Книга - Na Cama Do Alfa

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Na Cama Do Alfa
Kate Rudolph


Tudo tem um fim...

Tudo tem um fim...

Mel prometeu a si mesma que se vingaria da bruxa que matou sua família ou morreria tentando. Agora, como ladra de renome mundial, ela está pronta para fazer o bem. Mas as coisas são complicadas. Aquela bruxa, Ava, não se limitou a visar Mel. Ela está vindo atrás das únicas pessoas no planeta com quem a ladra se preocupa.

A vingança é melhor servida quente...

Luke nunca poderia ter previsto a forma como Mel o derrubaria. Mas agora, ele vai fazer de tudo para salvar a vida da irmã e capturar o coração de sua ladra. Ava ameaça sua matilha, determinada a roubar um artefato mágico de imenso poder que ele nunca soube que possuía.

Se apaixonar nunca foi tão mortal...

No meio de tudo isso, Luke e Mel se encontram. Mas ela não sabe como ter relacionamentos, e a matilha dele não está interessada em ter uma ladra como sua alfa. Quando os dois estão juntos, a relação é explosiva. Mas esse fogo irá se extinguir... ou destruir.



Translator: Andreia Barboza








Na cama do alfa




Contents


Sinopse (#u57e01289-f630-518a-aba2-ce51297cd064)

Capítulo 1 (#ufa288075-563d-5ec3-bb59-c0ff7a4ef968)

Capítulo 2 (#u77e972ec-6adf-5ddd-8bb3-50052fa98faa)

Capítulo 3 (#u293eb06a-98c6-5188-8b78-517a6a85427d)

Capítulo 4 (#u8409fdd7-6be1-5e59-b969-e9a5b372bfe0)

Capítulo 5 (#u7210e659-c347-505b-9603-3021e1bd4165)

Capítulo 6 (#uc67792f6-0a1c-5881-9bdc-4fd099d39505)

Capítulo 7 (#u15858734-1672-5813-bd47-37bdf6cbf708)

Capítulo 8 (#ua51ef929-425f-5879-a80a-08a391476418)

Capítulo 9 (#u24cba9bc-a2d1-5fe2-88cb-c0ba90c6ef1d)

Capítulo 10 (#u606e0dd6-4952-5d13-890e-79b5ff6e8e4c)

Capítulo 11 (#u34456e89-dfa7-5964-bd55-a4029c21841d)

Capítulo 12 (#ude2cda2b-9773-5a5a-b04c-dcb05b931d39)

Capítulo 13 (#u0a0efb03-7f22-555c-9755-06ce9a1e0a43)

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Sobre a autora (#uc39d0d7f-2d26-5462-8dba-91a3609e45a8)


Na cama do alfa

Kate Rudolph

Copyright de In the Alpha’s Bed © Kate Rudolph, 2015.

Tradução: Andreia Barboza

Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação do autor ou foram usados de forma fictícia e não devem ser interpretados como reais. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, eventos reais, localidades ou organizações é inteiramente coincidência.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19/02/1998. Exceto para o uso de pequenos trechos em resenhas, é proibida a reprodução ou utilização deste livro, no todo ou em parte, de qualquer forma, sem a permissão prévia por escrito do detentor dos direitos autorais deste livro.




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Sinopse


Tudo tem um fim...

Mel prometeu a si mesma que se vingaria da bruxa que matou sua família ou morreria tentando. Agora, como ladra de renome mundial, ela está pronta para fazer o bem. Mas as coisas são complicadas. Aquela bruxa, Ava, não se limitou a visar Mel. Ela está vindo atrás das únicas pessoas no planeta com quem a ladra se preocupa.

A vingança é melhor servida quente...

Luke nunca poderia ter previsto a forma como Mel o derrubaria. Mas agora, ele vai fazer de tudo para salvar a vida da irmã e capturar o coração de sua ladra. Ava ameaça sua matilha, determinada a roubar um artefato mágico de imenso poder que ele nunca soube que possuía.

Se apaixonar nunca foi tão mortal...

No meio de tudo isso, Luke e Mel se encontram. Mas ela não sabe como ter relacionamentos, e a matilha dele não está interessada em ter uma ladra como sua alfa. Quando os dois estão juntos, a relação é explosiva. Mas esse fogo irá se extinguir... ou destruir.

Na cama do alfa é a conclusão da série Roubando o Alfa. A primeira parte, O roubo do alfa e a segunda, Enredado com a ladra, já estão disponíveis.




1


Luke Torres deveria se sentir confortável em seu próprio território. Mas, naquele momento, os galhos pesados, sem folhas e prontos para a primeira nevasca do inverno, só o deixavam tenso. Estranhos espreitavam na floresta. Inimigos da pior espécie. Os covardes não tentaram atingi-lo. Em vez disso, foram atrás de sua irmã.

E Luke não aceitaria isso.

A escuridão há muito havia assumido o controle e a meia-noite se aproximava. Luke podia sentir as garras sob sua pele prontas para entrar em ação. Logo conheceria a face de seu inimigo e arrancaria a espinha de qualquer um que o ameaçasse ou tentasse prejudicar os seus.

Maya Nunez e Sinclair caminhavam ao seu lado, com meia dúzia de outros leões espalhados em suas formas animais. Normalmente, a floresta fora de Eagle Creek, no Colorado, fervilhava de vida, não importando a hora do dia. Mas agora, tudo estava em silêncio, exceto pelo som da respiração de seus companheiros de matilha. Predadores caminhavam a noite e todas as presas estavam escondidas.

A clareira se abriu diante deles, pequena, talvez com uns seis metros de largura. Há menos de uma semana, Luke recuperou a irmã aqui depois que ela foi sequestrada por um inimigo misterioso. Muita coisa mudou desde então. E ainda assim estavam longe de curá-la. A bruxa não conseguiu desfazer o feitiço que estava matando Cassie e eles não tinham os suprimentos para tentar de novo.

Seu inimigo não lhe disse para vir sozinho, então não fez nenhum esforço para esconder seu apoio, pelo menos não aqueles que andavam sobre duas pernas. Embora pudesse ter trazido ainda mais leões consigo, os erros do passado o ensinaram bem. Não deixaria sua casa e sua irmã, sem defesa novamente. Se não tivesse feito besteira da primeira vez, a vida dela não estaria em perigo.

A vida de todos, mais provavelmente.

O ar na frente de Luke estremeceu momentaneamente e se dissolveu, revelando um homem alto, de sobretudo preto, calças escuras e botas pretas. Ele devia ter querido parecer intimidante, mas como estava, parecia apenas bobo. Este bruxo era pele e ossos, e o casaco estava pendurado nele como se estivesse em um cabide de arame. Mas o poder estalou no ar e Luke sabia que o perigo que esse homem representava não estava em seu corpo magro.

Quando nenhum outro bruxo apareceu, Luke ficou preocupado. Bom, mais preocupado. Quantos estavam se escondendo atrás de um manto de magia? Seus leões se escondiam com habilidade, usando a configuração do terreno a seu favor. Mas usar magia era trapaça.

O bruxo deu uma olhada em Luke, Maya e Sinclair, e sorriu.

— Com medo de vir sozinho, oh, grande alfa? — Ele falava como se estivesse torcendo o bigode ou se escondendo atrás de uma capa. Se a situação não fosse tão terrível, teria sido ridículo.

Luke não tinha tempo para brincadeiras, mas no que dizia respeito aos inimigos, isso era quase um insulto.

— Parece que você tem o melhor de mim. Quem é você? — Não tinha interesse em jogar, não com as apostas tão altas.

O homem se recompôs, se esticando uns dois centímetros e falando meia oitava mais baixo.

— Há quem me chame... — Ele se curvou ofegando, lançou um olhar para a direita e estremeceu. Deu um único aceno de cabeça e se endireitou. — Tim. Eu sou Tim.

Maya se mexeu ao lado dele. Luke confiava nela para estar pronta para enfrentar quem quer que estivesse ao lado de Tim, mesmo que estivesse escondido. Ele não tirou sua atenção de seu inimigo visível.

— O chiado faz parte do seu nome? Ou era só para fazer efeito? — Claramente Tim era o homem de frente para o poder real.

Tim fez uma careta, com os dentes meio arreganhados.

— Você zomba de mim, mas tem medo de vagar por seu próprio território sozinho?

O alfa não ficaria zangado, mas prometeu a si mesmo que teria o prazer de arrancar as entranhas desse homem se ele fizesse um movimento errado.

— Conheço minha própria força.

— Você é claramente mais fraco do que eu pensava. — Tim inclinou a cabeça ligeiramente com um sorriso malicioso. Estendeu a mão, abrindo os dedos lentamente. Assim que a palma ficou voltada para o céu, estalou os dedos em um padrão estranho e uma centelha de fogo apareceu. O bruxo a jogou de mão em mão.

— O que você quer? — Não se deixou distrair pelo fogo. Era isso o que Tim queria.

— Muitas coisas — Tim jogou o fogo para cima e o pegou, fechando o punho e apagando a chama. — Poucas das quais você pode me oferecer. — Ele olhou para a direita mais uma vez, apenas por um segundo, antes de se concentrar em Luke.

— Então por que me chamou aqui? — o alfa questionou, com os dentes cerrados. Havia sido atacado em suas próprias terras uma vez neste mês, e ele não queria que isso acontecesse novamente.

Tim não se ofendeu com seu tom, pelo menos não externamente.

— Preciso de informações.

— Você tem um jeito interessante de pedir isso. — Dizer ao homem para se foder não traria nada a Luke; na verdade, só pioraria as coisas. Uma parte sua não se importava. Mas ele reprimiu essa parte. Era inútil para ele no momento. — Que informação?

— Onde fica o Poço?

— Daí você pode envenenar minha água? — O que um bruxo poderia querer com um poço? E ele não podia encontrá-lo por conta própria? Nem Maya, nem Sinclair pareciam saber do que ele estava falando, embora não dessem nenhuma indicação externa. Foi a falta de reação deles que deixou Luke certo de que não tinham ideia do que o bruxo estava falando.

— Você é realmente tão sem noção? — Tim zombou.

Isso não o levaria a lugar nenhum, e como ele já havia revelado sua ignorância, não havia razão para não apostar tudo.

— Não tenho ideia do que você está falando. Não posso lhe dar informações que não tenho.

Tim vacilou por um momento e seus olhos se voltaram para a direita, dando um leve aceno de cabeça e endurecendo os ombros, esticando ainda mais o corpo.

— Você quer que a sua irmã morra? Nos dê a informação e tiraremos o feitiço. Continue com esta ignorância fingida e ela não viverá nem mais esta semana.

As garras explodiram da mão de Luke, prontas para rasgar a garganta desse filhote insolente.

— Está admitindo que foi você quem enfeitiçou a minha irmã?

Tim deu de ombros.

— São suas ações agora que decidem o destino dela.

Luke teve que conter a violência dentro de si. Matar essa bruxo não ajudaria em nada para resolver seu problema. Só iria piorar as coisas.

— Não é seguro que você vá até lá agora. O rio inundou, vou precisar tomar providências. — Um rio corria ao sul de seu território e chuvas excepcionalmente fortes haviam enchido as margens. Não havia poço na área, mas Luke esperava que o blefe lhe desse tempo.

— Você tem cinco dias. — Tim estalou os dedos e desapareceu, o ar tremeluzindo onde ele estava. O alfa mandou seus leões vasculharem a área, mas não havia sinal de bruxos. Era como se nunca tivessem estado ali.




2


Cassie não estava mais tendo convulsões. Isso era um progresso. Mel observou Krista cuidar da garota. A bruxa podia fazer milagres, mas contra um feitiço habilmente colocado e uma metamorfo recém-transformada que a havia ferido gravemente, ela estava tendo um pouco de dificuldade. Dois dias antes, Cassie havia mudado para sua forma de leão inesperadamente. Pior ainda, estava tão envolvida nisso que abriu um corte feio no braço de Krista. A ferida havia sido tratada e estava começando a cicatrizar, mas a constituição de uma bruxa não lidava bem com ferimentos graves. Por enquanto, Krista cuidava da garota quando tinha energia, mas nunca ficava sozinha com ela.

Com Luke e Maya caçando, Mel ficou de babá.

Ela ficou sentada lá por mais de uma hora em um silêncio quase confortável antes de uma comoção estourar, o som vindo da entrada.

— Parece que o alfa está de volta.

— Com certeza voltou. — Krista não olhou para Mel ao falar. Ela não sabia dizer se a raiva era devido à lesão ou pela história sobre a qual não estavam falando. Não sabia qual preferia que fosse.

Talvez Bob pudesse lhe contar, mas ele estava tentando rastrear quem tinha enfeitiçado Cassie. Ele tinha contatos que não compartilhava com as duas, mas iria buscar as informações. Isso já era alguma coisa.

Cassie soltou um miado patético e se virou para o lado, se enrolando em uma bola. Começou a tremer mais uma vez e o pelo brotou de seu braço forte e bronzeado. Krista recuou e deixou Mel assumir. Com uma mão agora experiente, ela segurou a algema que haviam prendido na parede e prendeu a jovem. Era degradante, uma coisa horrível de se fazer, mas Cassie concordava que era a única maneira de mantê-la segura, bem como a todos ao seu redor.

Mas a garota estava tão cansada da mudança quase constante nos últimos dois dias, que o tremor parou e ela caiu para trás, o pelo de seu braço recuando em sua pele, deixando a pele humana bronzeada em exibição. Os olhos castanhos da garota se abriram e ela deu um sorriso triste para Mel.

— Pelo menos não estou deixando de malhar.

Mel sorriu, mas não sabia como responder.

— Acho que ouvi seu irmão entrar — foi o que ela finalmente decidiu dizer. E isso pareceu animar a garota.

Cassie recuou até que pudesse se sentar contra a parede. Seus braços ainda estavam presos sobre a cabeça, mas ela não pediu para ser desamarrada. Mel não sabia se ela achava que iria se transformar de novo ou se simplesmente tinha se acostumado tanto com as algemas que nem as notou.

Maya entrou depois de alguns minutos, mas ainda não havia sinal de Luke. Mel soltou as restrições de Cassie e saiu em busca dele. Após procurar em todos os outros lugares do andar residencial, ela o encontrou em seu próprio quarto, sentado na cama com a cabeça apoiada nas mãos. Ela fechou a porta o mais silenciosamente que pôde, mas ele a ouviu e ergueu os olhos.

Por um momento, ele sorriu, embora seus olhos mantivessem as sombras que haviam se formado nos últimos dias. O sorriso desapareceu quando Mel não se moveu em sua direção. Ela se manteve quieta, forçando seus pés a não atravessarem o quarto para que ela pudesse abraçá-lo. Eles não tinham se tocado nos últimos dois dias e havia uma dor quase física com a falta de contato.

Mas ele não era seu companheiro.

Foi o comentário provocador de Bob que colocou o pensamento em sua cabeça quando eles estavam no México. E estava completamente errado. Ladras não se aliavam com alfas; nunca daria certo, não importava o quanto era bom beijá-lo e ser abraçada por ele. Como isso era impossível, ela não ia pensar a esse respeito. Roubo impossível era uma coisa – com planejamento estratégico e uma equipe sólida, ela conseguia quase tudo. Mas romance? Nunca.

Então Luke Torres não era seu companheiro e não havia nada que a fizesse dizer o contrário.

— Imagino que não foi bem? — ela perguntou.

Luke balançou a cabeça. Ele se moveu para um lado da cama para dar a ela espaço suficiente para se sentar, embora a cama fosse tão grande que o espaço não era um problema. Mesmo sabendo que não deveria, Mel cruzou o quarto e se sentou ao lado dele.

— Tão bem quanto poderia se esperar — Luke respondeu. — Ameaças, insultos e exigir o impossível.

— Qual era a demanda? — Mel relaxou a perna e deixou-a encostar em Luke. Não estava tecnicamente tocando-o, já que os dois estavam vestidos. Mas foi tão bom que ela não se afastou.

— Eu prefiro dizer a todos de uma vez. — Ele se levantou e interrompeu o minúsculo contato entre eles. Mel não ficou desapontada, nem um pouco. Ele foi até a mesinha de cabeceira e vasculhou a gaveta de cima.

— O que você está fazendo? — Ela não conseguiu evitar que o sorriso aparecesse nos cantos dos lábios.

Luke puxou uma pequena bolsa de veludo preto da gaveta e jogou para ela.

— Acho que você deveria ter isso de volta.

Sem nem mesmo colocar a mão na bolsa, Mel sabia o que era. Mas ainda assim a virou e deixou a pedra transparente suspensa em uma corrente de prata cair em sua mão. A pedra de vidência. A maldita coisa que começou essa confusão. Com isso, ela poderia rastrear a mulher que matou seus pais. Luke tinha roubado dela depois que ela roubou uma gema de berilo vermelha chamada Esmeralda Escarlate de seu cofre.

— Por quê? — ela perguntou. Cassie não estava melhor, a Esmeralda Escarlate há muito estava nas mãos de um comprador desconhecido. Tudo o que ela tinha feito por ou para Luke só piorou as coisas.

Luke fechou a gaveta.

— Fizemos um acordo. Você cumpriu sua parte no trato e sou um homem de palavra.

Se era esse o caso, por que parecia que ela tinha levado um soco no estômago? Mel tinha conseguido o que queria e poderia simplesmente sair pela porta agora e nunca mais olhar para trás. Mas isso parecia muito errado.

— Você está me dizendo para ir embora? — Se o trabalho estivesse concluído, por que ela ficaria?

Luke deixou sua pergunta pairar no ar por um momento.

— Não quero você aqui porque você espera um pagamento. Não quero esse tipo de obrigação entre nós.

Ela não podia reagir a isso, ela não sabia como. Em vez disso, Mel colocou a longa corrente em seu pescoço e deixou a pedra descansar debaixo de sua camisa bem entre os seios.

— Você não deveria manter minhas joias inestimáveis em seu cofre?

Luke sorriu.

— Você iria roubá-las se eu as deixasse em um lugar tão óbvio. — Ele caminhou até o pé da cama e colocou as mãos em cada lado dela. Mel não cedeu, ela nunca cederia seu espaço para um alfa. Mas tudo que Luke fez foi beijar rapidamente sua bochecha e se afastar.

— Vamos conversar com os outros. Tenho novidades.






Mel não disse nada a ele no caminho para o quarto de Cassie. Luke estava em guerra consigo mesmo. Ele não sabia se era certo devolver a pedra, mas o pensamento de que ela permanecesse por obrigação, ou apenas porque era um trabalho, não o agradava. Mel não era apenas uma parceira de negócios que desapareceria noite adentro assim que tudo isso acabasse. Ela era sua companheira.

Pelo menos, ele achava que era.

E agora que Mel não tinha nenhum motivo para ficar, ele queria que ela ficasse por perto para ver se essa coisa entre eles realmente iria florescer em algo real. Dez minutos no México mal contavam e, da próxima vez que colocasse as mãos nela, não a soltaria. Nenhuma ligação iria interromper a próxima vez que tivessem um tempo a sós.

Mas no momento precisava manter a cabeça no jogo. Talvez Krista soubesse algo sobre o que Tim e os outros bruxos queriam. O bando se reuniria em breve e ele precisava reunir o máximo de informações sobre seu inimigo e o que ele procurava antes de falar com seu círculo interno. O que quer que estivesse por vir seria perigoso e ele precisava que todos estivessem o mais preparados possível.

Ele abriu a porta do quarto de Cassie e viu Krista sentada em um banquinho ao lado da cama de sua irmã. Maya estava meio passo atrás dela e a bruxa segurava a mão de Cassie, falando baixinho. Apesar de seu tom, ele podia ouvi-la.

— Isso pode afetar sua capacidade de se transforma depois que tudo isso for resolvido.

— Alguma ideia de quando isso vai acontecer? — Cassie perguntou.

Luke ficou feliz em ouvir sua irmã falando. E se não fosse pela pressão horrível de encontrar uma maneira de recuperá-la, de fazer tudo isso terminar, ele teria passado cada momento neste quarto com ela.

Mas seja o que fosse que a bruxa estava propondo, o deixava nervoso. Especialmente quando Krista e Cassie se enrijeceram ao perceber que ele havia entrado. Maya não se mexeu e ele não sabia se era porque ela estava escondendo sua reação a ele ou, porque não tinha nenhuma para mostrar.

— O que vai afetar sua habilidade de se transformar? — Ele tentou manter a calma. Mas Cassie demorou tanto para se transformar, ela já havia perdido tanto por causa disso, que ele não podia deixá-la se sacrificar tão facilmente.

Ele ouviu Mel se encostar na porta atrás dele. Krista meio que girou em seu banquinho para poder dar uma olhada. Ela se moveu um pouco para que Cassie pudesse vê-lo também. Sua irmã sorriu para ele e Luke sentiu uma pontada no peito. Desde que foi enfeitiçada, ela perdeu peso, suas bochechas ficaram encovadas e sua pele estava pálida. Parte dela estava desaparecendo e não havia nada que ele pudesse fazer para resolver. Exceto dar aos bruxos algo que ele não sabia que tinha.

— Oi — disse Cassie, com a voz rouca e doce. — Me dê um abraço. — Ela estendeu os braços. Pelo menos não estava algemada no momento.

Krista se levantou e ele tomou seu lugar, sentando-se ao lado da irmã e puxando-a para perto. Ela parecia uma pena em seus braços, frágil o suficiente para flutuar em uma brisa forte. Mas ele também podia sentir um núcleo de força dentro dela para sair dessa situação. Ele beijou sua bochecha e perguntou:

— Do que a Krista está falando?

Ele esperava que a bruxa falasse, mas foi sua irmã quem respondeu.

— A Krista acha que pode impedir minha transformação. Talvez me deixe controlar isso. — Ela encontrou seus olhos, que eram tão semelhantes aos dele. Às vezes, as pessoas diziam que era impossível dizer que eram meios-irmãos Essas pessoas jamais deveriam ter prestado atenção aos olhos de Cassie.

— Parece perigoso. — Sem mais informações, ele não poderia deixar sua irmã prosseguir com uma coisa que poderia isolá-la de algo tão vital. Ele olhou para Krista.

— O que você está propondo? — A pergunta saiu como uma ordem grosseira.

Maya enrijeceu, mas não disse nada.

Krista olhou para Mel antes de falar, com um sorrisinho aparecendo no canto de sua boca. A expressão desmentia suas palavras.

— Pense neste feitiço como um vírus de computador — disse ela. Luke ergueu uma sobrancelha e ela continuou explicando. — Se a Cassie fosse um computador, a mudança de forma seria um programa rodando em segundo plano. Está sempre lá, mas nem sempre ativo.

— Sim, sei como funciona.

Krista tentou cruzar os braços, mas estremeceu e deixou o braço ferido solto.

— O feitiço tem como alvo a transformação dela. Acho que quando tentei quebrá-lo, algo aconteceu. Eles foram amarrados em um grande nó. Posso desfazer o nó, bloquear o vírus de seu programa de transformação, por assim dizer, mas isso pode impedi-la de se transformar.

Luke olhou para Cassie.

— Não, é muito perigoso. Não depois... — Ele parou de completar a frase.

Mas Cassie completou para ele.

— Não depois que me meti nessa confusão porque eu queria tanto me transformar? Não depois que eu me deixei ser sequestrada por vampiros? Não depois que fiz isso comigo mesma? Qual dessas opções é a certa, Luke?

— Não foi isso que eu quis dizer. — Saiu mais duro do que ele pretendia. Cassie só foi sequestrada depois de tentar fazer um acordo com Mel semanas antes, quando ela era sua prisioneira. Os vampiros usaram um lapso momentâneo em sua guarda para se esgueirar e tomá-la. Tudo parecia ter acontecido há séculos agora, mas parte disso era porque ele não teve tempo para realmente lidar com as consequências.

Ela endureceu a mandíbula.

— A escolha não é sua.

— O inferno que não é. — Luke queria se levantar, andar de um lado para o outro, mas permaneceu sentado. — Você está no meu território, Cass. Acha que vou deixar uma bruxa te matar?

— Estou morrendo de qualquer maneira! — Deveria ter sido um grito, mas saiu como uma tosse rouca. — As transformações estão acontecendo cada vez mais rápido. Não sei quanto mais vou durar.

A tristeza desesperada em sua voz apunhalou Luke até o âmago. Ele queria algo contra o qual pudesse lutar, alguma forma de torná-la melhor. Em vez disso, estava preso aqui, depositando suas esperanças em uma bruxa que mal conhecia para ajudar sua irmã e salvar seu povo.

Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, Mel falou:

— As pessoas que fizeram isso com ela apareceram? Se querem algo de você, provavelmente vão quebrar o feitiço em troca.

Luke queria contar tudo a ela. Queria jogar a cautela ao vento e pedir seu conselho antes mesmo de levar o assunto a seus conselheiros de confiança do bando. Mas não conseguiu. Tinha uma responsabilidade para com seu povo e, à frente disso, não podia passar informações confidenciais a alguém que recentemente fora seu inimigo.

Ou, se não fosse sua inimiga, tinha sido pelo menos sua oponente.

Por isso, ele não chegou a responder.

— Mesmo que fizessem, por que eu acreditaria neles? — Ele se virou para Cassie. — Tem certeza de que confia na Krista para fazer isso?

Cassie assentiu.

— Sim.

Então ele respeitaria a decisão de sua irmã. Até certo ponto. Olhou para Krista, deixando apenas um pouco do seu leão interior aparecer em seus olhos. Para seu crédito, ela não vacilou.

— Se ela morrer... — Ele não terminou a ameaça antes que a bruxa assentisse.

— Entendi.




3


Mel saiu do quarto antes que Krista começasse a trabalhar em Cassie. Tanto Maya quanto Luke ficaram, o que a fez se sentir um pouco culpada por abandonar sua parceira aos leões potencialmente hostis. Mas a sensação de enjoo provocado pela magia era demais para ela, que podia sentir um peso sendo tirado de seus ombros a cada passo. Nem todo metamorfo podia sentir a magia. Na verdade, a maioria não conseguia. Mas Mel conviveu com bruxos desde os oito anos e, embora não fosse capaz de fazer magia sozinha, sentia que era uma habilidade aprendida.

Chegou ao quarto e puxou o diamante de debaixo da camisa. A corrente de prata se acumulou em sua mão, quente de sua pele. Ela rolou o diamante entre dois dedos. Nada nisso parecia mágico, não havia marcas especiais. Mas nas mãos de uma bruxa poderosa o suficiente, esta pedra poderia ser usada para rastrear Ava. Isso iria atingi-la até que Mel pudesse encontrá-la e derrotá-la de uma vez por todas.

E era a única razão pela qual tinha ficado no complexo de Luke desde que voltaram do México.

Não era?

Pegou sua bolsa e colocou o colar em um compartimento escondido. No que dizia respeito à segurança, faltava qualquer coisa que ela aceitaria em circunstâncias normais. Mas não tinha outro lugar para escondê-lo além de usá-lo o tempo todo, e se Krista visse, se perguntaria por que Mel não tinha feito as malas e deixado o lugar no momento em que Luke balançou o diamante diante dela.

Mel empurrou a bolsa para debaixo da cama e pulou no colchão bem a tempo de ver Krista entrar mancando. A bruxa estava coberta por uma fina camada de suor e com a pele pálida. Parecia não dormir há três semanas.

— Deu certo? — perguntou Mel. Ela não tinha ouvido nenhum grito, o que parecia uma melhora, mas não havia como dizer.

Krista se apoiou contra a porta e se deixou afundar no chão bem devagar. Ela caiu com um baque e puxou as pernas para perto, descansando a cabeça no joelho.

— Acho que sim. A garota conseguiu. Maya vai colocar um dos membros mais antigos do bando para monitorá-la. Acho que se não se transformar nas próximas doze horas, ela deve ter controle suficiente para sobreviver até... — Krista não terminou o pensamento. Não precisava.

— Bom, estou feliz que ela vai ficar bem. — Mel não se preocuparia com o que poderia acontecer depois. Eles pararam a ameaça imediata, que era tudo o que podiam fazer no momento. — Você foi capaz de descobrir quem lançou o feitiço? — Mel estava acostumada a não saber para quem trabalhava, mas não suportava não conhecer seus inimigos.

A voz de Krista foi abafada contra a perna e Mel mal podia vê-la balançar a cabeça.

— Não, tive que parar de procurar quando a Cassie começou a se transformar.

— Você tem alguma ideia? — Esse tipo de magia era estranha. Quase qualquer bruxa poderia fazer, mas fazê-lo sem deixar uma conexão clara entre o feiticeiro e a feitiçaria sugeria alguém com imenso poder e habilidade. Poucos bruxos optavam por usá-los. Elas criaram um vínculo que poderia ser manipulado e voltado contra a bruxa responsável. A maioria via isso como um risco muito grande para ser assumido.

— Um nome me vem à mente. — Krista se levantou devagar e se dirigiu para a cama. O quarto não tinha sido originalmente feito para duas pessoas e Mel reivindicou a cama de solteiro no segundo em que entrou. Isso deixou Krista com uma cama improvisada que ela dizia ser muito confortável. Mel tinha tentado oferecer a cama depois do seu ferimento, mas a bruxa não quis. — Mas se for ela... — continuou Krista — seria muita coincidência.

— Ava. — O nome encheu Mel de raiva e um senso de propósito. Se ela tivesse lançado o feitiço em Cassie, Mel não teria motivo para aquela pedra. Haveria uma matilha inteira de leões caçando a bruxa, e demoraria apenas um certo tempo até que a encontrassem. Mas não se tratava apenas de Cassie. Ava matou a família de Mel, sua matilha inteira, quando ela era apenas uma criança. O objetivo de sua vida era se vingar da bruxa. E ela nunca tinha estado tão perto.

— Ou alguém que ela treinou. Não consigo imaginar nenhum dos outros covens principais fazendo isso. — Tudo se resumia à política. Oficialmente, Ava não controlava nenhum território, mas não era afiliada a nenhum clã. Qualquer coisa que ela reivindicasse era abandonada assim que ela conseguiu o que queria. — Mas — continuou Krista —, mesmo que seja ela, queremos realmente lutar com ela aqui? Agora? — Ela gesticulou para sua ferida. — Não estou exatamente em ótima forma e não conhecemos essas pessoas.

— Você está sugerindo que joguemos fora aliados em potencial? Eles não são exatamente estúpidos para ir contra ela. — Ninguém que conhecia Ava se opôs a ela por muito tempo. O melhor curso de ação para lutar com ela era evitá-la.

— Essas pessoas eram nossos inimigos há duas semanas. Você não acha que eles vão se voltar contra nós no segundo que tiverem uma chance? — Uma veemência inesperada soou nas palavras de Krista. — Não há nada para nós aqui, Mel. Provavelmente deveríamos pensar em fazer as malas antes que o território deles queime.

Mel não respondeu. Não podia discutir com Krista, especialmente porque ela provavelmente estava certa. Em vez disso, deixou a bruxa por conta própria e saiu, determinada a extravasar um pouco da energia que queimava dentro de si.

Ao sair, viu Maya descendo as escadas carregando uma bandeja cheia de sopa fumegante. A leoa não disse nada e Mel devolveu o favor. Maya não parecia de bom humor e Mel não tinha vontade de contrariá-la. Ainda não.

Mas as palavras de Krista a assombravam. Ela nunca foi tão rápida em confiar, tão rápida em dar sua lealdade. No entanto, quando se tratava de Luke Torres, Mel estava com medo de descobrir o que faria. Traição estava fora de questão. O pensamento a deixou enjoada e ela não conseguia imaginá-lo se virando contra ela. Só não sabia se poderia ficar e torcer pelo melhor. Ele era um alfa, ela era uma ladra sem matilha. Seus mundos não se misturavam.

Nunca.

Mel se viu do lado de fora do quintal de Luke. Um pequeno pedaço de gramado bem cuidado que terminava na densa floresta do Colorado. Caminhou até as árvores e, uma vez encoberta, tirou as roupas e se inclinou para mudar de forma. Demorou algum tempo. Suas transformações completas não eram nada de especial, não eram mais dolorosas depois de anos de prática, mas demorou mais de um minuto para ir de humana a leopardo.

Uma vez completada a transformação, ela se espreguiçou, deixando suas longas garras cavarem na terra macia. A pequena destruição, o reordenamento, foi bom. Podia sentir cada tendão de seu corpo felino, a força enrolada em linhas flexíveis e letais. Não havia nada melhor do que isso. Nem mesmo roubo.

Saiu correndo, deixando o vento conduzi-la pela floresta, esquivando-se e subindo em árvores enquanto avançava. Continuou por tanto tempo, que ela perdeu a noção das horas, não que isso importasse para ela dessa forma. Um leopardo não precisava de relógios.

Uma eternidade ou um segundo depois, sentiu um cheiro delicioso, felino como ela, mas diferente, masculino e cheirando a savana em vez de selva. Um leão. Seu leão. Ele tinha saído para brincar e, por enquanto, ela queria ver seu companheiro.




4


Luke quase vomitou assistindo Krista trabalhar em Cassie. Ele nunca tinha visto a bruxa trabalhar, nunca tinha visto nenhuma bruxa fazer magia. E agora ficaria feliz se nunca mais visse uma bruxa lançar um feitiço em outra pessoa novamente. Cassie se contorceu, gritando e implorando para que parassem. Mas Krista os avisou que a garota faria isso e que, se parassem, só a machucaria mais a longo prazo.

Luke queria acabar com aquilo, mas Cassie queria que Krista executasse o feitiço. Então, não importava a dor, ele não impediu Krista e impediu Maya de fazer o mesmo.

Talvez Mel tenha tido a ideia certa. Ela escapou antes que o indefinível cheiro de magia invadisse a sala e ele não soubesse para onde ela tinha ido. Talvez de volta ao quarto, ou quem sabe o estivesse roubando às cegas. Agora que tinha a pedra que ela veio buscar, ela poderia simplesmente desaparecer, já que seu único objetivo em trabalhar com ele alcançado. Foi estúpido. Ele sabia que tinha sido estúpido, mas isso não o impediu.

Assim que o alfa tomou uma decisão, ele a seguiu. Com determinação foi como ele permaneceu como alfa.

Quinze minutos depois que a magia começou, ela foi cortada. Os gritos de Cassie foram silenciados e o único som no quarto era a respiração ofegante de Krista.

Luke observou a irmã. O suor grudou seu cabelo loiro no rosto e ela respirava fundo, seu peito subindo tenso com cada inalação. Ela estava viva, inconsciente, mas viva. Ele voltou seu olhar para Krista. Sua pele cor de mel estava pálida e, assim como sua irmã, ela estava coberta de suor. Se fosse possível, ele acharia que ela havia perdido cinco quilos em poucos minutos. Parecia esgotada, exausta, horrível.

— Pronto, Alfa — disse ela, seu olhar castanho duro como aço. — Ela está viva.

Luke não tinha mais energia para ameaças. Cassie estava viva, isso era tudo que importava. Eles resolveriam o resto pela manhã.

— Obrigado — disse ele e saiu do quarto. Krista o seguiu e andou trôpega pelo corredor até os aposentos que compartilhava com Mel.

Maya foi a última a sair.

— Vou pedir a Ginny para vir ficar com ela. — Ela observou Krista, — Ela arriscou sua vida para salvar Cassie.

Havia algo que Maya não estava contando a ele, mas ele confiava nela para guardar seus próprios segredos.

— Eu a agradeci. Ela e Mel são minhas convidadas. — Ele tomou uma decisão certa então que poderia ser ainda pior do que devolver a pedra a Mel se estivesse errado. — Absolvi Mel de seus crimes, assim como os seus associados.

Ele saiu antes que Maya pudesse questionar. Precisava correr.

Deixar sua própria casa sem interrupção não deveria ter sido uma tarefa tão difícil, mas entre os vampiros, bruxos e ladrões correndo desenfreados, ele e seus leões estavam em alerta máximo. Ainda assim, Luke cronometrou certo e chegou à floresta sem incidentes. Era assim que Mel se sentia, ele se perguntou, quando entrava de formar furtiva na casa de estranhos na calada da noite para levar seus pertences?

Ele esperava que ela sentisse mais do que aborrecimento com a tarefa. Uma mistura de medo e alegria, o mesmo que o dominou durante a excursão ao México. Se não fosse por Inicio Nunca, suas memórias poderiam ser melhores. O homem matou o pai de Luke há mais de vinte anos. Para completar a missão, Luke e Mel o deixaram viver. Algum dia, Luke caçaria Nunca e teria sua vingança. Mas não seria hoje. Nem logo.

Ele tirou as roupas e se agachou para se transformar. Mas antes mesmo que a primeira ondulação pudesse atingi-lo, ele paralisou. Ele não estava sozinho na floresta. Sua ladra estava assistindo. Esperando.

Era um ato íntimo se transformar na frente de outra pessoa. Mas saber que Mel estava assistindo não o impediu. A mudança foi rápida, como sempre. Em um momento ele era um homem agachado no chão da floresta, e menos de dez segundos depois em seu lugar estava um leão gigante, que se encaixaria melhor na vasta extensão da África subsaariana do que nas florestas e montanhas no meio dos Estados Unidos.

Mas não havia nenhum outro lugar que ele preferisse estar no momento. Especialmente não depois que um lindo leopardo negro escapuliu das árvores e cruzou seu caminho. Ela se aproximou, acariciando sua crina com o rabo e disparou antes que ele pudesse impedi-la.

Luke não rugiu. Este não era um jogo para sua matilha, era pessoal. E ele não estava disposto a compartilhar sua companheira com ninguém. Nem agora, nem nunca. Quanto mais cedo ela perceber isso, melhor.

Ele a perseguiu, assustando uma lebre que saiu de um arbusto. Mas ele não tinha interesse nisso, ainda não. Sua presa não era tão fácil de assustar. E depois de vários minutos correndo sem vê-la, percebeu que talvez ele, e não ela, fosse a presa. Se ela pensava que ele toleraria isso, Mel se enganaria.

Luke parou, ouvindo a floresta silenciosa. Ele a tinha perseguido antes, mas parecia uma vida atrás. Não havia raiva nele agora, não por ela. Um galho se quebrou à sua frente e ele quase decolou, mas no último momento se conteve. Sua ladra era inteligente. Ela não se deixaria ser pega por uma oferta tão simples.

Ele avançou devagar, com o corpo abaixado no chão. O cheiro dela estava em toda parte, permeando a floresta ao seu redor. Conseguiu identificar uma trilha, mas ela a havia circulado e ido em várias direções. Esta não era a primeira corrida de Mel nesta floresta. Mas ele encontrou a trilha mais recente e correu atrás dela, com os sentidos abertos.

De alguma forma, Mel havia se escondido. Ele percorreu o que pareceram quilômetros sem vê-la.

Ela estava nas árvores. Percebeu isso um momento tarde demais quando ela caiu sobre ele, batendo de leve em seu lado antes de correr novamente. Desta vez, Luke estava em vantagem. Ele era maior, mais rápido e totalmente familiarizado com esta floresta.

Cobriu a distância entre eles em passadas enormes, suas patas cobrindo o chão sob ele como se fosse nada. E então ele pulou, pousando em cima de Mel e prendendo-a no chão. Ela lutou por um momento e depois ficou imóvel. Ele mordiscou seu pescoço, não para machucá-la, mas apenas para mostrar que ela foi pega.

Depois disso, correram juntos, perseguindo animais e competindo entre si. Isso continuou por um longo tempo e Luke se sentiu mais feliz do que desde antes de conhecê-la. Os pensamentos sobre suas responsabilidades haviam recuado para o fundo de sua mente e ele se concentrou exclusivamente em passar um tempo com ela.

Eles se deitaram juntos em um pequeno recanto gramado que ele mostrou a ela, pois seus corpos precisavam descansar. Ele apoiou uma pata sobre sua forma felina e sentiu sua respiração relaxar e se equilibrar. Pela primeira vez, tudo parecia exatamente certo e ele se permitiu dormir.






Mel estava na forma humana quando acordou, o que foi um pouco desconcertante com a pata do leão gigante apoiada em seu abdômen nu. Ela podia sentir o peso do enorme membro de Luke em suas costelas, mas teve medo de se soltar. Ele não a machucaria de propósito, mas estava dormindo e seus instintos podiam entrar em ação, eviscerando-a antes que ele soubesse o que estava fazendo.

Ela se moveu devagar, levantando sua pata por centímetros até que teve espaço suficiente para rolar e se afastar do alcance de suas garras. Ou teria se ele não tivesse mudado de posição um segundo antes de ela se mover, esmagando-a mais uma vez. Mel soltou uma risadinha.

Pelo lado positivo, a pata dele não estava mais em seu estômago e ela poderia tentar acordá-lo sem medo de ferimentos graves. Aninhou a cabeça em sua crina, sentindo o calor de sua pele envolvê-la. Mesmo na noite fria, se sentia bem; ele era melhor que um cobertor gigante.

Luke estremeceu e o pelo recuou, sua forma diminuindo para a de um homem de tamanho normal. Um homem normal e nu. Ele a puxou para perto com braços agora humanos e Mel se viu em um tipo de problema completamente diferente.

Luke deixou uma trilha de beijos em seu pescoço e traçou seu queixo.

— Olá — disse ele. — Tirou uma boa soneca?

— Hummm. — Ela não tinha vontade de falar, não quando os lábios dele poderiam ser usados ​​de maneira muito melhor. Inclinou a cabeça para baixo, capturando seus lábios nos dela, lançando a língua em sua boca. Sim, isso era muito, muito melhor. Por que ela se impedia de tocá-lo? Isso parecia muito certo.

Eles ficaram deitados entrelaçados, beijando-se por algum tempo antes de Mel deixar as mãos explorarem os planos tensos do peito de Luke. O homem tinha músculos rígidos e definidos que podiam levantar um carro acima de sua cabeça. Bem, poderiam fazer isso se levasse em consideração a força do metamorfo.

Suas mãos desceram cada vez mais, roçando a evidência de sua excitação.

Luke rolou, prendendo-a no chão debaixo dele. Em outra ocasião, ela poderia ter objetado, mas agora parecia certo. Não se tratava de dominação. Tratava-se de conexão, prazer. Ele se afastou de seus lábios, sorrindo para ela.

— Você é linda — disse ele, com os olhos brilhantes e um sorriso nos lábios. — Eu nunca quis ninguém como quero você.

Uma parte de Mel queria se defender daquele olhar. Podia sentir isso a invadir, mudando algo bem no fundo. Era loucura. Deveria ser divertido, nada mais. Dois adultos aproveitando. Então ela sorriu de volta para ele e disse a si mesma que não era nada sério.

— Então me mostre — respondeu.

Ele pairou sobre ela e em seguida se abaixou, tomando um mamilo na boca e girando a língua ao redor. Ele traçou sua marca, se imprimindo nela. Mel gemeu e entrelaçou os dedos em seu cabelo. Isso era bom. Muito bom. Luke sabia bem o que fazer com a língua. Ela passou uma perna em volta do quadril dele, deixando-se aberta para ele.

Mel o queria dentro de si, profundo e duro.

Ele não entendeu a dica, ao invés disso, contente em brincar com seus seios. Não que ela estivesse reclamando. Podia sentir-se ronronando de prazer. Fazia muito tempo desde que se permitiu ter isso.

Se fosse honesta, admitiria que nunca tinha se sentido assim.

Mas Mel raramente era.

Luke se afastou de seus seios, beijando sua barriga e uma perna, chegando ao ápice de suas coxas. Mel se remexeu um pouco e sentiu a grama embaixo do corpo. Um pequeno movimento e ela sentiu algo a furar.

Ela saltou, empurrando Luke para longe enquanto avançava.

Ele se esparramou para trás e a observou enquanto ela limpava o bumbum, jogando um enorme pedaço de casca para as árvores.

— O que houve? — ele perguntou com o rosto iluminado de preocupação.

Mel olhou para as manchas de sujeira em seus dedos e de volta para Luke. A excitação ainda corria quente dentro dela, mas tinha sido reprimida pelo ambiente. — Quando transarmos — disse ela —, vai ser em uma cama. Ou no chão, ou em uma mesa, eu realmente não me importo, contanto que não tenha cascas na minha bunda. — O ar livre dominava alguns, e Mel adorava correr como leopardo. Mas quando usava sua forma humana, era uma mulher que preferia coisas mais finas. Como cobertores e pisos. E sem cascas.

Luke olhou ao redor e pareceu perceber o cenário. Ele riu, o som explodindo em seu peito.

— Eu tenho uma cama — disse ele. Parecia uma promessa.

Ele se levantou e ofereceu-lhe a mão. Mel a segurou e deu um beijo rápido em seus lábios. Não sentiu vergonha de sua nudez. Era um fato da vida e ela gostava de seu corpo. Enquanto voltava para onde havia deixado suas roupas com Luke seguindo atrás, ela quase podia sentir seus olhos na sua bunda balançando.

Ela estava feliz que ele gostasse de seu corpo também.





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Tudo tem um fim…

Tudo tem um fim…

Mel prometeu a si mesma que se vingaria da bruxa que matou sua família ou morreria tentando. Agora, como ladra de renome mundial, ela está pronta para fazer o bem. Mas as coisas são complicadas. Aquela bruxa, Ava, não se limitou a visar Mel. Ela está vindo atrás das únicas pessoas no planeta com quem a ladra se preocupa.

A vingança é melhor servida quente…

Luke nunca poderia ter previsto a forma como Mel o derrubaria. Mas agora, ele vai fazer de tudo para salvar a vida da irmã e capturar o coração de sua ladra. Ava ameaça sua matilha, determinada a roubar um artefato mágico de imenso poder que ele nunca soube que possuía.

Se apaixonar nunca foi tão mortal…

No meio de tudo isso, Luke e Mel se encontram. Mas ela não sabe como ter relacionamentos, e a matilha dele não está interessada em ter uma ladra como sua alfa. Quando os dois estão juntos, a relação é explosiva. Mas esse fogo irá se extinguir… ou destruir.

Translator: Andreia Barboza

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