Книга - Sanidade Antes, Magia Depois

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Sanidade Antes, Magia Depois
Brenda Trim


Ser a Guardiã não é tão legal quanto parece. Minha nova vida é estranha e difícil. Você acha que a magia é algo natural para aqueles que a possui? Aí que você se engana! É mais provável que eu exploda algo do que lance uma proteção sobre a coisa.

Mas quando um Feérico Sombrio atravessa o portal e a criança da minha melhor amiga é sequestrada, terei que aprender como lançar um feitiço de localização. O problema é, antes que eu possa sequer começar, sou puxada pelo portal e acabo presa no reino Feérico. Nessa hora não tenho escolha a não ser arregaçar minhas mangas e descobrir como solucionar isso. Todos que eu amo precisam de mim. Eu precisava desesperadamente de ajuda.

Perdida no reino dos Feéricos, sou forçada a procurar ajuda em um lugar onde meus inimigos governam com punho de ferro. Meu novo treinador é poderoso, paciente e muito inesperado. O exato oposto de Sebastian. Mesmo que ambos sejam extremamente bonitos, não tenho tempo para um confronto de machos alfa sobre os direitos dos meus afetos. Uma entidade maligna está perseguindo sobrenaturais em Cottlehill Wilds, e eu preciso voltar através do portal para ajudar Violet a encontrar seus filhos. Acontece que aprender a dominar a magia é o menor dos meus problemas.








Sanidade antes, magia depois




Contents


1. CAPÍTULO UM (#u6b1608d1-3548-5d03-a27a-15c6d4706179)

2. CAPÍTULO DOIS (#u4acdca80-5c35-57dd-bb07-ebd186ec000c)

3. CAPÍTULO TRÊS (#u6afdb1c8-6cd5-5c71-84a7-2f8fa169585c)

4. CAPÍTULO QUATRO (#ub2cc8fa4-8f6f-5019-bb86-898eb658996a)

5. CAPÍTULO CINCO (#u384184c4-42bf-5f0c-bca6-39d910a691ff)

6. CAPÍTULO SEIS (#ueff09cea-3805-5b1e-8d5e-dd0287ffb0c0)

7. CAPÍTULO SETE (#u4bea9285-5182-52c9-b8c6-6d79ab8a3ff3)

8. CAPÍTULO OITO (#u9d4cb381-323f-5322-9c4b-91461f697fe1)

9. CAPÍTULO NOVE (#uf6b1d28f-1bb2-5e2a-8f8f-459681189cb1)

10. CAPÍTULO DEZ (#ue02e7c63-8f68-55be-920c-f4bcf53620ca)

11. CAPÍTULO ONZE (#uff418662-d9df-5fd4-a3b8-172be0e909d9)

12. CAPÍTULO DOZE (#uce3d0957-c012-5c7e-adf8-287a2d1a3eed)

13. CAPÍTULO TREZE (#u0fec3734-6c88-5699-8ca9-93a332734ad1)

14. CAPÍTULO QUATORZE (#ucaeb0fb6-0142-559d-a607-ea2c693a9297)

15. CAPÍTULO QUINZE (#u26f0608e-a744-5600-bd8d-2e1574931498)

16. CAPÍTULO DEZESSEIS (#ub63d24e7-bfdb-506d-9d0c-4e841b5172f4)

17. CAPÍTULO DEZESSETE (#u5ba837cf-8ce9-51fc-a750-6f19bc84f522)

18. CAPÍTULO DEZOITO (#ua1e0710c-6873-59d1-a9ec-6df434c5049c)

19. CAPÍTULO DEZENOVE (#uc44dbc65-901c-5031-a461-222b190ab94f)

20. CAPÍTULO VINTE (#u0f08fdbc-3594-5a83-b084-1b91323e5cd1)

21. TRECHO DO LIVRO # 3 (#u0c9f8a7f-1c26-5968-8147-566e9338323b)

Nota do autor (#u30672e45-88ad-5e49-a074-c4f44bfe4954)


Direitos autorais © maio de 2020 por Brenda Trim

Editor: Chris Cain

Arte de capa por Fiona Jayde

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* * *

Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da imaginação da autora ou são usados de forma fictícia e não devem ser interpretados como real. Qualquer semelhança com eventos, locais ou pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.

AVISO: A reprodução não autorizada desta obra é ilegal. A violação criminal de direitos autorais é investigada pelo FBI e é punível com até 5 anos de prisão federal e multa de US $ 250.000.

Todos os direitos reservados. Com exceção das citações usadas nas resenhas, este livro não pode ser reproduzido ou usado no todo ou em parte por qualquer meio existente sem a permissão por escrito da autora.

[bad img format] Created with Vellum (http://tryvellum.com/created)


Dedicatória

Se você focar sua mente naquilo que sonha, você vai alcançar!




CAPÍTULO UM


— Não está funcionando. — Eu ainda parecia aquela criança em Harry Potter que ficava explodindo tudo. Além de uma adolescente chorona, em vez de uma bruxa híbrida de 45 anos.

Não podia evitar, estava falhando em tudo. Eu estava ansiosa e tensa enquanto esperávamos o próximo golpe. Alguns meses atrás, enfrentei a poderosa Rainha Feérica e consegui feri-la e afugentá-la do reino quando tentou me matar. Ninguém sabe como consegui isso, mas todos concordamos que ela voltaria em busca de vingança pelo que fiz a ela.

— Você vai pegar o jeito — assegurou Camille.

Minha mentora feiticeira sugeriu que eu tentasse minhas habilidades com poções para que pudesse abrir um estande no F&F, a feira mágica que nossa cidade realiza no parque da praça. Eu não precisava do dinheiro, graças à herança da minha avó, mas precisava da distração e todos os meus amigos concordaram que era a melhor maneira de eu conhecer os sobrenaturais da cidade.

Para mim, era uma questão de desenvolver relacionamentos com outras pessoas como eu e encontrar uma maneira de acalmar meus nervos. Estar sempre no limite estava me deixando nervosa, além de deixar minha magia mais instável do que o normal. Eu estou sobrevivendo graças ao café, o que pode ser parcialmente responsável por meu nervosismo, mas a sobrecarga de cafeína não tinha como ser o único motivo.

Ser viciada no elixir dos deuses por três décadas ou mais significava que meu corpo era praticamente imune.

— Não tenho certeza, passei uma vida como uma norm, uma normal, sem um pingo de magia. Talvez eu tenha perdido a conexão com meu poder. — Eu não tinha ideia de como tudo isso funcionava. Eu estava aprendendo, mas meu conhecimento era como o de uma criança de cinco anos quando se tratava de qualquer coisa sobrenatural.

Camille fez um aceno com a mão e jogou a lama do meu caldeirão na lata de lixo em que ela tinha despejado sal antes de começarmos. Aparentemente, a substância neutralizaria qualquer poder remanescente. Também me manteria segura quando lançasse meu círculo de poder. Quem diria que o sal era tão útil?

Camille gesticulou para o grande livro aberto na longa mesa de trabalho de madeira. — Não é possível. Sinto que há algo mais acontecendo aqui, mas não consigo definir o que é. Pegue o Grimório da sua família

Aquilo me deixou apreensiva. Era a primeira vez que ela mencionava algo desse tipo. Eu me perguntei o que estava faltando. Provavelmente muito, já que eu não tinha ideia do que era normal. — Como assim? Por que você não disse algo antes?

— Eu não tinha certeza até que começamos um trabalho mais detalhado como este. Não conheci ninguém como você antes, então, de início, descartei minhas preocupações. Vamos ver se há algo diferente acontecendo.

Eu coloquei o livro na nossa frente e o abri. — Eu só o folheei algumas vezes. O que devo procurar?

— Qualquer coisa que Isidora tenha escrito sobre você ou seu nascimento.

— Nunca vi nada aqui que falasse sobre mim, não diretamente. Eu só vi feitiços e poções. Eu gostaria que o livro apenas me mostrasse o que estou procurando. — Meus dedos formigaram e o vento soprou pela sala, fazendo meu cabelo bater em meu rosto. As páginas do livro esvoaçaram e pararam cerca de três quartos dele.

Com os olhos arregalados, olhei boquiaberta para o Grimório e depois para Camille. — O que é isso? — Camille pegou um envelope e o segurou entre o polegar e o indicador.

— Eu nunca vi isso antes. — Peguei o envelope e percebi como minha mão tremia. Respirando fundo, levantei a aba e tirei uma carta escrita à mão.

— Está endereçada a mim. — Eu verifiquei o envelope e percebi que não tinha notado o meu nome escrito do lado de fora.

— Aposto que é da Isidora. Do que se trata? — Camille estava certa. A assinatura no final da página era da minha avó. Meus olhos voltaram para o topo e eu hesitei em lê-la. De repente, desejei que Sebastian estivesse lá comigo. Este era um daqueles momentos que eu sabia que ia mudar minha vida. Como quando embarquei no avião para a Inglaterra para ir ao funeral da minha avó.

Bas, meu meio que namorado, mal saiu do meu lado por semanas. Ele se recusou a dividir minha cama comigo e tinha se instalado no meu sofá. Ele saiu quando Camille lhe disse que praticaríamos fazer poções. Presumi que ele tinha voltado para sua casa na floresta aqui perto, mas não fazia ideia. Eu poderia ligar para ele, mas decidi que era melhor não.

Em vez disso, digitei uma mensagem para Violet e Aislinn, minhas duas melhores amigas. Precisava das minhas garotas aqui comigo. — Violet e Aislinn estarão aqui em breve. Vamos ver o que vovó tinha a dizer.

Camille acenou com a cabeça, mas não disse nada. — Minha querida, Fiona. Se você está lendo isso significa que eu passei desta para uma outra vida… — Eu li em voz alta, mas minha voz falhou e eu continuei a leitura em silêncio. Meu coração acelerou quando li suas desculpas por manter minha herança escondida de mim por tanto tempo.

— O que é uma nicotisa?

Nesta hora Camille perdeu sua compostura e sua boca escancarou. — Por que você está perguntando isso? O que a carta diz?

— Diz que ela e minha mãe selaram o meu poder assim que eu nasci porque perceberam que eu era uma nicotisa. É por isso que minha mãe se mudou daqui, para que fosse mais fácil me esconder.

— Isso explica por que ela e seu pai partiram tão abruptamente. Nunca entendi por que decidiram se mudar para o outro lado do mundo. Não era como se seu pai ligasse para a carreira dele antes. — Camille estava batendo na mesa com um dedo enquanto falava. Coloquei minha mão sobre a dela.

— Oláááá? — Aislinn cantou no andar de baixo, praticamente gritando.

— Estamos aqui em cima — chamei.

— Certo, então o que era tão importante que você me fez fechar a loja mais cedo para o almoço? — A voz de Violet ecoou pelas escadas antes de entrarem na sala.

Eu rapidamente expliquei o que elas tinham perdido e continuei lendo. — É importante que você invoque meu espírito para que eu possa ajudá-la a entender sua transição.

Bem, um pouco tarde para isso, vovó.

— Como ela propõe que você faça isso? — Camille inclinou-se e passou o olho pela página. Pelo jeito que ela acenou com a cabeça, a carta pareceu ter respondido sua pergunta. — Ela é brilhante, mesmo morta, ainda quebra as regras e força limites.

Virei a cabeça para olhar para a minha mentora. — Como assim?

— Isidora tinha um dom para fazer o impossível, mesmo que fosse contra a convenção tradicional — explicou Camille.

Aislinn atravessou a sala e leu a carta por cima do meu outro ombro. — E ela não sabia o significado da palavra impossível. Ela acreditava que sempre havia uma maneira, você só precisava considerar um problema ou feitiço por todos os ângulos.

Violet ergueu um dedo. — Não se esqueça da parte mais importante… você tem que pensar fora da caixa.

Camille se virou e começou a pegar potes de uma das estantes. — Eu não tenho ideia de como ela conseguiu isso, mas ela detalha aqui que precisamos preparar uma poção com euphrasia officinalis, canela, artemísia, violeta africana e goma árabe, entre outros ingredientes.

A maioria dos itens da lista eram familiares, mas eu nunca, num milhão de anos, teria considerado misturá-los daquela maneira. — Bruxas realmente usam olho de salamandra e baço de enguia? O que isso faz na poção? Porque essa combinação parece horrível.

— Eu não gostaria estar no seu lugar, definitivamente — riu Violet.

— Espere. O que você quer dizer com isso? Como assim você não queria estar no meu lugar? — Minhas palavras saíram tão rápido que eu não tinha certeza se alguém poderia me entender.

Aislinn deu um tapinha no meu ombro. — Porque você terá que beber isso quando estiver pronto.

Minha cabeça balançou de um lado para o outro antes mesmo que eu respondesse. — Não, eu dispenso.

Camille me lançou um olhar severo. — Eu não tenho ideia do que Isidora teve que fazer para ancorar sua alma a este plano, mas posso dizer que foi necessário um sacrifício para evitar que ela cruzasse o véu para o outro lado. Eu não vou deixar que isso tenha sido em vão.

Eu engoli o nó da minha garganta. — Não, você tem razão. Vamos começar a cozinhar.

— Bem, essa parte é com você — avisou Violet, enquanto ajudava a pegar ingredientes e os colocava na mesa.

— Não posso, explodirei tudo. É o que eu tenho feito por horas hoje. — Olhei para Camille, que teve a ousadia de rir.

— Você tem que fazer isso por conta própria — disse Camille. — Lembre-se, tenha paciência e meça tudo com cuidado. Estabelecer o equilíbrio certo é o elemento mais importante na hora de preparar uma porção.

Aislinn lia os ingredientes, enquanto Camille ou Violet me entregavam o pote correto e eu derramava ou pegava a quantidade necessária e jogava no caldeirão. Em seguida, acendi e regulei o fogo do jeito necessário para aquecer os elementos enquanto eu misturava no sentido anti-horário.

O líquido borbulhava e fervia. Eu mal contive o vômito que subiu em minha garganta quando olhei para a panela e vi uma fórmula verde escura com pedaços flutuando ao longo da superfície. Minha mão movia a colher de pau enquanto eu tentava não respirar pelo nariz. Cheirava ainda pior do que parecia.

Eu não tinha ideia de como eu ia conseguir jogar essa porcaria goela abaixo. Me lembrei de quando não quis comer couve-de-bruxelas quando era criança, mas agora gostava delas. De alguma forma, eu não achei que este seria um desses gostos adquiridos.

— Como saberei quando estiver pronto?

Camille olhou para a poção que minha avó me deixou. — Quando fica rosa.

— Eu devo ter feito algo errado. Duvido que essa mistura turva vá mudar… — Minhas palavras morreram quando as peças volumosas derreteram no líquido e a poção começou a mudar de cor cada vez que eu girava a colher.

— Caramba, eu amo magia — exclamei e peguei uma colher cheia do que parecia mais uma margarita de morango do que qualquer coisa mágica. Se você ignorasse as faíscas disparando do topo.

— É útil — concordou Violet.

Eu trouxe a colher para os meus lábios e tive que respirar pela minha boca quando o odor pútrido me atingiu. Podia até parecer gostoso agora, mas cheirava a merda. Antes que minha mente pudesse processar, eu derramei uma grande porção goela abaixo.

Minha garganta imediatamente se fechou e eu não conseguia colocar oxigênio nos meus pulmões, depois a coisa inundou meu esôfago e jorrou no meu intestino como uma torrente. O fogo explodiu e se espalhou por mim da cabeça aos pés, ao mesmo tempo que notei que a coisa tinha gosto de minhoca morta na beira da estrada, apodrecendo ao sol.

Depois de vários minutos agonizantes, eu balancei a cabeça e vi Violet e Aislinn pairando perto de mim. — Estou bem. — Minhas palavras saíram mais como um coaxar do que qualquer outra coisa. Peguei um copo d'água, mas Camille o tirou de mim com um aceno de cabeça.

— Você não pode beber nada. Nunca se sabe como outras substâncias vão interferir com uma poção.

Eu fiz uma careta. — Por que isso não podia ter um gosto melhor?

— Toda magia requer um preço. Poções podem machucar e te deixam doente. — Pisquei e olhei para Camille. Ela não poderia ter mencionado isso antes? Como diabos ela esperava que eu vendesse merda para as pessoas sem saber disso? Eu teria clientes reclamando constantemente e querendo seu dinheiro de volta.

— É hora de recitar o feitiço. — A voz de Aislinn me tirou das minhas ruminações.

— Certo. — Eu me concentrava na carta e nas palavras que minha avó escreveu quando notei que eu estava brilhando com uma luz azul. Pelo menos agora você sabe que fez a poção direito.

Deixe minha voz ser ouvida do outro lado.

E alcance a ancorada ao meu lado.

Ignore os limites da física e dê forma ao sem forma.

Pelas leis de nossa antiga magia, que assim seja.

O vento soprou mais forte e apagou as velas. Do lado de fora os trovões soaram e as nuvens se abriram. A chuva golpeou a janela quando correntes de energia azul deixaram meus dedos para formar um ciclone do outro lado do sótão.

Protegi meus olhos do redemoinho e assisti através da proteção criada pelos meus braços. A luz se fundiu na forma de uma pessoa. Quando o vento acalmou, baixei os braços e vi uma figura que nunca pensei que veria novamente.

— Vó! — Corri para o lado dela e joguei meus braços em sua volta. Eles atravessaram pelo seu corpo, deixando-me tremendo de frio.

— Já era hora de você me invocar, criança. Por que demorou tanto?

Coloquei minhas mãos nos quadris e estreitei meus olhos. — Desculpe, mas fui pega de surpresa com toda essa coisa de híbrida Bruxa-Feérica. Depois, fui atacada e quase morta pela Rainha dos Feéricos. E antes disso eu tinha que encontrar o portal e então aprender como evitar que os feéricos atravessassem. Um aviso teria sido bom!

Eu estava mais do que feliz por tê-la de volta e não tinha percebido até aquele momento como eu estava com raiva por ter sido mantida no escuro. Aparentemente, eu não era a única.

Aislinn limpou a garganta. — Não se esqueça que você teve que pegar o seu grimório de volta das mãos do Filaron também.

— Aquela pequena peste roubou meu grimório? — perguntou vovó, seu brilho ficando vermelho nas bordas. Ela tinha um brilho azul-claro e transparente, mas quando ela rosnou de raiva, ela mudou. Sua forma ficou um pouco mais sólida e apareceu um filamento vermelho em torno dela.

— Eu não o chamaria de pequeno, mas ele é uma peste. — respondi, erguendo um ombro. Filarion era um ladrãozinho de uma figa. Um ladrão muito bonito, mas que não prestava.

— Tudo o que importa agora é que você conseguiu realizar o feitiço e eu estou aqui com você. Camille, é bom vê-la. Preciso que você, Aislinn e Violet ajudem a lançar um feitiço para dissipar a assinatura de energia de Fiona.

Camille lançou um olhar para vovó que deixou claro que ela estava chateada. Eu me perguntava se era porque ela não contou quem, ou melhor, o que eu era ou se era outra coisa. — Eu já lhe disse antes, Isidora. Não sou uma idiota, independentemente do que você possa pensar. Eu estava planejando abordar o assunto depois que eu ensinasse a sua neta como fazer poções. Aposto que foi por isso que a Rainha Feérica a atacou. Ela queria roubar o poder da sua neta junto com o portal. Mas eu quero saber como você conseguiu voltar sem atravessar.

— Sim, ela só pensa em ser o mais poderoso ser vivo. Imagine como a luta teria acabado e como ela seria se tivesse uma bateria recarregável de magia dentro dela — apontou Aislinn.

— Eu não tenho ideia do que você acabou de dizer. Por favor, me explique. E preciso saber como posso manter meus amigos seguros. Desde que vocês começaram a sair comigo e os Feéricos vieram morar em Pymm's Pondside, eles foram atacados. Eu não quero ser a razão pela qual alguém acabe ferido. — Eu tinha culpa suficiente nas minhas costas no momento.

— Isso é besteira. Você não é responsável pelo que aquele ser sujo com sede de poder fez. O que importa é que entenda que agora você é como um reator nuclear. Você emite um sinal que é impossível para os sobrenaturais não notarem ou resistirem. — Minha avó flutuava ao redor da sala enquanto ela falava. Isso ia levar algum tempo para me acostumar, mas eu a tinha de volta!

— Isso é porque eu sou uma nicotisa certo? O que isto significa exatamente?

— E, como você descobriu isso? Ela se mudou quando tinha cinco anos! E, não pense que eu esqueci que você ainda não respondeu como você está aqui com a gente agora. — Havia um pouco de agressividade no tom de voz de Camille. Estava claro que ela não se dava muito bem com a minha avó. Havia uma história não contada no meio disso, mas eu não tinha as faculdades mentais para abordar o assunto no momento.

Vovó olhou para Camille e virou para mim com um sorriso. — Sabíamos que você era diferente assim que nasceu. Começou quando você nasceu com uma energia que ajudou a acalmar sua mãe. Mas eu tive certeza quando você invocou sua mamadeira um dia, quando eu estava cuidando de você enquanto sua mãe trabalhava na cabine dela na F&F. Agora, respondendo sua pergunta Camille: não tinha certeza se teria essa capacidade, mas liguei meu espírito à Fiona. Eu não tinha certeza se funcionaria. Não encontrei nada sobre lançar um feitiço enquanto fazia projeção astral. Eu tinha que lançar o feitiço na minha alma, não no meu corpo.

A ideia de ter o corpo da minha avó amarrado a mim revirou meu estômago, mas foi nisso que minha mente focou no meio de tudo o que ela disse.

— Ceeeeerto. Gostaria de poder invocar as coisas agora.

Eu estava precisando desesperadamente de uma xícara de café, daqueles de levantar defunto se eu fosse sobreviver a essa conversa. Ou talvez uma dose, ou dez, de tequila. Minha cabeça já estava começando a doer, um aviso que a cafeína era necessária. Minha habilidade de me concentrar na conversar iria rapidamente por ladeira abaixo se eu ignorasse essa necessidade.

Violet deu um tapa no meu braço. — Acho que você não entendeu, mas isso é incrível. Nós não despertamos os nossos poderes antes dos vinte anos. Caso contrário, seria impossível esconder nossa existência. Imagina seus filhos invocando um sorvete ou os brinquedos até eles enquanto você anda pelas lojas?

Vovó balançou a cabeça para cima e para baixo. — Mas isso não foi devido à sua peculiaridade como nicotisa. Ela lhe dá a habilidade de lançar magia por conta própria sem precisar invocar os elementos, mas foi o seu lado Feérico que ampliou tudo. Quando você tinha três anos, eu lancei um feitiço em você que diluiu seu poder. Seus pais sentiram que você estava chamando muita atenção dos Feéricos e decidiram se mudar pouco antes do seu sexto aniversário.

Aquilo pareceu sinistro. E se encaixava com o que estava acontecendo desde que voltei para Pymm's Pondside há alguns meses. Honestamente, minha cabeça estava nadando e eu tive dificuldade em aceitar tudo isso. Uma coisa que os últimos meses me prepararam foi para aceitar que o místico era real e que eu fazia parte desse mundo. Caso contrário, teria me internado num hospício.

— Vamos dissipar a assinatura de energia dela — Camille interveio como se tivesse lido minha mente. Violet, Aislinn e Camille se reuniram ao meu redor. Camille desenhou um círculo de sal, cercando todas nós, então elas murmuraram: — Sors.

Compartilhar? Eu estava aprendendo latim graças ao meu novo lado bruxa, mas a escolha do feitiço delas não fazia sentido. — Por que não dissipo ou dispergo?

— Porque estamos compartilhando sua assinatura. — Minha boca se abriu com a explicação de Aislinn.

Vovó suspirou e flutuou na minha frente. — Este é apenas o primeiro passo. Vejo que você já lançou feitiços de proteção sobre você e Pymm's Pondside. Esses escudos agora serão muito mais eficazes.

— Você não me ouviu antes? Eu não quero colocá-las em mais perigo! — Eu não queria gritar com a minha vó, mas recusava fazer aquilo.

Vovó colocou as mãos nos quadris da forma que sempre fazia e me prendeu com seu olhar. Aquele olhar que me levou de volta no tempo e me lembrou de como era ser punida por ela.

Eu queria me contorcer sob a atenção da minha avó. — Você não está colocando-as em mais perigo. Só espero que não estejamos fechando a porta do celeiro depois que o cavalo saiu. A Rainha já te tem como alvo, mas isso vai impedir qualquer um de canalizar você. E você não tem escolha a não ser aceitar a ajuda delas. Sua luz fica mais brilhante e mais fácil de seguir quanto mais você desenvolve seu poder.

Vovó flutuou até a janela e olhou para fora antes de virar para o grupo. — Temos que começar os trabalhos agora. Você precisa de mais prática com poções e começar a aprender as runas Feéricas.

— Café primeiro, depois podemos voltar ao trabalho. — Fui até a porta, confiando que não perderia minha avó de novo. Não havia como eu continuar sem um impulso. E um pouco de comida.




CAPÍTULO DOIS


— Você acha que terei que devolver o quarto da vovó? Acabei de comprar um colchão novo. E criei um closet só para colocar as minhas coisas. — Quando minhas coisas finalmente chegaram em Pymm's Pondside, percebi que os armários não seriam grandes o suficiente para guardar todas as minhas roupas, então, com a ajuda de Violet e Aislinn, criamos magicamente um closet.

Aislinn pousou sua xícara de café e ergueu os ombros. — Não faço ideia. Fantasmas dormem? Espera. O que você vai fazer quando seus filhos vierem visitar durante as férias no próximo mês?

— Eu não acho que fantasmas dormem ou precisem de um quarto, mas essa é a menor das suas preocupações. Você é uma… você sabe o quê, e precisa ter certeza de que isso continuará em segredo. Mas agora você tem Isidora para ajudá-la a aprender tudo o que você precisa saber. — Se eu não estava enganada, Violet parecia chateada.

— Isso não muda em nada o Bruxas Quarentonas. Somos uma equipe, certo? Não consigo nem imaginar enfrentar toda essa merda com a Rainha sem vocês. Não me interpretem mal. Estou feliz por ter a vovó de volta e estou ansiosa para aprender com ela, mas preciso de vocês duas.

Violet sorriu e Aislinn cutucou meu ombro. — Não esqueça o Bas. Você precisa dele também.

Revirei os olhos, mas não consegui impedir o sorriso de se espalhar pelo meu rosto. — Verdade. Ele é útil durante uma luta. — Eu já tinha desistido da ideia de namorar e pensei que meu “porto” estava fechado para sempre quando perdi Tim, mas Sebastian mudou isso.

— Entre outras coisas… — disse Violet, mexendo as sobrancelhas. — A campainha sobre a porta tocou e todas se viraram naquela direção para ver a nossa fofoqueira favorita, Mae, entrar na livraria de Violet.

A cicatriz espessa e elevada ao longo de sua garganta estava à mostra, um lembrete brutal de que ela tinha sido violentamente atacada em algum ponto e que suas cordas vocais estavam permanentemente danificadas. Isso havia tornado suas habilidades de sereia inúteis, o que significava que ela não poderia mais sobreviver no oceano.

De repente, me perguntei se escapar da minha casa e da minha avó tinha sido uma boa ideia, afinal. Claro, minha avó morta tinha retornado para mim como um fantasma e passou a maior parte do dia me importunando para dominar meu poder para que eu pudesse usá-lo contra meus inimigos, mas isso não era tão ruim, não é? Afinal de contas, Mae nunca trouxera boas notícias nas outras vezes que veio até a loja.

Violet se virou para a recém-chegada com um sorriso no rosto. — Boa tarde, Mae. O que a traz aqui?

— Você estava fechada mais cedo. Zreegy foi chamada para a casa de Tunsall e Tierny, mas ela chegou tarde demais. Ela precisou chamar Gardoss. — A voz de Mae falhou no final e seu olhar saltou ao redor da sala como se ela estivesse verificando se não foi ouvida.

Eu bati na lateral da minha xícara e considerei o que ela disse. Meu coração disparou quando ela disse o nome de Tunsall. Tierny tinha que ser amiga dela, ou talvez irmã. — Quem é Tierny e Gardoss?

Mae se aproximou de mim e disse em voz baixa: — Tierny era irmã de Tunsall. E, Gardoss é irmão de Bruce e o equivalente Feérico de Lance.

Meu coração acelerado parou de bater e meu peito apertou. Esfreguei a área distraidamente. — Então, ele é um policial?

A cabeça de Aislinn balançou para cima e para baixo, e ela acrescentou antes que Mae pudesse dizer mais alguma coisa: — Ele investiga crimes aos quais os policiais não conseguem atender.

— Por que ele está aqui? — A voz de Violet vacilou enquanto ela falava.

Mae baixou o olhar e passou um dedo sob o olho. — Houve outra morte. Tunsall não pôde ligar para Lance quando encontrou sua irmã, então ela ligou para Gardoss. Os assassinatos não mostram nenhum sinal de ter fim. Só espero que Gardoss possa fazer algo antes que outra pessoa se machuque.

Violet engasgou e sua mão voou para cobrir a boca. Seu olhar estava preocupado quando encontrou o meu. — Nós pensamos que haviam parado.

Aislinn estreitou os olhos e lançou a Violet um olhar que dizia, mantenha sua boca fechada, a menos que queira que todos estejam na sua porta pedindo sangue. Eu apreciei o apoio. Seria fácil para as duas se voltarem contra mim e me culpar pelas mortes recentes na cidade. Afinal, foi por minha causa e por meu bat-sinal que os assassinatos começaram. Bem, ao menos era isso o que eu suspeitava. E eu já podia ver Mae contando a todos o que eu era e incitando uma revolta com os Supes pela minha cabeça.

Mae jogou suas longas mechas cinzas sobre um ombro. — Parece que nosso breve adiamento acabou. Gostaria que sua avó ainda estivesse aqui. Ela saberia o que fazer. Vou ver se Bruce tem mais informações. — Na porta, Mae se virou para mim e me examinou por vários segundos. — Você parece diferente. Não consigo definir o que é, mas algo mudou.

Encolhi um ombro trêmulo. Meu pobre coração de meia-idade não conseguia uma folga. Quando começava a diminuir a velocidade, voltava a disparar. Tinha que ser mais cuidadosa. Eu não tinha mais vinte anos. Se minha incapacidade de correr mais de um quilômetro fosse uma indicação, não havia muito que aquele velho músculo pudesse aguentar.

— Estou mais perto dos quarenta e um hoje do que ontem. E não tomei cafeína suficiente hoje.

Mae deu uma risadinha. — Deve ser isso. Eu sou como uma fera raivosa sem meu cafezinho pela manhã. Vejo vocês mais tarde.

Eu me virei para minhas amigas. — Precisamos descobrir se foi a Rainha. Se ela está de volta, precisamos saber.

— Você tem razão. Vamos para a casa dela e ver se podemos descobrir alguma coisa — sugeriu Aislinn, então se virou para Violet. — Voltaremos para te informar quando terminarmos.

— Você tem aquela poção de invisibilidade que fizemos semana passada? — Não era isso que eu esperava ouvir Violet dizer.

Eu pisquei e balancei minha cabeça. — Eu não a trouxe comigo. Além disso, não tenho certeza se é uma boa ideia tomá-la. Visto que não explodiu, tenho quase certeza de que fiz algo errado.

Aislinn riu disso. — Nós ficaremos bem. Se Gadross estiver lá, a Rainha não se atreveria a ficar rodiando.

Outro cliente entrou e tomamos isso como nossa deixa. Com um aceno, segui Aislinn porta afora e me dirigi para o meu Mustang vintage. Vintage era um código para enferrujado e mal rodando.

Aislinn agarrou minha mão e me parou antes que eu destrancasse a porta. — Não precisamos dirigir. Ela mora perto o suficiente para ir a pé.

Assentindo, eu examinei a rua. O sol ainda estava alto, mas eu não conseguia afastar a sensação de ser observada. Desde que saí da loja, minha nuca formigava em alerta.

Aislinn estava descendo a rua a vários metros de distância quando desisti de procurar o que não conseguia ver e corri para o lado dela. — Precisaremos ficar fora do caminho de Gadross se ele ainda estiver lá. Ele não vai gostar muito da gente conduzindo a nossa própria investigação.

Eu arqueei uma sobrancelha para minha amiga. — Há algo acontecendo entre você e Gadross? Eu sinto uma hostilidade mais profunda.

A boca de Aislinn franziu como se ela tivesse acabado de chupar um limão. — Isso foi há muito tempo e nunca foi além de alguns encontros. Não. Não foi bem isso. Era mais um caso do que qualquer outra coisa.

A imagem de Bruce passou pela minha mente e uma risada explodiu de minha boca. Eu não conseguia imaginar aquela maravilhosa mulher alta fazendo sexo com um cara de menos de um metro de altura, com uma grande barba espessa e carrancudo. — Ele não parece muito inteligente se deixou você escapar. Isso será um problema?

— Isso é passado. Jurei nunca mais voltar a me relacionar com ele. Estamos bem.

— Ah, que bom. — O buraco do coelho não poderia se tornar ainda mais estranho. Graças a Deus que de estranho eu entendia. — Então, onde estamos indo?

Aislinn nos levou para fora da rua principal e para a floresta que pontilhava a região. Cerca de três metros da estrada, ela desviou em direção a uma grande árvore de folhagem perene que tinha fumaça saindo da parte de trás. Na frente dela estava um homem baixo e atarracado que se parecia muito com Bruce.

Aquele tinha que ser Gadross, só que ele era um pouco mais alto que o irmão. E seu cabelo era de um tom mais claro de castanho, mas seus olhos dourados eram idênticos. Aislinn se escondeu atrás de um arbusto e eu me abaixei ao lado dela.

Quando olhei em volta do arbusto, não vi Gadross, apenas a árvore. Mais especificamente a casa no tronco. Eu me perguntei como conseguiam esconder a casa dos humanos. Não havia como confundir a porta roxa neon situada na parte inferior do largo tronco. Cerca de um metro acima disso havia um conjunto de janelas de cada lado da base do portal.

Havia fumaça atrás do vidro, mas eu podia ver o que pareciam ser mobílias de boneca em várias cores. Eu tinha um sofá rosa e uma cama amarela para minha boneca quando era criança. O sofá que dava para ver através da janela parecia o mesmo.

Até a casca na base era de um tom mais claro de marrom do que o resto das árvores. O diferencial de cores abrangia o tronco até cerca de quase dois metros de comprimento. Até chegava a ter um V invertido no topo como a borda do telhado de uma casa normal.

Os galhos eram muito mais baixos nesta árvore do que as que a cercavam também. Isso tinha que ser intencional, visto que dava alguma proteção ao segundo conjunto de janelas, que eu não tinha visto até que inclinei minha cabeça para ter um ângulo diferente.

— Vamos dar a volta — sussurrou Aislinn.

Eu assenti e gesticulei para ela ir na frente. Eu poderia chegar lá sem o auxílio dela, mas ela sabia o caminho e independentemente do que ela dissesse, eu aposto que o policial sobrenatural pegaria mais leve com ela se fôssemos pegas.

Minhas coxas imediatamente começaram a reclamar enquanto caminhávamos agachadas no chão. Eu me exercitava regularmente, mas não tinha sido tão consistente como de costume. Tampouco mantive minha resolução de ano-novo de adicionar treinos com agachamentos e coisas do gênero à minha rotina. Minha bunda precisava ser tonificada.

Eu ainda não estava igual uma coalhada, mas era apenas uma questão de tempo. Além disso, como minha filha, Emmie, me disse, minha bunda tinha caído e estava achatando com a mesma velocidade que meus seios estavam despencando para o meu umbigo. Juro que aquelas partes do corpo seguiam o seu objetivo como se houvesse uma torta de limão como recompensa na reta final.

Uma pequena figura correu em nossa direção antes mesmo de chegarmos ao outro lado da casa. — Tunsall?

Lágrimas transbordando de seus grandes olhos verdes, Tunsall olhou para mim com o lábio inferior trêmulo. — Você veio para ajudar?

Minha cabeça balançou para cima e para baixo antes que Aislinn pudesse dizer qualquer coisa. — A gente fará o que puder para te ajudar. O que aconteceu?

O olhar de Tunsall mudou de mim para a parte de trás de sua casa. Notei que a coloração marrom claro continuava a tomar o tronco. Eu não poderia dizer se havia janelas ali, porque toda a parte de trás da árvore tinha sumido. Tive um vislumbre perfeito das brasas e da mobília carbonizada.

— Minha irmã e eu fomos atacadas há uma hora. O fogo disparou pelas janelas e Tierny me jogou pela janela antes de uma bomba explodir. Ela… ela se foi. — O minúsculo brownie começou a chorar e colocou os braços em volta da cintura.

Aislinn colocou alguns dedos num de seus ombros. — Gadross conseguiu descobrir alguma coisa?

Ela fungou e enxugou os olhos com as costas da mão. — Não sei. Ele não disse nada ainda.

— Onde seu pai estava quando isso aconteceu? — Eu examinei a área, mas não vi mais ninguém. Minha audição não era aguçada o suficiente para captar movimentos na área ao nosso redor.

— Ele não foi libertado. Me desculpa, Fiona. Eu sabotei você por nada.

Aislinn bufou. — Eu poderia ter dito a você que ela não o deixaria ir. Pessoas más como ela nunca cumprem suas promessas.

Eu queria defender Tunsall, mas concordava com Aislinn, então mantive minha boca fechada. Tunsall enrijeceu e se afastou de Aislinn. — Eu sei que você tem razão, mas o que você teria feito se ela estivesse ameaçando sua família? Eu não tive escolha.

— Sempre há uma escolha. E o que mais importa é se você poderá ou não viver com sua decisão e conseguir se olhar no espelho no fim. Não há nada pior do que trair sua integridade. Você nunca obtém um alívio da repulsa que sentirá toda vez que se olhar no espelho ou do autodesprezo em sua mente. O que você fez machucou a mim e aos meus amigos, mas eu entendo que você estava fazendo isso para salvar sua família. Só espero que você tenha aprendido a lição nesse processo porque Aislinn está certa, você nunca pode confiar em alguém que não valoriza a vida.

Tunsall abaixou a cabeça. — Eu irei me redimir contigo, eu prometo.

Eu fiz um aceno com a mão para indicar que aquilo não era necessário e caí de bunda. Eu não conseguia mais ficar agachada. Minhas coxas estavam queimando como um pecador na igreja. — Ai! — Levantando uma banda do bumbum, peguei algo oval e vermelho-escuro debaixo de mim. Era iridescente e mais duro do que o aço. Ele brilhou quando o levantei acima da minha cabeça.

— Onde você conseguiu isso? — exigiu Aislinn, enquanto pegava o objeto da minha mão.

— Eu sentei nele. Por quê? O que é isso?

— É uma escama de dragão, mas o que ela está fazendo aqui? — Os olhos de Aislinn saltaram entre a casa de Tunsall e o objeto em sua mão.

Eu li sobre dragões outro dia e me lembrei de algo sobre eles serem capazes de soltarem fogo. — Ah meu Deus! Um dragão fez isso? Por que a Rainha chamaria os cachorros grandes quando ela poderia usar muito menos recursos para se livrar de Tunsall e sua irmã?

— Você tem razão. Um dragão não poderia ter feito isso. Se tivesse sido um, não teria restado nada em pé — explicou Aislinn.

— Faz sentido… Não imagino que eles possam controlar o tamanho da bola de fogo que cospem da boca. — Eu me virei para Tunsall. — Você ou sua irmã irritaram mais alguém?

Talvez a Rainha não estivesse por trás das mortes, afinal. Talvez elas estivessem procurando no lugar errado. A Rainha usou outros em sua trama para roubar meu poder, mas quando se tratava do âmago da questão, ela fazia o trabalho sozinha.

Eu apreciava essa ética de trabalho. E entendia isso. Não havia nada como a satisfação de chocar as pessoas e provar exatamente do que você é capaz. Especialmente quando as pessoas te subestimam ou julgam com base em algo como o seu título. A maioria pensaria que uma rainha nunca sujaria as mãos. Assim como poucos médicos me consideravam capaz de conectar pacientes à ECMO quando geralmente era o trabalho de um médico.

— Eu e minha família somos muito reservados. Nem sei como entramos no radar da Rainha para ser sincera. Eu achava que era porque Isidora confiava em nós e sempre permitiu passagem livre por Pymm's Pondside. Agora já não faço ideia.

— Talvez tenha sido a Rainha — arrisquei. — Esta escama pode ter sido plantada aqui para despistar.

— Há uma maneira de testar essa teoria. Você sente a presença dela aqui? Depois de seu encontro com ela, você deve ser capaz de detectar vestígios de sua presença — informou Aislinn.

Respirando fundo, fechei meus olhos e foquei nos elementos ao meu redor. Inicialmente, o poço mágico que eu tinha me acostumado a convocar era um leito de lago seco. Dentro de alguns segundos, o poder gotejou e me preencheu.

Sem ter uma pista, concentrei-me na terra, depois nas plantas e árvores, e depois nos seres próximos. Meu dedo formigava com cada novo elemento. Eu estava cercada por todos os elementos e eles adicionavam outra camada à magia que carregava em meu peito.

No início, foi uma confusão de respostas na forma de energia e elementos. Tentei identificar a energia de Aislinn no meio de tudo isso. Minha pele zumbiu quando consegui isolar sua vibração do resto. Depois disso, foi fácil separar os diferentes fios.

Lembrei-me de como a energia da Rainha me sufocou e repuxou minhas entranhas. Eu agora sabia que ela estava tentando roubar minha bateria, por falta de uma descrição melhor. Graças à forma como me foi explicado, eu sempre veria um cilindro de lítio em meu peito, alimentando minha magia.

Mantendo a vibração da Rainha em mente, eu vasculhei a área ao nosso redor. Não havia nem um indício de sua presença. O que eu senti foi pura maldade. Era o que eu imaginava que sentiria se olhasse na mente de um assassino em série.

— Não foi ela. Foi algo muito, muito pior do que isso.

Tunsall estava tremendo como uma folha e a tez de Aislinn havia perdido toda a cor. — Quem seria o responsável então?

Eu balancei minha cabeça e tentei empurrar o peso que havia caído sobre mim para longe. — Não tenho ideia, mas nunca senti nada tão horrível. — Nenhum de nós sobreviverá ao que quer que este ser planejou para nossa cidade. Eu mantive esses pensamentos para mim, não querendo causar um pânico em massa.




CAPÍTULO TRÊS


Quando voltei para casa, uma hora depois, estava exausta e pronta para uma soneca. Sempre que o caos aparecia em minha vida, ele tendia a assumir o controle. Eu não tinha dormido ou tomado cafeína o bastante. Quando esses dois fatores combinavam, criavam a tempestade perfeita e eu sofria para continuar funcionando.

Eu estava seriamente começando a duvidar da afirmação de minha avó de que eu tinha algum tipo de bateria interna. Eu mal podia levantar meu braço para acenar para o Feérico seriamente sexy que olhava para mim do outro lado do quintal. Já o meu coração não parecia sentir a fadiga quando começou a disparar no meu peito. Deus, ele era sexy demais.

— Ei. — Foi uma saudação fraca, mas não tinha mais nada a oferecer no momento.

— Quando você ia me contar que Isidora voltou, Borboleta? — Aquela carranca sempre presente estava no lindo rosto de Bas, o que indicava que ele estava irritado. Ele não poderia estar muito bravo porque estava usando o apelido que ele escolheu para mim recentemente.

Muito parecido com a primeira vez que o conheci. Lutei contra a vontade de me desculpar. Eu não devia uma explicação a ele. Claro, eu estava animada para ver até onde esse relacionamento iria e estava me apaixonando por ele, mas eu não tive tempo sozinha para assimilar aquilo. Eu estava fazendo o que precisava para cuidar de mim mesma e garantir que não perdesse a cabeça desde que soube da morte de Tierny.

Minha vida não girava e nunca mais giraria em torno das necessidades de outra pessoa antes das minhas. Era uma das vantagens de um recomeço. Eu podia definir o cenário desde o início. E esperar que meus hormônios excessivamente ansiosos não me traíssem.

Eu lancei um olhar feio para o Sebastian. — Olá, Fiona. Como foi o seu dia? Parece que fazer poções foi produtivo. — Pigarreei para me livrar do tom de voz rouco que tinha feito e voltar ao meu tom de voz normal. — Foi bastante agitado. Ainda estou processando tudo, mas estou mais preocupada com a malevolência que captei na casa de Tunsall, quando fui investigar o assassinato de sua irmã.

Eu tinha aprendido uma ou duas coisas sobre equilíbrio e a importância do autocuidado. Passei mais da metade da minha vida cuidando dos meus filhos e do meu falecido marido. Eu tinha perdido o meu equilíbrio depois que Tim morreu. Felizmente, eu tinha meus filhos para me manter ocupada. E justamente quando me deparei com o ninho vazio, minha avó morreu e eu me mudei para outro país do outro lado do globo. Eu sabia que não se deve tomar decisões importantes na vida em momentos como aquele, mas parecia certo e não me arrependi por um segundo.

Claro, eu me perguntava se havia algo mágico me atraindo para cá. Eu diria que as chances são boas de que a vovó, além de lançar um feitiço para amarrar seu espírito a mim, colocou um encantamento em mim para que eu quisesse permanecer em Pymm's Pondside e assumir os negócios da família.

Bas baixou a cabeça e esfregou a nuca. — Entendi. Eu fui grosso. — Ele reduziu a distância e passou os braços em volta de mim, em seguida, deu um beijo suave em meus lábios antes de se afastar. Eu queria sua boca de volta. De repente, meu cansaço foi embora e meu corpo estava se animando para uma aventura totalmente diferente.

— Mas fiquei chocado quando voltei meia hora atrás e encontrei Isidora flutuando na cozinha e observando Kairi pela janela acima da pia… Espera. Tierny foi morta? O que aconteceu?

Suspirei e entrelacei meus dedos com os dele, em seguida, o puxei em direção à casa. Vovó precisava ouvir isso também. — Vovó! — gritei enquanto tirava meus sapatos no anexo.

Eu estava entrando na cozinha e indo em direção à cafeteira quando ela flutuou pelo teto. — O que foi? O que aconteceu?

Eu soltei a mão de Sebastian. — Mae passou na livraria enquanto estávamos lá e nos informou que houve outro assassinato e Gardoss foi chamado para investigar. Aislinn e eu decidimos ir ao local e ver se era obra da Rainha Feérica.

— Isso foi estúpido. Nunca a procure sem eu estar com você — interrompeu Bas.

Eu me virei e lancei um olhar feio para ele antes de continuar. Dei a eles um breve resumo do que encontramos quando chegamos e, em seguida, mostrei a escama e minha teoria de que ela foi plantada para apontar a investigação na direção errada.

— Colocar a culpa nos dragões prejudicaria ainda mais o relacionamento entre eles e os principais residentes da cidade. — A figura translúcida da avó parecia vibrar cada vez mais rápido enquanto ela falava. — Isso causaria uma rixa entre Feéricos e Transmorfos, dividindo ainda mais a população sobrenatural. Passei anos tentando acabar com esta rixa e uni-los.

Sebastian ajeitou as costas e ergueu a mão como se fosse alcançar a vovó, mas depois a deixou cair ao seu lado. — Sem você, eles lutariam abertamente sem motivo. Em vez disso, concordamos que precisamos trabalhar juntos para garantir que os humanos nunca saibam sobre nós.

Eu me servi de uma xícara de café e acrescentei creme de hortelã. — Isso seria muito ruim. Farei o que puder para ajudar na situação. E o primeiro passo é descobrir quem é o responsável pela morte de Tierny. Quem quer que seja, tem algumas intenções seriamente más para nossa espécie. A energia maliciosa era assustadora.

Sebastian se aproximou e esfregou a mão nas minhas costas, deixando-a lá para me confortar. — Provavelmente foi a Rainha. Ela deve estar ficando desesperada. Especialmente agora que sua energia não é mais facilmente detectada.

Vovó assentiu, o que era um movimento estranho quando a árvore do lado de fora era visível através de seu rosto. — Isso ajudará a manter a atenção longe de você. Só podemos esperar que ela acredite que estava errada sobre o que você é. Afinal, toda a briga que vocês duas tiveram, não enfraqueceria uma nicotisa como faria com outros híbridos.

Os olhos de Sebastian se arregalaram e sua mandíbula cerrou. — Você é uma nicotisa. — Foi uma declaração, não uma pergunta ou esclarecimento. — Eu deveria saber, e você deveria ter me contado. Eu poderia ter feito mais para impedir a Rainha de descobrir isso. Isso complica as coisas.

Vovó cruzou os braços sobre o peito enquanto o vermelho cintilava nas bordas de sua forma fantasmagórica. — Por que eu deveria ter confiado em você? Sim. Somos amigos há muito tempo e não, você nunca me deu motivos para duvidar de você, mas com suas conexões anteriores, eu não poderia ter certeza. E, eu nunca colocaria a vida de Fiona em perigo. É por isso que sacrifiquei um relacionamento mais próximo com minha neta. — Lágrimas pareciam brilhar seus olhos.

Eu não tinha considerado o quão difícil foi para ela quando mandou meus pais e eu embora todos aqueles anos atrás. Um pensamento surgiu na minha cabeça e saiu da minha boca antes que eu tivesse tempo para pensar sobre isso. — Se era tão perigoso, por que eu vinha para cá todo verão?

— De que outra forma eu renovaria o feitiço?

Eu balancei a cabeça. — Me desculpe, eu não continuei voltando. A vida ficou tão ocupada, mas se eu soubesse… — Minha voz falhou. Não tinha certeza do que teria feito se soubesse.

— Quando você completou treze anos, o feitiço já estava cimentado no lugar. Agora, sobre a Rainha e esta energia. Tem certeza de que não foi ela?

Eu não estava completamente pronta para deixar o assunto para trás, mas não tinha certeza do quanto mais eu realmente precisava saber. — Minha magia tocou a dela, ou algo assim, quando nós lutamos, e eu a senti. Há essa determinação raivosa ligada a ela que estava faltando na energia hoje. Ao redor da casa de Tierny havia ódio e fome. Quem fez isso gostou de matar a brownie e queria mais.

— Talvez o assassino não esteja fazendo isso numa tentativa de roubar o portal de você, afinal. Podemos ter nos enganado ao presumir que essa era a intenção deles — disse Bas, apoiando as mãos no balcão. Suas sobrancelhas estavam franzidas e seus lábios repuxados. Eu diria que esse era seu olhar pensativo, mas ele usava aquela carranca na maior parte do tempo.

O calor encheu minhas bochechas quando me lembrei de como Aislinn me disse que eu poderia ser capaz de suavizar as rugas na testa dele. Eu fui casada por algumas décadas e tinha três filhos, mas não tinha certeza e estava nervosa sobre levar o relacionamento para o próximo nível com ele. Parte de mim estava além das inseguranças e da preocupação sobre se ele gostaria ou não do meu corpo. Enquanto a outra parte gritava para fazer abdominais e comprar um hidratante melhor para disfarçar as rugas.

— Eu não acho que seja a mesma pessoa. Este era muito diferente dos anteriores. Além disso, eles podem usar o sangue que tiraram dos outros para mais alguma coisa? — Tomei outro gole do meu café, apreciando o sabor da menta. Algumas pessoas gostavam de um toque de especiaria de torta de abóbora no café, eu preferia um toque de menta.

— Não que eu saiba. Isidora, as bruxas podem usar sangue Feéricos em feitiços?

Vovó acenou com a mão no ar e a energia do gesto me atingiu em ondas. Ela formigou em todos os lugares que tocou. — Claro, mas é difícil de trabalhar. Deve ser coletado com precisão, como acontece com os rituais Feéricos. Poucas bruxas estão dispostas a fazer tal magia nefasta. Tudo tem um custo, e quando você executa magia de sangue, isso devora sua alma e, eventualmente, o deixará louco.

Estremeci com o pensamento. — Não, dispenso. Eu posso ter me enganado. A rainha pode ter matado Tierny. Tudo o que sei é que quem fez isso estava além da raiva.

— Da última vez que ouvi, a Rainha estava furiosa. Isso mudou? — Eu fiquei boquiaberta com a pergunta da vovó. Ela realmente sabia de tudo o que acontecia em Cottlehill.

— Isso não mudou. Foi o que a levou a atacar Fiona.

Um canto da boca da vovó se curvou. — Bem, isso e o fato de que você está interessado na minha neta.

O rosto de Sebastian tingiu de rosa e ele mudou de sua típica expressão carrancuda para dar sua versão de sorriso. — Isso certamente piora as coisas, mas tudo começou antes que eu agisse quanto a isso.

— Ele está certo, vovó. Ela estava matando feéricos muito antes de ele dizer uma palavra para mim. Qual é a história entre vocês? — Lembro-me dele me dizendo que eles tinham um relacionamento, mas nunca me deu detalhes.

Sebastian respirou fundo e fechou os olhos por um segundo. — Você sabe que ela é casada com Vodor. Bem, ela e o rei estão distantes há séculos. O que você pode não saber é que Feéricos são criaturas luxuriosas e sexo fora de uma parceria é comum.

Minhas partes femininas ficaram alertas quando ele mencionou que Feéricos estavam sempre com tesão. Eu queria deixá-lo nu e mostrar a ele como eu estava excitada. Só o tom de sua voz era como uma carícia íntima. Merda. Ele ainda estava falando.

Pare de pensar besteira e volte a prestar atenção.

— O rei tem um harém desde que atingiu a maioridade, mas a rainha não. Pelo menos não oficialmente. O problema surgiu quando ela se apaixonou por outra pessoa. Ela falou sobre derrubar o rei com seu amante. De alguma forma, a notícia chegou até os pais dela e eles não ficaram felizes. Eles arranjaram um matrimônio com Vodor quando ele estava tentando disputar o trono. Ela implorou ao homem que ela amava que se apresentasse na disputa, mas ele recusou. — Os olhos de Bas ficaram distantes e pude vê-lo revivendo os eventos enquanto falava. Seu corpo ficava cada vez mais rígido com o passar do tempo.

— Por que ele recusou? — A carranca estava de volta e eu odiei aquilo. Eu esperava que minha voz o ancorasse no presente.

Ele piscou várias vezes e finalmente se concentrou em mim, mas foi a vovó que me respondeu. — Política. Somente aqueles no alto escalão da sociedade Feérica são poderosos o suficiente para assumir o trono. O critério das separações de classes entre os feéricos vai além da renda. Eles valorizam o poder mais do que qualquer coisa. É por isso que a Rainha quer roubar o seu, Fiona. Você poderia eclipsar o status dela.

— Ela está certa — acrescentou Bas. — O homem que ela amava não era da classe alta e, apesar de ser poderoso o suficiente para ascender, não tinha vontade de fazê-lo. A Rainha ficou chateada quando ele recusou. Ela sempre foi uma megalomaníaca e, mesmo assim, queria o homem mais poderoso como seu companheiro. Essa recusa a envergonhou e foi um grande escândalo. Nunca se ouviu falar que a Rainha queria alguém que fosse oficialmente de uma família mais fraca do que a de Vodor.

— Você é o tal homem, certo? — Não havia dúvida disso em minha mente. Ele exalava essa aura revestida de uma força inegável.

Sebastian ergueu um ombro. — Sim, mas isso não é importante. Precisamos nos concentrar na Rainha e por que ela está tão silenciosa.

— Isso é mais importante do que você imagina. Ela não te superou. Eu imagino que ela sente que você a desprezou ao rejeitá-la e depois indo embora. Isso, junto ao seu desejo por meu poder, a torna altamente perigosa. E isso poderia tê-la levado ao limite. Ela pode, agora, estar atacando sem se importar com quem fere.

— Essa parece a explicação mais plausível que já ouvi a noite toda — concordou vovó com um aceno de cabeça. — E não se esqueça de suas maneiras, Fiona. Você não ofereceu chá a Bas nem nada para comer.

Revirei os olhos para minha avó, mas não pude evitar minha vergonha. Ela e minha mãe me ensinaram melhor e eu as estava fazendo parecerem desleixadas. — Eu não tenho certeza sobre você, mas eu preciso de um pouco de vinho. Você aceita um pouco de uísque? Vou colocar uma pizza no forno.

— Eu pego. — Bas foi até o armário e pegou o uísque, em seguida, puxou o vinho branco da geladeira. Um sorriso cruzou seu rosto quando ele pegou a taça de vinho sem haste do balcão. Dizia: Eu harmonizo bem com vinho.

Depois de preaquecer o forno, coloquei uma pizza congelada com tomate, alho e manjericão numa assadeira e me sentei na ilha da cozinha. — Estamos seguros aqui? — Eu não conseguia afastar a sensação de que não era capaz de derrotar a Rainha. O que significava que todos os que viviam em Pymm's Pondside estavam em perigo. Isso agora incluía minha avó também.

— Suas proteções são tão boas quanto qualquer outra que eu já conjurei — respondeu vovó. Ela estava sorrindo para mim. O orgulho era inconfundível.

— Obrigada, mas elas são impenetráveis? Não quero que mais ninguém se machuque por minha causa.

— Eu encontrei todas as pedras enfeitiçadas que Tunsall plantou, então essa parte já está resolvida. E você já restringiu a entrada pelo portal.

Vovó fez um barulho que soou como se ela estivesse sufocando. — Você proibiu qualquer um de entrar em Pymm's Pondside?

Levantei-me e coloquei a pizza no forno. — Sim. Eu não tive escolha. Kairi e eu quase morremos porque a Rainha manipulou Tunsall para fazer seu trabalho sujo. Eu precisava ter certeza de que isso não aconteceria novamente.

— E aqueles que procuram passagem pelo portal? Você já pensou em como tal feitiço os afetaria? A maioria deles está fugindo do tirano em Eidothea e você bloqueou a única passagem segura que resta para eles.

Engoli em seco e me virei para encarar minha avó. Ela estava com as mãos nos quadris, mas fiquei feliz em ver que ela não estava vermelha nas bordas.

— É por isso que o portal está em silêncio desde a minha luta com a Rainha. Achei que tinha a ver com ela por algum motivo. Eu não tinha ideia de que isso aconteceria. — Eu engoli o pedido de desculpas. Eu não tinha nada pelo que lamentar. Tudo isso era novo para mim e eu estava dando o meu melhor com o que tinha.

— Claro que não. Eu culpo Filarion. Se aquela doninha não tivesse invadido e roubado meu livro, você teria visto minha carta e eu estaria aqui desde o início para ajudar. O mais importante agora é afrouxar as barreiras.

Sebastian terminou sua bebida e pousou o copo. — Existe algo que podemos fazer para garantir que ninguém com intenções maliciosas possa atravessar?

Vovó flutuou mais perto do forno quando eu o abri e ficou me observando enquanto eu removia a pizza. — Isso é complicado.

— Isso é o que eu pensei que tinha feito antes — interrompi. Quando lancei minhas proteções, eu até mantive esse desejo na frente da minha mente.

— A magia não é capaz de avaliar uma pessoa a menos que ela pratique magia nefasta. Isso muda uma pessoa, como eu disse antes, e por causa disso podemos manter essas pessoas fora. Mas ela não é capaz de detectar o que alguém está pensando. Ou se eles têm ciúmes de você. Nem pode dizer quando você está com fome e lhe fornecer uma refeição. Torna-se complicado ao lidar com um indivíduo que está sendo forçado a cumprir as ordens de outra pessoa.

— Certo. Isso faz sentido… Então eu só me resta ter esperanças de que ninguém mais seja manipulado como Tunsall foi?

Bas balançou a cabeça. — Isso não seria sábio. Garanto que ela encontrará outra pessoa para manipular, mais cedo ou mais tarde. Essa é uma de suas constantes.

Eu joguei minhas mãos para o ar. — Tem alguma coisa que eu possa fazer? Kairi quase foi morta da última vez. Eu prometi a ela um lugar seguro para morar depois que ela preferiu fugir de Vodor, em vez de dar a ele um pedaço de si mesma. — Ela sabia que a pior coisa que ela poderia fazer por seu povo era dar a ele poder sobre quem vive debaixo d'água. Eu respeitava isso e queria ter certeza de que ela poderia viver da forma mais segura possível, mesmo que estivesse longe de todos que amava.

Vovó flutuou de volta para a janela. — Nós podemos chamar Theamise. Ela e suas irmãs podem ficar de olho nas fronteiras e nos avisar se algo parecer suspeito.

Bas serviu outro copo de uísque enquanto eu cortava a pizza. — Sim. Não pareceria estranho a ninguém se elas puxassem conversa com eles. Algumas perguntas bem formuladas e ela deve ser capaz de determinar se alguém está agindo fora do normal.

Fui até a geladeira, peguei uma fruta e a coloquei na ilha. — Acho uma boa ideia. Vou levar alguma coisa para comer no caminho e falarei com ela e Kairi, então poderei remover as proteções. Não gosto da ideia de Feéricos ficarem presos em Eidothea e em perigo.

Peguei um prato e enchi com a comida antes de sair. Sebastian me seguiu com nossas bebidas e pizza. A culpa me consumia por ter eliminado uma rota de fuga na qual os Feéricos confiavam. Eu não poderia imaginar se Kairi ainda estivesse em Eidothea. O Rei a teria pego e conseguido o que queria. E teria sido minha culpa. Eu esperava que o peso em meus ombros diminuísse agora que vovó estava comigo e fosse capaz de me ajudar a entender essa merda toda.




CAPÍTULO QUATRO


— Então, está tudo quieto porque você acidentalmente bloqueou o portal? — Violet bateu seu copo de margarita no meu. Estávamos no Penas de Fênix, o pub onde Aislinn era atendente. — Bom trabalho, Fi.

A primeira vez que viemos aqui, Aislinn passou mais tempo conversando conosco do que servindo aos outros. Perguntei por que ela não tinha medo de ser demitida e ela riu ao dizer que gostaria de ver sua mãe tentar. Aparentemente, sua família era dona do lugar há décadas.

De qualquer forma, passei a última meia hora contando a elas o que aconteceu quando voltei para casa na noite anterior. Aislinn riu e ergueu um copo de refrigerante para nós de sua posição atrás do bar. — Essa é uma boa maneira de manter sua carga de trabalho baixa.

Eu rosnei baixo em minha garganta. — Eu não estava tentando me livrar do meu trabalho. Eu culpo a vovó. Isso não teria acontecido se ela tivesse me contado sobre, hum… — Eu lancei meu olhar ao redor, me certificando de que ninguém estava por perto. Era só o que faltava, eu revelar a existência de sobrenaturais aos humanos. — A nossa família. Já é ruim o suficiente que Kairi sofreu por semanas quando eu não tinha ideia do que era esperado. Eu tive que sair fazendo as coisas do meu jeito de novo porque não sabia o que mais poderia fazer.

Aislinn parou de limpar a parte superior do balcão. — Não há nada que você possa fazer para mudar o que aconteceu, e você solucionou o problema, não é?

Balancei minha cabeça para cima e para baixo. — Vovó estava tão hesitante quanto eu em diminuir a proteção sem uma maneira de monitorar quem cruzasse para Pymm’s Pondside. Na verdade, foi muito simples, uma vez que Bas sugeriu a ideia de convocar Theamise para ajudar se alguém aparecesse. Eu não tinha ideia de que ela tinha esse impacto nas árvores mais próximas da casa. As folhas estão rareando e a casca está descascando agora que ela se mudou para os arredores de minha propriedade.

Violet revirou os olhos. — Que parte de ninfa da floresta você não entendeu?

Eu dei um tapinha em seu ombro enquanto minha cabeça fazia uma boa imitação de um sprinkler, girando de um lado para o outro enquanto verificava quem poderia ouvir. — Quieta! E, sim. Eu entendo isso agora. Tudo isto é novo para mim. Isso nunca me ocorreu antes. Daí a razão de estarmos aqui bebendo.

Violet riu e tomou um longo gole de sua margarita. — E eu pensei que estávamos aqui para que você pudesse evitar sua avó. Você não parece muito inclinada a passar tempo com ela.

— Ora, por quê? Você tem reclamado por não saber o suficiente sobre sua herança e agora que você tem a fonte perfeita na ponta dos dedos, você quase não passa tempo com ela. — Era óbvio que Aislinn estava genuinamente curiosa. Eu não conseguia parar de me contorcer na banqueta do bar enquanto tomava um gole da minha margarita.

Por que eu não estava em casa conversando com a vovó mesmo? Eu deveria estar lá. Aquilo era tudo que eu queria há meses, mas no momento eu não conseguia passar muito tempo com ela. Enquanto considerava a pergunta de Aislinn, percebi que havia uma parte de mim que se sentia desconfortável perto dela.

Eu estava me acostumando com questões mágicas, mas isso era um outro nível. Para piorar, ela disse que eu era diferente da maioria dos outros da minha espécie. Já era ruim o suficiente eu ter tanto poder que fazia de mim um alvo.

Terminei minha bebida e coloquei o copo no balcão. — Cada vez que me viro, ela tem informações novas para mim. Aparentemente, meus pais foram mortos por um feitiço lançado do outro lado do mundo. Já ela foi morta num incêndio. Ela acha que talvez foi um dragão, mas não tem certeza. Ah, e Emmie despertará seus poderes nos próximos dois anos, então eu tenho que encontrar uma maneira de contar aos meus filhos o que eles são.

Aislinn inclinou a cabeça. Ela era a mais nova de nós três, com 38 anos. — Eles ficarão bem. Aposto que até vão achar isso legal.

Violet balançou a cabeça. — Não tenho certeza quanto a isso. Eles serão diferentes e precisarão manter um controle rígido sobre suas emoções ou se destacarão. E Emmie me parece ser introvertida.

— Ela odeia ser o centro das atenções, mas ela tem uma boa cabeça sobre os ombros, então o controle deve ser fácil para ela. E ajuda que todos eles vivam juntos agora. Ela mantém os gêmeos na linha e garante que não façam festas selvagens e essas coisas. Mas ela vai praticamente se matar tentando manter Skylar e Greyson fora de problemas. Esses dois vão ser difíceis e não posso voltar para ajudar.

Aislinn pegou meu copo e o lavou. — Você quer outra?

— Sim. Deixei Sebastian e minha avó quando saí. Ela o estava interrogando sobre suas intenções e por que fiz isso aqui brilhar. Eu não tinha ideia de que o âmbar nunca tinha brilhado antes. — Eu ergui o amuleto que Bas havia feito décadas atrás. Ele tinha mencionado algo sobre ser para minha família ou para mim. Não consigo me lembrar exatamente. Eu estava muito ocupada tentando não cobiçar o cara enquanto tentava descobrir por que ele me odiava ao mesmo tempo. E, então, havia as outras coisas que ele fez. Ele tinha um talento irreal para criar joias, armas e ferramentas impressionantes.

Violet estendeu a mão para o amuleto quando ficou rígida e seus olhos se arregalaram. Seu rosto ficou branco como um fantasma e seu rosto se contorceu de terror.

— O que foi? — dissemos Aislinn e eu ao mesmo tempo.

— Meus filhos! — Violet não disse mais nada enquanto pegava o celular da bolsa. Comecei a roer a unha do polegar, enquanto Aislinn praticamente subia por cima do balcão.

Violet estava prendendo a respiração quando tirou o celular da orelha e apertou a tecla. Ela procurou o número do seu outro filho e chamou. Ela respirou fundo e eu comecei a mastigar meu lábio inferior enquanto esperávamos que eles atendessem.

Ela estava chorando quando terminou a chamada e ligou para o ex-marido. — Ei! Sou eu. Você teve notícias de Ben e Bailey esta noite?

Lágrimas encheram seus olhos enquanto ela ouvia a resposta dele. Eu pulei do meu banquinho e coloquei a mão em seu ombro. — Não. Eles não atenderam quando liguei, então pensei em verificar com você. Tenho certeza de que não é nada. — Sua voz falhou, indicando que ela estava muito mais preocupada do que aparentava.

Ele disse outra coisa que a fez serrar a mandíbula. Juro que ouvi algo estalar. — Não há razão para você fazer nada. Eu disse que iria mantê-lo informado. Eu estava apenas checando eles.

Ela apertou a tecla de desligar enquanto ele ainda falava e olhou para mim. — As proteções que coloquei ao redor da casa foram ativadas. Eles não estão respondendo.

Aislinn se virou para seu colega bar e disse que ela teria que sair. Peguei minha bolsa. — Isso não significa necessariamente que algo aconteceu, mas vamos verificar para ter certeza.

Violet assentiu e se levantou. Ela tropeçou e se segurou no balcão. Passei um braço em volta de Violet quando suas pernas tremeram com seu primeiro passo. Aislinn nos encontrou no final do balcão.

Rezei para que nada acontecesse com os filhos de Violet. Eles eram o seu mundo. Ela era uma das melhores mães que eu já conheci. Ela estava sempre fazendo pequenas coisas para eles. Ela fazia o impossível para sempre estocar proteínas especiais para Bailey porque ela era vegetariana. Eles tinham um ótimo relacionamento.

Meu coração disparou ao mesmo tempo que uma sensação ruim apertou em volta do meu peito quando saímos para o ar frio do inverno. Nossa respiração soprou em nuvens brancas, eu apertei o ombro de Violet tentando tranquilizá-la e fazê-la se acalmar. Fiquei surpresa por ela ainda não ter desmaiado com a forma como seus pulmões pareciam terem parado de funcionar.

Pelo menos foi assim que pareceu quando notei que a nuvem branca na frente de seu rosto lembrava a cena em filmes de terror quando a próxima vítima infeliz acabava trancada num porão e abria um grande freezer. Sabe aquela cena em que a névoa de gelo branca gira no ar acima do freezer logo antes de dispersar e a pessoa começa a gritar ao ver partes de corpo congeladas.

Certo, não é a melhor imagem para se ter no momento. Limpei isso da minha mente e me agarrei à crença de que eles estavam bem. Eu não tinha certeza se a mulher que se tornou minha melhor amiga sobreviveria se alguma coisa acontecesse com eles.

Coloquei Violet no banco do passageiro em meu Mustang, enquanto Aislinn pulava no banco de trás. — Eles estão bem. Talvez eles estejam assistindo a um filme e desligaram os telefones. — Aislinn estendeu a mão através dos assentos e apertou a mão de Violet.

Violet fungou e seu corpo começou a tremer. — Não, algo aconteceu. Meu instinto diz isso. Temos que encontrá-los. Eles têm que estar bem… — Sua voz falhou no final e seus ombros tremeram com um soluço.

Saindo do estacionamento, virei para a rua e tive que checar minha velocidade. Meu pé se recusava a afrouxar o pedal. Eu não tinha ideia do que faria se fossem os meus filhos. Como mãe, minha vida consistiu em nutri-los e protegê-los durante metade da minha vida.

O céu escureceu e o ar ficou mais denso quando entrei na rua de Violet dois minutos depois. — Está sentindo isso?

Violet voltou os olhos cheios de lágrimas para mim. Uma olhada no meu espelho retrovisor e vi o reflexo de Aislinn balançando a cabeça de um lado para o outro. — Não sinto nada. E você, V?

— Eu não posso sentir qualquer coisa neste momento. E eu digo literalmente. Meu corpo está dormente — sussurrou Violet, enquanto seu olhar permanecia cravado em sua casa.

Parei ao lado do meio-fio e ela saiu pela porta antes que eu desligasse o motor. Aislinn e eu a seguimos um segundo depois. — O que você consegue sentir? — Os olhos de Aislinn percorreram a vizinhança ao nosso redor.

A cidade era pequena com mais da metade da população sendo sobrenatural. Eram cerca de dezesseis quilômetros, com a praça principal sendo o centro. A maioria das casas ficavam mais próximas do centro, com um punhado em áreas remotas. Violet morava no meio da cidade, não muito longe de sua livraria.

Violet parou na soleira e olhou para nós. Seu rosto era da cor da máscara de Michael Myers e seus olhos azuis estavam brilhantes e cheios de preocupação. Foi então que percebi que a porta da frente estava entreaberta.

Aislinn e eu corremos para alcançá-la. Meu estômago azedou e a bile encheu o fundo da minha garganta. A porta aberta combinada com aquela sensação opressora da qual eu não conseguia me livrar e a certeza de Violet de que seus filhos estavam em apuros me convenceram de que ela estava certa.

— Violet, espere. Deixe-me ir primeiro. — Corri passando por ela antes que ela pudesse me dizer não ou entrar primeiro.

Sua casa tinha um piso plano aberto e depois de um curto corredor se abria para uma sala de estar com uma cozinha conectada. Tudo o que vi foram alguns cobertores e almofadas espalhadas pelo chão. Meu peito apertou e tive dificuldade para respirar. Tentei captar qualquer indício de magia lançada na área, mas era muito nova nesse lado da minha herança para saber se o que sentia era alguma coisa ou não.

Violet parou no meio da sala e se abaixou para pegar algo debaixo da mesa de centro. Comecei a tremer como ela quando notei o celular de Bailey em sua mão. A adolescente nunca ficava sem a coisa.

— Bailey! Ben! — gritou Violet, mas não houve resposta.

— Vou verificar os quartos deles — ofereci e corri para o segundo andar, onde os três quartos estavam localizados.

O quarto de Bailey foi o primeiro. Ela não estava lá. Sua mochila estava na pequena mesa no canto, mas não havia mais nada fora do lugar. Sua cama estava feita e suas roupas estavam no cesto.

Entrei no quarto de Ben e vi a cena oposta. Seu edredom azul-escuro estava amarrotado na ponta da cama e eu não conseguia ver o chão debaixo das pilhas de roupas, sapatos e equipamentos de jogo. Eu me perguntei como ele conseguia encontrar alguma coisa naquele luga, mas aquilo também correspondia ao garoto que eu conhecia.

Espiei o quarto principal e encontrei-o impecável com a cama feita. O que quer que tenha acontecido, não havia chegado ao segundo andar. Voltei para a sala e disse isso a Violet e Aislinn. — Precisamos ligar para a polícia e pedir ajuda.

Violet assentiu e enxugou as lágrimas que agora escorriam pelo seu rosto. — Vou ligar para Lance.

— E eu vou ligar para Camille e Sebastian. Podemos lançar alguns feitiços de localização e encontrá-los. — Eu queria tranquilizá-la e dizer que eles estavam bem e que chegaríamos a eles a tempo, mas não o fiz. Eu sabia que não devia dar falsas promessas a ela.

— Não vamos parar de procurá-los até que os encontremos — prometeu Aislinn.

— Sebastian estará aqui em cinco minutos. Camille mora no final da rua e deve chegar aqui…

— Agora mesmo. — A voz de Camille me cortou no meio da frase. — Me conte o que aconteceu. — Fiquei aliviada ao ver a poderosa bruxa. Ela e minha avó podiam não se dar bem, mas precisávamos da experiência dela, agora mais do que nunca.

Violet disse a ela o que sabia, o que não era muito. Lance chegou quando ela estava terminando sua explicação e ela teve que começar a contar novamente os eventos. Só que desta vez Violet deixou de fora como sentiu que algo estava errado com seus filhos. Ele não era membro da comunidade sobrenatural e não tinha conhecimento de nossa existência.

Lance ligou para uma unidade para coletar evidências e estava conversando com Violet sobre a necessidade de monitorar suas ligações no caso de alguém pedir resgate. Era óbvio que as crianças não haviam partido por conta própria, e ele esperava que alguém fizesse exigências em breve.

— Você consegue pensar em alguém que queira machucar você ou seus filhos? — Lance estava procurando um lugar para começar uma investigação. Poucas evidências forenses foram deixadas para trás. Sem uma ameaça, eles não tinham nada para continuar. — E quanto ao seu ex-marido?

Violet revirou os olhos. — Aquele idiota está muito ocupado começando uma nova vida para se preocupar comigo ou com as crianças. Ele é um idiota traidor, mas nunca faria algo assim.

— Temos que olhar para todos os ângulos. Vou precisar de suas informações de contato para fazer o acompanhamento. Se alguém entrar em contato com você, me ligue imediatamente. Nesse ínterim, quero que você baixe um aplicativo para gravar todas as chamadas que você receber. — Lance continuou a dar instruções a Violet.

Saí da casa para cumprimentar Sebastian quando ele chegou menos de um minuto depois. — O que aconteceu? Seja o que for, envolve magia e muita.

Eu inclinei minha cabeça. Ele conseguiu sentir o mesmo que eu? Ninguém mais mencionou sentir nada. — Não sabemos. Senti essa pressão no peito no segundo em que virei para a rua e ficou muito pior quando entramos na casa, mas ninguém mais sentiu. Há um sinal de luta, mas nada que desse realmente uma pista.

Bas franziu os lábios e se virou para acenar para Lance, enquanto ele descia o caminho. Nós dois voltamos para dentro para encontrar Camille preparando-se para fazer o feitiço para localizar as crianças. Ela puxou a mesa da cozinha para o meio do espaço e limpou-a.

Sabendo do que ela precisaria, fui até a cozinha e peguei uma tigela de água mais quatro velas e voltei enquanto ela tirava ervas e sal, junto com seu athame da bolsa que ela levava para todos os lugares. Acendi as velas e as coloquei nos quatro cantos, correspondendo aos pontos numa bússola.

Com rápida eficiência, Camille derramou um círculo de sal em torno dela e ficou no centro. Ela traçou o círculo, seu dedo começando no norte antes de seguir para o leste, sul e oeste, em seguida, de volta ao norte. A luz azul fluía de seu dedo para o perímetro enquanto ela progredia. Minha pele formigou quando uma onda de energia projetou de Camille. Era uma onda leve e brilhante.

Minha mentora foi para o lado da mesa e murmurou um feitiço de rastreamento para as crianças. A água começou a rodar e turvar e assim permaneceu. Não mostrou como encontrar as crianças. Foi anticlimático. Eu esperava que tivéssemos uma explosão de fogos de artifício que iluminaria o caminho até as crianças.

Mudando de tática, Camille lançou um feitiço de revelação e tivemos um breve vislumbre das crianças amontoadas no que parecia ser uma caverna úmida. Violet gritou e saltou na direção da tigela de água.

Minhas pernas estavam em movimento antes que eu pensasse em minhas ações, e peguei Violet no meio do salto, em seguida, puxei-a para fora do curso. Caímos no chão num emaranhado de membros. Eu levei uma cotovelada na minha bochecha pelos meus esforços, mas a última coisa que precisávamos no momento era Violet ser queimada pelo círculo de proteção.

Camille veio em nossa direção e cortou o sal, dissipando com segurança o círculo que ela havia lançado. — Eles estão vivos por enquanto. E parecem estar em algum lugar subterrâneo.

Bas se abaixou e me ajudou a ficar de pé. — Deixe-me tentar. — Ele ajudou Violet a se levantar e deu-lhe um abraço. Eu nunca o tinha visto tão expressivo antes. Ele sempre foi tão rabugento e distante. Ver esse lado dele não me fez pensar que ele na verdade tinha um coração mole, mas fez me apaixonar por ele ainda mais.

Depois de soltar Violet, Sebastian empurrou a mesa de volta à sua posição original, em seguida, varreu o sal para o lado com o pé. Ele fechou os olhos e desenhou uma runa no ar com o dedo.

Criei uma nota mental para perguntar a ele sobre isso mais tarde. Mas no momento tinha que me segurar no encosto do sofá enquanto a terra se movia embaixo de mim. A luz envolveu Bas e a energia me atingiu no meio do meu peito como um golpe.

A magia de Camille era leve e formigava, mas a de Sebastian era como um soco no estômago. Eu senti a energia vazando ao nosso redor e viajando para ele, só que foi como se tudo me atingisse de uma vez, em vez de me acariciar como a de Camille tinha feito.

A luz mudou de cor antes de desaparecer quando ele abriu os olhos. — Eles estão realmente no subsolo, mas algo está me impedindo de alcançá-los. Isso não deveria ser possível.

— A Rainha poderia estar com eles? — Na mesma hora eu desejei não ter feito a pergunta. Violet se encolheu quando perguntei se seus filhos poderiam ter sido levados por nosso inimigo vil.

Sebastian passou o braço em volta de mim e me puxou para o seu lado. — Não podemos descartar isso, Borboleta. — Eu sorri ao ouvir o seu apelido recente para mim. Eu amei ver que esse cara taciturno também mostrava o seu lado doce perto dos outros. — Mas eu duvido que ela seja forte o suficiente para manter uma barreira tão forte. Mas quem os tiver vai pagar. Eles não contavam com um Feérico, uma bruxa, dois mestiços e uma nicotisa contra eles.

Como diabos isso aconteceu? Colocamos proteções em todas as nossas casas. Ocorreu-me que eu tinha afrouxado as barreiras antes. Não tinha considerado que todas estariam conectadas. Outra tragédia caiu aos meus pés. Eu estava farta de ser usada por esses idiotas malvados. Isto tinha que acabar. Agora.

Mas primeiro, eu precisava encontrar Bailey e Ben. Eles eram prioridades.





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Ser a Guardiã não é tão legal quanto parece. Minha nova vida é estranha e difícil. Você acha que a magia é algo natural para aqueles que a possui? Aí que você se engana! É mais provável que eu exploda algo do que lance uma proteção sobre a coisa.

Mas quando um Feérico Sombrio atravessa o portal e a criança da minha melhor amiga é sequestrada, terei que aprender como lançar um feitiço de localização. O problema é, antes que eu possa sequer começar, sou puxada pelo portal e acabo presa no reino Feérico. Nessa hora não tenho escolha a não ser arregaçar minhas mangas e descobrir como solucionar isso. Todos que eu amo precisam de mim. Eu precisava desesperadamente de ajuda.

Perdida no reino dos Feéricos, sou forçada a procurar ajuda em um lugar onde meus inimigos governam com punho de ferro. Meu novo treinador é poderoso, paciente e muito inesperado. O exato oposto de Sebastian. Mesmo que ambos sejam extremamente bonitos, não tenho tempo para um confronto de machos alfa sobre os direitos dos meus afetos. Uma entidade maligna está perseguindo sobrenaturais em Cottlehill Wilds, e eu preciso voltar através do portal para ajudar Violet a encontrar seus filhos. Acontece que aprender a dominar a magia é o menor dos meus problemas.

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