Книга - Você Me Pertence

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Você Me Pertence
Victory Storm


Pode um amor que desafia a lei de duas famílias divididas por um antigo rancor sobreviver? Ginevra Rinaldi nunca soube o que era liberdade. Vivendo em uma gaiola de ouro, sufocante e cheia de regras ditadas por seu pai, ela está acostumada a obedecer e sofrer as punições da família por qualquer ato de rebelião.  Lorenzo Orlando abdicou o seu lugar como herdeiro da família Orlando para ter a liberdade de ser e fazer o que quisesse, até mesmo arriscando a própria vida por isso. No entanto, hoje ele é um homem respeitado e o dono do local mais prestigiado de Rockart City, o Bridge. Determinada a romper com as barreiras e as regras de sua família, Ginevra acabará na cova do lobo. O que acontecerá quando ela for enlaçada pelo olhar penetrante de Lorenzo e descobrir que não pode mais escapar dele? Quanto tempo levará para Ginevra se tornar sua presa?










Victory Storm









Você me pertence




Você Me Pertence

Victory Storm


Direitos autorais de texto © Victory Storm 2020

http://www.victorystorm.com

Tradutora Elaine Lima

Editora: Tektime

Capa: Design gráfico por Victory Storm – Stock: https://stock.adobe.com

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da imaginação da autora ou são usados de forma fictícia.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte do livro pode ser reproduzida ou distribuída por qualquer meio, fotocópias, microfilme ou não, sem a permissão da autora.





Duas famílias, iguais em dignidade

Na famosa Verona, que a nossa cena ostenta,

Brigam de novo, por um velho rancor,

Uma guerra civil torna mão civil sangrenta.

Do fatal seio desses dois inimigos,

Nasce, desditosos, um par de amantes.

Cujas derrotas em trágicos perigos

Com suas mortes enterram a luta de antes.

A terrível história desse amor marcado pela morte,

E de seus pais a raiva incessante,

Que, só com o fim de seus filhos, terminada,

Por duas horas no palco será representada;

Se tiverem ouvidos pacientes para ouvir-nos,

O que aqui faltar, esforçaremos para corrigir-nos.



Romeu e Julieta

( William Shakespeare )




1

GINEVRA


— Não sei, Maya. Talvez seja melhor esquecermos disso — sussurrei, tentando acalmar a ansiedade que estava começando a sentir.

— Ginevra, vamos lá, deixe-se levar, pelo menos uma vez! Você não está cansada de sempre ter que obedecer às regras de sua família? Não me diga que uma parte de você não está louca para se rebelar e se divertir como todas as garotas da nossa idade!— bufou minha amiga.

Claro que queria! Mas não era tão fácil para quem tem o sangue italiano Rinaldi nas veias.

Ser filha de um chefão da máfia significava ter uma vida predeterminada, cercada por um conjunto de regras e limites ditados por um pai, que era o meu comandante para todos os efeitos.

Embora eu fosse a filha mais nova, não era de forma alguma mais livre e todo erro ou transgressão sempre era punido com severidade. É por isso que aprendi desde muito cedo a respeitar os desejos da minha família.

Sempre me comportei exemplarmente, mas nos últimos anos, desde que comecei a faculdade, comecei a me ressentir das regras rígidas de meu pai e da mania de perfeição da minha mãe.

Tudo mudou quando conheci uma realidade tão vasta como a universidade, com alunos que não eram selecionados e avaliados da mesma forma que as alunas da escola católica que eu havia cursado até então.

Aprendi que havia estilos de vida diferentes e que, sem a presença do meu pai no conselho escolar, ninguém se importava que eu fosse uma Rinaldi.

Pela primeira vez na vida, me permiti ser eu mesma e abraçar novos ideais, mesmo que meu pai os detestasse.

Nos últimos dois anos, eu havia me tornado a ovelha negra da família, aquela a ser evitada ou tratada como uma coitada desajustada, mas a verdade é que nunca me senti tão viva antes.

Eu havia quebrado aos poucos as pequenas correntes que me prendiam à família, mas ainda estava extremamente longe da liberdade total e de fazer o que queria, como tomar uma decisão clara sobre meu futuro sentimental ou profissional.

Até então, eu tinha me limitado a assistir Maya, filha do contador da propriedade Rinaldi e minha única amiga, enquanto ela violava as regras de sua família, que seguiam servilmente as regras de meu pai.

Eu sentia inveja de Maya toda vez que ela me ligava, pedindo para a encobrir, quando ela queria se encontrar com amigos que seus pais não gostavam ou quando estava namorando um garoto.

Sempre admirei a bravura com a qual desafiava os desejos de sua família.

Muitas vezes, quis ser como ela, mas o peso do meu sobrenome sempre me impediu.

No entanto, Maya estava certa: eu não poderia continuar assim. Tinha acabado o último ano de faculdade e ainda não tinha sentido a emoção de uma pequena escapadela, de um encontro secreto com um menino ou de fazer qualquer besteira que fosse, como uma saída à noite com gente que não conhecia.

— Certo, eu topo — exclamei com entusiasmo, com a voz ainda cheia de apreensão.

— Você verá que vai ficar tudo bem. Já fiz isso centenas de vezes e posso garantir que nunca tive problemas — tranquilizou Maya.

— Só tenho medo de que alguém me reconheça ou que meu pai descubra.

— Tomei todas as precauções necessárias. Olhe aqui, — disse ela, me entregando uma peruca loira ondulada.

— Você está brincando, não é?

— Querida, você é filha do dono de metade de Rockart City. Nem pense que pode sair por aí sem chamar atenção.

— Ninguém mais sabe quem eu sou. Há dois anos meu pai não me inclui mais em suas reuniões e nem mesmo me convida para suas cerimônias de posse. Agora, as pessoas pensam que ele só tem dois filhos e não três. Não apareço mais ao seu lado desde que me tornei vegetariana e comecei a falar sobre direitos civis.

— Ele ainda não te perdoou por ser vegetariana? — riu Maya.

— Não, quando comemos juntos, ele sempre garante que eu tenha um bife no prato, que descarto todas as vezes, deixando-o furioso. Agora, na maioria das vezes, como sozinha no anexo para onde me rebaixaram — disse desanimada. Era difícil nunca se sentir aceita pela família.

— Ótimo! Lá você pode ficar sozinha e fazer o que quiser!

— Mais ou menos. Lembre-se de que há câmeras por toda a casa e os seguranças estão sempre presentes. Não há privacidade e muitas vezes me pergunto se algum dia serei capaz de me desvincular de vez da minha família e viver minha própria vida. Eu gostaria de encontrar um emprego, me casar com um homem que eu amasse…

— Enquanto você estiver em Rockart City, isso nunca vai acontecer. Nada acontece na parte leste do rio Safe sem a permissão de seu pai… sua única esperança é ir para bem longe daqui, para um lugar bem longe do alcance do seu pai, porque você também sabe muito bem que ele nunca vai deixar você fazer o que quiser. Ele fará de tudo para impedi-la de trabalhar, para que nunca consiga ser responsável por suas próprias finanças e terminar cortando o cordão umbilical que ainda a acorrenta a ele com plenos vinte e três anos!

— E ele certamente não me deixaria casar com quem eu quisesse.

— Nem sonhando! Ginevra, pense em todos os relacionamentos amorosos que você teve até agora.

— Eu só tive um. Durou três dias, e foi no meu último ano do ensino médio.

— Daniel Spencer, certo?

— Sim. Eu mal consegui dar meu primeiro beijo nele, antes de saber que ele e toda a sua família haviam sido exilados para sempre de Rockart City.

— Tudo isso por causa de um beijo… pense no que teria acontecido se tivessem dormido juntos.

— Eu teria acabado nas masmorras do castelo como prisioneira de guerra — ri baixinho, embora na realidade sempre achei que esse seria realmente o meu destino. Eu ainda não tinha esquecido a explosão e a bofetada que o meu pai me deu quando descobriu que eu tinha uma queda pelo filho de David Spencer, o homem que o fez perder um acordo dois anos antes.

Edoardo Rinaldi era um homem que guardava rancor para o resto da vida.

— Bem, eu posso garantir que nada vai acontecer com você desta vez e seu pai nunca vai descobrir — animou Maya, vindo por trás e colocando a peruca loira sobre meu cabelo castanho que batia no ombro.

Eu olhei no espelho, acabei rindo pois estava irreconhecível com todo aquele delineador preto e cabelo loiro que chegava à minha cintura. Além disso, o vestido que Maya me fez usar era o completo oposto do meu visual “comportado” de sempre.

Aquele vestido vermelho sem alças e a jaqueta de couro preta com mangas três quartos me devam uma aura de mulher cosmopolita, dinâmica e pecadora. Tudo o que eu não era.

— Seu pai não vai te questionar sobre todas essas compras? — perguntei surpresa.

— Meu pai não é tão cauteloso quanto o seu, mas ele verifica todas as minhas compras com cartão de crédito e minha mãe entra no meu closet uma vez por mês se meu pai reclamar do extrato bancário.

— Sua mãe é igual à minha. Você não acha que ela vai te repreender por essas compras extravagantes?

— Minha mãe não sabe nada sobre a minha segunda vida. Tenho um acordo com a vendedora. Ela deixa que eu experimente essas roupas em casa por um dia e eu as levo intactas na tarde seguinte, quando vou trocá-las por outras mais adequadas ao gosto da minha mãe — revelou Maya, mostrando-me a etiqueta ainda presa ao vestido, antes de escondê-la dentro do decote, na axila direita.

— Você é brilhante!

— Eu sei, mas lembre-se de ter cuidado com este vestido, porque amanhã tenho que levá-lo de volta à loja e deve estar em perfeitas condições.

— Prometo!

— Bem, então vamos nessa. A empregada me emprestou as chaves do carro que usa para fazer as compras e, do jeito que estamos agora, ninguém vai nos reconhecer quando sairmos. Nem mesmo o guarda-costas que te trouxe aqui e que está vigiando do estacionamento do lado de fora do portão.

— Espero que sim, senão estou morta.

— Por precaução, vamos deixar os celulares aqui, para que o sinal do GPS não atrapalhe nosso plano. Além disso, levaremos apenas dinheiro e o documento falso que dei a você. Lembre-se que esta noite eu não sou Maya Gerber, mas Chelsea Faye e você não é Ginevra Rinaldi, mas sim Mia Madison de Los Angeles.

— Você pensou em tudo, hem?

— Ginevra, depois de cinco anos de fugas secretas, eu poderia até escapar de uma prisão — riu Maya, aliviando a tensão.




2

GINEVRA


Meu coração batia loucamente. Era a primeira vez que fazia uma loucura como essa e estava morrendo de medo.

Silenciosamente, apesar dos meus saltos altos, segui Maya. A essa altura, todos haviam adormecido e a casa estava deserta.

Saímos pela porta dos fundos e caminhamos até o carro estacionado bem na frente, como minha amiga havia planejado.

Entramos em um velho Toyota Corolla e saímos rapidamente.

Quando o carro passou pelo portão, me escondi para não ser notada pelo carro estacionado na saída. Era o mesmo que havia me trazido até lá e eu sabia que ele não iria embora até que me levasse de volta para casa.

Eu odiava aquele controle constante sobre minha vida, mas não tinha ideia de como escapar daquela prisão sem grades.

Ser uma Rinaldi era uma cruz que carregaria até a morte.

Só quando chegamos à rodovia que comecei a relaxar, mas assim que avistei o rio Safe , senti falta de ar. Era a primeira vez que o vi ao vivo.

Em um instante, senti medo e todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

— Maya, para onde estamos indo? — perguntei, inquieta ao ver minha amiga continuar seguindo na ponte que ligava o leste de Rockart City ao oeste.

— Vamos para onde sua família não pode nos encontrar.

— Você está louca?! Os Rinaldi são proibidos de se aproximar deste rio! Se um Orlando me encontrar em sua parte da cidade, será o meu fim! — Nessa altura, eu gritava de terror. Odiava todos os limites e regras que meu pai me impunha, mas nunca cruzar o rio era a única que sempre aceitei de bom grado e que prometi nunca quebrar se não quisesse correr o risco de morrer prematuramente.

— Eu sei disso muito bem. É por isso que temos documentos falsos.

— Isso não me tranquiliza, Maya.

— Chelsea! Lembre-se de que sou Chelsea e você é Mia! Não se confunda ou estamos ferradas!

Continuei a jornada esmagada contra o assento, as batidas do meu coração latejando em meus ouvidos. Fui incapaz de apreciar a vista daquela parte da cidade que eu nunca tinha visto.

— Vai ficar tudo bem, você vai ver. — Maya ficava me dizendo, mas agora eu estava a ponto de fugir e voltar, prometendo nunca mais fazer uma coisa dessas.

Eu mal notei que Maya havia estacionado o carro ao lado de outro com dois belos caras sentados nos bancos da frente.

— O que está atrás do volante é Lucky Molan. Foi ele que me fez perder a cabeça, aquele de quem não paro de falar com você ultimamente. Eu o conheci em Lezioniprivate.com . É ele quem me dava aulas de economia online, sem que minha mãe soubesse, claro. Ela está convencida de que sou um gênio. Há dois anos que estou cobiçando ele e só agora que me formei é que ele concordou em sair comigo. Porém, infelizmente, quando ele sugeriu um encontro duplo com seu irmão, que acabou de terminar com sua namorada, eu não pude dizer não.

— É por isso que estou aqui, certo? Para manter o pobre irmãozinho ocupado enquanto você se diverte com o amor da sua vida.

— Eu não diria nestes termos, no entanto… é bem isso. Por favor, Gin… Mia, é importante que tudo corra bem, porque não pretendo me contentar só com um encontro.

— Tem apenas um detalhe que não compreendi. Ele sabe que você é Maya Gerber?

— Claro que não. Você sabe que eu nunca revelaria a minha verdadeira identidade. Não quero que ninguém descubra que tive aulas particulares.

— Então, seu relacionamento é baseado em mentiras. Como você acha que pode construir algo sólido e duradouro dessa forma?

— Por enquanto, estou apenas pensando em me divertir, certo? Quero sair com Lucky e talvez dormir com ele. Eu não disse que queria me casar com ele!

— Duvido que seu pai permitisse isso.

— Lucky mora a oeste do rio, então está fora dos limites para mim. Embora eu não seja um Rinaldi, meu pai não quer que eu venha para esta parte da cidade.

— Considerando as coisas que seu pai sabe sobre minha família e o negócio que ele administra para os Rinaldi. Acho que você corre tanto perigo quanto eu aqui.

— Talvez, mas eu não me importo! Sou muito jovem para pensar nessas coisas.

— Ou muito estúpida — sussurrei com raiva, enquanto ela fazia uma careta para mim.

Silenciosamente, como se tivesse medo de ser ouvida por seja lá quem, saí do carro e me aproximei dos dois garotos com Maya ao meu lado.

Ambos eram loiros com olhos azuis.

Minha amiga trocou um abraço com o mais alto e mais magro. Cheguei à conclusão que aquele devia ser o tal Lucky.

— Prazer em conhecê-la, eu sou Mike — disse o outro jovem, aproximando-se de mim. Ele tinha uma expressão triste no rosto e era apenas alguns centímetros mais alto que eu.

— Mia — respondi, me apresentando e tentando abafar um gemido de medo de acabar revelar o meu nome verdadeiro.

Como eu gostaria de ser tão espontânea e relaxada quanto Maya!

— Eu reservei uma mesa no Bridge. Só quero deixar claro que tive que pedir um favor a um amigo para conseguir um passe para entrar. É um lugar tão exclusivo que está fora do alcance de nós, meros mortais — riu Lucky, apontando para um prédio a poucos metros de distância.

— Ah, pensei que íamos para a Lux … já estive lá muitas vezes e sempre adorei o lugar — interveio Maya, o tom de ansiedade que percebi em sua voz me preocupou. Não era do feitio dela ficar assustada e senti meu medo aumentar a um nível alarmante.

— Chelsea, pode ser que nunca mais teremos uma oportunidade como esta e o passe é válido apenas para esta noite, o que significa que teremos a chance de ouvir Folkner, o famoso pianista — interrompeu Lucky.

Eu olhei para Maya e percebi uma forte indecisão em seus olhos escuros, até que ela finalmente concordou com um leve aceno de cabeça.

— Vai ficar tudo bem — sussurrou ela em meu ouvido, apertando minha mão com força para não me assustar.

Não faço ideia de onde tirei coragem, mas vi meus pés avançarem um na frente do outro, em direção ao que parecia ser um covil de cobras.

Somente quando eu estava a um passo da entrada e li a placa, senti a terra se movendo sob meus pés pela enésima vez naquela noite: “Bridge. Casa Noturna Família Orlando.”

Como se tivesse lido meus pensamentos, Mike me explicou que o lugar pertencia aos Orlandos, a poderosa família italiana que foi a pioneira em Rockart City (mesmo que outra pessoa alegasse que os Rinaldi se estabeleceram lá primeiro) e que eles transformaram aquele vale desolado em um ímã para novos imigrantes, dando vida ao que agora é reconhecida como uma das cidades mais prósperas e históricas dos Estados Unidos da América.

Aquele local foi a primeira atividade comercial da família e era o coração de Rockart City a oeste do rio.

— Após a morte do grande Giacomo Orlando, a direção do restaurante passou para seu sobrinho Lorenzo, a ovelha negra da família. Ele brigou com todos e se recusou a assumir o lugar de seu pai Salvatore. Ele só se salvou da ira da família Orlando por ser o filho mais velho, filho único e adorado pelo avô, que no leito de morte pediu-lhe que não saísse da cidade e continuasse com o restaurante da família, o legado da família Orlando. Por causa de seu avô, Lorenzo aceitou e fez deste lugar o lugar mais exclusivo e prestigioso de toda Rockart City — concluiu Mike, quando começamos a caminhar em direção à Bridge.

— Ele deve ser um cara inteligente.

— Sim, e ele tem apenas 29 anos, mas não espere um cavaleiro em uma armadura brilhante. Ele é um predador como todos os Orlandos e não perdoa o menor erro. Se você pisar na bola com ele, corre o risco de acabar muito mal. Eu soube de dois caras que começaram uma briga aqui no ano passado e a polícia teve que intervir. Bem, desde aquele dia, todos se perguntam o que aconteceu com aqueles dois idiotas. A mesma coisa com o traficante que pensou em vender em seu estabelecimento. A família Orlando pode governar cada pessoa e lugar na zona oeste de Rockart City, mas na Bridge a única lei é a lei do Lorenzo. Tudo o que gira em torno desse homem está blindado e inacessível, a menos que ele decida o contrário. A cidade estava convencida de que, ao renunciar ao legado da família, perderia todo o poder. Em vez disso, Lorenzo mostrou que pode lidar com tudo sozinho. Hoje, ele é tão poderoso quanto sua família e o mais louco é que ele construiu seu próprio poder.

— Bem, o sobrenome dele pode ter ajudado.

— Talvez agora seja esse o caso, mas não quando ele se separou de sua família. Metade dos seus parentes queriam sua cabeça quando ele mandou todos para o inferno. Certamente seu avô, que estava à frente da família Orlando na época, o protegeu de ser morto, mas então ele morreu e Lorenzo ficou completamente sozinho.

— Ele deve ser extremamente corajoso para desafiar sua família tão abertamente — exclamei com uma pitada de inveja. Adoraria ser como ele ou ter um avô que me apoiasse, mas meus outros parentes ou estavam mortos, ou voltaram para a Itália.




3

GINEVRA


Apesar da tensão, me senti totalmente à vontade quando coloquei os pés dentro da Bridge.

A boate era muito sóbria, elegante, refinada, com as paredes cobertas com papel de parede em tecido azul royal com detalhes florais cor de damasco e padrões dourados, que refletiam as luzes suaves e quentes dos lustres de cristal pendurados.

As mesas também eram escuras, mas opacas, ao contrário do piso de mármore preto com riscas de ouro.

A música que o pianista estava tocando se espalhava harmoniosamente pelo ar, me forçando a relaxar e desfrutar daquela experiência única.

Lucky e Mike nos fizeram sentar em uma mesa com um sofá de couro preto e poltronas estilo retrô.

A atmosfera era, sem dúvida, sombria, mas graças à iluminação e a sensação acolhedora ao nosso redor, era impossível não se sentir seguro, bem-vindo e pronto para ser mimado pela equipe afável, a postos para correr para ajudar ao menor sinal, sem ser intrusivo ou indiscreto.

— Para onde essa escada leva? — perguntei ao Mike, que tinha se sentado ao meu lado.

— Eu nunca estive aqui, mas eles me disseram que lá em cima há cabines privadas e quartos. Não é um hotel, mas Lorenzo Orlando queria criar uma área para quem precisasse se livrar da ressaca ou caso viessem com uma pessoa especial. Já no porão há uma grande sala para recepções especiais e uma mesa de sinuca. Não sei o que acontece lá em baixo, mas as pessoas dizem que tem algo a ver com o crime organizado da família Orlando. Por fim, no segundo e último andar, acho que é o apartamento do dono.

— Dessa forma, ele não perde seus negócios de vista — disse, desconfiada.

— Ele é um homem que gosta de ter controle total.

— Percebi.

— Na verdade ele está nos observando agora.

— Do apartamento dele?

— Não, de lá — corrigiu ele, acenando para um espaço elevado na parte de trás do salão.

— Não olhe para ele! Se ele te flagrar, pode ficar desconfiado e nos expulsar! — repreendeu Mike, mas eu estava muito curiosa. Eu nunca tinha visto um Orlando na minha vida e minha curiosidade venceu.

Eu escaneei cada pessoa presente naquela mesa colocada em uma posição especial, que era acessada através de uma pequena escadaria de seis degraus.

Eram três homens e três mulheres.

O homem da esquerda estava trabalhando em seu tablet e não parecia nem um pouco atento à conversa do cara à sua direita, que estava falando algo engraçado que fez todas as mulheres rirem.

Eu me perguntava qual deles era o Lorenzo Orlando.

Talvez o todo focado no tablet?

Movi meu olhar para a direita e meus olhos se encontraram com os do terceiro homem.

Em completo constrangimento por ser pega olhando para ele, olhei para baixo e voltei para meus amigos que estavam pedindo uma Menabrea.

Eu pedi uma também, sem saber o que era. Eu ainda estava abalada por aqueles olhos penetrantes.

Incapaz de me controlar e me concentrar na conversa que estava rolando na minha mesa, olhei novamente para o homem.

Eu estremeci quando notei que ele continuava olhando para mim.

Eu estava prestes a desviar o olhar novamente, mas uma parte de mim decidiu continuar encarando sem mostrar meu desconforto.

Além disso, eu queria saber! Era ele o famoso Lorenzo Orlando?

Mantive meu olhar fixo no dele.

Embora a luz estivesse fraca, notei a cor âmbar de seus olhos. Uma cor amarela ocre rica, com listras de cobre.

Eu nunca tinha visto olhos dessa cor e eu estava sem fôlego.

Eles possuíam algo magnético, fascinante e catalisador.

Ele é Lorenzo Orlando! Tenho certeza disso!

Eu estava lá admirando-o, deixando meu olhar fluir sobre seu rosto quadrado, sua pele bronzeada e a barba por fazer que sombreava sua mandíbula.

Fiquei surpresa. Eu esperava encontrar um homem todo arrumado nos mínimos detalhes, com a intenção de passar uma imagem perfeita de si mesmo. Em vez disso…

A barba por fazer, cabelos castanhos despenteados, um leve toque de círculos escuros abaixo dos olhos… me passou mais a impressão de um homem com experiência, um homem a quem a vida não tinha dado tudo de mão beijada, que teve que lutar para deixar sua marca.

Essa imagem me fascinou e me hipnotizou.

No entanto, Lorenzo Orlando definitivamente não era um homem negligenciado, excessivamente extravagante ou com pouca atenção aos detalhes.

Tudo parecia perfeito em sua imperfeição e seu terno de seda escuro combinava com a camisa preta aberta na frente, dando-lhe uma aura de poder que emanava de todos os poros.

Ele era descaradamente irresistível. Ele sentou-se à mesa de uma forma composta e controlada, trazendo sua bebida para sua boca sedutora e olhando para mim. O comportamento dele me incomodou e me atraiu como uma mariposa pelo fogo.

Perigoso e encantador como um diabo.

Foi exatamente o que pensei.

Eu ainda estava olhando para ele quando o vi levantar seu Manhattan e fazer um brinde na minha direção.

Senti minhas bochechas queimarem e seu sorriso sedutor me fez entender como meu constrangimento era legível.

Eu afundei com vergonha e rapidamente olhei para o lado.

Eu estava tão agitada que meu coração estava latejando na minha garganta.

A ideia de ser pega duas vezes olhando para um homem que eu nunca deveria ter conhecido me fez querer fugir.

Ginevra, você está brincando com fogo!

Olhei para o topo da minha mesa e me vi de frente a uma caneca de cerveja.

Menabrea, a marca italiana de cerveja, estava estampada no vidro.

Eu fiz uma careta.

Eu odiava cerveja.

Incapaz de fazer nada, finalmente decidi ouvir Mike que começou a falar comigo sobre sua ex-namorada, eles tinham namorado por quatro anos.

Fingi que estava interessada na história por um bom tempo.

Na verdade, minha mente continuava voltando para aquele homem a poucos metros de distância, e seus olhos dourados hipnóticos.

Infelizmente, depois de quinze minutos, eu estava tão entediada que, sem conseguir me conter, meu olhar pousou novamente em Lorenzo Orlando.

Eu não conseguia entender como um homem como ele poderia fazer algum mal a um Rinaldi.

Mesmo que eu sentisse um véu de escuridão e agressividade ao seu redor, Lorenzo parecia muito controlado e relaxado para machucar alguém.

Como se ele tivesse sentido meu olhar sobre ele, de repente o vi se virar para mim.

Percebi seu olhar ficando duro e desconfiado e isso me deixou sem fôlego.

Sim, Lorenzo Orlando era um homem perigoso e de repente me senti encurralada.

Virei imediatamente para Mike e prometi a mim mesma não olhar mais na direção de Lorenzo.




4

GINEVRA


Embora prestigiosa e feita de puro malte italiano, achei inapropriado beber uma cerveja Menabrea naquele ambiente. Além disso, nunca gostei de cerveja

Determinada a pedir meu amado Bellini de sempre e me livrar de Mike e de sua elaborada discussão até os mínimos detalhe sobre o motivo do rompimento com sua ex-namorada, levantei e fui diretamente ao balcão para pedir minha bebida.

Sentei-me em um banquinho e esperei pelo barman, que imediatamente veio me servir.

— Um Bellini, por favor — pedi gentilmente.

Em um instante, o garçom pegou um pêssego maduro e começou a bater sua polpa e depois filtrá-la com um coador pequeno.

Fiquei tão encantada com seus movimentos fluidos e precisos e com a música que o músico Folkner tocava no piano ali perto, que não percebi uma pessoa que se sentou ao meu lado.

— Boa noite— sussurrou de repente uma voz profunda e calorosa, me fazendo pular.

Virei para a esquerda e me vi a alguns centímetros de Lorenzo Orlando.

Em um instante, senti minha garganta queimar e ficar completamente seca, enquanto meu coração começou a martelar violentamente no meu peito.

Depois de ser pega três vezes olhando para ele, fiz de tudo para me distrair e esquecer todos os perigos que corria por estar ali.

Felizmente, as histórias de Mike me ajudaram a distrair um pouco, mas agora eu me sentia sozinha, indefesa e totalmente vulnerável, sentada tão perto daquele ser elegante e ameaçador.

Tentei responder a sua saudação, mas era como se cada sílaba tivesse ficado presa na minha garganta, me sufocando.

Eu senti como se estivesse queimando sob seu olhar âmbar, enquanto ele olhava para mim persistentemente esperando pela minha resposta. Ele estava desconfiado e também perplexo com o meu silêncio.

Fiquei tão agitada que paralisei e minha mente ficou em branco. A única coisa que gritava na minha cabeça era para não revelar meu nome verdadeiro e acabar me expondo.

Olhei para Maya pedindo ajuda, mas Lucky e ela estavam se beijando.

Voltei meu olhar para Lorenzo.

Ele ainda estava olhando para mim e me senti ainda mais encurralada do que antes.

Fiquei tentada a fugir e desaparecer para sempre, mas felizmente o barman veio em meu socorro, entregando o meu Bellini.

Tentando controlar meu tremor e o fato de que estava sem fôlego, agarrei a taça.

Virando no banquinho para me levantar, meus joelhos tocaram os dele levemente e eu senti falta de ar.

Eu olhei para cima na esperança de ler indiferença ou descuido em seus olhos, mas me vi eletrocutada pela escuridão de suas pupilas dilatadas.

Naquele terno preto, ele me lembrava uma pantera pronta para atacar sua presa.

— Com licença — disse fracamente, movendo-me rapidamente para longe e me virando em direção à minha amiga.

Eu estava prestes a me afastar daquele que estava desmantelando meu autocontrole quando senti um aperto firme, mas delicado, em volta do meu braço.

Parei de medo e vi a mão bronzeada de Lorenzo em minha pele clara.

Eu gemi ansiosamente.

Quando um Orlando e um Rinaldi se encontravam, sempre terminava da mesma forma: com a morte de um dos dois.

Naquele momento, entendi, com certeza, que era eu quem tinha menos chance de sobreviver.

Não sabia que expressão eu tinha no rosto, mas deve ter sido clara o suficiente para que Lorenzo me soltasse.

— Você não pode ficar aqui — sussurrou ele, perto de mim, enquanto sua mão grande e bem cuidada se afastava do meu braço esguio, me deixando tentada por aquela experiência surreal.

Eu fiquei surpresa. Como Lorenzo Orlando descobriu que eu era uma Rinaldi?

— Eu… eu… — murmurei, incapaz de encontrar uma desculpa plausível.

— Não aceito freelancers e neste momento não vou contratar outras acompanhantes — avisou-me severamente, apontando para um grupo de mulheres elegantes e sexy que flertavam e conversavam amigavelmente com alguns clientes.

Acompanhante?!

Lorenzo achou que eu era uma acompanhante de luxo!

Olhei para o meu vestido e percebi que era muito ousado, mas não achei que pudesse ser confundida com uma prostituta.

Além disso, considerei mesquinho e tacanho julgar uma mulher apenas por suas roupas.

Levantando meu queixo e assumindo a atitude mais raivosa e arrogante possível, me aproximei calmamente do homem que realmente queria chutar naquele momento.

— Eu não sou uma prostituta — disse ofendida, recuperando minha voz graças à raiva repentina que corria em minhas veias.

— Elas também não. Eles são acompanhantes. E se elas oferecem serviços extras, isso não é problema meu. Contanto que façam isso longe daqui — respondeu ele, surpreso com o meu tom inesperadamente relutante.

— Então me permita corrigir: eu não sou uma acompanhante — respondi determinada e azeda.

— Às vezes as aparências enganam — rebateu ele, determinado a ser o vencedor da discussão. Aparentemente, não fui a única a ter confundido a atitude hostil da outra pessoa com um ataque pessoal.

Eu sorri por dentro, sentindo o desejo de travar aquela batalha e sair vitoriosa.

Não sabia de onde vinha toda aquela coragem depois de sentir tanto medo… talvez fosse a adrenalina.

— Não se preocupe, te desculpo. Entendo que uma pessoa recém-reintegrada pode ter momentos de confusão e interpretar mal as coisas.

— Reintegrada? — repetiu perplexo, mas com um leve tom ameaçador em sua voz. Era evidente que ele estava fazendo um esforço considerável para não me atacar.

Seu autocontrole, que pretendia demonstrar sem ceder, me fez sentir mais forte. Eu conhecia aquele orgulho e sabia o que ele estava escondendo.

— Sim. Admita: há quanto tempo você está fora? Dois dias? Uma semana?

— Fora de onde? — perguntou ele secamente, com um esforço notável, embora eu soubesse que ele já sabia a resposta.

— Fora da prisão, claro. Posso reconhecer uma pessoa que acabou de sair da prisão e que tem dificuldade em se adaptar às convenções sociais.

Por um momento, sua boca abriu com espanto. Ele certamente não estava acostumado que falassem com ele daquela maneira, mas tinha muita compostura para não explodir aquela máscara de homem perfeito que usava na presença de outras pessoas.

— O que te faz pensar que acabei de sair da prisão? — sibilou Lorenzo ameaçadoramente, seus olhos se estreitaram e sua mandíbula se contraiu.

— Sua aparência.

— Minha aparência? — repetiu ele, tão calmo quanto a calmaria antes da tempestade.

— Sim. Resumindo: esse seu cabelo não vê uma tesoura de barbeiro e um pente há algum tempo. — Provoquei ainda mais ao apontar para o cabelo perfeitamente penteado de uma forma bagunçada, mas mantendo sua elegância. — Até essa barba por fazer faz você parecer que tem um passado, um passado imprudente… sem falar nas olheiras, que revelam a falta de sono tranquilo, o que é compreensível. Acho difícil dormir em uma cela com um estranho que pode ter intenções não tão reconfortantes. Infelizmente, ainda não existe uma legislação eficaz contra o assédio sexual entre prisioneiros, então eu entendo perfeitamente.

— Acho que entendo o que você quer dizer — interrompeu ele, incapaz de ouvir qualquer outra coisa que saísse da minha boca. — E eu sinto muito, mas você está errada. Eu nunca fui para a cadeia.

— Às vezes, as aparências enganam — exclamei com um sorriso maligno e um encolher de ombros, repetindo suas próprias palavras.

— Touché — sussurrou com um meio sorriso, entendendo que eu estava apenas tentando me vingar dele por ter me confundido com uma acompanhante de luxo.

— Deixe-me pelo menos lhe oferecer uma bebida — pediu, tentando se desculpar quando comecei a me afastar. Olhei para ele e sua expressão desafiadora, que dizia “Isso ainda não terminou” me assustou.

— Não aceito presentes de estranhos — interrompi imediatamente, colocando no balcão uma nota que cobria o custo do Bellini e deixava para o barman uma gorjeta generosa.

— Eu achei que não era necessário, mas… ok, deixe me apresentar. Sou Lorenzo Orlando, dono da Bridge — disse ele, estendendo a mão.

Olhei para aquela mão tentadora e meu coração disparou.

A ideia de tocá-lo me levou a pensar que aquilo era algo proibido e punível da pior maneira.

Ginevra, você está brincando com fogo!

Toda a bravura que eu senti antes me deixou tão rapidamente quanto tinha surgido.

— Eu juro que não mordo — sussurrou ele, notando minha hesitação em apertar sua mão.

— Mia, onde você estava? — exclamou Maya, me pegando de surpresa. Eu não tinha visto ela se aproximando e não esperava seu braço em volta dos meus ombros.

Olhei para ela brevemente e percebi que ela tinha vindo em meu socorro.

— Mia — repetiu Lorenzo pensativo.

— Sim, Mia Madison e eu sou Chelsea Faye. É um prazer. Seu clube é lindo. Parabéns! — interveio May, apertando a mão de Lorenzo no meu lugar e se colocando entre mim e ele, como se estivesse tentando me defender.

— Obrigado — respondeu ele com um sorriso falso, com a intenção de esconder a irritação que a interrupção causou. — É a sua primeira vez no meu clube?

— Sim. Estamos apenas de passagem por Rockart City. Uau! Olha a hora! Temos que ir agora, mas espero ter a chance de voltar em breve. — Maya se desculpou alegremente. Ela era a única que tinha o poder de parecer espontânea e feliz mesmo quando a situação era tensa.

— Vejo vocês em breve, então — respondeu o homem educadamente, olhando para mim pela última vez antes de sair.

Eu mal balancei a cabeça para dizer adeus.

— Que diabos está acontecendo? — explodiu Maya, quando estávamos sozinhas.

— Nada — murmurei em um sussurro, incapaz de imaginar o que poderia ter acontecido.

— Quando eu vi você com ele, eu senti que estava enlouquecendo. Arrastei você até aqui para se divertir, não para se matar — disse ela agitada, agarrando o meu Bellini ainda intocado e bebendo alguns goles para acalmar sua agitação. — Vamos, vamos sair daqui! Eu disse a Lucky que você tem toque de recolher e que tenho que te levar para casa antes das duas da manhã — disse ela, pegando meu braço e me arrastando para a saída.

— Senhorita, com licença — interrompeu um recepcionista, parando diante de mim, entregando-me um cartão preto com a inscrição dourada “ The Bridge. Casa Noturna Orlando nele. — O senhor Orlando me pediu para lhe dar um de nossos passes de cortesia, como um pedido de desculpas pelo mal-entendido entre vocês dois. O Sr. Orlando se preocupa com seus clientes e quer ter certeza de que todos fiquem satisfeitos com o serviço recebido. Este passe permitirá que você tenha uma entrada privilegiada e uma bebida grátis para você e seus convidados.

— Não é necessário, mas agradeça ao proprietário pelo pensamento gentil e diga a ele que já esqueci nosso mal-entendido — respondi gentilmente, corando com aquela oferta.

Lorenzo Orlando, você teria me oferecido um passe ou uma passagem só de ida para o inferno se soubesse que sou filha do chefão Edoardo Rinaldi?

— Por favor — implorou ele, chocado com a minha recusa. Ele não sabia que eu nunca poderia levar tal cartão para casa se não quisesse arriscar ganhar uma pena de morte do meu pai.

— Obrigada pelo passe! — interrompeu Lucky, pegando o cartão em meu lugar. — Mia, você está louca? Você sabe quanto custam esses passes?

— Você quer antagonizar a família Orlando? — perguntou Mike.

— Não, eu… — murmurei desconfortável, mas Maya me pegou pelo braço e me levou para fora do clube, em direção ao estacionamento.

— Vamos para casa — suspirou Maya com alívio, depois de se despedir apressadamente dos dois caras.

Entramos no carro.

Dirigimos pela ponte do rio Safe e, para minha surpresa, notei que meu coração ainda batia forte, ele batia assim desde que cruzamos a ponte pela primeira vez.

Era como se aquela noite tivesse me deixado em um estado poderoso e devastador, do qual eu não conseguia me livrar.




5

GINEVRA


Fiquei pensando em Lorenzo Orlando a semana toda.

Eu tinha lido livros, visitado galerias de arte, participado de uma reunião sobre direitos civis, mas tudo parecia insignificante e sem emoção.

Só quando pensava em Lorenzo, no que eu havia dito a ele, é que me sentia viva e provida de emoção novamente.

Aquilo era realmente inacreditável!

Fiquei tentada a pedir a Maya que me levasse até o outro lado do rio, mas não ousei pedir abertamente.

Por dentro, eu ainda estava ciente do erro que havia cometido e do perigo que corri. No entanto, eram aquelas lembranças que estavam me mantendo viva naquele momento.

Só bastava fechar os olhos para lembrar a voz quente, profunda e ligeiramente rouca de Lorenzo.

Sem mencionar o cabelo castanho bagunçado que me fez querer passar os dedos por ele.

Ou sua barba ligeiramente despenteada.

Nunca tinha tocado em um homem de verdade.

Parte de mim queria acariciar seu rosto para experimentar como era tocar aqueles pelos ásperos de sua barba por fazer.

Oh Céus, como queria tocá-lo…

Ficava sem fôlego toda vez que pensava nisso.

A ideia me empolgava e me apavorava ao mesmo tempo.

Tocar em um Orlando era proibido!

Eu ainda podia sentir o calor de sua mão no meu braço.

No entanto, eu pagaria qualquer coisa para experimentar aquela sensação novamente.

E aqueles olhos…

Oh céus, Ginevra, contenha-se!

— Ginevra, você quer se cortar? Em que diabos você está pensando? — surtou Maya, distraindo-me dos meus pensamentos.

— Nada — respondi às pressas, enquanto continuava a fatiar as cebolas.

— Eu não acredito em você.

— Eu estava pensando sobre o que preparar para você. Espero que você goste de macarrão com ragu de seitan — respondi prontamente, colocando a cebola, o aipo e cenouras para fritar.

— Eu vou descobrir em breve, mas eu confio em você. Você é uma grande cozinheira, embora eu ache vergonhoso que seus pais não permitam que a empregada te ajude com esses trabalhos.

— Meu pai foi claro: até que eu pare com minha dieta vegetariana e com essa obsessão pelos direitos civis, eu vou continuar segregada nessa área e terei que fazer as tarefas sozinha. A essa altura já me tornei uma dona de casa experiente.

— Você aspira a casa também? — perguntou Maya, com cara de nojo.

— Sim. Eu cozinho, lavo, passo e faço a cama.

— Uau! Não conseguiria fazer tudo isso nunca! Eles te tratam como uma escrava!

— Não fale besteira. Eu me tornei independente e não faço nada que a maioria das pessoas não fazem todos os dias. Nem todo mundo pode pagar funcionários para fazer o trabalho para você, sabe?

— E tudo bem para você fazer essas coisas?

— Sim — murmurei. Na verdade, não me importava em ter que limpar a casa ou cozinhar para mim. O que me fazia sentir mal era que minha família não me queria mais, não aceitava minha diversidade, e não mostrava interesse em mim.

As poucas vezes que eu me reunia com minha família sempre eram desagradáveis porque eles falavam de mim, eles não me deixavam falar e pior, eles se recusavam a pedir ao chef para preparar um pouco de comida vegetariana para mim.

Muitas vezes me sentia sozinha e há quase três anos fui totalmente excluída e tratada por todos da família sem um mínimo de respeito.

Até a minha mudança para aquela área anexa foi mais uma tentativa de me isolar para evitar fazer parte da vida familiar deles.

Até minha irmã Rosa me evitava e, desde que se casou, também parou de me ligar.

Eu nunca tive uma boa relação com meu irmão Fernando, e eu nunca tinha me importado com a distância que ele tinha colocado entre nós. Como ele era o filho mais velho, dez anos mais velho que eu, e o herdeiro direto do império do papai, ele pensava que poderia sair mandando em qualquer um que estivesse por perto.

— Ouça, Lucky me ligou. Ele está com o seu passe. Aparentemente, ele tentou ir para a Bridge com seus amigos, mas disseram a ele que o cartão está registrado e que sem você ele não poderia entrar. Ele me perguntou se esta noite gostaríamos de voltar com ele e um amigo dele que ele gostaria de apresentar a você. Ele me mostrou uma foto dele. Ele é um gato! Talvez possa rolar algo, não acha?

Pensei no Lorenzo.

Eu nunca admitiria, mas eu tinha uma necessidade louca de vê-lo novamente.

— Tudo bem — disse, deixando Maya atordoada.

— Sério mesmo? Quero dizer, estou feliz, mas eu jurava que você não queria ter mais nada a ver com a Bridge e os Orlandos depois do que aconteceu no último sábado.

— Eu preciso de uma mudança de ares.

— Antes, quando você precisava de uma mudança de ares, você me pedia para ir à casa do meu avô nas montanhas. Agora você está me dizendo que quer voltar para o covil do lobo. Acho que passei para você minha loucura de fazer coisas proibidas.

— Talvez — sorri alegremente.





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Pode um amor que desafia a lei de duas famílias divididas por um antigo rancor sobreviver? Ginevra Rinaldi nunca soube o que era liberdade. Vivendo em uma gaiola de ouro, sufocante e cheia de regras ditadas por seu pai, ela está acostumada a obedecer e sofrer as punições da família por qualquer ato de rebelião. Lorenzo Orlando abdicou o seu lugar como herdeiro da família Orlando para ter a liberdade de ser e fazer o que quisesse, até mesmo arriscando a própria vida por isso. No entanto, hoje ele é um homem respeitado e o dono do local mais prestigiado de Rockart City, o Bridge. Determinada a romper com as barreiras e as regras de sua família, Ginevra acabará na cova do lobo. O que acontecerá quando ela for enlaçada pelo olhar penetrante de Lorenzo e descobrir que não pode mais escapar dele? Quanto tempo levará para Ginevra se tornar sua presa?

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