Книга - Laços Que Unem

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Laços Que Unem
Amy Blankenship


Obsessão Livro #1
O Santuário é um vasto e isolado sítio de férias escondido no topo da sua própria montanha privada. Angel Hart cresceu protegida do mundo real no resort pertencente à sua família. Rodeada pelos três homens que mais adorava até o divórcio dos seus pais a ter afastado deles, Angel viveu uma vida acolhida e privilegiada. Dois anos mais tarde ela volta a casa para uma visita e trouxe o seu novo namorado. Subitamente, Angel torna-se o objeto do afeto de várias pessoas e estas não fazem intenção de a deixar sair do Santuário de novo. Obsessões secretas tornam-se num jogo de posse mortífero, enquanto os homens que a amam se tornam as pessoas mais perigosas na montanha.







Laços Que Unem

Saga Obsessão



Amy Blankenship

Translated by Sobral Ricardo

Copyright © 2009 Amy Blankenship

English Edition Published by Amy Blankenship

Portuguese Edition Published by TEKTIME

All rights reserved.



Capítulo 1 “Santuário”



Angel Hart olhou pelo espesso vidro da janela, querendo encolher-se face à altura que o helicóptero levava quando voou em direção ao resort onde ela tinha crescido. Amava este sítio de morte... Mas gostava muito mais de o ver do chão. Voar era a sua única fobia e tinha estado a fazê-lo nas últimas dez horas.

Soprando o cabelo dos olhos, olhou para o seu irmão, Tristian, perguntando-se o que o tinha possuído para se encontrar no aeroporto com eles, sabendo que teria de voltar para casa a voar no helicóptero.

Ela tinha a certeza que o Tristian ainda odiava mais voar do que ela e conseguia vê-lo a mandar mensagens a alguém para manter a mente ocupada. Talvez tivesse enfrentado o seu medo porque não se tinham visto durante quase dois anos, mesmo falando ao telefone e mandando mensagens um ao outro quase todos os dias. Ela não quis, propriamente, saber porque o havia feito, porque tê-lo ali com ela bastava para a acalmar e estava grata por isso.

Para fugir ao barulho do helicóptero, Angel deixou a mente divagar pelos últimos dois anos. Quando os seus pais se divorciaram, o pai dela tinha-a para a Califórnia enquanto o Tristian tinha sido obrigado a ficar aqui no santuário com a mãe deles. Visto que era demasiado longe para fazer de carro e nenhum deles gostava de voar... A distância tinha sido a única razão para que não se tivessem visitado.

Ela não tinha percebido o quanto tinha tido saudades de Tristian até o ter visto parado ali no aeroporto sozinho. Ele estava encostado à parede mesmo em frente à porta por onde eles tinham passado. Assim que se viram, ela lançou-se a correr em direção dele quando ele estendeu os braços para a abraçar.

O seu irmão mais velho... O Tristian fora sempre a primeira pessoa com quem ela falava de manhã e a última que via antes de fechar os olhos e adormecer. Ao crescerem, até tinham convencido os pais deles que sofriam de sonambulismo porque se levantavam a meio da noite para adormecerem na cama um do outro.

A mãe deles tinha tentado acabar com aquilo quando ficaram um pouco mais velhos trancando as portas dos quartos à noite. Angel serrou os lábios lembrando o que a mãe deles tinha dito da última vez que os tinha apanhado a dormir nos braços um do outro.

- É pecado, a forma como vocês se comportam... agem mais como amantes do que como irmão e irmã - O tom de voz de Lily Hart tinha mudado de amor de mãe para repugnância.

Tristian encontrara, rapidamente, uma forma de contornar aquelas fechaduras estúpidas. Tinha cortado um bocado da parede atrás do seu armário para que pudesse, facilmente, entrar nos pequenos corredores que seguiam as paredes do hotel onde viveram. Tinha feito o mesmo à parede dela e todas as noites esgueirava-se para o quarto dela e dormiam juntos... preparando o despertador para que não fossem apanhados.

Ele dissera-lhe que era a mãe deles que era a pervertida... Por pensar que a relação deles era indecente e repugnante. Até tinha realçado que em muitos outros países mais pequenos, toda a família dormia e tomava banho junta, e que em outros era perfeitamente normal casamento entre irmãos. Tristian tinha-a convencido que era a mãe que era a pecadora ao tentar afastá-los um do outro.

Angel tinha decidido havia muito tempo manter os seus segredos com Tristian e que eram assuntos deles e de mais ninguém... confiava nele.

Tristian não tinha mudado muito desde que ela o tinha visto pela última vez, mantendo sua aparência jovem e inocente. Mas, ao mesmo tempo, conseguia ver mudanças que não tinha visto a acontecer. O seu cabelo loiro tinha escurecido um pouco na raiz... Madeixas de loiro platinado e pontas ruivas ficavam-lhe muito bem com os seu bronze suave e olhos verdes.

Sorriu pensando que ele se integraria bem com os surfistas da Califórnia com o seu penteado alternativo. Era quase todo do mesmo comprimento tirando uma zona em que caía sobre um dos olhos, bem além do queixo. Também conseguia ver o couro preto do colar com a cruz, que ela lhe tinha enviado para o Natal, espreitando perto do colarinho.

No entanto, sentiu que era ela quem tinha mudado mais. Quando deixara o santuário tinha apenas dezasseis anos. Depois de estar com Tristian, Hunter, e Ray quase todos os dias da sua vida... sentira-se sentido muito perdida e sozinha em Los Angeles. Ela nunca tinha, sequer, visitado uma escola real porque a avó deles tinha contratado sempre explicadores privados para os ensinar em casa.

Ir para a secundária em Los Angeles fora um grande choque cultural. Foi então que percebeu, tendo a sua família tanto dinheiro tinha apenas permitido que a iludissem completamente quanto ao que era normal. Então conheceu Ashton Fox. Sempre que saía da casa do seu pai, Ashton estava lá ou aparecia sempre onde quer que ela estivesse... Como se fosse destino. Ele devolveu-lhe o sorriso rapidamente e começou a mostrar-lhe todo um novo mundo.

Angel cometeu o erro de olhar de novo pela janela assim que passaram por um vale fundo, fazendo-a sentir como se estivessem altíssimos.

Apertou a mão de Ashton com mais força ainda, decidindo olhar para ele e não para a vertiginosa vista. Os seus olhos de um azul gelado riam-se do nervosismo dela, mas ela não quis saber... de todo. Estava quase feliz por ele não a ter ouvido quando o tentou impedir de a seguir até ao santuário durante o fim de semana.

Usando o pequeno comunicador feito nos seus auriculares perguntou. - Ash, já alguma vez andaste de helicóptero? Pareces estar a lidar com isto muito bem.

- Não, mas eu estou a amar cada minuto - Ashton sorriu-lhe. - A tua família é um pouco excêntrica, não achas? Mandaram um helicóptero para nos ir buscar ao aeroporto enquanto uma limusina trás a nossa bagagem. E eu pensei que minha família era rica - levantou as sobrancelhas tentando faze-la rir.

Ele sabia que ela estava nervosa pela forma como lhe estava a cortar a circulação da mão. A vulnerabilidade dela só o encantou ainda mais. Não era nada como as vadias de Los Angeles com quem ele tinha namorado. Os seus pensamentos perderam-se quando a voz do irmão dela se ouviu através do comunicador.

- É sempre assim - Tristian olhou para a sua irmã, sabendo que ela concordaria.

Eles tinham visto os adultos da família Hart a jogar este jogo estúpido durante toda a sua vida. - Na família Hart têm sempre de se superar uns aos outros. O facto de a nossa avó ser dona do helicóptero e de toda santuário é a sua pequena vitória sobre os seus três filhos... e o mundo - Murmurou a última parte com um pouco mais de sarcasmo.

- Já chega, Tristian - Malcolm Hart fez um olhar desapontado para o seu filho depois virou-se para a sua mais recente namorada, Felicia. Ele decidiu dominar o com-link durante o resto da viagem para que o seu filho não tivesse a oportunidade de dizer mais nada que danificasse a família em frente dos seus convidados.

Ele sorriu para a bonita ruiva com quem tinha começado a namorar havia apenas duas semanas. Ele seduzira-a com dinheiro só para que a pudesse trazer e exibir em frente da sua ex-mulher, Lily Tinha sido ela quem insistiu no divórcio, então ele ia esfregá-lo na sua cara, ferozmente.

Entrando em modo de guia turístico, Malcolm apontou pela janela vendo que estavam quase lá. - O resort é ali, logo a seguir àquela subida, santuário… melhor conhecido pelas suas famosas capelas para casamentos e suites nupciais - Malcolm sorriu para Felicia de forma matreira. Ele sabia que se mantivesse a esperança ela faria o seu papel muito bem em frente a Lily.

- Visto que o cume da montanha é praticamente raso, este sítio tem tudo o que possas imaginar incluindo um SPA, um lago enorme, piscina no interior e exterior... entre outras coisas. Nós somos donos de cerca de 50 quilómetros em todas as direções e marcámos a terra como reserva de caça para que ninguém posso alguma vez construir lá nada e estragar a sua beleza. Só existe uma estrada em direção à montanha e o portão de baixo mantém os intrusos de fora.

- Uau... é tudo tão fabuloso - guinchou Felicia naquela voz carente.

- E no fundo da montanha existe uma reserva de índios apache - continuou ele. - A maioria dos funcionários do resort são apache - Os olhos do Malcolm vidraram com memórias das belas raparigas que os seus pais tinham contratado da reserva. Os seus anos de adolescente tinham sido algo que não mudaria pelo mundo.

- Índios verdadeiros? - Felicia pestanejou e lançou-lhe um ar assustado, inclinando-se em direção dele por proteção. Ela teve muita sorte quando um homem mais velho e tão rico engraçara com ela. Se ela jogasse bem a sua mão, nunca mais teria de trabalhar na vida.

- Quantos anos tens? Cinco? - Tristian esticou-se e desligou o seu com-link sentindo-se maldisposto e não era da viagem de helicóptero.

Ele massajou as têmporas irritado com a dor de cabeça que sentia aparecer... ultimamente tinha perdido toda a tolerância para pessoas estúpidas. Levando a mão ao bolso, tirou o seu cantil do álcool, só que este não tinha álcool dentro. Era um remédio índio para a dor de cabeça que o seu amigo Hunter lhe tinha feito e costumava funcionar em poucos minutos. Só esperava que fosse forte o suficiente para o livrar daquela dor causada por este helicóptero estúpido e pelo seu pai.

Ele sabia o que o seu pai estava a planear. Felicia devia estar a meio dos seus vinte e parecia mais o troféu do seu pai do que uma namorada. Eram momentos destes que o deixavam feliz por não viver com o seu pai.

Ainda assim, toda aquela situação o irritou seriamente. A culpa dos pais deles não se darem bem não era da Angel, então porque é que ela teve de sair da sua casa? O divórcio tinha-o deixado muito chateado quando descobriu que o juiz tinha decidido que cada um ficaria com um filho. Desde que Angel tinha tido dezasseis e ele dezassete que tinham sido separados contra a sua vontade.

Se ele soubesse o que sabia agora... Nunca teria deixado aquilo acontecer. Por ele não ter sido esperto o suficiente para o parar... ficou quase dois anos sem ver a Angel e foi por isso que cometera o erro de se encontrar com ela no aeroporto hoje. Tinha demasiadas saudades dela.

Os cantos da sua boca deixaram transparecer um sorriso perverso lembrando que o mesmo juiz estúpido que o tinha separado da sua irmã tinha sido morto num acidente horrível dois dias depois de Angel ter sido forçada a mudar-se. Tristian afastou o pensamento quando olhou de volta para a sua irmã. Até então, tinham vivido no santuário toda a sua vida.

De todos os sete netos, ele e Angel eram os preferidos da avó Hart e as coisas em santuário tinham-se tornado muito melhores depois do avô deles ter caído das escadas e partido o seu pescoço três anos antes.

Os olhos de Tristian endureceram-se com aquele pensamento. Eles não tinham chorado uma única lágrima quando aconteceu porque nem ele nem a Angel conseguiam suportar o velho. John Hart tinha sido tão mau que metia medo... sempre a olhar para eles e a ofendê-los quando pensava que ninguém estava a ouvir. Ao crescerem, ele e a sua irmã tinham feito um jogo que consistia em evitar o avô deles a todo o custo.

John Hart sempre fora pior para ele... tratando-o de forma diferente dos seus outros netos. Tristian bloqueou teimosamente as memórias decidindo que o velho não valia a pena o esforço cerebral que estava a dar-lhe.

O seu olhar viajou da sua irmã para o namorado dela, Ashton Fox. Foi a primeira vez que soube que ela tinha um namorado. Tristian manteve a sua expressão impassível enquanto olhava para o caloiro da universidade. Segundo toda a informação que tinha recolhido... ele pareceu aceitável e odiava isso porque queria que a Angel se mudasse de volta para o santuário. Isso não aconteceria se ela estivesse a gostar da sua vida na Califórnia.

Ashton Fox tinha vinte anos, mas ia fazer vinte e um esta semana... Como se ele quisesse saber. Talvez lhe preparasse uma grande festa de anos e o deixasse embebedar-se tanto que ele vomitasse para cima de Angel... talvez isso ajudasse a romper os seus laços o suficiente para que ela voltasse para casa. Se não, tinha a certeza que entre ele, Hunter e Ray... eles conseguiam pensar em alguma coisa.

Tristian continuou a tentar pensar em mais razões para não gostar de Ashton. Ele até tinha pedido ao seu tio Robert, que era advogado, para fazer uma investigação minuciosa sobre o passado dele. Robert Hart tinha confirmado que vinha de uma família com dinheiro, mas não tanto dinheiro como eles tinham. Ainda assim, Tristian tinha de admitir que era suficiente para impedir que ele quisesse namorar com a sua irmã só pelo seu dinheiro.

Descobriu, no entanto, que Ashton Fox tinha um cadastro criminal de algum género, mas estava selado. Robert tinha dito que provavelmente era algo menor como conduzir embriagado quando era um adolescente. Ashton também estava a estudar para ser médico, apesar de parecer mais um anúncio andante para a Calvin Klein Jeans com o seu cabelo loiro de platina atado, pele bronzeada e olhos de um azul gelado.

Tristian fez uma careta ao pensar que se Ashton e Angel tivessem idades mais próximas podiam quase ser gémeos... tirando o facto de o cabelo da Angel ser mais comprido. Mesmo agora, estavam os dois a fazer aquela coisa a sorrir um para o outro e estava mesmo a começar a irritá-lo. Tristian afundou-se no seu lugar e decidiu olhar pela janela.

Ele grunhiu silenciosamente perguntando-se qual visão era pior.



*****



Isabel Hart pousou a sua chávena enquanto ouviu o seu helicóptero privado à distância. Ela quis correr para a janela e vê-los chegar a casa, mas aguentou-se sabendo que tinha um papel a desempenhar este fim de semana... a frágil avó que precisava da sua família em casa com ela.

Ela tinha tido o ligeiro ataque cardíaco recentemente e tinha sido suficiente para convencer Malcolm e Angel a voltar para casa... mesmo que fosse só durante as férias do dia da independência. Quase fez a experiência assustadora valer a pena. Ela até tinha fechado o Resort a pessoas de fora e combinou com o Tristian deixar os empregados tirar o fim de semana para que parecesse mais uma casa para a sua família.

Se fosse à sua maneira, convenceria o seu filho e neta desaparecidos a mudarem-se definitivamente para o santuário... mesmo que tivesse de fingir que estava a morrer para o fazer.

Todos os seus filhos tinham vivido aqui com as suas famílias. Era uma tradição que o divórcio do Malcolm tinha quebrado. O seu filho mais velho, Robert, tinha-se tornado um advogado casando-se com a sua paixão de secundário, Dianne. Eles tinham tido gémeos, Devin e Damien, que tinham agora vinte anos e trabalhavam para ela como instrutores no ginásio que ocupava uma área enorme no rés-do-chão do resort.

Ela tinha estado de olho no Robert porque ele era muito como o seu pai... ganancioso e calculista. Ela estava ciente de que ele já se estava a preparar para competir pelo seu último Testamento quando ela morresse, mesmo sabendo ela que ele não estava certo em relação ao que o testamento citava.

Mal sabia que não lhe serviria de nada... aquele testamento era cimento em todas as direções. Ela também tinha deixado de lhe entregar a papelada do resort quando o tinha apanhado a falsificar os livros e a desviar alguns dos lucros para uma das suas contas bancárias. Ele tinha-se tornado uma grande desilusão nos últimos dois anos.

A sua segunda mais velha, a única rapariga, Carley, e os seus três filhos também viviam aqui. Mas Carley não era nada como Robert.

A sua família estava cheia de miúdos mimados que pensavam que eram melhor que os outros porque viviam do fundo fiduciário que ela tinha preparado para eles. Tiffany tinha dezassete anos, Paris vinte e dois e Jason vinte. Mas ela não podia culpar as crianças por serem preguiçosas quando a mãe deles não passava de uma alcoólica. Entre os quatro, tinham corrido com o pobre marido de Carley há anos.

Tinham passado três anos desde que o seu marido, John, tinha falecido, depois perdeu Malcolm e Angel, logo no ano depois. John tinha sido um homem arrogante de mão pesada e a verdade era... não sentia saudades de todo. Mas com todos os restantes membros tão ocupados com as suas vidas, haviam deixado Isabel sozinha na sua avançada idade.

Os únicos que lhe davam atenção eram Tristian e os dois rapazes indianos que ele e a sua irmã gostavam tanto... Hunter e Ray Rawlins.

Ela não queria, propriamente, saber o que o resto da família fazia... eram Angel e Tristian que eram importantes para ela. Não a incomodava que um dos irmãos não fosse de sangue... era o coração que contava. Quando Tristian fora adotado, ela tinha avisado os outros membros da família de que se eles alguma vez lhe contassem da adoção, seriam deserdados e expulsos do Santuário sem pensar duas vezes. Até agora a ameaça tinha aguentado.

Tristian e Angel não tinham forma de saber, mas um dia o Santuário passaria a pertencer apenas a eles.

Olhando para cima, Isabel sorriu para dentro vendo Lily Hart petrificada no jardim de flores. Ela tinha permitido que Lily continuasse a viver aqui com o seu filho quando Malcolm se tinha mudado para a outra ponta do país. A única razão para ter consentido que a mulher ficasse ali era para fazer com que Angel voltasse mais vezes possível, e para manter o Tristian lá.

No que dizia respeito a Isabel... era bem feito que Lily estivesse infeliz. Malcolm tinha-a amado por ter uma atitude fria e insuportável... afastando Malcolm, mas sem lhe dizer porquê. Ela calculou que Lily só tinha ficado aqui porque era estúpida o suficiente para pensar que um dia seria dona de uma parte do Santuário.

Malcolm fora um mulherengo antes de se terem casado, dormindo com metade do staff índio que tinha trabalhado no hotel antes de começar a subir a fasquia.

Ele deixou a sua vida de malandro quando se tinha casado, por isso ela sabia que não era essa a razão para o divórcio. Ele tinha sempre amado as mulheres, mas Isabel soube que quem ele amava mais era a Lily por causa da sua beleza... ela ainda era muito bonita. Fria e bonita... era tão privada de emoções que nunca se deu ao trabalho de ser uma mãe a sério para os seus filhos... mesmo quando eram pequenos.

Pelo ar pálido na cara de Lily, Isabel percebeu que Malcolm tinha chegado, finalmente. Ela tinha dito ao piloto do helicóptero, de forma bem clara, que seria despedido no caso de se atrever a voltar para vir buscar alguém antes de terminar o fim de semana. Também tinha pago a Ray para que ele inutilizasse todos os veículos da propriedade de uma forma ou outra para que ninguém pudesse sair.

Pela primeira vez... a família estaria toda junta aqui... quer gostassem ou não.



*****



Ray Rawlins ouviu o som do helicóptero à distância enquanto ele fechou o capô do último carro estacionado na garagem. Ele olhou à sua volta para todos os dispendiosos veículos que agora se viam inúteis com uma sensação de satisfação. Isabel Hunter conseguia ser tão implacável quanto o seu, falecido, marido quando queria.

Saindo do edifício em tijolo, afastou o seu, longo, cabelo negro dos olhos enquanto observava o helicóptero descer, lentamente, para o heliporto. Os seus pensamentos viraram-se para Hunter, perguntando-se se o seu irmão conseguiria manter a calma agora que tinham descoberto que Angel trazia o seu namorado da Califórnia para o Santuário para passar a semana.

Ashton Fox não fazia ideia da teia de aranha em que acabara de entrar.

Na sua opinião, a maioria das pessoas que tinham nascido no topo desta montanha mereciam cair dela. Angel e Tristian eram as exceções. Quando eles estavam a crescer, ele e Hunter tinham-nos acolhido debaixo de asa e protegido o quanto era possível da maldade em que tinham nascido... mesmo a querida avó deles conseguia ser traiçoeira quando queria alguma coisa.

Ele encostou-se à parede de tijolo lembrando a infância deles. Ele e Hunter eram apenas dois anos mais velhos que os irmãos, mas os quatro foram sempre inseparáveis. Juntos, tinham ido para os bosques quase todos os dias, com ele e o Hunter a ensinar-lhes técnicas índias de sobrevivência... apesar de Tristian e Angel pensarem que não passava de uma brincadeira.

A sua visão do passado desapareceu quando Angel saiu a correr do helicóptero com o namorado atrás. Ele abanou a cabeça enquanto o vento do helicóptero fez o seu cabelo platina voar como se ela estivesse no meio de uma tempestade invisível.

Ele olhou para a estadia enorme conhecida como Santuário. Ele sabia que as pessoas lá dentro que diziam ser da família dele estavam prestes a jogar um novo jogo... Um demasiado perigoso para a pequena rapariga jogar sozinha.

Ray tirou o pequeno canteiro que Hunter lhe tinha oferecido e deu um gole para desobstruir a mente. Ele precisaria de toda a sua concentração se fosse impedir que Angel ficasse em perigo.



*****



Tristian esperou até estar toda a gente fora do helicóptero antes de se inclinar para o piloto, ganhando a sua atenção. - Lembre-se do que Isabel Hart disse - seu rosto perdeu o sorriso enquanto seus olhos verdes estreitaram em aviso. - Vá passar umas férias e não se preocupe connosco. Não precisamos de si esta semana, entende?

Angel sorriu, feliz, quando Tristian se juntou a ela e todos fugiram do vento das hélices. Ela sentiu-se muito melhor assim que se virou para ver a malvada máquina a ir embora e levar o seu som insuportável consigo.

- Bons ventos te levem para um tornado - Angel fez uma saudação trocista. Se ela soubesse que ninguém gozaria com ela, tinha levado as mãos ao chão e agradecido o facto de ter chegado bem.

Ashton passou os dedos pelo seu loiro e sedoso cabelo, adorando a sensação. - Oh, estás só chateada porque o helicóptero despenteou o teu lindo cabelo - ele sorriu, perguntando-se como é que os seus dedos corriam sem atingir um único nó. Ela era a coisa mais próxima à perfeição que ele já havia encontrado, e quando ela disse que ela estava a ir para casa para uma visita ele tinha sido esperto o suficiente para não a querer fora de sua vista.

Reparando que o seu pai e Felicia já tinham entrado, Ashton deslizou o seu braço através dos seus ombros enquanto eles começaram a subir a colina para a propriedade.

- Então, pequeno capuchinho vermelho, vamos ver a tua avó primeiro? Ele observou, tentando não parecer arrebatado pelo tamanho da mansão. Ele tinha ouvido o pai dela a gabar-se dela, mas agora que estava aqui, percebeu que tinha, na verdade sido subavaliada.

Tristian piscou o olho a Angel antes de interromper. - Acho que está na hora de mostrar o quarto a Ashton e deixar que ele assente, não achas? Não há necessidade para testar o lobo mau demasiado. A avó já teve um ataque cardíaco... acho que apresentares-lhe o teu namorado assim que chegas pode ser demais para ela.

O sorriso de Angel desvaneceu ao ser mencionado o ataque cardíaco da sua avó. Ela quase voou para casa no segundo em que Tristian lhe tinha contado, mas o pai dela tinha concordado em vir passar o dia da independência aqui, por isso ela esperou. Tristian tinha dito ao telefone que tinha sido Hunter que tinha a encontrado a avó deles mesmo no último segundo e provavelmente até lhe salvou a vida.

O seu próprio coração acelerou durante um segundo quando imaginou Hunter na sua mente... Hunter Rawlins. Ela sempre o viu como o seu melhor amigo, mas quando se mudou para Los Angeles, Angel tinha percebido, lentamente, que tinham sido mais do que amigos... muito mais. Ela tinha sentido tantas saudades de Hunter como do seu próprio irmão.

- Oh vá lá - Tristian quase rosnou quando a prendeu nos seus braços e lhe deu um carinhoso abraço. - Não quis dizer isso - chegou-se para trás e agarrou-lhe as bochechas, fazendo com que levantasse a cabeça para olhar para ele. - Prometeste que seriam apenas sorrisos esta semana - lembrou-lhe com o olhar fixo no dela.

- Eu sei - Angel colocou o sorriso de volta nos lábios, mas não se sentiu bem a mesma. - Eu fico bem assim que vir, com os meus próprios olhos, que a avó está bem. Tu, leva o Ash e diverte-te. Eu encontro-me convosco mais tarde.

Ela inclinou-se na ponta dos pés e beijou Ashton na face antes de se virar e ir em direção à entrada lateral onde sabia que a sua avó estaria.

Ashton viu Angel a ir embora, não gostando do facto de serem separados quase no minuto em que colocaram os pés na montanha. Durante a sua estadia em Los Angeles, o pai dela nunca tinha precisado dela para nada, então ele tinha-a tido sempre para si só. Ele não era bom a partilhar com outros.



*****



Hunter afastou o pensamento enquanto se desencostou da ombreira onde tinha estado encostado. Bastou ver Angel a dar aquele beijo inocente ao seu namorado para deixar um mau gosto na sua boca assim como uma vontade de bater em alguma coisa... preferencialmente em Ashton Fox. Foi preciso todo o seu autocontrolo para se impedir de a seguir assim que a viu afastar-se dos outros.

Ele conseguiu perceber o momento em que Tristian reparou que ele ali estava porque os seus passos aceleraram.

Ele e Tristian tinham sido melhores amigos desde que ele se lembrava, mas nos dois últimos anos, ambos tinham conhecido o lado mais negro um do outro... tudo porque a Angel os deixara. Ele observou Tristian enquanto ele encurtava a distância entre eles depois estudou a sua expressão.

Erguendo os seus lábios num sorriso aberto, Hunter dirigiu-se a ele. - Fico feliz de ver que sobreviveste ao helicóptero - gozou Hunter ao apertar o ombro de Tristian com uma mão amigável, depois acenou para cumprimentar o outro.

- Pois, um dia vou pegar num lança-granadas e explodir com aquela coisa - Tristian encolheu os ombros enquanto Hunter se riu. Mudando de assunto, acrescentou. - Pelo menos é toda a gente que temos esperado para passar a semana. O último dos convidados saiu há uma hora, então agora só resta a família e amigos. Acho que nunca vi este sítio tão vazio, mas sabe muito bem.

Observando a reação de Hunter atentamente, Tristian deu um passo atrás para que pudesse apresentá-los. - Hunter Rawlins... Este é Ashton Fox.

Ashton esticou a mão e apertou a mão de Hunter com muita força quando se cumprimentaram. Ele estava à espera que Hunter apertasse a mão de volta e ficou surpreendido por ele não o fazer. O índio manteve o aperto de mão amigável para coincidir com o sorriso que tinha.

E pensar que ele tinha estado preocupado por ir conhecer o rapaz Apache de quem tinha ouvido Angel falar tanto. Quem a ouvia falar sobre Hunter e Ray… podia pensar que eles conseguiam andar sobre água, assim como fazer tudo o que alguma vez se viu um índio fazer nos filmes.

- Bem-vindo ao santuário - Hunter repetiu a mesma coisa que teria dito a qualquer convidado. - Estás pronto para te divertir esta semana? - As palavras soaram como uma espada de dois gumes nos seus ouvidos, mas o outro homem não pareceu fazer ideia.

- Porque não? - Ashton sorriu, contente por ainda não ter de libertar a sua testosterona. - Mas primeiro, acho que preciso de um banho e de relaxar um pouco depois de estar a voar durante quase dez horas de seguida.

- Não digas mais - disse Tristian, levando-o até à entrada principal. - Hunter, que quarto é que arranjaste para ele ficar durante a semana?

- Eu vou buscar a chave - disse Hunter, passando por eles em direção ao átrio dando um espetáculo ao abrir o livro de registos como se estivesse a ver a lista de nomes.

Ele sabia exatamente onde tinha colocado Ashton… mesmo ao lado do quarto onde o Ray ficava para ter fácil acesso, só não era o fácil acesso que o namorado gostaria de ter. Ashton Fox tinha tido um de dois quartos que pareciam desaparecer depois da esquina do salão do primeiro andar, do outro lado da, enorme, piscina interior… afastados de todos os outros quartos.

Dando a volta, Hunter tirou a chave certa da parede e entregou-a a Tristian. Olhando para Ashton, deu a entender que era algo bom. - Está com sorte, pois mesmo ao lado do quarto seu ficam a piscina interior e o ginásio.

Tristian no número da chave virado de costas para Ashton enquanto disfarçava a sua expressão. Ele estava contente por Hunter não ter posto Ashton perto do quarto de Angel, mas pensou que fosse ser, pelo menos, no mesmo quarto… não que ele se fosse queixar. Se o são plano corresse bem, Ashton não iria ficar a semana inteira.

- Está tudo pronto para a festa na piscina? - perguntou Tristian, sabendo que Angel adorava nadar. Ele queria, desesperadamente, lembrar-lhe todas as coisas que ela estava a perder desde que se tinha mudado.

Hunter acenou. - Sim, os filhos de Carley convidaram vários amigos para passar a noite e já abriram o bar havaiano para se servirem - vendo o ar que Tristian lhe lançou, acrescentou. - Jason deu os quartos ao lado do seu e das suas irmãs aos seus convidados… não que eles vão dormir lá.

- Bem verdade - Tristian sorriu sabendo que entregar-lhes os quartos extra era para mostrar, apenas. Ele odiava o facto de os seus primos agirem sempre como se fossem donos do hotel quando, na verdade, quando não passavam de parasitas que não faziam nada para merecer o seu sustento. Eles tinham fama de trocar de namorados e namoradas cada mês, cada semana… às vezes cada dia. A única coisa para que serviam era sexo… fora isso, os seus parceiros nunca permaneciam muito tempo.

- Vemo-nos por aí mais tarde - anunciou por cima do ombro.

Quando Tristian partiu com Ashton, Hunter virou-se e agarrou a chave para o melhor quarto que havia no santuário… uma das suites nupciais no quarto andar. Não era como se alguém fosse a fosse usar durante esta semana e, provavelmente, Angel iria adorar ficar numa.

- Quem vai ficar na suite nupcial?

Hunter voltou-se, vendo Ray logo do outro lado da esquina com a caixa de foguetes segura debaixo do seu braço. Ele e Ray tinham estado numa situação estranha desde que a mãe deles tinha morrido há um mês. Tinham declarado tréguas, mas ambos sabiam que era uma situação muito frágil. Ele amava o seu irmão, mas ultimamente Ray tinha estado a agir de forma estranha o suficiente para que ele estivesse em alerta máximo.

- Então, decidiste lançar os foguetes esta noite? - Hunter mudou, rapidamente, o assunto enquanto colocava a chave no seu bolso.

Os olhos escuros de Ray seguiram o movimento protetor, mas deixou passar por agora. - Sim, queremos que a semana tenha um começo explosivo, não queremos?

- Claro. Vens à festa na piscina mais logo? - perguntou Hunter, não gostando que Ray estivesse de olho nele.

- Sim, eu vou estar… por perto - respondeu Ray com um olhar elevado enquanto tirava alguns fósforos de uma taça na secretária e os atirava para a caixa de foguetes antes de se virar para sair.

Hunter ficou onde estava até Ray estar fora de vista, depois levou, lentamente, a mão ao bolso e retirou a chave. Virando-se, começou a pendurar a chave de volta no sítio dela, mas decidiu colocá-la numa das gavetas da secretária. Virando-se para o chaveiro, abanou os dedos como se estivesse a pensar, depois tirou a chave do quarto ao lado do seu.

Ele sentia-se mais tranquilo se conseguisse manter Angel debaixo de olho… especialmente à noite.



Capítulo 2 “Segredos”



Angel ficou de frente para as portas de vidro olhando para a sua avó. Ela calculou que Isabel Hart fosse estar na enorme marquise a olhar para os jardins nesta altura do dia. Ela sentiu um aperto no peito ao ver a sua avó a tocar nos botões da cadeira de rodas enquanto se aproximava das portas do terraço que levavam para fora do jardim.

A última vez de que tinha visto a sua avó, ela estava de pé e emproada, limpando as lágrimas da face enquanto lhes disse adeus. Colocando a sua mão contra as enormes portas de vidro, Angel respirou fundo e abriu-as.

- Avó! - Angel sorriu e correu toda a sala em direção a ela. O seu sorriso brilhou ainda mais quando os olhos da sua avó se abriram de alegria. Inclinando-se, Angel deu-lhe um abraço sentido. - Oh céus, senti tanto a tua falta!

Isabel fechou os seus olhos desfrutando do abraço sincero. Isso era o que ela tanto gostava em Angel e Tristian… o facto de eles não serem falsos como o resto da família. Quando amavam alguém… amavam com todo o seu coração.

- Aqui está o meu anjo - Isabel acariciou-a fracamente nas costas. Ela sentiu a sua força a voltar só por estar perto de Angel. Aquela rapariga sempre tivera a capacidade de a deixar de melhor humor e de a fazer sentir amada. Mas isso não a ia impedir de fingir a doença, fosse como fosse. - Estou feliz por teres voltado para me ver uma última vez - deixou a sua voz esganiçar como se fosse um pensamento devastador.

- O quê? - Angel respirou fundo depois afastou-se para poder olhar para a sua avó. -Avó? De que estás a falar? - só de a ouvir a dizer algo assim deu-lhe um aperto no coração e trouxe-lhe lágrimas aos olhos.

- Oh, não vamos falar de mim, minha querida. Conta-me tudo, senti tanto a tua falta nestes dois últimos anos e quem é este namorado sobre quem tenho ouvido tantos rumores? - Isabel lançou-lhe uma débil careta. - Não acredito que a minha neta está a tentar crescer num sítio tão longe que eu nem o consigo ver a acontecer.



*****



Tristian saiu do quarto de Ashton, fechando a porta enquanto o seu telemóvel vibrou no seu bolso. Vendo que era Ray, respondeu rapidamente. - Olá Ray, diz-me?

- A limusina acabou de partir e a tua namorada está a subir a montanha neste momento. Parece ser o fim do tráfego permitido. Ainda queres que eu tranque o portão lá em baixo? - perguntou Ray, sabendo que tinham sido instruções de Isabel Hart.

- Sim, a avó tem uma posição muito firme em relação ao aparecimento de convidados indesejados - confirmou Tristian. - Fecha-o bem e volta para aqui para te divertires. Se alguém precisar de sair… vão precisar de um guia para fora da montanha.

- É um bom plano - murmurou Ray.

Ele desligou o telemóvel e fechou a, pesada, vedação de ferro. Selando os três, espessos, cadeados olhou para a alta e espinhosa vedação. Vendo a torre móvel pelo canto do seu olho, partiu na sua direção. Era a única torre móvel num raio de oitenta quilómetros e ele tinha a impressão de que estava prestes a tornar-se inútil.



*****



Angel saiu do terraço, precisando de um momento a sós para absorver o choque de ver a sua avó com um aspeto tão frágil naquela cadeira de rodas. Todas as vezes que ela tinha levantado o assunto da sua saúde, Isabel tinha-se esquivado, fazendo as suas próprias perguntas.

Depois de uma pequena visita, apenas a sua avó tinha dito que estava demasiado cansada e tinha de se deitar durante o resto do dia, mas fez Angel prometer que a visitaria de manhã. Preocupou-a que a sua avó fosse para a cama tão cedo, então perguntou-se, ao certo quão doente ela estava. A sua avó tinha estado de tão boa saúde antes de ela ter deixado o santuário e ter partido para a Califórnia. Até tinha rejuvenescido depois da morte do avô.

Os lábios de Angel cerraram-se com ao relembrar o velho homem que ela sempre considerara um monstro. Ela nunca tinha odiado ninguém em toda a sua vida, mas poucas horas antes ele ter caído das escadas, tinha-a apanhado e a Hunter a voltarem depois de irem nadar sozinhos no lago. O seu avô gritou com ela, dizendo-lhe que ela era demasiado velha para estar a brincar com o refugo índio da reserva. Ele disse a Hunter que desaparecesse da sua montanha, depois bateu com as portas quando entrou. Ver Hunter ir-se embora assim foi devastador. Quando ela se virou para o defender, o seu avô bateu-lhe com tanta força que ela tinha caído para o chão.

Angel gritou de dor, mas não tinha dito mais nada, sabendo que ele, provavelmente, tinha razão. Ele nem tinha sabido que ela e Hunter estavam a fazer coisas que não deviam ter estado a fazer… beijaram-se, tocaram-se, experimentavam… se ele tivesse sabido dessa parte tinha-lhe batido mais de que uma vez.

- Vês, eu disse-te que não era a estátua de um anjo. É mesmo a Angel – alguém se riu atrás dela, assustando-a e tirando-a da sua melancolia. Virando-se sorriu, vendo os gémeos idênticos do tio Robert, Devin e Damien.

- Meu Deus, como vocês cresceram! - ela sorriu enquanto eles tiravam vez para a abraçar e a balançar à roda. Eles tinham a mesma idade de Tristian, mas tinham crescido o suficiente nos últimos anos para lhe passarem em altura, de alguma forma. Com, pelo menos, um metro e noventa, pareiam-se com seguranças. Ambos usavam uma t-shirt justa ao corpo com o logotipo “Santuário” na parte da frente.

Ela colocou uma mão no braço de cada um, vendo o orgulho brilhar nos seus olhos cinzentos. - Acho que isso explica o que têm andado a fazer nos últimos dois anos – riu-se. - Têm estado longe de sarilhos, ou a causá-los?

- Quem? Nós? - Devin riu-se enquanto a colocava de novo no chão, deixando a sua mão acariciar a sua perna e anca no caminho.

- Devias conhecer-nos melhor do que isso – Damien revirou os olhos para o seu irmão quando deslizou o seu braço à volta da cintura de Angel e a puxou para longe do alcance de Devin. Era um jogo que os gémeos haviam jogado há anos… tentavam sempre superar-se um ao outro quando havia uma rapariga bonita por perto.

- É uma sorte para vocês que ela conhece mesmo – Hunter olhou fixamente para os gémeos, depois sorriu quando Angel se virou ao ouvir a sua voz.

Os lábios de Angel separaram-se quando ela avistou Hunter pela primeira vez em quase dois anos. Subitamente, todo o tipo de memórias passou pela sua mente, deixando-a de joelhos enfraquecidos e batimento acelerado. Emails e chamadas telefónicas não se comparavam a vê-lo em pessoa.

O seu cabelo estava maior do que ela se lembrava, descendo até meio das suas costas, escuro como tinta preta. Ele parecia um daqueles homens dos romances históricos em que o índio e a rapariga branca eram fotografados num abraço ardente.

Corando com a imagem mental, soltou-se dos seus primos e andou na direção dele. - Estás mais alto – ela respirou fundo ao olhar para ele. Hunter era a única pessoa que a sabia mais sobre ela do que o seu irmão.

- Não, tu ficaste mais pequena – gozou Hunter mesmo antes de lançar os braços à volta dela e de a levantar do chão. - A não ser que eu faça isto – ela sempre fora leve como uma pena para ele. Ele rosnou interiormente quando ela se inclinou, acabando com o jogo infantil com um abraço apertado. Ele inalou o seu aroma, lembrando-se de todas as razões pela qual ele tinha esperado que ela voltasse.

Sabendo que estavam a ser observados, Hunter colocou-a, rapidamente, no chão e olhou por cima do seu ombro para os gémeos. - A festa na piscina está a começar e há lá alguém a perguntar por vocês.

- Stacey! - os gémeos bateram as mãos num cumprimento. - Vemo-nos mais tarde – eles partiram como se fosse uma corrida para ver quem chegava à rapariga primeiro.

- Então aprenderam, finalmente, a partilhar – disse Angel com um ar sério, vendo os gémeos a partir, depois riu-se suavemente da sua própria piada.

- Penso que eles gostam mesmo é da competição – refletiu Hunter. - Esta Stacey aparece a toda a hora só para que eles lutem por ela… até agora, nenhum deles ganhou.

Ela sorriu, suavemente, enquanto se virou de volta para Hunter, reparando na longa mecha de cabelo ébano que tinha caído sobre a sua cara quando ele a levantou. Esticando a mão, ajeitou-a para o lado, carinhosamente, e prendeu-a atrás da orelha dele. - Sinto que posso respirar, finalmente.

- O que te impedia? - a voz de Hunter estava tão suave como a dela. Ele sabia o que ela estava a querer dizer porque sentia o mesmo. Sentia-o com tanta intensidade que os seus olhos estavam a arder.

O seu olhar desceu para o beicinho que havia nos lábios dela e sentiu-se a aproximar… querendo beijá-la como costumava fazer antes de ela se ter ido embora. Ele tinha sido quem lhe ensinara beijar, apesar de saber que ela nunca o tinha levado tão a sério como ele. Para ela, tinha sido apenas uma brincadeira infantil… para ele tinham sido os laços que unem.

- Uma pessoa nunca devia ser separada do seu melhor amigo… magoa – Angel suspirou e abraçou-o de novo.

Hunter congelou ao ouvir as palavras “melhor amigo”. Algo que ela usava como forma de carinho que o fazia sentir como se levasse um soco no estômago. Entrelaçando os braços à volta dela, Hunter inclinou-se para beijar o topo da sua cabeça enquanto tentava controlar a sua voz. - Eu sei.

Ela usava esse termo desde que lhe tinha contado todos os seus segredos… mesmo o segredo entre ela e Tristian. Até lhe tinha contado uma vez que pensava que estava apaixonada pelo irmão mais velho dela. Então Hunter começou a levá-la para as montanhas… só os dois… mostrando-lhe todas as coisas que ele a conseguia fazer sentir que o seu irmão não. Aquele foi o ponto de viragem entre ele e Tristian… porque ele sabia que os sentimentos secretos eram retribuídos. Para seu desespero, acabou por, apenas, convencer Angel que estava apaixonada por ambos.

Afastando-se, colocou o seu braço à volta do ombro dela e começou a andar com ela para fora do jardim. - Aposto que ainda nem tiveste hipótese de relaxar depois do teu voo de risco – Ele sorriu, sabendo que ela odiava tanto o helicóptero como Tristian.

- Sabes… podias ter convencido a avó a não o fazer – disse, indo contra ele. - Costumavas ser capaz de a convencer a fazer ou não fazer qualquer coisa.

- Oh nem te atrevas – Hunter sorriu. - Não me culpes pela viagem. Além disso, tenho deixado a tua avó fazer mais o que quer, ultimamente – atravessou a relva até ao campo. Ele sabia que estavam no campo de visão do quarto de Ashton, então andou um pouco mais devagar, só por maldade. Nunca ninguém o acusara de ser um santo.

És o meu herói… sabias? Angel fez com que ele parasse para poder olhar para ela. - Se não tivesses encontrado a avó quando ela teve o ataque cardíaco… - a sua voz reduziu-se a um mero sussurro. - Salvaste-lhe a vida.

Ashton enrolou a toalha à volta da sua cintura, enquanto saia da casa de banho. Era mesmo o que precisava, um longo e quente duche para começar a semana. Talvez conseguisse causar uma excelente impressão na família de Angel e reclamá-la para si. Nunca tinha trabalhado tanto para impressionar uma rapariga como a Angel.

A sua última namorada acabou por se revelar uma galdéria dissimulada a quem ele tivera de ensinar uma lição, mas Angel não. Ele conseguia perceber que ela era uma doce e jovem virgem criada em casa a quem ele tivera de dar a volta por um simples beijo. Mas isso não o tinha incomodado. Se ele quisesse sexo… havia muitas rameiras dispostas a dar-lho e irem-se embora para que ele pudesse passar tempo com Angel.

Olhando para o espelho do armário, começou a secar o cabelo com a toalha, parou, reparando em algo no reflexo. Virando-se para a janela, fez uma careta vendo Angel e Hunter tão perto um do outro que pareciam estar a contar segredos.

Ele cerrou os dentes, fazendo os músculos do seu maxilar saltar, enquanto via a sua namorada com o rapaz índio que ela chamava de melhor amigo, com tanto carinho. De algum modo, não pensou que Hunter gostasse muito dessa alcunha… nenhum homem no seu juízo perfeito, gostaria.

- Angel, a tua avó sempre foi querida para mim e para o Ray… mesmo quando não tinha razão para ser. Detesto o que lhe aconteceu – Hunter suspirou, sabendo que era mentira. Se Isabel Hart não tivesse tido o ataque cardíaco, Angel não estaria ali naquele momento. Ele encolheu-se sabendo o que tinha feito.

O xamã da sua tribo tinha-lhe ensinado tudo sobre plantas e a forma como elas podiam curar ou danificar o corpo. Ele tinha usado esse conhecimento e criado a mistura certa para causar a ligeira paragem de Isabel. Tinha sido a única coisa de que se tinha lembrado que faria Angel voltar.

- Eu não mereço nenhum louvor por a encontrar – admitiu Hunter, de consciência pesada.

Angel sorriu suavemente, sabendo que Hunter não tinha um único vestígio de prepotência no seu corpo. Querendo que ele soubesse o quanto ela estava agradecida pelo que ele fizera, colocou-se nos bicos dos pés e deu-lhe um, suave e fugaz, beijo nos lábios.

Quando ela se afastou, os seus olhares cruzaram-se por um tempo. Angel inspirou, bruscamente, sentindo os pequenos relâmpagos atingirem-na estômago abaixo e pelas pernas acima. Esta não foi a primeira vez que ele tinha causado esta reação dentro dela, mas era a primeira vez que não era suposto sentir isto por ele. Agora ela tinha um namorado… estar apaixonada por Hunter era um tabu.

Angel engoliu em seco, enquanto deu um passo atrás. – Obrigado por salvares a minha avó. Não sei o que iria fazer se a tivesse perdido.

Hunter semicerrou os olhos, sabendo que ela estava a negar o que ambos tinham acabado de sentir. Talvez não a negar, mas a ignorar definitivamente. Ele não fazia intenção de a deixar escapar… aliás, ele pretendia lembra-la de que ele não era esquecido assim tão facilmente.

Esticando-se, agarrou a mão dela e avançou para as portas da frente. – Vamos, temos de te instalar.

Ashton apertou o parapeito da janela com tanta força que ouviu a madeira estalar. Angel nunca lhe tinha dado razões para se sentir com ciúmes antes, mas não gostou nada da forma como olhou para Hunter… a forma como ela o beijara. Não gostou nem um pouco. Ele não a tinha deixado vir para casa só para a ver atirar-se a outros rapazes.

Angel entrou no elevador afastando o resto da eletricidade que beijar Hunter lhe tinha causado. – Então, onde é que eu vou dormir? – ela sorriu, sabendo que era um jogo que eles costumavam jogar.

Os quatro, Tristian, Ray, Hunter e ela costumavam tirar os registos da secretária e trocar os quartos para causar confusão em massa. Eles costumavam ter em tantos sarilhos por causa daquilo que era engraçado o facto de Hunter estar encarregue da mesma coisa que costumava fazer com que gritassem com eles.

Hunter encolheu os ombros. – Calculei que fosses querer ficar ao lado do teu irmão – ele esticou-se e carregou no botão para o quarto andar. – Por isso, pus-te no teu velho quarto.

- Fico contente saber que ainda tenho um quarto grande – ela sorriu, sabendo que os quartos do último andar eram enormes, comparados aos lá de baixo. Além disso, ia ser bom sentir-se completamente em casa de novo. – Obrigado.

- Eu sempre achei que vocês os dois eram um bocado mimados – brincou Hunter – foi por isso que decidi mudar-me também – ele tirou a chave do seu bolso. Tinha-se mudado para o quarto mesmo ao lado do dela quando se mudou para lá o mês passado. Tinha feito com que ele se sentisse mais próximo dela, mesmo estando ela longe.

- Quando é que te mudaste para o santuário? – perguntou Angel. Ele e Ray conduziam de trás para a frente todos os dias para que pudessem passar a noite com a mãe deles… mesmo antes de Ray ter a sua carta. Ele e Ray sempre amaram imenso a sua mãe e asseguravam-se que ela estava sempre bem tratada.

Quando as portas se abriram, Hunter colocou a sua mão na ponta da porta do elevador para a manter aberta. – Desculpa Angel… eu disse ao Tristian para não te dizer. Não queria que te preocupasses connosco – os seus olhos escureceram, sabendo que ela tinha todo o direito de ficar chateada se quisesse.

- Então diz-me agora – Angel tinha um mau pressentimento. Hunter nunca lhe tinha escondido nada e ela perguntou-se se estar fora todo aquele tempo tinha causado isto. – O que é que eu não sei?

- A nossa mãe morreu o mês passado quando a nossa casa pegou fogo, acidentalmente – ele engoliu em seco, continuando a não querer tocar assunto. – Os bombeiros disseram que pareceu que ela estava a cozinhar e deve ter adormecido.

Os lábios de Angel abriram quando os olhos dele começaram a brilhar com lágrimas, por cair. – Meu Deus, Hunter… lamento imenso. Quem me dera que me tivesses dito… tinha voltado mais cedo.

- Não queria que o fizesses… ver-me assim – confessou ele, enquanto ela colocou os seus braços à sua volta, pela terceira vez na última meia hora.

Largando a porta, ele deixou-a fechar enquanto se esticava para carregar no botão de paragem. Colocando as palmas das mãos nas costas dela, Hunter não conseguiu evitar puxá-la contra si, deixando o cheiro do seu cabelo acalmar a dor que tinha dentro de si. Esta dor não tinha nada a ver com a sua mãe.

Angel não pensara em fazer nada mais que confortá-lo, mas assim que os seus corpos se tocaram, viu-se encostada contra a parede do elevador e com uma das pernas dele entre as suas coxas, fazendo com que uma chama ardesse em ambos de novo.

- Meu Deus, Angel – murmurou Hunter contra a suave pele do seu pescoço, enquanto ele sentia o seu calor do seu centro subir até ao tecido que tapava a perna dele. Pressionando a sua coxa contra ela, levantou a cabeça e apanhou-lhe os lábios, num beijo frustrado. As suas mãos viajaram pelos braços dela e capturaram as suas mãos. Deslizando os seus dedos pelos dela, empurrou-os contra a parede conhecendo-a bem o suficiente para saber que ser dominada era algo que a excitava. Se quase contasse como sexo, eles tinham sido amantes há muito tempo.

No início, Angel beijou-o de volta perdendo-se nas sensações que ele lhe estava a causar, mas depois a imagem de Ashton apareceu na sua mente, quando ela virou a cabeça, rompendo o beijo. Ela gemeu, suavemente, quando sentiu a respiração ardente no seu pescoço. Tirando as suas mãos das dele, colocou-as no seu peito e empurrou-o.

- Hunter? – Angel manteve os olhos no chão com um medo, súbito, do que veria quando olhasse para ele – Desculpa, eu…

- Shhh… - ele colocou os dedos debaixo do queixo dela e levantou-o para que ela olhasse para si. Ele já sabia porque é que ela estava a parar. Ashton Fox já tinha perdido… apesar de ela ainda não o saber. Os seus olhos escureceram, atraentemente, enquanto ouvia a sua respiração ofegante por causa de um simples beijo.

- Não peças desculpa… nunca devias pedir desculpa por e amar. Pelo menos sei que me perdoas por não te ter contado sobre a minha mãe – Hunter largou-a forçando-se a dar um passo atrás e a carregar no botão para que as portas se abrissem para ela.

Sabendo que ele iria falar da sua mãe quando estivesse pronto Angel virou-se e fugiu do elevador, deixando de confiar em si mesma para estar sozinha com ele. Assim que teve a certeza de que ele tinha desaparecido, abrandou o seu passo.

Pobre Hunter… e Ray. Eles sempre foram carinhosos com a mãe deles e ela sempre os amou imenso de volta. Angel lembrou-se de ter desejado que ela e a sua mãe tivessem aquele tipo de relação. Mas a sua mãe era-lhe uma estranha… sempre fora.

Quando as portas do elevador se fecharam depois de ela sair, Hunter colocou as suas mãos contra a mesma parede onde a tinha encostado… empurrando-a com frustração. Se contar até dez resultasse. Fechando os olhos, fê-lo na mesma, forçando a sua respiração a voltar a algo que se assemelhasse a normal. Quando se endireitou e abriu os seus olhos, estava completamente calmo, de novo.

Abrindo o seu telemóvel, escreveu o número de Tristian para lhe dizer que a sua irmã estava instalada. Hunter fez uma careta ao ver que não havia rede no telemóvel.

Angel entrou no seu quarto e sorriu, vendo que tinham deixado tudo como tinha estado antes de ela se ter mudado. Atirou-se de costas para o colchão com um suspiro feliz enquanto fechava os olhos. Assim que o fez, o que ela e Hunter tinham feito no elevador voltara para a assombrar e fazer o seu corpo arder.

Ela tinha estado fora tanto tempo que achou que ele já não a quisesse daquela maneira. Tristian tinha começado a namorar com alguém… porque é que o Hunter não?

Quando tinha começado a namorar com Ashton… tinha tentado bloquear as memórias de Hunter e de Tristian. Mas agora que estava de volta, parecia que o seu coração estava a ser separado de novo. Ela tinha estado apaixonada por ambos há tanto tempo que acabou por ser a razão para ela começar a namorar com Ashton… para esquecer. Mas quando Hunter a tocara no elevador, confirmaram-se os seus piores medos… ela não estava apaixonada por Ashton Fox e ele nunca a faria sentir como Hunter acabara de a fazer.

Ela encostou a palma da mão contra o seu ventre e deslizou-a para entre das suas pernas, arqueando o seu corpo enquanto o fazia. Ela fechou os seus olhos quando lhe a imagem de Hunter se dissipou e foi substituída pela memória do toque ardente de Tristian.



Capítulo 3 “Ciúme”



Já era quase de noite quando Tristian trocou a música calma por um rock alternativo, depois agarrou na garrafa de vinho que tinha acabado de esconder no fundo do bar. Quando pegou em três copos, o vestígio de um sorriso iluminou os seus lábios. Tinha acabado de descobrir a adega secreta do seu avô, que corria por baixo e através do enorme edifício.

Impedindo o resto dos membros da família soubesse da existência dos corredores apertados era a única coisa que Tristian gostava que o seu avô tivesse feito. Agora tinha o seu pequeno segredo e, até agora, só uma outra pessoa é que sabia da sua existência, Angel, e ela não era o tipo de pessoa para explorar as catacumbas com teias de aranha.

Vendo Ashton a passer pela entrada, chamou-o e fez sinal para que se aproximasse. – está na altura de começar a conhecer a família – Tristian conduziu-os para uma das mesas de picnic penduradas onde os gémeos estavam a entreter Stacey.

- Ok, ainda nem comecei a beber e já estou a ver a dobrar – brincou Ashton, esperando que fosse ser bom para quebrar o gelo.

Ao ouvi-los, Damien e Devin olharam para cima vendo a garrafa de vinho e deixando lá o olhar, enquanto Tristian a pousava na mesa.

Ao ouvi-los, Damien e Devin olharam para cima e viram a garrafa de vinho, deixaram o seu olhar segue-la, enquanto Tristian a pousou na mesa.

- Ei, esta é uma das garrafas da reserva secreta do avô. Eu vi-o e ao pai a beber uma há muito tempo – Devin agarrou-a e começou a furar a rolha. – Onde raios descobriste esta?

Antes de Tristian conseguir responder, Damien acenou na direção de Ashton. – Tristian? Para que é que o trouxeste? Precisamos tanto de outro homem como de um buraco na cabeça – colocou um braço à volta de Stacey enquanto o seu gémeo estava distraído.

- Ah, ah. – Tristian pousou os óculos. – Apresento-vos Ashton Fox… o namorado de Angel – ele levantou o seu dedo e apontou mesmo, enquanto os apresentou a Ashton. – E este é Devin… e Damien, nossos primos… esta é Stacey que só vem aqui para os torturar quando arranja tempo – piscou um olho a Stacey, sabendo que ela não ia negar.

Ashton esticou a sua mão, tentando não reagir, enquanto os gémeos fizeram turnos, quase partindo os seus dedos com o aperto. Refletindo a mão para que o sangue voltasse a fluir, sorriu e disse – Angel falou muito de vocês. É bom conhecer os gémeos, finalmente.

- Então, a nossa pequena Angel falou-te dos primos com os seus beijos preferidos? – perguntou Damien com uma expressão séria.

- Sim, também me contou do nariz a sangrar que ganhaste pelo esforço – disse Ashton com a mesma seriedade, se não algum aborrecimento. Se estava destinado ativar a testosterona… assim seja.

Tristian riu-se alto e deu uma palmada nas costas de Ashton. – Assim é que é, dá-lhe.

- Estás a falar a sério? – perguntou Stacey, rindo-se com Tristian enquanto se chegava a um dos copos de vinho que Devin acabara de servir.

- Completamente… pelo que sei – Damien agarrou o seu copo e pousou-o. Era triste ver que Angel tinha conseguido arranjar outro guarda costas. A brigada índia não era suficiente?

Ignorando os gémeos, Tristian deu uma pancadinha no ombro de Ashton para que ele parasse de o encarar. – Ali esta o tio Robert e a sua mulher, Dianne – apontou para o casal que estava a entrar para o jacuzzi. – Eles deixaram de ter filhos depois dos gémeos, por algum motivo – tentou não se rir quando aquilo arrancou um sorriso de Ashton.

- Quem é o teu amigo? – Tiffany apareceu, colocando o seu joelho ao lado de Devin e inclinando-se como se estivesse aborrecida, mas curiosa. Ela usava um bikini azul bebé que tinha vários números abaixo do que devia, com uma mera tira à volta da sua cintura.

Ela beliscou Devin na orelha quando ele virou a cabeça para olhar para os seus seios.

- Pára com isso, seu pervertido.

- Esquece isso, Tiff, ele está comprometido – disse Devin, com um tom de pena, depois piscou-lhe o olho – Parece que estás presa a mim, afinal – Ele rosnou quando reparou em Damien a tentar beijar Stacey. – Raios, Damien, não te consigo virar as costas por um minuto, pois não?

Quando os gémeos tentaram inclinar-se para discutir um com o outro, Stacey ainda estava entre eles. Ela colocou uma mão delicada em cada um dos seus ombros e empurrou. – Parem com isso ou eu juro que volto para casa de novo – avisou ela.

- Tiffany, apresento-te Ashton… o convidado de Angel para a semana – Tristian passou o Ashton de namorado a convidado de propósito. Se Tiffany quisesse tentar a sua sorte com Ashton quem era ele para a impedir? – A Tiffany é a prima mais nova e tem dois irmãos algures por aqui.

- Eles estão na piscina com os amigos deles – Tiffany fez um beicinho sentindo-se tão amuada como Devin. Revirando os olhos, agarrou a mão de Devin e tirou-a da cadeira. – Anda… vamos molhar-nos.

- Claro – Devin deu uma palmada no rabo de Stacey quando enquanto a seguia em direção à piscina.

Ashton levantou a sobrancelha, mas mordeu a língua, recusando dizer alguma coisa em voz alta. Além disso, era provável que a família se juntasse toda contra ele se ele dissesse o que estava a passar pela sua mente.

Tristian apontou na direção da rapariga de cabelo negro a trepar a escada da prancha. – Aquela é a Paris, a irmã mais velha de Tiffany. E o homem estranho que está a subir a escada com ela deve ser o seu novo brinquedo para durante a semana porque nunca o vi – ele virou-se na cadeira a olhar para a outra ponta da piscina. – E uma das duas pessoas aos beijos na secção infantil é Jason, o irmão dela.

- O que é que há no vinho, por aqui? – perguntou Ashton, esperando que parecesse uma piada.

- Porque é que achas que eu não o estou a beber? – Tristian sorriu, gostando cada vez mais de Ashton… às vezes, a vida não prestava. – A mãe deles deve aparecer em breve. Tia Carley – para que Damien não ouvisse, inclinou-se para Ashton e acrescentou, num sussurro. – Isto é… se ela não estiver demasiado bêbeda para andar.

- Aposto que é aquela – Ashton acenou para a entrada, visto que a estava a examinar à procura de Angel. A senhora de meia idade parecia-se com as raparigas, mas com o cabelo mais curto e demasiada maquilhagem. Ela tinha um aspeto cansado… ou, espera um pouco… ela acabou de cambalear?

- Sim… é ela, aposto que vai direita ao álcool – Tristian imitou o som de um sino de vitória quando Carley tirou a garrafa whisky de Crown Royal do bar e a levou para a cadeira do lounge, sem se preocupar sequer com um copo.

- E quem é aquela? – perguntou Ashton, apontando para a entrada, vendo uma rapariga perto da idade de Angel com cabelo longo e castanho e uma pele clara.

- Aquela é a nossa outra prima – Tristian saiu da sua cadeira e encontrou a rapariga a meio caminho. Sabendo que isto iria tirar Ashton do sério, ele baixou a cabeça, dando um longo e apaixonado beijo a Shae. Assim que achou ser suficiente para o espetáculo, respirou contra os lábios dela. – Não te chateies, mas acabei de dizer ao namorado da Angel que tu és uma das nossas primas. Ele já caiu do acento?

Shae deu uma risada. – Não, mas ele é sempre assim tão pálido?

Tristian olhou por cima do seu ombro e quase se engasgou com o riso, quando Ashton olhou, instantaneamente, noutra direção como se não tivesse estado a ver. – Ok, vamos acalmar o rapaz – Tristian guiou-a pela mão de volta para a mesa, reparando que Damien e Stacey tinham-se juntado a Devin na piscina.

- Esta é a minha prima, Shae – ele agarrou as costelas quando Shae lhe deu uma cotovelada – Quero dizer, minha namorada, Shae – sorriu com ar culpado.

Ashton cruzou os braços e levantou a cabeça estudando-os – Onde está a tal irmã que tu tens? Sinto uma vontade súbita de me esconder atrás de alguém.

- O meu irmão está a dar-te problemas? – perguntou Angel diretamente atrás dele. Ela estava a sorrir para Shae, tendo ouvido o comentário sobre ela ser uma prima.

- Graças a Deus – Ashton inclinou a cabeça para trás, enquanto Angel se chegou para lhe dar um beijo suave nos lábios. Ele ficou com ciúmes, de repente, porque não teve nem metade da paixão do simples beijo que a viu dar a Hunter. – Eu sei que só vou ter vinte e um anos daqui a umas horas, mas o teu irmão está, seriamente, a tentar levar-me a beber.

Puxando-a para o seu lado, Ashton não consegui evitar olhar para trás dela para ver se o índio andava a cheirar-lhe o rasto. Vendo um homem a inclinar-se contra um dos postes grossos do bar, fez uma careta, pensando que era Hunter… depois percebeu que não era. Este homem era índio, mas algo nele fê-lo parecer mais perigoso do que o que ele já tinha conhecido.

Ray não se deu ao trabalho de desviar o olhar, em vez disso trancou o olhar com o namorado de Angel. Com um olhar frio, começou a andar direito a ele… sem nunca romper o contacto visual. Vendo Angel a seguir o olhar do rapaz, Ray suavizou a sua expressão para olhar para ela, não querendo saber o que Ashton pensava dele.

O olhar de Angel iluminou-se instantaneamente – Olha, é o Ray!

Ela começou a afastar-se de Ashton para que pudesse ir ter com ele, mas Ashton só aumentou a força com que agarrava a mão dela e fez com que ela parasse. Ela mordeu o seu lábio inferior, com curiosidade, depois contentou-se com sorrir e esperar que Ray chegasse até ela.

Tristian reparou na manobra de mão pesada e a sua expressão endureceu. Angel iria querer um abraço de Ray depois de tanto tempo sem o ver, então porque é que Ashton estava a ser tão possessivo? Ele levantou-se pronto para informar Ashton de que ser uma besta não era fixe, mas os seus lábios formaram um sorriso quando Ray foi direito a Angel e lhe deu um abraço de qualquer maneira.

Pelo ar de infelicidade na cara de Ashton, Tristian esperou que este fosse o início de uma maravilhosa discussão.

- É bom ver-te de volta ao santuário – disse Ray, abraçando-a por uns segundos a mais do que o normal só para irritar o namorado que não desviava o olhar. Até foi um passo mais longe e beijou-lhe a bochecha antes de se afastar lentamente. Os seus olhos escureceram vários tons ao olhar para os, azuis, dela. – Se a tua mão ficar dormente diz-me… e eu parto-lhe os dedos.

- Ah? – Angel respirou, depois apercebeu-se do que ele estava a falar. Por acaso, a sua mão estava a ficar dormente. – Oh, não – ela apertou a mão de Ashton como se a sua não doesse, de todo, depois piscou um olho a Ray. – Ele não me está a causar problemas. Este é o meu namorado, Ashton.

Ela sorriu, reconfortando-o, sabendo que Ray partiria mesmo os dedos de Ash se ela tivesse dito algo de diferente. Mantê-la em segurança era uma coisa que ele sempre tinha feito.

Angel piscou os olhos, lembrando-se de uma dessas ocasiões. Ray deu uma boa tareia a Hunter e a Tristian quando eles a convenceram a trepar o velho carvalho que ficava por cima do lago. Ele tinha-a proibido de o fazer muitas vezes antes e apareceu mesmo a tempo de a apanhar, quando ela caiu de um ramo alto que não ficava por cima da água.

Ray ignorou completamente a introdução a Ashton. – É bom que tenhas voltado a casa, Angel. Talvez o desejo da tua avó se concretize e fiques aqui – ele chegou-se ao ouvido dela como se fosse sussurrar alguma coisa, mas manteve a voz alta o suficiente para que todos ouvissem. – Tenho uma surpresa para ti mais logo – Ray lançou-lhe um sorriso cúmplice, depois acenou para Tristian e Shae. Sem dizer mais uma palavra, passou à volta da enorme piscina e saiu pelo portão preto.

- Bem, isto moeu – lançou Angel – Porque é que ele não ficou?

- Provavelmente, foi buscar a tua surpresa – encobriu Tristian, sabendo onde Ray tinha ido.

Virando-se para a mesa de picnic, Angel sentou-se ao lado de Ashton, esfregando a mão, distraidamente, quando ele a acabou por a largar. Ela queria perguntar porque é que ele tinha apertado com tanta força, mas decidiu não o fazer quando olhou, através da mesa, para Shae. Se Ashton queria ser mau… então podia só ser ignorado. Ela queria celebrar, vendo a sua amiga favorita pela primeira vez desde que saiu da montanha.

- Então? O meu irmão tem-se mesmo portado bem ou têm-me mentido este tempo todo? - Perguntou Angel em tom de brincadeira.

- Provavelmente mentiu – Shae olhou para Tristian, depois piscou-lhe o olho ao levantar-se. – Acho que vou roubar a tua irmã por um minuto para pormos a conversa em dia.





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O Santuário é um vasto e isolado sítio de férias escondido no topo da sua própria montanha privada. Angel Hart cresceu protegida do mundo real no resort pertencente à sua família. Rodeada pelos três homens que mais adorava até o divórcio dos seus pais a ter afastado deles, Angel viveu uma vida acolhida e privilegiada. Dois anos mais tarde ela volta a casa para uma visita e trouxe o seu novo namorado. Subitamente, Angel torna-se o objeto do afeto de várias pessoas e estas não fazem intenção de a deixar sair do Santuário de novo. Obsessões secretas tornam-se num jogo de posse mortífero, enquanto os homens que a amam se tornam as pessoas mais perigosas na montanha.

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