Книга - Brincadeiras Do Mar

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Brincadeiras Do Mar
Marco Fogliani


Alguns pequenos contos sobre temas relativos ao mar (pescadores, sereias, monstros marinhos, vida da praia, maremotos, mensagens na garrafa…)











Marco Fogliani


ISBN 9788873049432

Tradução de Aderito Francisco Huo






índice




SERENA A SEREIA (#uffb7406c-5FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)

OSVALDO O PESCADOR (#uffb7406c-6FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)

OS MONSTROS MARINHOS (#uffb7406c-7FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)

PAISAGEM FABULOSA (#uffb7406c-8FFF-11e9-be98-0cc47a5f3f85)

NA PRAIA (#litres_trial_promo)

A PULSEIRA DESAPARECIDA (#litres_trial_promo)

A HISTÓRIA DE JASMIM (#litres_trial_promo)

UM FRASCO DE AMOR NO MEIO DO MAR (#litres_trial_promo)

A ONDA SALTEADORA (#litres_trial_promo)





SERENA A SEREIA


Mar sereno, a noite amena e a lua cheia tinham atraido sobre as rochas não apenas Aldo, um bom rapaz dos cabelos vermelhos, mas também outros apaixonados pela pesca. Equipados de cana e equipamento apropriado.

“Estás a pescar?”. Aldo stava alí há algum tempo quando viu-se interrogado.

“Não se nota?”, respondeu secamente naquele momento, sem reparar. Mas depois, vendo quem lhe tinha dirigido a palavra, sorriu e procurou de ser mais gentil.

“Ou pelo menos estou a tentar. Se por ventura queres saber se até agora apanhei algo a resposta é não, não ainda.”

Os dois não se conheciam. Ela tinha os cabelos claros muito compridos – quase até à luz – mas sobretudo luzentes, quase que pareciam seda. Tanto como ao resplendor da lua era difícil distinguir de que cor fossem; mas os olhos sim, entre o celeste e o azul-marinho, e brilhavam como duas pedras preciosas. Parecia uma visão. Talvez estou a sonhar, cismou Aldo consigo mesmo.

“Pescar daquela forma não me parece que requeira grande habilidade ou coragem”, disse ela.

“Pois se o fazes por necessidade, porque estás com fome como ou mais do que eles ...Porque eles mordem o isco porque estão com fome, deverias saber: estão apenas procurando de obter o jantar de hoje, coitadinhos.”

“Não, não o faço por necessidade, mas por lazer. Pescar relaxa-me”. Respondeu ele.

“Estranha maneira que tens para relaxar. Eu para relaxar canto, ou por outra tomo um bom banho e uma boa natação. Melhor ainda com uma maravilhosa lua cheia como esta, e talvez na companhia de um lindo rapaz com os cabelos vermelhos: eu adoro os rapazes com os cabelos vermelhos!”

Pôs-se a cantar, enquanto entrava na água. Tinha uma voz doce e harmoniosa, lindíssima.

Aldo persuadiu-se ainda mais de estar a sonhar.

“Queres tentar se por acaso o vês relaxante tu também?”, disse ela. “E entretanto, peço-te, tiras para fora de água o anzol, para que não tenha que se emaranhar nas minhas pernas.”

Aldo no princípio ficara estático, quase em transe. Mas depois do canto e das palavras da rapariga induziram-no a deixar a cana, ficar de biquini e seguí-la no mar. Não sentia frio, e lhe parecia mover-se lentamente, quase como num sonho. Ela continuava a cantar, e se movia na água como se fosse o seu elemento natural.

“Como é que te chamas?, e onde vives?”, perguntou-lhe.

“Chamo-me Serena. Sou daqui, nasci e cresci aqui, por isso nado tão bem. Pelo contrário tu estás de férias, não é? Não me parece de te ter visto antes.”

“Sim. Vivo na cidade. Mas não me importaria de transferir-me para uma localidade de mar, se me ocorresse a possibilidade. Gosto muito do mar.”

“Agora faço-te ver como deveria ser a pesca na minha óptica.”

Serena mergulhou na água alí mesmo onde se encontrava e permaneceu algum tempo, talvez mais de um minuto. Naquele intervalo Aldo viu antes a superfície do mar a propagar-se, e depois as sombras escuras a lampejar rapidamente no leito/mar. No fim Serena reemergiu na superfície, trazendo em cada uma das duas mãos um peixe, um mais pequeno, e outro mais grande.

“Visto?”, disse. E depois deixou cair de novo os peixes na água. “Habilidade e coragem. Mas é apenas um truque. Porque agora eles devem ir comer, e eu pelo contrário não tenho fome.”

“És realmente magnifica”, exclamou Aldo estupefacto.

“Assim me parece um desafio em igualdade de circunstâncias, justa e divertente. Tu te divertirias se do mar saisse uma corda que te arrastasse para o fundo do mar, só porque algum peixe quer relaxar?”

Aldo não acolheu a provocação, e Serena retomou o canto.

Passou assim na água um tempinho. Uma nuvem densa tinha começado a interpor-se aos raios lunares e a deixar diminuir o escuro, mas não tanto até ao ponto de não distinguir ao de longe, pontual como cada noite, a passagem do grande ferry boat dirigido às ilhas.

“Entardeceu, tenho de voltar para casa.”

“Onde vives? Posso-te acompanhar? Nos vemos amanhã?”, perguntou-lhe Aldo.

“Talvez. Depende ...também das nuvens ...” Serena não disse outra coisa antes de atirar-se de novo na água. E ela era bastante veloz a nadar na água, e estava bastante escuro, para que Aldo conseguisse, como era a sua intenção, de segui-la com o olhar e de perceber para que parte se dirigisse.

Na noite seguinte, ao mesmo horário, Aldo dirigiu-se para o mesmo escolho esperando de encontrar novamente Serena. Levou consigo o equipamento de pesca, mas não o usou. Reparava aqui e alí, esperando que ela chegasse; e queria perceber de que parte viesse, para procurá-la durante o dia. Mas a chegada dela o acolheu novemente de surpresa.

Nas suas costas, de repente, eis o seu canto, como se fosse materializado do nada.

“Pescas também esta noite?”, perguntou-lhe Serena.

“Não”, respondeu ele. É só para ter ocupado o nosso escolho, e distanciar os outros pescadores.”

Sentaram-se reparando a lua. Ele contemplava Serena, que era mais linda que a lua, e escutava o canto dela, um pouco melancólico e numa lingua estrangeira e misteriosa.

“Que lingua é?, lhe perguntou.

“É a lingua dos peixes”, respondeu sorrindo. “Lhes advirto que há pescadores. Dizem que este canto mantenha distante os peixes… mas atrai os rapazes!”

Era verdade, cismou Aldo, que não conseguia tirar os olhos em cima dela como a achava bonita.

Sabe-se lá como ficou. Até que, ao de longe, eis a passar o ferry boat. Aldo imaginava o que teria acontecido. Mas ela:

“já chegou a minha hora de ir. Mas se quiser nos vemos de novo.”

“Sim”, respondeu ele.

Quando ela levantou-se para ir embora, quis levantar-se ele também; mas Serena lho impediu, posando sa suas mãos nos ombros.

“Por favor, não me siga. Hoje não. Nem sequer com o olhar, como fizeste ontem. Posso confiar em ti?”

“Mas…”

“Se quiser um dia levarei-te para minha casa. O que achas?”

Ele acenou um sim com a cabeça.

“Então levarei-te. Mas isto quer dizer que terás de conhecer os meus pais. Estás preparado?”

“como corres, exageradamente”, teria certamente dito Aldo em outras circunstâncias e para uma outra rapariga. E pelo contrário respondeu com naturalidade:

“Certamente. Porque não deveria? Saiba que não tenho medo de nada e de ninguem.”

“Está bem, então fica a minha espera amanhã”. E assim dizendo desapareceu nas suas costas.

No dia seguinte à noite Aldo voltou ao seu acostumado rochedo. Foi como sempre com a intenção de pescar, mas não o fez, esperando a chegada de Serena. Fazia mau tempo, chuvoso, e também uns rapidos chuviscos. O céu e o mar, espaçadamente agitados, eram de um cinzento escuro, e não se via quase nada. Mas a um certo ponto, depois de muito tempo Aldo conseguiu distinguir ao de longe o ferry boat que passava. A hora de regressar, cismou Aldo desconsolado; para aquela noite ela não teria vindo. Para não pensar nela sentou-se e, não obstante a chuva, começou a pescar com a sua cana.

E pelo contrário foi exactamente naquele momento que Serena veio buscá-lo. Uma estranha onda anómala, talvez causada pela passagem do ferry boat mas não justificada pelas boas condições do mar, abateu-se propriamente e somente naquela pequena zona de rochedos onde o rapaz encontrava-se a pescar, e o levou consigo. Um facto meteorológico e natural raro e desusado, breve e repentino, durante o qual, declararam em conformidade os poucos pescadores que assistiram este acontecimento estranho e incrível, o vento pôs-se a soprar, aliás a bramir duma forma estranha, como se estivesse a recitar uma espécie de canto misterioso.

E alguém, entre testemunhas, afirmou também que o rapaz não foi o único a ser arrastado pelo mar, mas que com ele foi também uma rapariga de cabelos compridos claros e luzentes.

Até aqui a lenda. Pois existe os factos, senhor comissário, todos reportados detalhamente nesta pasta de arquivo. E os factos são que, em mais de quinze anos, este é o quarto rapaz engolido pelo mar na mesma zona dos rochedos, quase da mesma forma, ao que parece. Todos por coincidência, com os cabelos vermelhos. E também desta vez as tentativas de encontrar o corpo nas águas circundantes não resultaram absolutamente nada.




OSVALDO O PESCADOR


Encontrei o meu amigo Osvaldo no bar.

“Então, Osvaldo, como é que foi depois no outro dia a tua pesca?”, perguntou-lhe.

A última vez que o tinha visto, talvez dez dias antes, estivera no porto enquanto saía para ir pescar com o seu pequeno barco, e lhe tinha desejado boa sorte.

“Pois, bem, obrigado. No princípio não, não mordeu nada de nada durante algum tempo: tanto que pensava no facto de te ter encontrado me tivesse dado azar. Mas depois…!”

“Depois?”

“Pois como de costume tinha ido ao alto mar e tinha desligado o motor; tinha fixado o cabo da linha de pesca no pequeno guincho da âncora, e o outro cabo do fio pescava no mar. Não aconteceu nada durante algum tempo, e estava quase a me enfurecer: agora, como faço nestas situações, coloquei na linha de pesca os meus pequenos guizos que me advertem se algo morde. Mas depois de um instante, terá sido pela briza ou o baloiço anómalo das ondas, tive a sensação de que o barco estava em movimento, quase que estivesse a ser movido por velas; e tu sabes que não tem velas.

A linha de pesca estava tão esticada que me espantei de que não estivesse rota. Era precisamente aquela linha a mover o barco: deveria ter apanhado algo grande, muito grande. Pensei realmente que o anzol estivesse emaranhado num submarino. Creio que não teria conseguido fazer nada se não tivesse usado o guincho – não é por nada equipei-me para pescar daquela forma – e seja como for deu-me muito trabalho para puxá-lo a bordo, e em cada momento temia que o fio se rompesse. Mas no fim aqui está saindo da água, primeiro a cabeça e depois todo o resto: era um peixão mais ou menos deste tamanho.”

Osvaldo, para me fazer ver as dimensões da presa, teve que levantar-se e afastar-se para poder abrir os braços em toda largura.

“Mas olha, exagerado: quanto a mim sonecaste e sonhaste”, lhe disse.

“Não, não, te garanto. Mas a coisa extraordinária, mais que a dimensão do peixe, é que a um certo ponto ouvi uma voz: portanto estava sozinho lá no meio do mar.

“ Por favor, tira-me esta coisa da boca e atira-me de volta na água. Verás que saberei recompensar-te como deve ser.”

“Podes imaginar como fiquei: um peixe que fala. Nunca tinha-me acontecido uma coisa semelhante!”

“A mim também nunca me aconteceu”, objectei, sempre mais incrédulo.

“E quando lho disse”, surpreso:

“ Mas como, tu falas?”, ele respondeu-me:

“ Claro que sim, e falo correntemente cinco linguas de vocês homens. Mas agora peço-te, colocas-me de volta na água.”

Estava quase compadecendo, à vista daquele peixe que esbracejava e se abanava desesperado; mas hesitava.

“ Mas eu te transformaria num jantar suculento para mais ou menos dez pessoas. Se te deixo escapar, pelo contrário…”

“ Como ousas dizendo que a minha carne seja boa? E seja como for, se me deixar ir, dou-te a minha palavra de que vou te arranjar muito daquele peixe saboroso não para dez, mas vinte pessoas que poderás convidar na sua mesa. Basta organizar bons cestos nos lados do teu barco, e eu em pouco tempo os encherei. Hoje e durante todo mês ainda por vir.”

Quase que me convencia. Aproximei-me a ele para libertá-lo do anzol; no entanto hesitei ainda.

“ Quero tirar-te uma boa foto para mostrar como troféu aos meus amigos. Se te liberto ninguem vai acreditar de que seu tenha pescado um peixe tão grande”, lhe disse.

“ Não vejo nenhum problema fazendo uma foto na tua companhia. Basta que me colocas agora um pouco na água…”

E eu colaborei, deixando-o durante um instante na água sempre preso no anzol. Depois fui buscar a minha máquina fotográfica digital e coloquei-me em posição para um disparo automático. Tirei de novo ao enorme peixe, fui tirar e voltei ao meu lugar, abraçando o peixe esperando o flash da máquina.

“ Pois, se me deixar ir agora, vou buscar os peixes que te prometi”, disse-me ele.

“ Generoso eu sou, mas não tolo. Quem me garante que tu não vai escapar logo depois de te libertar do anzol, sem manter a tua promessa? Também porque peixes que falam, prometem e mantem, a palavra de honra creio que não haja alguma pista na história do mundo.”

E assim dizendo libertei-o sim do anzol, mas não antes de o ter amarrado a cauda num outro fio também robusto. E amarrei-o bem forte, por temer que poderia agitar-se ajudando-se com as suas escamas escorregadias, que talvez sofreria pior ainda por esta atadura do que pelo anzol que tinha na boca primeiramente.

Desconfiado que não existe outro. Mas verás que te arrependerás amargamente desta falta de confiança: porque se tu tivesse me libertado completamente, te teria transformado num homem num homem mais rico da nação. Talvez não percebeste que sou um peixe mágico? Ou pensas que qualquer peixe possa falar?

“ Sim, podes bem dizer que sou desconfiado; mas se na vida tivesse dado crédito a quem fazia promessas extraordinárias como as tuas a esta hora não estaria certamente aqui tranquilo a pescar, mas pobre a pedir esmola por aí. E de todas as maneiras fui de palavra e atendi o seu pedido, visto que tu querias que te libertasse do anzol e te deixar na água. Agora cabe a ti ser de palavra: dentro dum tempo colocarei os cestos nos cantos do barco a tu deves enchê-los.”

Mas não obstante as minhas precauções aquele, uma vez no mar, com um escorregar logo livrou-se da atadura a cauda. Será que vai cumprir, pensei, aclamando comigo mesmo a ideia de voltar para casa com abundante peixe. Mas enganava-me.

“ Bem te disse que sou um peixe mágico. Mas aquilo que não te disse é que querendo poderei permanecer tranquilamente fora de água o tempo que quiser, e até caminhar e correr.”

E para me fazer ver saltou de novo sobre o meu barco, quase dançando à minha volta como quem me desafiasse de apanhá-lo. Mas depois dum tempo, visto que não colhia a provocação (já estava claro que era realmente mágico, e que quisera apenas pôr-me a prova), atirou-se de novo na água.

“ Pois sou um peixe de palavra, e manterei o que prometi.”

E de facto em poucos minutos tinha enchido os meus três cestos, todos aqueles que tinha a bordo, um unicamente de moluscos e crustáceos, o outro de peixes grandes e o outro de peixes pequenos;alguns trazendo-os com a boca, e outros que saltavam para dentro sozinhos, mesmo por magia. Tanto que depois tive que passar do mercado do peixe, procurando alguém que me comprasse aquilo que restava às minhas necessidades.”

“Sem delongas”, lhe disse eu.

“É verdade, respondeu-me.” Mas pensando bem creio que uma parte do merito por todo este pescado tenha sido também tua. Desejaste-me boa sorte, e me trouxeste realmente tanta, talvez como nunca a tive. Sei que quando te convido para a pesca dizes sempre não: mas o que achas então de vir jantar comigo, esta noite? Tudo é comigo: talvez tragas tu só uma garrafa de vinho, branco, naturalmente.”

“Porque não, Osvaldo. Conta comigo. É conveniente para ti se marcarmos para as sete e meia?”

“Está bem. Então agora te deixo, porque devo dar um salto no mercao do peixe. Até a noite, então.”

Osvaldo saiu, e eu permaneci com calma terminando o café.

“E tu o que pensas daquilo que contou o meu amigo Osvaldo?”, perguntou ao Vincenzo, o bar man, que naquele momento estava ocupado a lavar algumas chávenas.

“Achas que haja mesmo algo racionalmente credível em tudo aquilo que disse?”

“Desculpa, não ouvi perfeitamente o que disse”, respondeu-me ele sem delongas.

“Petas. Todas petas de pescadores”, continuei eu. “Questiono-me porquê todos os pescadores são todos assim, pelo menos aqueles que conheço: fantasistas e exagerados. Talvez estar fora durante a noite, saltar os ritmos naturais do sono e da luz lhes cria estas piadas, sabe-se lá.”

Paguei-lhe o meu café e saí.

“Eh, um momento. Estás a esquecer algo aqui em cima do balcão. Talvez seja o teu amigo que esqueceu. Como é que se chama?

“Osvaldo”, respondi-lhe. Eu não trazia nada comigo. Verifiquei se por acaso fosse coisa de Osvaldo. De facto havia duas facturas do mercado do peixe, e havia em cima o seu nome como vendedor. Pois havia uma outra coisa que não percebia o que seria, e… isto o que é? Uma foto. Feita de noite, com flash. Trazia no braço um peixe gigantesco, quase mais grande que ele. E, parece estranho dizendo, tal grande peixe parecia propriamente que estivesse a sorrir.




OS MONSTROS MARINHOS


Peço desculpas desde já se de vez em quando na minha tradução tive que fazer consistentes arranjos ou então tive que omitir alguns detalhes: quer porque eu mesmo certas coisas não consegui compreendê-las, quer porque alguns conceitos em si não são facilmente compreensíveis por um ouvinte humano. O facto é que obtive esta história na fonte, isto é precisamente lá em baixo no fundo do mar, onde desenrolou.

È justo pois que vos esclareça antecipadamente como usei algumas palavras, e como são interpretadas.

Quando falo de “tentaculados” refiro-me a uma daquelas espécies de lulas gigantes que habitam as zonas mais profundas dos abismos marinhos. Um tentáculo, além da sua parte anatómica, é também a unidade de comprimento por eles usada: corresponde ao tentáculo mais comprido que um adulto de médias dimensões.

Até as palavras mamã, filhos, machos e fêmeas têm um significado muito relçativo para uma espécie onde se conhece biologicamente e zoologicamente assim pouco, e onde cada novo exemplar do qual ficamos na posse contribui para melhorar o nosso conhecimento. Dias esemanas significam ainda menos, lá onde uma luz que filtra pode considerar-se apenas como um caso milagroso (ou catastrófico).

Na linguagem deles, a palavra “peixe” indica qualquer ser que é ou estava vivo, e como tal pode constituir alimento; poe isso organismos em geral, e particularmente animais. Os “invólucros” são pelo contrário tudo aquilo que é constituido por material muito duro e não comestível. Assim são chamados, entre o outro, os objectos pesados e geralmente metálicos que precipitam das altas altitudes: trata-se geralmente de detritos de embarcações de cada tipo, cabos, tubos ou coisa igual.

Quanto ao “Vale das pontas”, para terminar, não saberei dizer exactamente onde se encontra, mas penso que não esteja muito distante donde, em agosto de 2002, verificou-se um famoso desastre aereo, numa tentativa falhada duma amarradura de emergência, morreram quase duzentas pessoas cujos corpos não foram ainda recuperados, e talvez nunca o serão.

Os irmãos Darko e Dalko eram dois jovens exemplares machos tentaculados, em pleno das suas forças e do seu vigor, e pelo contrário podia-se dizer que estivessem extraordinariamente mais robustos do que os seus conterâneos similares.

Eram corajosos mais de qualquer outro; também demasiado, pensava a mamã deles. Não pareciam preocupar-se excessivamente nem do calor, nem da luz ou do ruido que subindo de altitude tornam-se enfadonhos ainda mais, e para alguns completamente insuportável. Dirko e Dalko moviam os seus compridos, fortes e elegantes tentáculos em comprimento e em largura pelas extensões aceanicas, de vez em quando ausentando-se durante dias e semanas inteiras, mas sempre voltando ao encontro da sua amamda mãe.

“Devem estar atentos! O mar tornou-se muito mais perigoso do que era quando criança. Recentemente aconteceu um negócio como mimca visto, comprido talvez mais de dez tentáculos, com enormes bartatanas laterais. Devia ser um peixe ferocissimo quando ainda em vida. Com uma pele duríssima que ninguém conseguiu ainda tão-pouco arranhar. Muito diferente também daquele ridículo invólucro acuminado que jaze durante anos no fundo do Vale das pontas.”

Não tinha nem sequer terminado de falar que os dois jovens tinham já colhido aquele que parecera para eles um desafio, e tinham começado a explorar as profundidades à procura do monstro. Não foi didicil encontrá-lo. As suas enormes barbatanas emanavam ainda calor. Os tentáculos dos dois irmãos não conseguiram nem arranhá-lo nem afastá-lo por um milimetro, assim como não conseguiram outros tantos tentaculados, ainda hoje presentes no lugar, que estavam a coordenar os próprios movimentos e as próprias energias num esforço de grupo.

“Se tivesse sido um peixe, teriamos tido um stock de comida enorme.” Era aquilo que pensavam todos. “Pelo menos nos classicos invólucros algum peixe encontra-se sempre; mas aqui, ainda que encontrassemos no interior, não conseguiriamos trazê-los para fora.”

Mas como diz o notável proverbio submarino, o cardume move-se sempre em grupo. E assim para aquele caso seguiram outros não menos estranhos e preocupados, todos muito próximos seja no espaço como no tempo.

Não passou mais de um dia que começou a perceber-se um tremor. Era o mesmo tipo de ruido que há anos tinham-se habituado (resignados) a suportar, mas sempre isoladamente e durante pouco tempo. Este novo, continuo e ininterrupto, era pois um outro negócio.

Incomodava o sono e a vigilia deles; deixava escapar as presas. Não conseguiam tão-pouco mais unir-se. Logo estavam todos tão nervosos e agitados, que por um nada eclodiam rixas e brigas. Decidiram por isso de reunir o conselho da zona (era enorme que não se fazia mais). A proposta que estava a ter maior seguimento era aquela de emigrar todos para uma outra zona abissal, com os riscos que isso teria comportado.

Estavam ainda reunidos nesta mesma assembleia, quando uma nojenta luz começou a escer do alto. Primeiramente vislumbrou-se apenas; depois à medida que descia, tornava-se sempre mais deslumbrante e maçadora. A partir dos mais de velhos começavam a dispersar-se em procura de refúgio. O presidente, antes de distanciar-se, proclamou que o conselho reunir-se-ia poucos minutos depois, na zona limitrofe com a vale das pontas.

Era uma escolha não totalmente desprovido de perigos e incognitas, porque aquele território constituia motivo de continuas escaramuças com a outra tribu de tentaculados.

Dirko e Dalko, juntos a uma outra meia duzia de jovens, não digeriram esta decisão.

“Este território é nosso, e o defenderemos a qualquer custo. Ninguém foi permitido de atrapalhar as nossas reuniões, e muito menos de contrastar o nosso predomínio dentro destes limites. Terão que passar por cima de nós.”

Um punhado de tentaculados os seguiu enquanto subiam em direcção daquela luz. Alguns tentaram de turvar a água com areia, além de toda tinta que tinham no corpo. Outros, que tinham notado o quanto os raios luminosos estivessem endereçados para baixo, procuram de alcançar o alvo pelo alto, com uma manobra circundante. Aquela lâmpada, e o subtil cabo que sustentava, foram agredidos por um grupo de fortes tentáculos enlouquecidos pelo ódio; quem puxava duma parte, quem da outra, com a raiva e a força geralmente reservada aos peixes mais ferozes e perigosos. Naquele abanão a luz começou antes a vacilar e depois a atenuar-se, até que, levada a fracassar-se contra uma parede rochosa, apagou-se completamente deixando precipiatar-se alguns dos seus fragmentos para o fundo novamente escuro.

A luta não foi totalmente indolor. Alguém com ímpeto submeteu algum pedaço de tentáculo; outros, em contacto com a fonte luminosa, arranjaram feridas e inflamações, em alguns casos também muito dolorosos.

Aqueles valorosos jovens foram dali em diante tratados por aquilo que efectivamente tinham demonstrado: por heróis corajosos. Tiveram pleno reconhecimento de todos, também dos mais velhos, os quais lhes encarregaram pela defesa do território por mais que estivesse nas suas capacidades.

Recomendaram a eles a maxima prudência porque julgavam que o perigo não se podia dizer certamente de ter passado. A maioria, pelo contrário supunham que a situação estaria logo piorada, depois do sucessido. Assim enquanto os mais velhos, procurando de travar relações pacíficas com os vizinhos, preocupavam-se de nivelar a rua e uma eventual emigração, os jovens heróis encarregavam-se da vigilância, organizando turnos de ronda e equipando-se contra um novo possível ataque. Foram predispostos abrigos de emergência e recolha de stock de pedras e outros fragmentos de invólucros, considerados os meios mais válidos para opôr-se contra eventuais outros perigos provenientes de cima.

A recordação daquela luz do alto era ainda viva em toda a comunidade (desde então o ruido do fundo não tinha cessado nem sequer tão-pouco) e o stock de pedras não tinha sido ainda ultimado quando sobreveio um outro perigo. Era um grande globo com muitos olhos, que desciam de cima não verticalmente como uma rocha, mas com amplas aspirais e rotações irregulares, como um peixe já saciado ainda em procura de comida. Era de cor amarelo, mais que a sua fraca luz intermitente e florescente tinha deixado alarmados os jovens de guarda e todos outros, rapidamente afastaram-se das suas actividades para enfrentar a nova emergência. Dentro daquele amarelo os olhos liquidos deixavam vislumbrar outros pequenos peixes flutuantes: nada porém que deixasse pensar a uma indole onfensiva.

“Tenha calma. Parece bastante robusto e tranquilo. Talvez não tem más intenções e se distanciará com a corrente assim como veio.” Dalko sempre tinha sido por natureza o mais prudente entre os dois irmãos, e tinha mostrado sempre um particular interesse na observação seja dos peixes que dos invólucros onde lhe acontecia de embater-se nas suas passeatas oceanicas. Dirko era pelo contrário mais agressivo: e dade a sua corpulência não tinha medo de nada.

Aquele monstro amarelo parou em frente deles. Por dentro dos seus olhos outros olhos pareciam fixá-los. Dalko, observado, o estudava por sua vez com curiosidade e um pouco de apreensão. Dirko pelo contrário era fácil enfurecer-se, como um duelista até ao ponto de por a mão na arma, e percebia no intruso a sua mesma atitude.

“Tenha calma, Dirko, não te enerves.” Os outros tentaculados observavam um pouco mais distantes, não sabendo o que fazer e o que esperar.

“Se não resolve de ir embora sozinho sem cerimónias o convencerei eu duma ou doutra forma”. As dimensões do intruso eram maiores do que as suas; mas Dirko tinha consigo a tranquilidade de muitos amigos dispostos em dar uma mão se necessário.

Foi assim que, quando a esfera amarela fez um posterior movimento lento e prudente em direcção ao fundo da comunidade, Dirko lançou-se contra sem hesitação. Criou-se uma situação incrível. Uma massa de tentáculos enfureceu-se contra aquela esfera lisa, cobrindo uma boa parte; mas cada esforço parecia inútil. Talvez não conseguiam simplesmente torná-la presa, ou descortinar um ponto fraco no inimigo; o qual aparentemente parecia inofensivo, imóvel, sem armas ofensivas nem de defesa a parte a impenetrabilidade da sua carapaça. Os outros tentaculados não resistiram muito de espectadores àquele vão e desesperado escoiçar do chefe deles. Devagarinho uniram-se à luta, até que do amarelo da esfera, transformada enfim num montão de polpa e tentáculos em movimento, não se distinguia mais nada.

A situação não mudara com o aumento do número dos combatentes; mas o enredado montão em luta começou, antes lentamente e depois mais decidido, a perder altura dirigindo-se para o fundo, talvez por uma deliberada estratégia ou simplesmente pelo efeito da gravidade.

A descida era enfim evidente, quando a situação tomou uma viragem imprevisível. Um, dois assobios, e duas novas apêndices esfericas desenvolveram-se no corpo amarelo, modificando improvisamente o assento. Tendiam para cima, e levaram consigo emaranhada massa baralhada a levantar-se; entretanto continuavam a espandir-se avolumando-se. Estas protuberâncias, que a pressão dos tentáculos deformava com uma certa facilidade, iludiu o pelotão de guardas de ter encontrado o ponto fraco do monstro, fortalecendo os seus esforços. Pois o monstro amarelo continuava a erguer-se, incessante, até que a pressão e a temperatura começaram a tornar-se enfadonho para os habitantes do abismo. Um de cada vez largava a presa, também porque enfim o estranho podia se dizer de ter saido do território deles. Os últimos a deixar o inimigo foram os dois irmãos; mas Dalko ficava apenas para não deixar sozinho o irmão. “Vamos embora, antes de terminar mal. Nunca fomos levados tão assim para cima e em águas tão quentes. Pode ser perigoso.” Mas Dirko, que só uma vez quisera dar ouvidos aos nobres conselhos de Dalko, não conseguia mover-se. Os dois balões tinham crescidos a desmedida, e embora deformáveis e aparentemente moles como polpa de peixe, começavam a comprimir-se com força, bloqueando todos os seus movimentos.

“Não consigo mover-me, não consigo. Socorro!” Também a sua voz estava engasgada, quase sufocada naquela mordedura. Enfim a subida era veloz. Dalko procurou desesperadamente e em todas as formas de ajudar o irmão a libertar-se, até que teve as forças. Depois perdeu os sentidos e quando os recuperou viu-se estendido no fundo do mar, em mau estado e circundado pelos seus jovens companheiros.

Do seu irmão, infelizmente, ninguém soube mais nada.

Isto mais ou menos aconteceu quando a sonda superbarica “Mistar”, após uma precedente falida tentativa de exploração televisiva, desceu fundo no lugar do desastre. Os três homens da tripulação regressaram arrasados, salvados pelo eficaz sistema de emergência de balões de ar comprimido.

A incrível história deles foi apenas em parte suportado pelas filmagens televisivas das telecâmaras de guarnição, colocadas fora de uso quase logo depois da luta corpo a corpo; mas aquele gigantesco montão um tanto mole e felizmente sem vida que trouxeram de novo à superfície espantou o mundo inteiro.

A recuperação dos corpos do desastre aereo revelou-se inviável, vistos os riscos, as incógnitas e os custos inerentes: enormes, embora dificilmente quantificáveis. Todavia o interesse científico suscitado pela localização recomeçou o debate sobre a necessidade de uma nova missão explorativa, pelo qual as unidades de salvação estacionavam na zona dos destroços durante quase um outro mês antes de voltar a base.

Agora do acontecimento quase que não se fala mais, senão nos ambientes académicos interessados pela oceanográfia; mas falar-se-á brevemente, visto que uma nova exploração daqueis fundos foi incluida no programa eleitoral de um dos candidatos em corrida para a casa branca.




PAISAGEM FABULOSA


“ E agora fecha os olhos, por favor: não os abrir antes da minha palavra”, disse ele.

Ela assim o fez, antecipando não sabia bem qual seria a louvável surpresa. Deixou-se pegar pela mão e guiar-se lentamente durante alguns passos, esperando confiante sei lá de que coisa.

Ou melhor uma certa esperança sobre o que estava por acontecer ela tinha; mas lhe veio também em mente a história do primeiro beijo entre a sua mãe e o seu pai. E no entanto começava a ouvir inesperadamente o rumor do mar, primeiramente no fundo, depois sempre mais estrondoso. Murmúrio das ondas espumosas que se infringem com força no recife.

Realmente não tinha a mínima ideia daquilo que esperava.

“Podes sentar aqui se quiser, e fica a vontade, mas sem abrir os olhos”.

Ela seguiu as recomendações, maravilhando-se de ter que acolhê-la de braços abertos uma espécie de brando tapete e não pedrinhas ou algumas rochosas saliências afiadas.

O murmúrio do mar, ora ligeiramente atenuando-se, era de todas as formas agradável e relaxante, não atrapalhado pelos versos, trazidos pelo vento quase por intermitência, de algumas gaivotas que iam e vinham em voo. Também aquela brisa fresca no rosto, uma brisa ligeira que sabia do sal do mar e de liberdade, dava uma sensação agradável. E das pálpebras fechadas filtrava uma luz de uma linda cor que era uma espécie de cor de rosa avermelhado alaranjado.

“Agora podes abrir os olhos.”

Diante dela, como um desmesurado mural animado pelo mais grande artista jamais conhecido, estava a paisagem de um pôr de sol no mar, alguma coisa mais que uma simples admirável visão, ainda que subitamente lhe atingiram também, uns ligeiros salpicos de água fresca na cara e no vestido.

“Não te preocupes, é apenas água”, a tranquilizou ele. “Mas se quiser…”

“Não, não… é fabuloso… incrível…”

Permaneceram sentados um ao lado do outro em silêncio, contemplando o que se apresentava aos seus olhos.





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Alguns pequenos contos sobre temas relativos ao mar (pescadores, sereias, monstros marinhos, vida da praia, maremotos, mensagens na garrafa…)

Em seguida o elenco dos contos incluídos na colecção:

SERENA A SEREIA: reinterpretação, numa estética contemporânea e com leitura também policial, da clássica história da pequena sereia.

OSVALDO O PESCADOR: o incrível encontro, da parte de um pescador, com um peixe mágico, não só mas que fala.

OS MONSTROS MARINHOS: história fantastica adaptada entre as lulas gigantes no fundo dos abismos, onde as vezes detritos de navios e de aviões provenientes do mundo humano vêm importunar a sua tranquila existência.

PAESAGEM IMPRESSIONANTE: encontro supertecnológico entre um rapaz romantico e uma sua amiga com todo tipo de pensamentos na cabeça.

NA PRAIA: uma história de duas menininhas que vão para praia para tentar uma experiênça aventureira para “ser engatadas”, mas que no fim preferiram jogar voleibol com umas crinças mais novas que elas.

A PULSEIRA DESAPARECIDA: história de rapazes e raparigas na praia: timidos ou borrachos, intrigantes ou silenciosas, na praia basta um nada para encontrar uma aventura.

A HISTÓRIA DE JASMIM: história absurda, adaptada na costa amalfitana, entre uma linda emigrada nas mãos da máfia e um polícia que, no decurso de uma operação contra a mesma máfia, apaixona-se.

UM FRASCO DE AMOR NO MEIO DO MAR: jovens turistas em férias nos trópicos atacados pelos modernizados piratas. Uma das vítimas salva-se graças a uma mensagem na garrafa.

A ONDA ESPERTINHA: conto de fantasia adaptado em Sri Lanka durante o tsunami de 2004. Uma história de amor e de solidariedade.

Verifica-se que, dado o caracter temático da colecção, alguns destes contos poderão estar presentes também noutras colecções temáticas do mesmo autor.

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