirava Emily.

“Bem, eu não quero atrapalhar,” disse Patricia, falando com Chantelle, mas direcionando suas palavras para Emily.

“Você não está atrapalhando,” disse Emily. “Nós adoramos ter você aqui. E a pousada nem está ocupada no momento. É a ocasião perfeita para ficar. Se você quiser.”

“Por favor!” implorou Chantelle.

Finalmente, Patricia sorriu. “Certo. Eu vou ficar e te ajudar a escolher uma árvore.”

Emily notou que Patricia ficou comovida por ser convidada, por ser bem-vinda depois de todo seu mau comportamento e das terríveis brigas que elas tiveram. Emily sentiu uma enorme sensação de gratidão, percebendo que a vida sempre mudaria para melhor. Parecia que nunca se era velho demais para sentir a alegria do Natal pela primeira vez!




CAPÍTULO DOIS


Chantelle parecia radiante quando Emily e Daniel chegaram para buscá-la na escola no dia seguinte, com Patricia sentada pacientemente no banco de trás. Ela parecia bem deslocada na caminhonete em seu traje elegante e blazer, mas Chantelle não pareceu notar. Ela saltou para o banco de trás, radiante, com as bochechas rosadas devido ao tempo frio.

“Hora da árvore de Natal!” declarou ela.

Daniel estava dirigindo. O tempo ainda não tinha mudado completamente, embora estivesse muito mais frio do que antes. Não havia nem geada, o que era comum nessa época do ano. Emily estava grata pelo fato do tempo ter ajudado até agora. Isso significava que Evan, Clyde e Stu tinham sido capazes de fazer seu trabalho na ilha sem problemas.

A fazenda de árvores de Natal ficava bem longe de Sunset Harbor. Eles poderiam, é claro, ir até o depósito em Ellsworth, mas isso não seria uma experiência mágica para Chantelle! Então eles foram ainda mais longe, para a de Taunton Bay.

Enquanto desciam a pequena e esburacada estrada que levava à fazenda, Emily percebeu que a jornada extra valia a pena. A fazenda de árvores de Natal era enorme e, graças à encosta inclinada que percorria todo o caminho da estrada até o lago, eles tinham uma incrível vista de todas as árvores.

“Parece uma floresta inteira de Natal,” disse Chantelle, admirada.

Daniel parou no estacionamento, que na verdade era apenas um pedaço de terra batida, coberto de feno para impedir que se tornasse muito lamacento. Havia uma pequena casa com painéis de madeira ao lado, com uma placa artesanal dizendo: Árvores de Natal!

Emily olhou para Patricia no banco de trás ao lado de Chantelle. Ela estava usando sua típica expressão esnobe, e espiando pela janela, olhando com medo para o chão sujo onde estava prestes a pisar. Mas ela segurou a língua e Emily sorriu por dentro. Isso, por si só, já era uma pequena vitória.

Todos saíram da caminhonete, ao mesmo tempo em que a porta da frente da casa se abriu. Um homem saiu, acenando para eles. Parecia muito alegre, com uma barriga redonda. Emily se perguntou se ele já pensou em se tornar um Papai Noel, pois certamente tinha a aparência para isso.

“Olá pessoal!” disse ele, sorrindo. “Eu sou Terry. Vocês vieram para cortar sua própria árvore?”

“Certamente,” disse Daniel.

Chantelle apressadamente se dirigiu ao homem. “Na verdade, precisamos de cinco árvores. Temos uma pousada, entende, e um restaurante e um spa, e todos eles precisam de uma árvore. O salão de baile também.”

“Que tal começarmos com uma?” sugeriu Emily, pensando no fato de que não havia hóspedes na pousada agora para apreciar as árvores. “Então, se precisarmos de mais, podemos voltar outro dia.”

Isso pareceu agradar Chantelle, e ela concordou com a cabeça.

Terry mostrou-lhes as ferramentas que iriam precisar, depois se despediram e dirigiram-se à floresta. Emily pensou na fazenda que eles visitaram no ano passado, que estava muito ocupada, parecia mais uma feira, com passeios de trator e chocolate quente para comprar. Ela preferia essa experiência mais simples, especialmente porque, desde o momento em que eles entraram na floresta, tudo ficou muito quieto.

“É como se fôssemos as únicas pessoas no mundo,” disse ela, com as mãos protegendo o corpo.

Ela olhou para trás para ver como Patricia estava se saindo. Apesar de andar na ponta dos pés e usar uma expressão ligeiramente amarrada, ela não estava reclamando. Emily imaginava se talvez ela estava se divertindo, embora fosse orgulhosa demais para admitir isso.

“Vovó Patty,” disse Chantelle, correndo de volta e segurando sua mão. “Eu acho que há algumas verdes bem escuras por aqui. Vamos!”

Emily sorriu por dentro enquanto observava a filha puxar sua mãe. Ela não conseguia se lembrar de quando Patricia tinha sido tão complacente, juntando-se à uma atividade. Chantelle claramente a contagiava.

Daniel abraçou Emily, trazendo-a para perto.

“Isso é maravilhoso, não é?” disse ele. “Adoro o quanto ela se entusiasma com esse tipo de coisa. Eu mal posso esperar para ver o quanto ela gosta do Hanucá.”

“Que data começa este ano?” perguntou Emily.

“Dezesseis.”

“Então, depois de Charlotte ter se juntado a nós?” perguntou ela, sorrindo, pensando em ter uma recém-nascida em casa durante esta época maravilhosa do ano, quando todos estavam comemorando.

“Talvez até no primeiro dia,” ele disse, sorrindo. “Isso não seria adorável?”

Emily assentiu, concordando. Certamente seria maravilhoso para Daniel que sua filha nascesse em um dia tão significativo.

Naquele momento, eles ouviram Chantelle chamando através das árvores.

“Mamãe! Papai! Conseguimos!”

Eles sorriram um para o outro e depois se dirigiram em direção à voz dela. Chantelle estava de pé ao lado da linda árvore, com as folhas mais escuras que Emily já vira. Era maravilhosamente simétrica também, o tipo de árvore perfeita que seria usada em revistas. E, é claro, era enorme.

“Vovó Patty escolheu,” disse Chantelle, olhando orgulhosa para Patricia.

“É mesmo?” Emily perguntou, satisfeita em ver como as duas estavam se dando bem.

Até Patricia parecia calmamente satisfeita.

“Nesse caso,” disse Daniel, “Vovó Patty deveria dar o primeiro passo.”

“Ai, meu Deus, não,” disse Patricia, sacudindo as mãos ante a serra que Daniel lhe oferecia.

“Sim!” exclamou Chantelle, pulando e batendo palmas. “Por favor, Vovó Patty! É divertido. Eu prometo que você vai gostar”.

Patricia hesitou e finalmente cedeu. “Ah, tudo bem então. Se você insiste.”

Ela pegou a serra de Daniel e olhou para a árvore como se fosse um inimigo. Daniel abaixou-se e afastou os galhos maiores do caminho, expondo o tronco onde ela deveria cortá-lo. Patricia se agachou, claramente numa tentativa de não deixar o joelho tocar o chão lamacento. Emily não pôde evitar rir por dentro. Sua mãe parecia um sapo!

Patricia serrou o tronco da árvore. Ela grunhiu, exultante e olhou para a família que a observava.

“É verdade,” disse ela. “Isso é divertido!”

Emily riu em voz alta. Apenas alguns dias no Maine com sua família e Patricia havia comido smores e cortado uma árvore!

Terry chegou com seu trator e colocou o pinheiro na traseira.

“Todos a bordo,” disse ele.

Todos entraram na parte de trás com a árvore, mas Patricia não se mexeu. Ela parecia atordoada.

“Você quer que eu ande nisso?”

Chantelle saltava no banco de madeira. “É divertido! Você tem que confiar em mim!”

“Eu tenho escolha?” perguntou Patricia.

Chantelle balançou a cabeça, ainda sorrindo, travessa.

Patricia suspirou e subiu no reboque do trator.

Quando todos estavam acomodados, Terry os levou de volta até o carro e ajudou Daniel a fixar a grande árvore no teto da caminhonete. Então eles pagaram e saíram da fazenda, sentindo-se alegres.

“Eu mal posso esperar para decorá-la,” disse Chantelle. “Você vai ajudar, vovó?”

Patricia assentiu. “Sim, mas depois tenho de ir embora. Está bem?”

Chantelle fez beicinho, parecendo um pouco triste. “Se você precisa. Mas eu amei que você tenha vindo. Você vai voltar para o Natal?”

Emily observou a mãe pelo retrovisor. Ela não conseguia nem lembrar da última vez que passaram o Natal juntas. Mesmo quando ela morava em Nova York com Ben, eles tendiam a passar o Natal com a família dele, em vez de com Patricia. A mulher nunca entrava no espírito natalino e parecia uma ideia estúpida, pelo menos para Emily, fazê-los passar por um suplício. Ela se perguntou se o lado mais suave de Patricia, que havia visto nos últimos dias, poderia chegar tão longe.

“Talvez,” disse ela, evasiva. “Mas acho que sua mãe e seu pai estarão muito ocupados. A bebê nascerá até lá, não é?”

“Melhor ainda!” pressionou Chantelle. “Ela precisa conhecer sua vovó.”

Percebendo que ela enfrentaria o lado teimoso de Patricia, Chantelle ofereceu outra sugestão. “Ou, se não no Natal, talvez no Ano Novo? Nós fazemos uma festa na pousada. Você pode vir, não é?”

Patricia continuava evasiva em suas respostas. “Veremos,” foi tudo o que ela prometeu.

Chantelle olhou para Emily em seguida. “Acha que o vovô pode querer vir para o Natal?” perguntou ela.

Emily ficou tensa. Era ainda menos provável que seu pai viesse com a saúde se deteriorando.

“Podemos perguntar,” disse Emily, e a conversa morreu em silêncio.

Eles chegaram à pousada e Daniel estacionou. Stu, Clyde e Evan estavam em casa, então eles saíram para ajudar a carregar a árvore para dentro. Juntos, os quatro homens ergueram-na em sua posição no saguão.

“Esta árvore é grande,” disse Clyde, assobiando. Ele enxugou o suor da testa e olhou para Chantelle. “Como você vai colocar o anjo no topo? Mesmo sobre meus ombros eu não acho que você consiga.”

Para iterar o que disse, ele pegou uma Chantelle risonha em seus braços fortes e colocou-a sobre seus ombros. Então começou a desfilar com ela. Emily notou que Patricia estremeceu, provavelmente preocupada com o chão duro de madeira abaixo deles, um instinto de mãe que até Patricia possuía!

“Eu vou pegar a escada,” disse Stu, indo em direção à garagem.

Evan e Clyde também ajudaram, trazendo todas as caixas de enfeites da garagem. Então os três homens foram até a cidade para assistir ao jogo e tomar uma bebida após o longo dia de trabalho na ilha, deixando apenas a família para decorar.

“Precisamos colocar música de Natal,” disse Emily, dirigindo-se à recepção, onde estava o sistema de som. Ela encontrou um velho CD de canções natalinas e o colocou no aparelho. A voz de Frank Sinatra encheu o corredor.

E Daniel acrescentou. “Precisamos de chocolates quentes!”

Chantelle assentiu entusiasmada e todos correram para a cozinha. Daniel fervia o leite no fogão, enquanto Chantelle procurava na despensa por sobras de marshmallows. Ela voltou não só com marshmallows, mas também com granulado e chantilly.

“Excelente,” disse Daniel, enquanto servia uma caneca de chocolate quente para cada um, depois cobriu-os com creme, marshmallows e granulados.

Emily jamais vira Patricia consumir algo assim em sua vida! Os smores haviam sido uma visão suficiente para contemplar, mas isso era uma coisa totalmente diferente. Era como se Patrícia tivesse sido transformada pelo espírito natalino, finalmente, depois de sessenta e tantos anos de resistência!

Eles voltaram para o saguão, onde a gigantesca árvore de Natal estava esperando para ser decorada, e começaram a trabalhar. Chantelle assumiu a liderança, é claro.

“Precisamos de luzes aqui, papai,” disse ela a Daniel, apontando para um pedaço vazio. “E, vovó, estas renas precisam estar neste ramo.”

Emily inclinou-se para a mãe e disse: “Chantelle tem uma visão bem específica.”

Patricia riu. “Posso dizer que sim. Ela tem um olho para detalhes. Um dia ela será uma maravilhosa designer de interiores.”

Emily certamente poderia imaginar. Ou isso, ou algum tipo de organizadora de eventos. Ela tocou sua barriga, imaginando que tipo de personalidade a bebê Charlotte teria, se seria parecida com sua irmã – uma líder, organizadora, socializadora, performer – ou se ela teria um jeito diferente. Talvez ela se parecesse com a própria Emily, e fosse menos inclinada a ser o centro das atenções, mais satisfeita em ler um livro e levar os cães em tranquilos passeios pelo campo. Ou talvez ela fosse como o pai, prática, trabalhadora, e, às vezes, pensativa. Ou, como Emily tendia a pensar, ela poderia parecer-se com a tia que lhe deu o nome; doce, imaginativa, inquisitiva, calma. Ela mal podia esperar para descobrir.

“Vovó,” disse Chantelle, interrompendo o devaneio de Emily. “Como era a mamãe quando ela tinha a minha idade?”

Patricia estava ocupada esticando um grande pedaço de festão brilhante pelos galhos, enrolando-o através deles para que não caísse.

“Aos oito anos de idade? Bem, deixe-me ver. Seu cabelo era muito mais encaracolado do que é agora. Ela costumava usar esses lindos vestidos xadrez. Você se lembra, querida?”

A mente Emily voltou no tempo. A irritante combinação de vestido xadrez e meias que sua mãe sempre a fazia vestir havia sido uma fonte de inúmeras brigas. Emily odiava não poder correr ou subir em árvores, porque Patricia não queria que ela estragasse suas roupas.

“Eu lembro,” respondeu.

Patricia continuou. “Seu pai ensinava piano a ela também. Ela era muito boa nisso, mas perdeu o interesse.”

Emily desejava agora que não tivesse parado. Que tivesse continuado a se sentar ao lado do pai naquele banquinho de piano surrado, aprendendo canções de musicais e clássicos antigos. Aqueles eram momentos preciosos e ela não tinha aproveitado ao máximo. Ela não sabia que precisava.

“O vovô Roy?” perguntou Chantelle.

“Sim,” disse Patricia. Ela sorriu. “Ele era muito talentoso ao piano. E adorava. É por isso que ele teve que colocar um nesta casa, apesar de passarmos apenas algumas semanas por ano aqui. Mas ele acendia a lareira e tocava piano para nós, e Emily se enrolava em um cobertor e adormecia.” Ela soltou um suspiro melancólico. “Apesar de tudo, sempre havia momentos maravilhosos, não é, querida?"

Emily sabia o que ela queria dizer. Apesar da dor da perda de Charlotte. Que, após sua morte, quando o silêncio cresceu entre seus pais como uma parede invisível de vidro, havia alguns momentos de normalidade, de alegria, quando a quietude estava cheia de beleza e suas mentes recebiam um alívio da dor.

“Eu amo o vovô,” disse Chantelle a Patricia. “Ele era um bom marido?”

Patricia olhou de volta para Chantelle. E, para o choque e surpresa de Emily, ela estendeu a mão e acariciou a cabeça da garota.

“Ele era. Nem sempre. Mas ninguém é perfeito.”

“Você o amava?”

“Com todo meu coração.”

“E agora?” perguntou Chantelle.

“Chega,” interrompeu Emily. “Essa é uma pergunta pessoal.”

“Eu não me importo,” disse Patricia. Ela então olhou Chantelle diretamente, e falou em uma voz firme. “Passamos muitos anos como marido e mulher, muitos bons anos. Mas não éramos felizes e a coisa mais importante na vida é ser feliz. Foi muito difícil dizer adeus a ele, mas no final foi o melhor. E, sim, eu ainda o amo. Uma vez que você ama alguém, você nunca deixa realmente de amar.”

Emily então virou-se, enxugando a lágrima que se formou no canto do olho. Durante toda a sua vida, Patricia só falara mal do seu pai. Nem uma vez a ouvira admitir que ainda amava Roy.

Pairou o silêncio, e a família quietamente colocou as últimas decorações na árvore. O ar melancólico que pairava ao redor deles se dissipou apenas quando Daniel tirou a estátua do anjo da caixa.

“Chegou a hora,” disse ele, entregando-o para Chantelle.

Com um sorriso animado no rosto, Chantelle subiu a escada, esticou o braço o máximo que pôde e colocou o anjo no galho mais alto da árvore.

“Tcharan!” exclamou ela.

Daniel ajudou a menina a descer a escada e todos se afastaram para admirar seu trabalho manual. Emily foi dominada pela emoção quando lhe ocorreu que esta era a primeira árvore que ela decorara ao lado de sua mãe em quase vinte anos. Patricia se afastara do ritual logo após a morte de Charlotte. Mas agora, com uma nova família à sua volta e um novo filho crescendo dentro de Emily, ela estava de volta. O momento parecia pungente para Emily, como se o espírito de Charlotte tivesse ajudado aquilo a acontecer.

“Acho que esta é a árvore mais bonita que já vi,” disse ela, olhando com gratidão para cada um dos membros de sua família.



*



Com a árvore pronta e os chocolates quentes terminados, era hora de Patricia se despedir.

“Eu queria que você não tivesse que ir” disse Chantelle, abraçando Patricia pela cintura.

Emily observava a mãe abraçar a criança, parecendo significativamente menos desajeitada do que costumava parecer com demonstrações de afeição.

“Podemos falar ao telefone, se você quiser,” disse Patricia à criança.

“Você vai fazer chamadas de vídeo com a gente?” exclamou Chantelle, seu rosto se abrindo em um enorme sorriso.

“Eu vou o quê?” perguntou Patricia, parecendo confusa.

“Mensagens de vídeo, mãe,” explicou Emily. “Chantelle adora isso.”

“Nós conversamos pelo computador com o vovô o tempo todo,” disse Chantelle. “Podemos? Podemos? Podemos?”

Patricia assentiu. “Claro. Se é o que você quer.”

Ela parecia genuinamente comovida, Emily pensou, por Chantelle querer manter contato com ela.

“E...” acrescentou Emily, “Por favor, pense em vir para o Natal. Nós adoraríamos que viesse.”

“Eu não quero atrapalhar,” disse Patricia.

Daniel falou de repente. “Você não atrapalharia,” disse ele. “Não temos reservas no momento. Se você quiser um pouco mais de espaço, poderíamos até colocá-la no chalé.”

“Bem,” disse Patricia, parecendo que ela estava tentando esconder sua emoção. “Eu certamente pensarei nisso.”

O táxi chegou, descendo o longo caminho, seus pneus esmagando o cascalho. Daniel pegou a mala de Patricia e levou-a pelos degraus da varanda. O resto da família seguiu-a. Até mesmo Mogsy e Chuva saíram para vê-la, abanando os rabos harmoniosamente enquanto espiavam pelas colunas.

Daniel colocou a bagagem no porta-malas e depois se despediu de Patricia. Chantelle agarrou-se a ela.

“Eu te amo, vovó”, exclamou a menina. “Por favor, volte logo.”

“Voltarei, querida,” disse Patricia, acariciando sua cabeça. “Não vai demorar muito.”

Então foi a vez de Emily. Ela abraçou a mãe, sentindo-se cheia de gratidão e apreço. Pode ter demorado anos para chegar a esse ponto – além do horrível, choque da doença de Roy – mas parecia que as coisas estavam finalmente mudando para melhor entre elas.

“Por favor, mantenha contato,” disse Emily à sua mãe.

“Manterei,” respondeu Patricia. “Eu prometo.”

Elas se afastaram e Patricia entrou no táxi. Emily se juntou à sua família, sentindo o braço de Daniel sobre seus ombros e as mãos de Chantelle se agarrando a ela. Ela embalou sua barriga com uma mão e acenou para a mãe com a outra. Eles permaneceram ali até o táxi desaparecer de vista.

Quando retornaram à pousada, Emily ouviu o telefone tocar. Ela foi até a recepção e atendeu. Era a voz de Amy do outro lado.

“Em, eu acabo de ver o boletim do lado de fora da prefeitura,” disse ela.

Emily ainda lutava para entender o fato de que Amy era uma residente de Sunset Harbor, que ela prestava atenção nos acontecimentos de sua pequena cidade.

“Que boletim?” perguntou Emily.

“Sobre a pousada de Raven! A reunião é amanhã. Aquela que eles adiaram até depois do Dia de Ação de Graças.”

“Amanhã?” exclamou Emily. “Isso é meio repentino! Quase não conta como um adiamento!”

“Eu sei. O que você acha que significa para ser assim tão imediato?

“Só posso supor que isso signifique que o conselho de zoneamento tomou uma decisão rápida e unânime,” disse Emily, recordando o processo para obter sua própria licença para a pousada.

“Um unânime sim ou um unânime não?”

“Vamos descobrir em breve.”

Amy parecia incrivelmente estressada com a coisa toda, o que Emily achou um pouco estranho, considerando que ela seria a mais afetada pelo resultado.

“Temos que ir à reunião,” disse ela bruscamente. “Você pode limpar sua agenda?”

“Talvez. Mas eu não sei por que devo ir. Eu já disse o que tinha a dizer.”

Ela podia ouvir a impaciência na voz de Amy. “Emily, você tem que ir. Você tem que impedir! Se Raven abrir uma pousada em Sunset Harbor, seu negócio terá dificuldades.”

“Você deveria ter mais fé em mim,” disse Emily. “Eu não me importo com a competição.”

“Bem, você deveria,” disse Amy. “Especialmente vindo de Raven Kingsley. Ela vai acabar com você.”

Emily pensou nos momentos que passara com Raven. Elas não criaram exatamente vínculos, mas estavam em termos amigáveis. Raven a ajudou quando Daniel sofreu o acidente de barco, e ela até veio ao jantar de Ação de Graças da cidade que Emily realizara. Ela via a pousada de Raven como uma competição amigável.

“O que a faz dizer isso?” disse Emily, balançando a cabeça. “Raven é como qualquer outro empresário. Ela quer trabalhar duro e fazer sucesso. Eu sei que ela agiu como um abutre no passado, mas quer se estabelecer aqui. O marido a deixou e ela só quer que as crianças criem raízes para ter alguma tranquilidade. ”

“Eu acho que você está sendo ingênua,” disse Amy. “As pessoas não mudam sua natureza.”

“Amy, minha mãe bebeu chocolate quente com chantilly e marshmallows e ajudou a derrubar uma árvore de Natal. Pessoas podem, de fato, mudar.”

Mas Amy não desistia. “Raven vai te tirar do negócio e depois ir para a próxima cidade. É o que ela faz. Ela tem um histórico fazendo isso, destruindo localidades com seus grandes e chamativos hotéis. É tudo corporativo, sem alma. A última coisa que a cidade precisa. E ela tem muitos deles, ela barateia os preços dos quartos para começar. Mesmo que tenha uma perda nos primeiros cinco anos, ela fará isso, só para eliminar a concorrência!”

Emily não conseguia associar a Raven de quem Amy falava à pessoa que ela conhecera. Mas ouvir o que Amy tinha a dizer estava começando a deixá-la abalada.

“Apenas venha para a reunião,” disse Amy.

“Está bem,” disse Emily.

Quando colocou o fone no gancho, ela se perguntou se a amiga estava certa. Talvez Raven fosse tão implacável assim. E se Emily não tivesse a pousada, o que seria dela? Da sua família? De repente, ela sentiu como se o chão sob seus pés estivesse se tornando instável. E se a vida de sonho que ela estava vivendo fosse temporária, afinal?




CAPÍTULO TRÊS


No dia seguinte, após deixar Chantelle na escola, Daniel levou Emily até a casa de Harry e Amy antes de ir para o trabalho. Quando Emily tocou a campainha, Amy atendeu, sorrindo de orelha a orelha.

“Pronta?” perguntou Emily.

O sorriso de Amy só aumentou. “Pode apostar!”

Hoje Amy estava tendo um próspero dia de compras, com reservas em potenciais locais para a festa de casamento e visitas a várias casas com corretores. E já que Harry estaria trabalhando no restaurante o dia todo, Emily estava disponível para oferecer apoio e palavras de sabedoria. Ela estava, é claro, animada por estar ajudando.

Elas entraram no Chrysler branco de Amy e partiram.

“Onde será a primeira visita?” perguntou Emily do banco do passageiro.

“Eastern Road,” disse Amy, enquanto olhava acima do volante para o tráfego. Não vendo nenhum carro, ela virou em direção à rua principal.

“Aah,” disse Emily. “Essa parte da cidade é legal. Do outro lado do porto para mim, mas ainda perto.”

“Especialmente comparado a Nova York,” brincou Amy. “Há um folheto no porta-luvas. Dê uma olhada.”

Emily procurou no interior e, encontrando o folder, abriu-o. Ela folheou os pedaços de papel dentro. Entre as informações legais e os detalhes da propriedade – três quartos, observou Emily com um sorriso satisfeito – encontrou uma seleção de fotografias. A casa era linda. Se Harry e Amy estivessem de fato planejando começar sua própria família em breve, este seria o lugar perfeito! Ela sorriu por dentro, mas então avistou o enorme preço do imóvel e quase engasgou.

“Essa tem um estúdio externo,” informou Amy enquanto dirigia. “Eles estão usando como um estúdio de arte no momento, mas eu o transformaria em um escritório. Se vou trabalhar em casa em tempo integral, gostaria de ter um espaço separado, sabe?”

“Claro,” disse Emily, pensando nas desvantagens de viver e trabalhar no mesmo lugar, que ela enfrentava todos os dias. “Este lugar seria perfeito para isso.”

Elas passaram pelo porto. Estava um dia calmo, então Stuart, Evan e Clyde foram até a ilha para fazer o trabalho de renovação. Emily sentia-se muito feliz pelo tempo ter ajudado. Eles realmente pareciam prontos para ter tudo finalizado para as reservas de abril. Era uma coisa a menos para se preocupar!

“Você já pensou mais sobre a babymoon?” perguntou Amy.

“Não muito,” respondeu Emily.

“Deveria ir,” insistiu Amy. “Seu tempo está se acabando!” Ela acenou com a cabeça para a barriga de Emily. Em seguida, acrescentou: “Há alguns hotéis encantadores que fazem bons pacotes de babymoon.”

Emily estreitou os olhos, suspeita. “Você andou pesquisado?”

Amy sorriu diabolicamente. “Só um pouco. Olhe no bolso atrás do assento.”

Revirando os olhos alegremente, Emily inclinou-se para trás e encontrou uma pilha de revistas de luxo. Ela levantou-as. “Um pouco?” brincou ela.

“Ok, talvez bastante,” confessou Amy. “Eu realmente quero que você tenha uma folga! Meu favorito está no topo. O spa no Quebec.”

Emily olhou para o primeiro hotel da seleção de Amy. Localizado na parte antiga da cidade do Quebec, parecia mais um castelo do que um hotel.

“É no antigo centro da cidade,” disse Amy. “Então, há muita cultura e outras coisas. As muralhas da cidade. Uma cidadela. Um monte de museus”.

“Tem certeza de que você não quer ir?” brincou Emily, levantando uma sobrancelha.

Amy riu. “Claro que quero. Quando for a minha vez, sim. Mas meu foco agora é o casamento e a casa. Quando for hora da babymoon, eu irei para lá, prometo. Ela se inclinou e bateu no topo da revista.

Emily olhou novamente para o impressionante castelo. Talvez não fosse uma má ideia. O pacote babymoon incluía uma massagem pré-natal especial para a futura mamãe e uma massagem anti-estresse para os futuros papais. Além disso, todos os produtos eram naturais, sem substâncias químicas nocivas, e todos os alimentos eram orgânicos. Parecia idílico. A Dra. Arkwright certamente aprovaria que Emily reduzisse seus níveis de estresse. Antes tarde do que nunca!

“Daniel provavelmente vai apresentar uma razão muito lógica e prática para não irmos,” disse Emily. Ela listou nos dedos. “Chantelle. A ilha. Minha data de parto iminente. Só para citar alguns.” Mas de qualquer forma ela colocou a revista em sua bolsa para mostrá-la mais tarde. Talvez pudesse convencê-lo.

Elas entraram no caminho do local da primeira visita. Emily adorou de imediato. O gramado externo era grande, com uma sebe para a privacidade extra, e havia espaço suficiente para pelo menos dois carros estacionarem do lado de fora. A casa era ainda mais bonita ao vivo. Havia uma adorável varanda na frente, não tão grande quanto a que envolvia a pousada, mas tinha espaço para uma cadeira de balanço e uma mesa de bistrô com cadeiras.

“Eu já posso dizer que vou adorar,” disse Emily.

Mas Amy não parecia tão convencida. “É um pouco abaixo do esperado,” disse ela.

“Você está louca?” engasgou Emily. “Parece coisa de filme!”

“Sim,” Amy continuou, em uma voz distraída. “Um filme de tédio.”

Emily revirou os olhos para o perfeccionismo de Amy, mas, ao mesmo tempo, ela sabia que não deveria ser tão dura. A vida de Amy fora completamente diferente da de Emily. Seu negócio no dormitório da faculdade tinha sido bem sucedido e ela comprou seu apartamento em Nova York ainda com vinte e poucos anos. Para Amy, a casa sempre significava independência. Agora significaria domesticidade. Emily tinha que admitir que, para o gosto de Amy, possivelmente era um pouco razoável demais. Não havia elevador para negociar, nenhum barulho de tráfego à distância. Em suma, não havia desafio. Se Amy iria ser feliz nesta nova etapa de sua vida, percebeu Emily, teria que encontrar uma casa excepcional, não apenas uma adorável.



*



Após um longo dia visitando casas e locais para o casamento, Emily precisava de uma soneca na pousada. Ela estava começando a ficar incrivelmente cansada nessas últimas semanas de gravidez, mas sabia que teria que se acostumar com isso, porque quando a bebê Charlotte nascesse, só pioraria!

Ela cochilou na cama, entrando e saindo do sono, aproveitando a oportunidade de uma casa vazia para deixar os cachorros dormirem no final da cama – algo que geralmente era proibido. Ela leu o folheto do spa no Quebec, refletindo sobre como iria passar a ideia para Daniel. Então se lembrou de uma promessa que fizera a Chantelle: convidar o Vovô Roy para o Natal.

Quando Chantelle pediu, ela não tivera coragem de contar que o pai não entrava em contato há vários dias e que as mensagens de voz que deixara para ele não haviam sido respondidas. Na verdade, ela percebia agora, não tinha coragem de admitir isso para si mesma. Ela anulou esses pensamentos completamente, não querendo sequer considerar por uma fração de segundo o que isso poderia significar; que seu pai havia falecido. Até mesmo agora, não se permitia pensar nisso. Ele tinha Vladi, seu amigo íntimo, para cuidar dele, e ela fez o idoso grego prometer ligar se algo acontecesse. Preferia acreditar que Roy estava em alguma aventura, se divertindo muito para notar a passagem dos dias.

Pegou seu laptop e escreveu um e-mail rápido. A abordagem por telefone claramente não funcionava, e mesmo que ele fosse muito menos responsivo com os e-mails, parecia uma boa ideia mudar de tática.

Querido Papai,

Liguei algumas vezes, mas não obtive resposta, o que, presumo, significa que você está aproveitando ao máximo o clima grego e navegando com Vladi! Chantelle está perguntando se você virá no Natal. Eu sei que você deixou claro que não queria voar, especialmente para um lugar tão frio quanto o Maine, mas, por favor, considere isso. Você sabe que você é pessoa favorita no mundo para ela!

Com todo meu amor,

Emily.

Ela clicou em enviar e percebeu que seu rosto estava molhado pelas lágrimas. Ela enxugou-as.

Enquanto guardava seu laptop, ouviu o som da porta da pousada se fechando. Provavelmente Lois estava prestes a começar seu curto turno na mesa da recepção, ou era Bryony se instalando em seu posto de trabalho habitual no salão de visitas para trabalhar nos anúncios de inverno. Mas então ouviu passos subindo as escadas, pesados e rápidos, e os reconheceu imediatamente como sendo de Daniel.

“Mogsy! Chuva! Fora da cama!” disse ela apressadamente, tentando afugentá-los. Tarde demais. A porta se abriu.

“Olá, querida!” exclamou Daniel, sorrindo de orelha a orelha.

“O que você está fazendo em casa tão cedo?” perguntou ela, animadamente surpresa, mas também culpada.

Como se não se importasse com nada no mundo, Daniel entrou e sentou no final da cama, acariciando Chuva.

“Jack está na carpintaria esta tarde,” disse ele enquanto acariciava a longa orelha do cão. “Tivemos uma enorme encomenda para uma escadaria de contos de fadas para um bar mitzvah e, ​​bem, você conhece Jack, ele aceita qualquer desculpa para estar no trabalho, em vez de ficar em casa.”

“Toda essa coisa de aposentadoria não dá certo com ele, não é?” riu Emily, voltando seu olhar para a cadela, em seguida, para Daniel.

“Não,” riu Daniel em resposta.

Mogsy choramingou por atenção, e ele segurou o rosto dela com ambas as mãos e beijou-a no alto da cabeça.

“Ainda bem que você abrirá sua própria loja em breve,” disse Emily, ainda um pouco desconcertada porque Daniel não a repreendera por deixar os cachorros na cama. “Você já contou a ele?”

“Ainda não. Mas eu, sinceramente, não acho que ele irá se importar. Isso lhe dará uma desculpa para dizer à esposa que precisa voltar ao trabalho. Ela pode pensar em mim como um vilão por um tempo, mas Jack provavelmente será muito grato!”

“Por favor, não vamos ser assim depois de trinta anos de casamento.”

Daniel riu. “De jeito nenhum. Eu não consigo ver nenhum de nós se aposentando. E você?”

“Bem observado,” disse Emily. Ela estreitou os olhos, ainda sem saber o que estava acontecendo. “Você está de muito bom humor.”

“Estou?”

“Sim. Você nem mencionou os cachorros na cama.”

Daniel ficou surpreso como se nem tivesse percebido que eles estavam lá. “Ah!” Mas ele apenas deu de ombros. “É hora de ir buscar Chantelle. Você quer que eu vá? Se você não estiver se sentindo muito bem?”

“Não, não, eu quero ir,” respondeu Emily. “Quem sabe quantas vezes eu perderei isso quando Charlotte nascer. Pense em Suzanna e o bebê Robin. Eu quase nunca a vejo ultimamente. Eu quero aproveitar ao máximo as coisas agora, como elas estão.”

Ele ajudou-a a ficar de pé. Emily sentiu-se muito grogue, como se sua soneca não tivesse ajudado em nada.

Eles desceram as escadas, Daniel segurava a mão de Emily enquanto ela dava passos cuidadosos. Era incrível o quanto ficava cada vez mais assustador lidar com uma grande escadaria agora que ela estava prestes a explodir. E pensar que não faz muito tempo que ela subia e descia estes degraus com facilidade! Agora eles pareciam muito íngremes.

Lá fora, o tempo estava ainda mais ameno do que naquela manhã.

“Como foi o passeio com Amy?” perguntou Daniel enquanto a ajudava a entrar no carro.

“Foi ótimo. Ela não gostou de nenhuma das três lindas casas que vimos, nem de nenhum dos extraordinários locais para casamento. Mas, agora que você falou, lembrei que ela encontrou esse spa de babymoon para nós no Quebec. Eu sei que você provavelmente não vai querer ir, mas talvez possamos pensar sobre isso.”

“O que há para pensar?” exclamou ele. “Vamos lá!”

Agora Emily ficou realmente surpresa. Normalmente Daniel precisava um pouco de persuasão. Ela realmente o pegara de ótimo humor.

“Você está se sentindo bem?” perguntou ela, meio que brincando.

“Estou me sentindo muito bem,” respondeu Daniel, rindo. “Estou feliz por ter tido um pouco de tempo extra com minha esposa esta tarde, só isso.”

“Isso é tão doce,” confessou Emily, comovida por pensar que sua presença poderia causar-lhe essa felicidade. “Então você realmente quer sair em uma babymoon?”

“Claro,” ele disse, dando de ombros. “Contanto que Chantelle não se importe. Ei, que tal levá-la para passear no barco esta tarde para amenizar o golpe? Afinal está fazendo 15 graus!”

“Eu pensei que Clyde, Stu e Evan estivessem trabalhando na ilha hoje. Não estão?”

Daniel sacudiu a cabeça. “Eles estão usando a traineira de aluguel hoje. Eles a levaram ao longo da costa para Beals. Há uma grande empresa de materiais de construção lá, mas os materiais são pesados demais para a cabine. O que significa que está livre para nós.”

“Nesse caso, iremos,” concordou Emily. Ela também adorava passeios de barco, e qualquer chance de ver a ilha era bem-vinda, considerando que o tempo poderia mudar a qualquer momento. Parecia um golpe de sorte que a oportunidade se apresentasse. Emily seria uma idiota em recusar!

Eles chegaram na escola, parando no estacionamento antes de sair da caminhonete. Um momento depois, as portas se abriram e as crianças desciam apressadamente os degraus. Chantelle apareceu, seus olhos examinando o estacionamento à procura do carro de Emily. Mas em vez disso, ela encontrou a caminhonete e, pela sua expressão, ficou claro que ela estava emocionada ao ver seu pai inesperadamente buscando-a. Ela correu na direção deles.

“Papai,” exclamou Chantelle, abraçando-o. “O que você está fazendo aqui?”

“Levando minha garota especial para uma viagem de barco para a nossa ilha, é isso,” disse Daniel. “O que acha? Quer fazer uma viagem de barco?”

“SIM!” exclamou Chantelle, pulando. Ela rapidamente correu de volta para o playground para se despedir de suas amigas, antes de voltar para a caminhonete e entrar.

“Uau, que rapidez,” comentou Emily. Ela deu um tapinha na barriga. “Eu sinto falta de poder correr assim!”

“Pobre mamãe,” disse Chantelle. “Não falta muito tempo agora. Ela estará aqui antes do Natal. Aah, isso me lembra. Você falou com o Vovô Roy sobre vir para o Natal?”

Emily sentiu uma onda de angústia no peito. Qual era a melhor coisa para dizer à menina? Ela não queria que ela se preocupasse desnecessariamente.

“Enviei-lhe um e-mail,” disse Emily. “Mas por que não tentamos ligar para ele quando estivermos na ilha?”

Chantelle assentiu e acomodou-se para o resto da viagem até o porto.

Quando eles chegaram, tudo estava muito quieto. Apesar do tempo calmo, a maioria das pessoas já havia guardado seus barcos para o inverno. Era só por causa do trabalho de renovação da ilha que o barco de Daniel ainda estava fora. Foi um golpe de sorte, ou alinhamento do destino, aquilo significava que eles poderiam navegar normalmente.

Daniel pulou no barco primeiro, antes de ajudar Chantelle e Emily a entrar. Então eles partiram, cortando a água cintilante em direção à ilha.

“Chantelle,” disse Emily, dirigindo-se à menina. “Como você se sentiria se papai e eu saíssemos em uma viagem de fim de semana só nós dois?”

Chantelle hesitou, seus lábios se torcendo enquanto pensava.

“Você pode ser honesta,” acrescentou Daniel. “Queremos saber como você realmente se sente. Porque já houve algumas vezes que você disse que estava tudo bem, mas por dentro estava muito triste.”

Emily pensou nos colapsos anteriores da filha. Ela esperava que Chantelle não se sentisse atacada pelos comentários de Daniel e entendesse que eles estavam vindo de um lugar de preocupação e amor.

“Acho que depende de quem cuidar de mim,” disse Chantelle, pensativa.

“Quem você gostaria?” perguntou Emily.

“Eu fico mais feliz quando tenho uma festa do pijama com meus amigos,” ela explicou, parecendo mais madura do que nunca. “Com Bailey e Toby. E também prefiro que seja curto. Depois de duas noites, começo a ficar preocupada.”

“Certo,” disse Emily, balançando a cabeça, satisfeita com o modo como Chantelle era agora capaz de articular seus sentimentos e necessidades tão bem. “Então, verei se posso arranjar uma festa do pijama com Yvonne ou Suzanna? E só ficar longe no fim de semana?”

“Eu acho que tudo bem,” disse Chantelle com um aceno de cabeça.

Para grande diversão de Emily, Chantelle estendeu a mão para apertar a sua. Emily pegou a mão dela e deu uma leve sacudida.

“Combinado!”

Nesse momento, chegaram à ilha e Emily viu a traineira que Daniel mencionara atracada ao lado do magnífico píer novo. Mesmo que não tenha passado tanto tempo desde que eles estiveram aqui pela última vez, Emily ainda estava muito animada para ver o progresso com as cabanas. As estruturas principais estavam agora completas, e até mesmo parte do trabalho de paisagismo havia começado. Era muito emocionante ver tudo ganhando forma. E um alívio também, já que sua renda no momento dependia da ilha! Stu, Clyde e Evan realmente superaram suas expectativas e a empresa que Daniel empregou para gerenciar o projeto era realmente fantástica.

“É melhor eu verificar como os rapazes estão indo”, disse Daniel, olhando na direção do som de serras e marteladas. “Ver como foi hoje com a nova empresa de materiais de construção. Eu estarei de volta em um minuto.”

Ele foi em direção aos chalés.

Emily e Chantelle se sentaram nas rochas, olhando para o mar. A água estava calma hoje, e a visão da costa do Maine parecia muito bonita. Era um momento tranquilo, um pouco de paz dentro de uma vida agitada.

“Podemos ligar para o Vovô Roy agora?” perguntou Chantelle depois de um momento. “Sabe que já faz três dias que não falamos com ele.”

Então Chantelle havia notado, percebeu Emily. Claro que sim. A criança era extremamente observadora, e o fato de as ligações diárias entre ela e de seu pai terem cessado não passou despercebido.

“Você acha que ele está bem?” perguntou Chantelle. Emily sentiu um peso sobre seus ombros.

“Eu acho que sim,” respondeu ela. “Apenas acho que ele retomou um velho hábito.”

Embora Roy tivesse prometido manter contato, Emily sabia que os velhos hábitos custavam a morrer, e ainda havia momentos em que seus esforços esbarrariam no total silêncio dele. Machucava tanto agora quanto na época em que ela era mais nova, quando seu longo e lento desligamento da família começou após a morte de Charlotte. Ele afastou-se dela pouco a pouco e, então, como uma criança assustada e confusa, ela deixara isso acontecer. Não mais. Ela tinha um direito sobre seu pai, exigir que ele estivesse em sua vida, compartilhar com ele sua vida e esperar ouvir o mesmo dele.

Ela pegou o celular e digitou o número. Ouviu chamar e chamar. Não houve resposta. Tentou novamente, ciente de Chantelle assistindo pensativamente do canto do olho. Cada nova tentativa feita para entrar em contato com ele fazia seu estômago revirar de angústia. Na quinta tentativa, ela colocou o telefone no colo.

“Por que ele não responde?” perguntou Chantelle, com uma voz triste e assustada.

Emily sabia que ela tinha que mostrar um rosto corajoso para a criança, mas era uma verdadeira luta. “Ele está dormindo muito,” disse ela, fracamente.

“Não por três dias seguidos,” respondeu Chantelle. “Ele deveria checar seu telefone quando acordar e ver que perdeu suas ligações.”

“Ele pode não ter pensado em verificar,” disse Emily, tentando um sorriso tranquilizador. “Você sabe como ele é com tecnologia.”

Mas Chantelle era esperta demais para as desculpas de Emily e não se alegrou à sua fraca tentativa de humor. Sua expressão permaneceu séria e sombria.

“Você acha que ele morreu?” perguntou ela.

“Não!” exclamou Emily, sentindo a raiva amenizar sua preocupação. “Por que você diria uma coisa tão horrível?”

Chantelle pareceu surpresa com a explosão de Emily. Seus olhos estavam arregalados de susto.

“Porque ele está muito doente,” ela disse humildemente. “Eu só quis dizer...” Sua voz desapareceu.

Emily respirou fundo para se acalmar. “Eu sinto muito, Chantelle. Eu não quis me exaltar assim. Eu fico muito preocupada quando não tenho notícias do Vovô Roy por um tempo e o que você disse seria o meu pior pesadelo.”

Roy. Sozinho. Morto na cama sem ninguém ao seu lado. Ela se encolheu com o pensamento, seu coração apertando.

Chantelle olhou timidamente para Emily. Ela parecia insegura, como se estivesse pisando em cascas de ovo, preocupada com a possibilidade de Emily explodir novamente.

“Mas não há como sabermos, não é? Se ele ainda está vivo?”

Emily forçou-se a ser a adulta que Chantelle precisava que ela fosse, apesar de cada pergunta doer como uma nova ferida. “Nós sabemos que ele está vivo porque Vladi está cuidando dele. E se Vladi não ligou, não há nada de errado. Esse foi o acordo, lembra?”

Em sua mente, ela evocou o rosto bronzeado e castigado pelo tempo de Vladi, o pescador grego com quem o pai estabelecera amizade. Vladi prometeu mantê-la informada sobre a condição de Roy, mesmo que o próprio Roy quisesse que sua deterioração fosse ocultada dela.

Mas se Vladi manteve sua promessa, era outra coisa. A quem ele seria mais leal, afinal; a ela, uma jovem que ele conhecera por alguns dias; ou ao amigo de toda uma vida, Roy?

“Mamãe,” disse Chantelle suavemente. “Você está chorando.”

Emily tocou seu rosto e descobriu que estava molhado de lágrimas. Ela limpou-as com a manga.

“Estou com medo,” disse ela à Chantelle. “É por isso. Eu sinto muita falta do vovô. Só queria que pudéssemos convencê-lo a estar aqui conosco.”

“Eu também,” disse Chantelle. “Eu quero que ele e a vovó Patty morem na pousada. É triste que eles estejam tão distantes.”

Emily abraçou a filha com força. Ela podia ouvir Chantelle soluçando gentilmente e sentiu-se mal por seu papel na infelicidade da criança. Chorar na frente dela nunca foi o plano. Mas, de certa forma, ela se questionava se ajudaria Chantelle ver as emoções de sua mãe, ver que estava tudo bem em ser fraco às vezes, estar com medo e preocupado. A criança passara tantos anos de sua vida tendo que ser forte e corajosa, talvez ver sua mãe chorar lhe mostrasse que não havia problema em sair do controle de vez em quando.

“Por que as pessoas têm que morrer?” disse então Chantelle, sua voz abafada pela maneira como seu rosto estava pressionado no peito de Emily.

“Porque...” começou Emily, antes de parar e pensar profundamente sobre isso. “Eu acho que é porque o espírito tem outro lugar para estar.”

“Você quer dizer o Céu?” perguntou Chantelle.

“Poderia ser o céu. Pode ser em outro lugar.”

“Papai não acredita nisso,” disse Chantelle. “Ele diz que ninguém sabe se você vai para algum lugar depois de morrer, e que no judaísmo cabe a Deus decidir se você tem uma vida após a morte ou não.”

“É nisso que papai acredita,” explicou Emily. “Mas você pode acreditar no que você quiser. Eu acredito em algo diferente. E está tudo bem também.”

Chantelle piscou através de seus cílios molhados, fixando seus grandes olhos azuis em Emily. “No que você acredita?”

Emily fez uma pausa e demorou muito para formular sua resposta. Finalmente ela falou. “Eu acredito que há algum lugar para onde vamos depois que morremos, não em nossos corpos, eles ficam aqui na terra, mas nossos espíritos se levantam e vão para o próximo lugar. Quando o vovô chegar lá, ele ficará muito, mas muito feliz. Ela sorriu, consolada por suas próprias crenças. “Não haverá mais dor para ele, nunca mais.”

“Não haverá mais dor?” cantou a doce voz de Chantelle. “Mas como será?”

Emily ponderou a questão. “Eu acho que será como aquele momento em que você dá uma mordida em sua comida favorita o tempo todo.”

Chantelle olhou para ela através dos cílios manchados de lágrimas e riu. Emily continuou.

“Como comer bolo de chocolate para sempre, mas nunca ficar doente. Cada mordida é tão boa quanto a última. Ou como aquele sentimento que você tem quando se afasta de algo em que está trabalhando há meses, vê sua conquista e percebe que você conseguiu.”

“Como o meu relógio?” perguntou a menina.

Emily assentiu. “Exatamente. E é o tipo perfeito de calor, como estar na jacuzzi do spa.”

“Tem cheiro de lavanda como o spa?”

“Sim! E há arcos-íris.”

“E animais?” perguntou Chantelle. “Não seria divertido se não houvesse animais para acariciar e brincar.”

“Se você acha que deveria haver animais,” disse Emily, “Então há animais.”

Chantelle assentiu. Mas seu sorriso logo desapareceu e ela voltou à sua expressão pensativa. “Mas isso é só faz de conta. Nós realmente não sabemos.”

Emily abraçou-a com força. “Não. Ninguém sabe. Ninguém pode. Tudo o que temos é o que acreditamos. O que escolhemos acreditar. E eu acredito que é isso que está esperando pelo vovô. E é o que sua tia Charlotte tem, também. E ela olha para nós sempre que quer e nos envia pequenos sinais para que saibamos que ela está pensando em nós. O vovô fará o mesmo quando chegar a hora.”

“Vou sentir falta dele,” disse Chantelle. “Mesmo que ele vá para algum lugar aconchegante e feliz, sentirei sua falta aqui.”

Apesar de todas as suas garantias sobre a vida após a morte, Emily não podia evitar o que ela sentia profundamente no seu interior. Que ainda seria deixada sozinha, para viver sua vida sem ele. Ele se afastaria dela para sempre e, embora, para ele, fosse um passo maravilhoso para o desconhecido, para ela significaria dor, solidão e tristeza.

Ela apertou Chantelle com força.

“Eu vou sentir falta dele também.”




CAPÍTULO QUATRO


A luz vinda do interior da prefeitura se espalhava pelos degraus enquanto Emily subia. Mesmo a partir dali, ela podia ouvir inúmeras vozes vindas de dentro. Parecia que toda a cidade tinha resolvido aparecer para ouvir a decisão do conselho de zoneamento sobre a Pousada da Raven. Não deveria ser surpresa para Emily que todos os moradores viessem. Mesmo com o anúncio tardio e o agendamento de última hora, as pessoas de Sunset Harbor se importavam tanto com a cidade que arranjariam tempo para comparecer a todas as reuniões.

Ela abriu a porta e viu que todos os lugares disponíveis estavam ocupados. Raven Kingsley estava na frente, conversando com o prefeito Hansen e sua assistente, Marcella. Isso não parecia nada bom, pensou Emily consigo mesma. Se Raven conseguisse seu apoio, seria apenas uma questão de tempo antes que o resto da cidade a apoiasse também.

Ela sentiu um puxão no braço e virou-se para ver Amy e Harry.

“Estou tão feliz que você veio,” disse Amy. “Ouvi rumores de que Raven vai conseguir a liberação hoje. O conselho de zoneamento vai permitir que ela derrube a antiga casa em favor de algo mais moderno. Parece que tudo vai depender dos moradores.”

“Temos que lutar contra isso,” disse Harry. “Um hotel poderia significar um desastre para a pousada e meu restaurante. Quem vai querer vir até o nosso lado do porto quando houver algo mais novo e mais barato em um local mais central? Com vista para o mar? Pense em todas as reservas de negócios aleatórias que recebemos no momento. Perderíamos toda essa clientela, tenho certeza.”

Os interesses de Harry fizeram Emily ficar ainda mais preocupada do que antes. Ela não queria ficar no caminho de Raven, especialmente depois que ela confidenciara sobre seu amargo divórcio. Mas não podia ficar parada e ter seu próprio sustento destruído dessa maneira. Raven, depois de tudo que ela ouvira, não era do tipo implacável. Ela tinha essa mentalidade empresarial impetuosa de Nova York – matar ou morrer. Emily não era do tipo lutadora. Ela realmente gostaria de ter Trevor ao seu lado agora!

“Eu não sei o que devo fazer”, disse Emily. “Eu não quero impedi-la de fazer seu trabalho só porque estou com medo.”

“Então faça isso por sua família,” disse Harry. “Por seus amigos e pela cidade. Ninguém quer um prédio feio na nossa orla, e não queremos que nossa amada pousada também vá à falência. Não é bom para ninguém”.

“O que a maioria das pessoas diz?” perguntou Emily.

Amy apontou para o canto, para os Patels. “Contra, é claro.” Em seguida, para os Bradshaws. “Contra.” Ela apontou depois para Birk e Bertha. Birk era dono do posto de gasolina e foi a primeira pessoa que Emily conheceu em Sunset Harbor. “Eu acho que eles são a favor. Mais carros chegando à cidade significa mais clientes, no que diz respeito a eles.”

Emily mordeu o lábio, consternada. A realidade de uma nova pousada rival chegando à cidade estava começando a parecer muito real para ela. A maneira como o prefeito Hansen estava rindo de algo que Raven acabara de dizer a fez sentir-se ainda pior.

Então Harry a cutucou. “Olha, a reunião está prestes a começar.”

Ela se virou para o palco e o pequeno pódio de madeira. A sala ficou em silêncio quando o prefeito Hansen assumiu sua posição. Ele bateu o martelo, desnecessariamente, considerando que todo mundo já estava prestando atenção.

“Bem-vindos”, disse ele. “Estamos aqui para as discussões adiadas sobre a proposta de Raven Kingsley de limpar o terreno dilapidado na orla e ali construir um novo hotel. Talvez vocês já saibam que o conselho de zoneamento se reuniu no início desta semana e votou unanimemente para que os planos tivessem continuidade.”

Emily olhou para Harry e Amy. Ambos faziam careta. Emily sentiu seu próprio rosto espelhando suas expressões. O prefeito Hansen continuou. “É claro que somos uma cidade pequena e as visões de nossos moradores são tão importantes quanto as do conselho. Mais ainda, na verdade, agora que perdemos nosso querido amigo Trevor Mann.”

Ele pressionou a mão em seu coração. Houve uma onda de riso alegre através da plateia enquanto todos recordavam o protecionismo feroz, às vezes ameaçador, de Trevor sobre a cidade.

“Acredito que muitos de vocês tiveram a oportunidade de falar com Raven durante o feriado,” concluiu o prefeito Hansen. “Então, espero ouvir todas as suas opiniões. Sugiro ouvir Emily Morey primeiro, já que uma nova pousada teria o maior impacto para ela. Emily, você gostaria de tomar a palavra?”

Todos os olhares se voltaram para ela. Emily teve aquela sensação familiar de se sentir pressionada. E ela realmente estava em uma situação difícil. Não queria destruir o sonho de Raven só porque isso poderia tornar as coisas um pouco mais complicadas para ela. Não era do seu feitio. Mas, ao mesmo tempo, as expressões tensas de Harry e Amy ao seu lado a lembraram de que havia pessoas contando com ela. Toda sua equipe, sua família. Eles expandiram a pousada massivamente, tendo o luxo de não ter concorrência. No mínimo, o novo empreendimento de Raven significaria alguns cortes para a pousada de Emily, incluindo redução de pessoal.

“Eu...” começou Emily, sentindo sua garganta ficando seca.

Ela olhou para Raven sentada no palco ao lado de Marcella. Pela segunda vez desde que a conhecera, Emily viu um sorriso genuíno em seu rosto. Assim como Emily quando chegou pela primeira vez, Raven encontrou hostilidade e desconfiança dos moradores locais. Emily era provavelmente a única pessoa que ela contava como um conhecido amigável.

“Eu sou a favor,” Emily de repente deixou escapar. “Acho que há um mercado que a pousada de Raven poderia capturar. Ela atende aos negócios e ao lado corporativo do mercado, com conferências e afins. Eu atendo mais para o lado familiar, casamentos e festividades. Há espaço para nós duas.”

Ela falou rapidamente, tentando dar sua explicação antes que sua voz fosse totalmente engolida pelo alvoroço. Mas foi inútil. Todos falavam em voz alta um sobre o outro, direcionando frustração à Emily, como se fosse sua a ideia de construir o novo hotel, quando na verdade ela seria a pessoa mais afetada se o plano fosse adiante!

E pior ainda eram as expressões ameaçadoras nos rostos de Harry e Amy. Eles reagiram como se ela tivesse acabado de dizer a pior coisa do mundo, como se os tivesse decepcionado terrivelmente. Mas não seria certo ou justo convencer todos a ficar do seu lado, e dizer não à Raven. Seria completamente mesquinho.

Tudo o que ela podia fazer agora era esperar que outras pessoas votassem não, assim ela não teria que lidar com o resultado de sua generosidade.

Emily recuou, procurando as sombras. Mas, em uma cidade pequena como Sunset Harbor, não havia esconderijo. Ela fizera sua cama, agora teria que deitar nela.



*

“O que diabos foi aquilo, Emily?” exigiu Amy assim que a reunião municipal acabou. “Qualquer um pensaria que você queria ir à falência e arruinar a cidade!”

Sua amiga mal a deixara dar cinco passos para fora da prefeitura antes de lançar seu ataque, barrando-a no primeiro degrau. O tempo havia esfriado desde que entraram e Emily estremeceu com a repentina queda de temperatura.

Mas apesar do frio, suas bochechas estavam quentes de vergonha. Emily odiava armar um barraco em público, especialmente quando metade da cidade lotava o corredor atrás delas.

“Podemos conversar sobre isso depois?” disse Emily baixinho.

“Não!” exclamou Amy. “Eu quero saber o que deu em você. Por que você está deitando como um cachorrinho para Raven Kingsley?”

“Não é isso o que está acontecendo,” refutou Emily, picada pela ferocidade das palavras de Amy. “Só porque eu não quero destruir os sonhos dela, não significa que eu estou fazendo de tudo para acomodá-la.”

Amy colocou as mãos nos quadris. “Engraçado, porque está dando exatamente essa impressão. Quero dizer, outro dia você estava me contando todas as suas aflições sobre demitir funcionários durante o inverno e não ter nenhuma reserva. O que você realmente acha que vai acontecer quando tiver uma concorrente como Raven Kinsgley oferecendo quartos mais baratos, comida mais barata, uma localização melhor? Você pode também simplesmente demitir Harry agora.”

“Amy, por favor, acalme-se,” disse Emily, suavemente, tentando tocar a amiga, mas Amy se afastou. Ela não era uma chorona, nunca tinha sido, mas Emily notou que seu rosto estava vermelho pela tensão de manter-se firme.

“Eu simplesmente não entendo você,” disse Amy, virando o rosto para o outro lado. “Eu não entendo o que você está fazendo.”

Emily não tinha palavras. Era difícil se explicar, além do fato de que ela queria ser um ser humano decente e espalhar gentileza. Ela vira o modo como Chantelle resolvera seu problema com Laverne durante o Halloween e fora humilhada pela capacidade da criança de cuidar e perdoar. A única coisa que ela podia entender agora era que arrasar alguém não estava certo, sob nenhuma circunstância.

“Mesmo as Raven Kingsleys do mundo merecem uma chance,” disse Emily. “Me desculpe se você sente que eu traí Harry, ou mesmo que eu estou decepcionando a mim e minha família, mas eu simplesmente não posso descer a esse nível, para destruir o sonho de alguém assim.”

Amy olhou para ela, ainda incrédula, como se ela não percebesse o que estava dizendo. “Acho que você vai se arrepender disso. Assim que Raven tirá-la do negócio.”

“Quando isso acontecer, você pode dizer ‘eu avisei’”, disse Emily, tentando fazer do comentário algo entre uma piada e uma despedida.

Amy meneou a cabeça, parecendo mais que desapontada. Era doloroso para Emily ver sua melhor amiga tão brava com ela, mas não ia recuar sob a pressão. No fundo, sabia o que era certo, e essa era a única coisa que ela deixaria que guiasse suas ações.

“Vou para casa,” disse Amy.

“Não, Amy,” disse Emily, estendendo a mão. “É a cerimônia de iluminação da árvore. Sua primeira em Sunset Harbor. Vamos lá, vamos esquecer isso pelo o resto da noite, ok?”





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"A capacidade de Sophie Love encantar seus leitores é delicadamente trabalhada em poderosas e inspiradoras frases e descrições… Este é o romance perfeito para ler na praia, com uma diferença: seu entusiasmo e belas descrições nos chamam a atenção, inesperadamente, para a complexidade não apenas do desenvolvimento do amor, mas do desenvolvimento da psique dos personagens. É uma recomendação deliciosa para quem ama romances e está em busca de um toque a mais de complexidade em seus livros". –Midwest Book Review (Diane Donovan, sobre Agora e Para Sempre)PARA SEMPRE NATAL é o livro 8 na série de best-sellers A POUSADA EM SUNSET HARBOR, que começa com Agora e Para Sempre (Livro 1).Aos 35 anos, Emily Mitchell deixou seu emprego, apartamento e ex-namorado em Nova York para morar na casa histórica e abandonada de seu pai na costa do Maine, buscando uma mudança na vida e determinada a transformar a propriedade numa pousada. Mas nunca teria imaginado que seu relacionamento com o zelador da casa, Daniel, viraria sua vida de ponta-cabeça.O Natal e o Ano Novo se aproximam rapidamente em Sunset Harbor, e Emily Mitchell está quase no final da gestação. Enquanto eles continuam as obras em sua ilha particular, surge uma nova oportunidade de negócio – um que Emily nunca poderia antecipar, e que poderia mudar tudo.O tempo de vida que resta para Roy está passando rápido, e à medida em que o Natal se aproxima e todos estão ocupados com os preparativos, Emily sabe que este será o mais importante de sua vida. Será um final de ano inspirador, que mudará suas vidas para sempre.PARA SEMPRE NATAL, é o livro 8 de uma nova e eletrizante série de livros que fará você rir, chorar e continuar virando as páginas até tarde da noite: você vai se apaixonar pelo romance mais uma vez.A nova comédia romântica de Sophie, AMOR COMO ESTE, também já está disponível!"Um livro muito bem escrito, que narra a luta de uma mulher (Emily) para encontrar sua verdadeira identidade. A autora fez um trabalho incrível ao criar os personagens e descrever o cenário. O romance está presente, mas sem excessos. Parabéns à autora por este incrível começo de uma série de promete ser muito interessante".–Books and Movies Reviews, Roberto Mattos (sobre Agora e para Sempre)

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