Книга - Baralho Lido — Uma Novela Da Justice Security

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Baralho Lido - Uma Novela Da Justice Security
T. M. Bilderback








BARALHO LIDO

UMA NOVELA DA JUSTICE SECURITY


Por

T. M. Bilderback

Traduzido Por

Maria Joao Correia De Brito


Copyright 2020 por T. M. Bilderback

Capa design por Christi L. Bilderback

Foto da capa Can Stock Photo / prg0383

Todos os direitos reservados.

A cidade descrita nestas páginas é imaginária. A história é ficção, e qualquer semelhança das pessoas fictícias nesta história com as pessoas reais é uma vergonha danada.




Sumário


Página do Título (#ud00069a8-954b-50ef-9892-a87126fbb6ee)

Página dos Direitos Autorais (#u444e3304-1bbf-5893-8233-c8ca67052e06)

ÍNDICE (#u7a7a2e3d-e7df-5934-910f-90e9c1413aa9)

Capítulo um (#ue68e5ba0-d51b-5001-89df-6ba5d4644b29)

Capítulo dois (#u3f20a2a3-07fe-5734-ac54-3841d897c07b)

Capítulo 3 (#ud33ffa5a-6159-5870-bfd5-9bf436020893)

Capítulo 4 (#ud492596d-2d20-5e8a-89d3-261df5214601)

Capítulo 5 (#u1341993c-6ec6-5766-99c4-81c520778ceb)

Capítulo 6 (#u941ecd8c-2c4e-5209-ac6c-c2401c1eb2c0)

Capítulo 7 (#u832c2bba-e850-5bba-90ee-46b0cde9134b)

Capítulo 8 (#udd87243b-d79f-559e-9388-04eb1d696341)

Capítulo 9 (#uc3ceb8c6-a7bb-504f-bf59-7c2ae3b77d0f)

Capítulo 10 (#u5107f6df-16fd-55fd-9b6a-b98a5b91a31a)

Capítulo 11 (#u95eacccf-5220-5c1a-9397-34b85a9fef3b)














ÍNDICE







Informação sobre os Direitos Autorais

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4 (#ue5df57d9-6187-4536-bf14-9f2f3bf23941)

Capítulo 5

Capítulo 6 (#u62755a48-0735-4c77-b3c0-9d3a6fcfbf62)

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Sobre o Autor

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Capítulo um







O Capitão Baker mostrava-se completamente inflexível.

“Tu vais a este seminário. Vais levar o Tanner, vais prestar atenção, e vais responder-me com um, ‘Sim, senhor’. Estou a ser claro?”

Os lasers que tinham começado a disparar dos meus olhos finalmente pararam e o fumo dissipou-se.

Entre dentes cerrados, murmurei, “Sim, senhor.” Notavelmente tinha o mesmo tom e ênfase que “vá-se lixar.”

O ponto deve ter atingido o alvo, porque o capitão disse, “Estou surpreso. Está a ser organizado por uns velhos amigos teus. Pensei que ias ficar feliz por ires.”

Olhei para Baker, a suspeita a fluir-me dos olhos. “Que velhos amigos?”

“A Justice Security.”

Recostei-me na cadeira que ocupava, e pensei sobre a última vez que eu tinha visto Joey Justiça e a Justice Security. O cartel mexicano de drogas, liderado pelo general Esteban Fernandez, tinha tentado assumir o tráfico de drogas em Chicago. A Justice Security tinha vindo à cidade e recrutado o Capitão Baker, o Sam Tanner, e eu numa tentativa de o deter. Porque tinha sido uma situação de Segurança Nacional, nenhum de nós tinha permissão para falar sobre isso. Todos nós recebemos citações presidenciais pela ajuda… incluindo o meu ex-parceiro, Manny Salazar, que por acaso tinha salvo a vida de Joey Justice.

Também tinha conhecido o Chefe do FBI Marcus Moore, o contacto entre o FBI e a Justice Security. Tínhamos desenvolvido uma relação interessante fora do caso.

Disse a Baker, “Eles não vêm outra vez para Chicago, pois não?”

Baker sorriu. “Não, graças a Deus. Vocês é que vão para lá. Por pedido especial.”

Mordi o isco. “Pedido especial?”

O Baker assentiu, ainda a sorrir. “O e-mail chegou esta manhã. A requisitar a tua presença e a do Sam neste seminário sobre um assunto top-secret qualquer.”

Após um momento, perguntei, “Quem é que enviou o e-mail?”

O Baker respondeu, “O Joey Justice.”

Merda.

“Mais alguma coisa?”

O sorriso de Baker alargou-se. “Ele disse para o considerares um pedido de Segurança Nacional, e nem sequer pensares em recusá-lo.”

Joey, seu sacana! Pensei comigo mesma.

E, em voz alta, disse, “O sacana!”

***






“Oui, chére. Eu aceito o trabalho. Não é nada complicado. Mais um trabalho e eu paro.”

“Bueno. Mas, señor, por favor, lembre-se que eu não sou um homem que aceite fracassos de boa fé.”

A voz ao telefone soltou uma gargalhada. “Chére, eu nunca falho. Ce n’est rien.”

A segunda voz soava fria. “Pode não ser nada para si, señor, mas para mim é tudo.” A pausa era ensurdecedora. “Todos eles.”

***






PUXEI O SAM PARA LONGE da caixa de donuts que estava a devorar e arrastei-o para o meu escritório. Assim que entrámos, fechei a porta.

“Qual é o problema, Mickey?” perguntou o Sam.

Explodi. “O Joey Justice! É o problema!”

O Sam vacilou.

Atirei com várias pastas para a minha secretária. “Temos todos estes homicídios para resolver, e o Justice torna a usar a autoridade conosco! Ele mandou-nos para um seminário estúpido que ele está a organizar naquela cidade dele quente e horrível!”

Sam apertava firmemente os lábios para não se rir. Por fim, disse, “Quando partimos?”

“Na maldita sexta-feira!”

O Sam olhou para mim. “Va lá, Mickey. Sabes bem que nos vamos divertir.”

Olhei para o meu parceiro enquanto um sorriso brincava nos cantos dos meus lábios. “Talvez.”

O Sam sorriu-me enquanto dava mais uma dentada no donut recheado. O meu computador anunciou a chegada de um e-mail.

Era do Joey Justice.

Cara Mickey,

A esta altura, já devem ter sido informados pelo Capitão Baker sobre o “seminário” que gostava que a Mickey e o Sam assistissem.

Também aposto que já está a roer as unhas com a maneira como escrevi.

Não há nenhum seminário.

Desculpem a mentira, mas preciso de vocês os dois aqui. Nós captámos algumas conversas. Não posso falar sobre isso por e-mail. Obviamente, você precisa de manter isto entre você e o Sam.

O Tony Armstrong vai apanhar-vos ao aeroporto na sexta. Serão nossos convidados, com as vossas próprias suítes no quinto andar, e o Sam terá livre acesso à nossa cafetaria. Está aberta vinte e quatro horas e pode preparar-lhe o que lhe apetecer.

É urgente, Mickey… não vos chamava aqui, se não o fosse.

O seu amigo,

Joey

P. S. O Marcus não sabe que vocês vêm. Planeio fazer-lhe a surpresa. Talvez vocês os dois consigam fazer o vosso próprio “enroscanço”!

Eu sorria de orelha a orelha, e li o e-mail ao Sam. Com a exceção do P. S., claro. Uma senhora tem que guardar alguns segredos, mesmo do seu parceiro.

O Sam já estava a salivar. “O que é que ele quer dizer com ‘o que lhe apetecer’?”

“A Justice Security tem a sua própria cafetaria,” expliquei. “Têm cozinheiros de serviço vinte e quatro horas por dia. A comida é grátis para os funcionários que queiram lá comer. O Joey faz isso para que o pessoal não se tenha que preocupar onde arranjar refeições. Aparentemente, ele estendeu-te a oferta…, mas acho que ele não faz ideia de onde se meteu.”

Os olhos do Sam estavam vidrados, a sonhar nos pratos exóticos que nunca tinha podido experimentar em casa, nem num restaurante. Perguntou sonhadoramente, “Gostava de saber que tipo de conversa é que ele ouviu, para ter que utilizar este subterfúgio?”

Sacudi a cabeça e li o e-mail novamente. “Não faço ideia, parceiro. Mas deve ser algo grande.”

***






HÁ TRINTA E QUATRO anos atrás, Lido Bouvier tinha nascido num pântano de Louisiana. Ambos os pais eram Cajun, e falavam mais francês do que inglês. Lido tinha aprendido a falar fluentemente ambas as línguas, mas isso era a única coisa boa sobre a sua infância.

A cabana dos Bouvier era construída em palafitas no pântano e estava cercada pelas águas pantanosas. Alguns montes de lama e ervas daninhas invadiam a água. Musgo espanhol balançava-se nas árvores e essa parte do pântano estava permanentemente escondida do sol. A cabana era instável. Durante as tempestades, o Lido perguntava-se muitas vezes se a acabana ia acabar por ruir e cair no pântano.

A mãe de Lido, Josephine, tinha perdido qualquer beleza que possuía com os demónios do álcool, e com as tareias regulares que o marido lhe dava. Ela cuidava do filho pequeno tão bem quanto podia, através da névoa alcoólica, olhos muitas vezes inchados, e ocasionais ossos quebrados.

O pai de Lido também era alcoólico. Ele fazia vinho caseiro, uísque e cerveja, mas nunca tinha vendido nenhum – com o consumo dos pais do Lido, não sobrava o suficiente para vender. O nome do pai de Lido era Pierre. Ele caçava no pântano, e caçava principalmente jacarés. Naquela época, caçar jacarés era ilegal. Mas isso não tinha parado Pierre. Ele tinha um comprador amigável com quem se encontrava num local tranquilo da baía, e o Pierre vendia-lhe todas as peles e carne de jacaré e outras peles de animais que ele tinha recolhido. A Josephine e o Lido nunca eram convidados para essas viagens. E o comprador nunca era convidado para a cabana.

Mãe e filho nunca tinham sido vistos por outras pessoas. Estavam isolados no meio do pântano, e o Pierre certificava-se de que ninguém sabia da existência deles. O Pierre tinha-se casado com a Josephine na ilha da Martinica, e tinha-a passado para os Estados Unidos através de Nova Orleãs, em seguida, para o pântano. Ninguém, além do Pierre, sabia que ela estava nos Estados Unidos.

O Lido tinha nascido na cabana. A Josephine não tinha tido epidural, nem treinos, nem médico. A única anestesia tinha sido uísque a cem por cento. Quando o Lido tinha feito a sua aparição, o Pierre tinha batido no rabo do bebé… ou, pelo menos, tinha tido essa intenção. O Pierre estava bêbedo demais para conseguir acertar e acabou por esbofetear o bebé na cara. No entanto, o resultado tinha sido o mesmo – a criança tinha começado a chorar em altos gritos.

Bater no rosto do filho era uma prática que o Pierre tinha mantido ao longo dos anos.

A Josephine deu o nome de “Lido” ao filho, nome que vinha de uma praia italiana que ela tinha visitado em criança.

Quando Pierre celebrava uma grande venda de peles de jacaré e peles de animais, ele ficava geralmente extremamente bêbedo. Durante esses períodos de bebedeira, usava a mulher, e ocasionalmente o filho, como sacos de box. Josephine geralmente suportava o peso desses espancamentos abusivos, mas, ocasionalmente, se Josephine estava demasiado bêbeda ou muito ferida para proteger a criança, Pierre batia no estômago ou no rosto do Lido. Os socos eram suficientemente fortes para atirar com a criança pequena contra a parede. O Pierre achava isso muito engraçado e costumava desatar a rir-se até desmaiar com a bebedeira.

O Lido tinha oito anos quando a mãe morreu. Tinha ido acordá-la para o pequeno-almoço, mas ela não tinha acordado. O pai tinha desmaiado no velho sofá da cozinha/ sala de estar. Lido tinha sacudido o pai, aterrorizado sem saber com que humor é que o pai ia acordar. Quando o pai tinha acordado, o Lido tinha dito, “Não consigo acordar a Maman.”

Pierre tinha pedido ao rapaz para repetir as palavras duas vezes, antes de registar a mensagem. Pierre tinha-se sentado, esfregado as mãos sobre o rosto duas vezes como se o estivesse a lavar, e tinha-se levantado. “Mostra-me.”

O Lido tinha levado o Pierre a Josephine, que estava mesmo morta. Ele há quase duas semanas que não lhe batia, e ela não tinha bebido na noite anterior. Tinha aparentemente morrido de causas naturais.

Lido não podia ter certeza se era uma lágrima na face do pai, ou apenas uma gota de suor da umidade.

“Está morta. Fica aqui, garçon.” Pierre pegou na mulher ao colo e levantou-se. “Vou enterrar a maman, e depois falamos, non?”

“Sim, Papa,” respondeu o Lido.

Pierre colocou a Josephine por cima do ombro, estilo bombeiro, e desceu as escadas para o barco largo de chão liso. Da última vez que o Lido viu a mãe ela estava estendida no chão do barco, enquanto o Pierre remava e se embrenhava pelo pântano

Mais tarde nessa noite, o Pierre tinha voltado, manobrando calmamente o barco em direção à escada. Tinha pousado o remo, atado o barco a um dos postes da palafita e subido para a cabana.

O Lido sentava-se em silencio na pequena mesa da cozinha.

O Pierre estava sóbrio…por enquanto.

“Comeste alguma coisa?”

O Lido abanou a cabeça.

Sem uma palavra, o Pierre abriu um dos armários e retirou duas maçãs. Passou-as ao miúdo.

“Come isso e vai para a cama.”

Enquanto o Lido dava uma dentada, o pai tinha dito, “Amanhã vais aprender a caçar jacarés, non?”

***






“OH, É TÃO grande!” disse a loura, saltando para o colo do Manny Salazar.

Manny, que examinava os seios nus da mulher, disse distraidamente, “Ai, é?”

“Oh, Sim! Nunca tinha visto uma janela tão grande num escritório tão pequeno!”

O Manny, que estava nu, deslizou mais para trás na sua cadeira para se poder mover com mais energia. É claro que a jovem sentada ao colo dele também estava nua e usava uma parte do corpo para embrulhar parte do corpo de Manny. Para prazer do Manny, ela movia as ancas lentamente, para cima e para baixo ao longo do seu pénis.

A cabeça do Manny deslizou para baixo das costas da cadeira, mesmo quando a cabeça da mulher se elevava ainda mais.

O Manny ouviu um TIN! Que soava como vidro a partir-se. E ele viu que um pequeno buraco redondo tinha aparecido na testa da mulher e um bom bocado de crânio e miolos lhe tinha salpicado a secretária e a parede oposta à mesa.

A mulher tinha-se tornado num peso morto.

Manny ejaculou involuntariamente.

***






O MEU TELEFONE ESTAVA a tocar.

Tinha acabado de dar uma dentada enorme numa sanduiche de salsicha italiana do Lucky, por isso não pude atender de imediato.

Lancei um grunhido ao Sam.

Ele sorriu. “Queres que atenda, Mickey?”

Eu acenei com a cabeça extravagantemente.

Com uma gargalhada, o Sam pressionou o botão. “Chicago PD, Detetive Tanner.” Pausa. “Espere, o quê?” Pausa. “Oh, merda. E tem que ser ela?” Pausa.

A esta altura, já tinha mastigado metade da sanduiche que tinha enfiado na boca. “O que é que se passa, Sam?”

Sam colocou a mão sobre o receptor e disse: “É um polícia de patrulha. Diz que recebeu uma chamada do cento-e-doze para um escritório de um detetive privado. Uma mulher foi morta a tiro. A bala entrou pela janela.”

Eu estava a ter um mau pressentimento. Tinha medo de verbalizar quem eu pensava que o detetive privado era.

“Foi o Manny que telefonou.”

O, merda. Claro que tinha sido.

“Ela e o Manny estavam…en flagrante delicto.” E para o telefone, o Sam disse, “A sério?” Para mim disse, “Ele ejaculou quando a parte de trás da cabeça dela explodiu. Depois caiu para o chão.”

Balancei a cabeça. Poderia este dia ficar pior?

Agarrei na mala e no casaco. “Então vamos para la.”

***






“Bon sang!” A arma estava agora desmantelada e arrumada na maleta. Enquanto saia do edifício do outro lado da rua, em frente ao escritório do Manny, o assassino encolheu os ombros. “Malchance. Mas, talvez a minha sorte mude!”

***






OUVI O MANNY ASSIM que entrei no elevador.

“Como raio e que havia de saber? Desde que deixei a polícia, não tive casos nenhuns que levassem alguém a querer matar-me!”

O Manny viu-me enquanto eu me aproximava pelo corredor em direção ao escritório dele. “Mickey! Diz-lhes! A maioria das pessoas adoram-me!” Estendeu as mãos abertas enquanto o dizia.

Tinha uma toalha enrolada à volta da cintura.

Sacudi a cabeça. “Manny, o que é que tu fizeste?”

Os olhos arregalaram-se em surpresa. “Mickey, sabes melhor do que isso!”

A caminho daqui o Sam tinha-me perguntado o que é que se tinha exatamente passado quando o Manny tinha deixado a polícia. O Manny e eu tínhamos sido parceiros durante anos – o Sam sabia disso. Também sabia que o Manny tinha deixado a polícia com desonra, por causa dum escândalo qualquer. O Sam e eu éramos parceiros há quatro anos… desde que tinha sido promovida a Tenente.

Eu sabia que este dia havia de chegar quando ele iria querer saber. Aparentemente, era hoje.

Respirei fundo. “O Manny e eu tínhamos sido designados para um caso de rapto de uma criança. Trabalhávamos no caso o melhor que podíamos. Os Federais não eram muitos com este caso porque tinha acontecido dentro da cidade, e sabes como os polícias locais trabalham com os Fedes.”

O Sam fungou. “Pois. Basicamente não trabalham. A não ser que sejam recrutados, como aconteceu com o Justice.”

Assenti e sorri. “Tens razão. Bom, quando isso aconteceu era o meu dia de folga. Tinha-me posto em calções, t-shirt, um rabo-de-cavalo e um boné dos Cubs e saí pela rua fora em direção a Wrigley. Acho que os Cubs iam jogar contra Atlanta, ou qualquer coisa assim… não me lembro muito bem. Mas lembro-me de que não tinha o telemóvel comigo. Tinha-me esquecido dessa coisa – de propósito – e nunca soube nada disto até chegar a casa já de noite.” Conduzi em silêncio por um bocado. “Recebemos uma dica sobre a localização da menina. O Manny é que atendeu a chamada. Tentou contactar-me, mas…” encolhi os ombros. “Por isso, foi sozinho para o sitio localizado – era na parte leste, perto do lago. Mas, teve uma súbita chamada de sexo. Ele tinha uma antiga namorada que morava na mesma área, então decidiu passar por lá para tratar chamada.” Respirei fundo. “A menina foi morta. O médico legista fixou a hora para a mesma altura em que o Manny estava a enroscar-se com a antiga namorada.”

Recuperei o fôlego. “O Capitão Baker ficou lívido. Foram trocadas palavras muito duras, e o Manny levantou as mãos e despediu-se. De imediato.” Virei para a rua do Manny. “Quando descobri, fiquei enojada. Continuo enojada com o Manny desde então.” Olhei para o Sam. “O Manny era um bom bófia. Normalmente, teria tratado do caso antes de se preocupar com o prazer, especialmente se eu estivesse com ele… mas, não desta vez. E saiu-lhe o tiro pela culatra.”

O Sam abanou a cabeça enquanto eu estacionava o Carocha e punha o visor para baixo, para que a placa “Detetive de serviço” ficasse visível através do para-brisas. “Nunca pensei que ele fosse um mau agente, porque nunca teria continuado com a parceria se ele o fosse.”

Enquanto saiamos do carro, disse, “O Manny simplesmente não conseguia manter a breguilha fechada.” Gesticulei em direção ao edifício dele. “Um exemplo disso.”

Neste momento, olhei para o Manny. “Pois, Manny, eu sei que estas bem. Ouvi dizer que tinhas …. completado as coisas… depois da rapariga morrer.”

“Não consegui evitar! Não foi propositado, caraças!”

Eu estava a divertir-me com o desconforto dele. Também não o conseguia evitar. Mas havia qualquer coisa… tipo karma… com o Manny a tentar justificar ejacular-se numa moça morta.

Resolvi que ele já tinha sido atormentado o suficiente. Disse para o Sam, “Vamos dar uma vista de olhos.”

O Sam e eu passamos pelos polícias em uniforme postados à porta do Manny. O Manny seguiu-nos, por uma vez, mantendo a boca calada. Um detective jovem estava lá dentro, olhando em volta, estudando disposição do assassinato. Levantou os olhos quando entrámos.

Dirigi-me a ele e estendi-lhe a mão. “Tenente Mickey Rooney. Este é o meu parceiro, Sam Tanner.”

O jovem apertou-me a mão. “Detetive/Terceira Bryan McGee, senhora.” Acenou com a cabeça ao Sam, e ele retribuiu.

“O que é que tem para mim, detetive?” Perguntei.

“Eu olhei para a trajetória do tiro, e acredito que foi disparado do telhado do lado de lá da rua.” Mostrou-nos o sítio onde a bala tinha atravessado a janela. Curiosamente, tinha deixado só um pequeno furo, em vez de estilhaçar a janela inteira. McGee usou uma bitola para mostrar o trilho da bala. O ângulo estava aproximadamente a 35 graus. Ele continuou, “Então, se vocês notarem, entrou por ali, embateu na vitima, e instalou-se naquela parede.” Ele apontou. “Pelo que eu entendi do Sr. Salazar, e julgando pela trajetória do tiro, não acredito que a mulher fosse o alvo pretendido.” McGee fez uma pausa. “Acredito que o tiro era dirigido ao Sr. Salazar.”

***






O PAI DE LIDO DEU UM pontapé em cheio na perna do Lido.

“Acorda, garçon! Hoje vais aprender a caçar jacarés!”

Lido sentou-se na cama, esfregando os olhos. Ainda não era de madrugada.

“Veste-te! Temos que estar no pântano antes do sol nascer!”

Lido vestiu-se. E foi para a cozinha.

O pai entregou-lhe um biscoito velho de bom tamanho. “Come isso. Guarda as migalhas se quiseres le déjeuner!”

“Sim, Papa.”

Desceram as escadas e entraram no barco. O Pierre segurava num candeeiro de querosene para iluminar o caminho. Os residentes da fauna do pântano faziam muitos sons, enquanto os dois Bouviers começavam a viajem pelo pântano.

“Papa?”

“Sim?”

“Onde é que estão as outras pessoas?”

O Pierre resfolegou. “E para que precisas tu de outras pessoas? Tens-me a mim, e tens o pântano. Que mais precisas?”

Lido manteve-se calado.

Por fim, Pierre lançou um olhar ao rapaz e virou-lhe as costas. “Os outros estão do lado de fora do pântano. Não precisamos deles. Temos tudo do que precisamos aqui.” Tronou a olhar para o Lido. “Não se fala mais, ok? Estamos perto dos jacarés.”

Lido olhou em redor, mas não viu jacarés nenhuns. Viu vários troncos a flutuar na água turva. Enquanto olhava em redor, viu uma camisa vermelha num molho de erva. Parecia-se com a que a mãe usava, da ultima vez que a viu.

“Papa! Olha! É a camisa da Maman!” Lido apontou freneticamente.

Com um gesto rápido, o Pierre esbofeteou o rapaz na boca. “Calme, garçon!” sibilou o Pierre. “Os jacarés – estão à nossa volta!”

“Mas, Papa…!”

“Sim, é a camisa da tua maman!” E o Pierre apontou para os troncos. “Ela é o isco! Estes jacarés, não vêm quando lhes assobias!”

O Lido não poderia ter ficado mais chocado. O pai estava a usar o corpo da mãe para atrair jacarés!

Pierre agarrou na caçadeira. “Agora, observa, garçon, e vê como se acerta num jacaré!” Começou a disparar.

Com um horror crescente, Lido observou os jacarés a tentarem escapar, mas o pai era mais rápido que eles. A caçadeira continuava a disparar e o som era um estrondo contínuo.

Por fim, o Pierre pousou a espingarda. Ele ria-se. “Apanhámos pelo menos dez! Vamos viver à grande por um bocado!”














Capítulo dois







O Manny começou a balbuciar.

O meu telemóvel começou a tocar.

Deixei o Manny com o Sam, e saí para o hall para atender o telefone.

“Rooney.”

“Olá, Mickey!”

Demorei uns segundos a registar aquela voz. “Joey Justice! Que raio quer desta vez?”

“Temos de falar, Mickey. Acabei de falar com o Capitão Baker. O vosso voo parte assim que vocês chegarem a O’Hare. É o avião privado da Justice Security e aqui vai o que precisam de fazer…” Ele explicou sobre o portão privado e toda a informação pertinente. “e, ouça…tragam o Manny! Ele faz parte disto!”

“É engraçado que mencione o Manny. Estamos na…”

O Joey interrompeu-me. “Não interessa onde vocês estão! Não numa linha aberta! E também não use o seu Carocha para ir para o aeroporto. Se um carro patrulha não vos puder levar, apanhem um táxi. Eu reembolso-vos. Mas partam agora!”

Eu estava a ferver. “Eu quero saber…”

O Justice tornou a interromper-me. Não era uma coisa que se fizesse. “Eu sei que quer, e sei que está furiosa, Mickey. Digamos que ouvi umas conversas e estamos todos em perigo. Quanto mais rápido chegarem aqui, melhor para todos nós.” Fez uma pausa. “Mickey, por favor. Podemos discutir quando chegar, OK? Mas, acredite quando lhe digo que é urgente! Partam agora!”

Finalmente percebi o medo do Joey. Era quase um pânico. “Estamos a caminho, Joey.” E desliguei.

Voltei ao escritório do Manny. “Sam! Temos que ir agora!” Apontei para o Manny. “Tu também vens! Agora!”

“Deixa-me vestir…” começou o Manny.

Interrompi-o. “Não. Agora.” Gesticulei para um dos polícias a guardar a porta. “Traga o seu carro patrulha. Vai levar-nos a O’Hare o mais depressa que puder. Passe luzes vermelhas, se tiver que ser!”

***






NA MANHÃ SEGUINTE, o Lido acordou com um murro forte no estômago.

“Acorda, garçon! Tu e eu, vamos apanhar mais jacarés!” O Pierre ainda estava bêbedo da celebração da noite anterior, e aparentemente nem tinha ido para a cama.

Isto fez o Lido gelar. Isto era quando o pai se tornava mais perigoso.

Lido vestiu-se à pressa e agarrou em duas maçãs da cozinha. Desceu a escada e entrou no barco o mais depressa que podia.

“Agarra no remo! Vamos depressa!” disse o Pierre.

O homem e o rapaz empurraram o barco de fundo plano para o pântano. Por fim, pararam. A água tinha menos de um metro de profundidade e havia pequenas ilhotas cobertas de musgo à volta deles.

O Pierre agarrou numa corda e desequilibrou-se quando se voltou para olhar para o Lido.

“Vem cá.”

Lido moveu-se até ficar à frente do pai.

O Pierre amarrou a corda com firmeza em volta da cintura do Lido. O nó era forte.

Balançando-se no assento, o Pierre disse, “Entra na água.”

Os olhos do Lido esbugalharam-se. “Mas, papa…!”

O Pierre deu uma bofetada ao rapaz. “Entra na água!”

Com o lábio a sangrar, o aterrorizado Lido saltou do barco. A água chegava-lhe aos ombros. As mãos agarraram no lado do barco com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.

O Pierre disse, “Agora, afasta-te um pouco. Eu puxo-te antes do jacaré te apanhar.”

O terror do rapaz quase que o congelou no lugar. Por fim largou a borda do barco e começou a afastar-se. Quando estava a cerca de vinte metros de distância, o pai chamou-o.

“Está bem aí, garçon…fica aí.”

Lido parou. Os olhos arregalados com o terror, olhavam para todo o lado. Ele não confiava no pai para o puxar a tempo e horas, mas sentia que não tinha escolha. Tinha medo de acabar como a mãe, cortado aos bocados e atirado a jacarés esfomeados.

Passados uns minutos, o Lido ainda não tinha visto nenhuns jacarés. Relaxou … um bocado.

O Lido deitou um olhar ao pai, sentado no barco e a balançar. Ele nem ouviu nem viu o jacaré de seis metros que tinha estado estendido num monte de ervas a deslizar para a água. O jacaré nadava descontraidamente em direção ao Lido.

***






NÓS OS QUATRO ENTRÁMOS amontoados no carro patrulha. Sentei-me à frente com o polícia. O Sam sentou-se atrás com o Manny.

O Manny continuava a reclamar.

“Olha, Mickey, eu sei que tivemos os nossos problemas, mas protesto veementemente em ser arrastado convosco sem roupa!”

“Tens aí um cobertor muito janota… Aposto em como as senhoras hão-de ficar impressionadas.”

“Ah, pois, diz piadas, Mickey! Não ias ter vontade de gracejar se fosses tu no cobertor!” Ele parou com um sorriso travesso espalhado no rosto. “Já alguma vez estiveste entre os cobertores, Michelle?” perguntou, usando o meu nome próprio.

“Mais uma gracinha, Manny, e atiro-te para fora do carro!”

“Pois, e também não foste tu que levaste o tiro!” Retorquiu o Manny, quando a janela de trás explodiu.

“ARRANCA!” gritei para o patrulha estupefacto. “AGORA!”

Para seu crédito, o patrulha– Eric Limbird – arrancou como um morcego a fugir do inferno, luzes e sirene em ação. Quando me certifiquei que ninguém se tinha magoado, já estávamos a meio caminho do aeroporto.

***






LIDO NÃO SOUBE QUE sexto sentido o fez olhar para trás. Não tinha ouvido nada que o fizesse voltar-se.

O miúdo de oito anos urinou involuntariamente.

Tentou gritar pelo pai, mas o Lido não conseguia emitir nenhum som. De cada vez que tentava gritar, a voz embargava-se-lhe na garganta. O pânico crescia agora exponencialmente. Quando o jacaré ficou a seis metros de distância, o Lido deu um suspiro profundo e finalmente conseguiu gritar, “PAPA! PAPA!”

O Pierre virou-se, viu a jacaré a aproximar-se do filho e começou a puxar a corda para o barco. Mão a mão, parecia que o homem só conseguia manter o miúdo a uns centímetros do jacaré.

Agora que o Lido tinha reencontrado a voz, não conseguia parar de gritar em horror.

Destemido, o réptil continuou com o seu nado constante em direção ao menino.

Finalmente, o Pierre deu um enorme puxão à corda e puxou o menino um bom metro mais. Deu mais um puxão e o Lido estava a arrastar-se para o lado do barco.

O Pierre pegou na caçadeira e acertou no jacaré entre os olhos.

Lido enchia os pulmões com a respiração aterrorizada.

O Pierre sorriu para o rapaz. “Estás a ver, garçon? Nada para te preocupares!”

Lido olhou para o pai com o ódio a crescer, e soube ali que, um dia, ia matar este homem.

***






ENQUANTO O PATRULHA Limbird conduzia o carro rapidamente através do tráfego, eu avisava a polícia do Aeroporto pelo rádio, explicando o que precisávamos deles. Informaram-me qual o portão que o jato privado iria usar e avisaram-me que o avião estava para aterrar nos próximos vinte minutos.

Isso dava-nos tempo suficiente para encontrar o portão.

O Sam sentava-se muito direito no banco de trás.

Manny continuava agachado no chão do carro. “Oh, meu Deus, quem é que está a tentar matar-me? Porque é que eles me querem matar? Que raio é que se está a passar?”

O Sam disse, “Manny, cala a boca. Tenho a sensação de que quem está a disparar quer-nos matar aos três.”

O Manny ficou em silencio por um momento. “Achas?” Ele olhou para o Sam, e pôs-se de joelhos para olhar para mim. “O que é que vocês sabem? Despejem, gente!”

Olhei para o Manny por cima do ombro. “Mais tarde, Manny. Mais tarde, OK?” Olhei para Limbird. “Está tudo bem, Limbird?”

Limbird sorriu. “Oh, sim. Isto foi, até agora, o mais divertido que tive durante um plantão!”

Abanei a cabeça sem acreditar. Aparentemente o jovem patrulheiro não tinha sido suficientemente alvejado durante a vida.

Olhei lá para fora. Estávamos a entrar no terminal principal. O Limbird desligou as luzes e a sirene e disse, “O que é que eu ponho no meu relatório, Tenente?”

“Ponha o que aconteceu, e direcione quaisquer perguntas para mim ou para o Detetive Tanner.”

“Sim, senhora.”

Dois polícias do Aeroporto dirigiram-se ao carro patrulha e um deles abriu-me a porta. O outro abriu a porta para o Manny e o Sam.

Saímos, agradeci a Limbird, e os polícias do Aeroporto escoltaram-nos para o portão do jato privado. Não houve segurança para atravessar, o que era uma boa coisa. O Manny teria dado um grande choque ao agente da TSA quando abrisse o cobertor para ser revistado.

Ambos os agentes do Aeroporto estavam a postos à porta que conduzia ao portão. Tinha-lhes dado ordens para não deixarem entrar ninguém na sala de espera, até nós partirmos.

Sam sentiu a minha preocupação. “O Joey sabe quem é que está por trás disto?”

O Manny ouviu e disse imediatamente, “Joey? Estão a falar do Joey Justice? Onde é que esse idiota nos meteu agora?”

Deitei ao Sam um olhar que dizia, “Tinhas que abrir essa boca?” O Sam parecia encabulado enquanto eu respondia o melhor que podia à pergunta do Manny. “Ainda não sabemos, Manny. Tudo o que sabemos é que ele nos chamou para a Justice Security. O Sam e eu tínhamos que te trazer. De início, só o Sam e eu íamos lá na sexta-feira, mas aparentemente tornou-se mais urgente depois da tua namorada ser assassinada. Foi quando nos disseram para te trazer.”

Olhámos, quando o jato privado em dois tons de castanho entrou pelo portão.

“Eu sabia. Eu sabia no primeiro minuto em que conheci o Justice que ele ia ser a minha morte.”

“Oh, cala-te e vamos embarcar.”

Levantámo-nos e caminhámos pela ponte suspensa para a entrada do jato. Uma mulher atrativa, mais ou menos da minha idade, estava à nossa espera.

“Olá. Sou a Capitã Gena Trotter, da Justice Security. Serei o vosso piloto hoje. Infelizmente, não tive tempo suficiente para arranjar um copiloto ou uma hospedeira, mas espero que me perdoem.”

Sorri e fiz as apresentações. Quando cheguei ao Manny, expliquei o que se tinha passado, menos a ejaculação, e perguntei se por acaso havia algumas roupas no avião.

“Não, desculpem, não há. Isto não é o tipo de coisa para a qual nos preparamos… pelo menos, não com muita regularidade.”

Subimos a bordo e sentámo-nos.

A Capitã Trotter apontou para o monitor montado na parede na parte da frente do avião. “Assim que estivermos no ar, ligo isto. O Joey já está à espera do outro lado. A linha é segura e ele vai poder explicar-vos o que se anda a passar.”

Agradeci-lhe com um aceno.

A piloto apontou para a parte de trás do avião. “As bebidas estão ali atrás, assim como fruta, queijo e outros snacks. Sirvam-se e eu vou pôr-nos a caminho.”

Assim que Trotter disse “bebidas”, o Manny já se dirigia para as traseiras do avião. Voltou com uma garrafa de Jack Daniels Tennessee Whiskey.

O Manny levantou a garrafa para mim e disse:, “É bom ver um velho amigo no bar.” Deu um longo golo diretamente da garrafa.

O Sam também se tinha servido. Voltou com um prato cheio de pastéis e uma variedade de fatias de queijo. Num dos lados do prato, tinha uma banana pequena e solitária.

Encontrei café previamente feito em copos de almirante. Como bebia o meu preto, não andei à procura de natas ou açúcar.

O avião começou a mover-se para a pista. A voz da Capitã Trotter ouviu-se no altifalante.

“Por favor, sentem-se e apertem os cintos. Agarrem bem nas vossas refeições – vamos subir depressa, e será uma viagem rápida para sul.”

Sentámo-nos, apertámos os cintos e observámos Chicago a desaparecer de vista.

***






QUANDO O LIDO BOUVIER fez doze anos, o pai percebeu que já não podia servir de isco para jacarés. O rapaz era tão alto como o pai, e demasiado pesado para o conseguir puxar pela corda.

Lido pediu ao pai para o ensinar a usar a caçadeira.

O Pierre olhou para o filho com olhos embriagados. “Para que queres tu usar a arma, rapaz?”

O Lido tinha conseguido desenvolver uma boa expressão de poker. Não mostrava qualquer emoção que o pai pudesse interpretar. “Eu posso ser uma grande ajuda, Papa.”

O Pierre estudou o filho o melhor que pode no seu estado embriagado. Por fim, assentiu. “Começamos amanhã, oui?”

O Lido assentiu. “Oui, Papa.”

***






ASSIM QUE O AVIÃO ESTABILIZOU, a Capitã Trotter anunciou mais uma vez, “OK, podem soltar os cintos. O Joey Justice vai aparecer no ecrã, ele consegue ver-vos e ouvir-vos, portanto sintam-se à vontade de dizer o que precisarem.”

O grande monitor deu sinal de vida, e lá estava o Joey Justice. Outro homem, de pequena estatura, estava sentado ao lado dele. O homem tinha feições de rato e parecia nervoso. O Joey sorriu-me.

“Olá, Mickey.”

“Olá, para si também.”

Os olhos de Joey moveram-se para o Sam. “Alô, Sam! Já avisei a cafetaria sobre a sua chegada. Já começaram a preparar a comida.”

A face do Sam tornou-se sonhadora. “Ahhhhh…obrigado, Joey!”

O Joey olhou para o Manny. “Manny…o homem que me salvou a vida. Estou feliz por termos chegado a si a tempo.”

Manny acenou com a garrafa de uísque ao Joey. “Asno.”

O Joey riu-se. “Agora que estamos no ar, deixem-me dizer-lhes o que se anda a passar.”

Os meu olhos dispararam faíscas. “Seria a primeira vez. Só tenho uma pergunta, Joey – é o Fernandez outra vez?”

O Joey deitou a cabeça para trás e tornou a endireitá-la. “Mais ou menos. O Fernandez contratou um assassino para nos fazer desaparecer, se não nós os quatro, pelo menos três de nós.”

Olhámos todos para o ecrã.

Joey disse, “É o Lido Bouvier.”

“O, merda,” murmurei eu.

***






PARA SURPRESA DO PAI, Lido provou ser bastante eficiente com a caçadeira. Ele nunca falhava, depois disso.

No seu décimo quinto aniversário, o Lido e o Pierre tornaram a sair no barco para caçar jacarés.

O pai do Lido tinha parado de abusar dele, quando o rapaz ficou tão alto como ele. Pierre tinha notado os músculos jovens, tinha visto o ódio de cada vez que lhe batia e tinha medo que o rapaz se virasse contra ele.

E o Pierre tinha razão.

Esta seria a última viagem para os dois, embora Pierre não o soubesse na altura.

O Pierre estava embriagado. Parecia que estar bêbedo tinha-se tornado o seu estado normal. Como resultado, tinha envelhecido terrivelmente.

Quando o barco se embrenhou no pântano, o Lido disse: “Papá.”

Pierre virou-se para o Lido, balançando-se enquanto se virava. “Oui, garçon.”

Lido entregou-lhe uma ponta da corda. “Ata isto à volta da cintura.”

Os olhos de Pierre esbugalharam-se “Não farei tal coisa!”

Lido levantou a caçadeira. Estava apontada à cabeça do Pierre. “Ou então eu dou-te um tiro. Não me importo o que é que escolhes.”

Pierre viu a verdade nos olhos do jovem. Colocou, lentamente, a corda à volta da cintura.

“Entra na água, Papa.”

Pierre, balançando, olhou do Lido para a água, e olhou em volta da área em que eles tinham parado. Vários jacarés descansavam em pequenas colinas e árvores caídas.

“Há aqui jacarés, garçon.”

“Oui. E tu vais ser o isco.” Lido sorriu sem humor. “Não te preocupes, Papa. Eu puxo a corda antes do jacaré te morder.”

Pierre desceu do barco, tentando não fazer nenhum som. Agarrou-se à borda do barco com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.

“Agora, afasta-te do barco,” disse o Lido. “Eu digo-te quando estiveres a uma distância boa.”

E o Pierre moveu-se vagarosamente para longe do barco. O pavor quase que o paralisava. Ele não sabia qual mais temia – os jacarés, ou o filho.

Quando já se tinha afastado uns sete metros, um enorme espirro irrompeu ao lado de Pierre. Ele voltou-se para olhar para o filho, e viu o jovem a sorrir.

“Fui eu. Atirei uma pedra.”

Os jacarés viraram-se todos na direção do som, e viram o homem na água. Vários deles deslizaram preguiçosamente para a água e começaram a nadar em direção a ele.

O Pierre chamou, “Prepara essa corda, Lido!” Quando ele olhou para o filho, o Lido agarrava nos restos da corda e atirava-os para o pântano.

“Bem, olha para isto! Papa, deixei cair a corda! Ups!”

O Pierre não queria acreditar no que estava a ver. Ele começou a tentar correr com a água pela cintura, enquanto os jacarés fechavam o círculo. Lançou um último olhar ao filho.

O Lido tinha a arma apontada a Pierre. Disse, “Esta é pela Maman, vous connard!”

Lido puxou o gatilho, e a cabeça do Pierre explodiu…no momento exato que os jacarés se juntavam para saborear a refeição.

Lido remou calmamente de volta para a cabana.

Lido tinha ouvido o pai falar sobre as saídas do pântano. Também o tinha ouvido falar dos barcos a vapor no grande rio a sudeste do pântano. Ele balbuciava durante uma bebedeira, mas o Lido gravou cada palavra.

Lido refletiu sobre o pouco que o pai lhe tinha ensinado, além de disparar a caçadeira. Ele sabia lutar com a faca – ainda tinha nas costelas a cicatriz que o pai lhe tinha dado. Ele sabia fazer contas e a matemática básica. Sabia ler e escrever. Jogava todos os tipos de poker, sabia rolar dados com perícia. Ele também tinha aprendido que a vida só valia o dinheiro que ele poderia obter por ela.

O coração frio de Lido, e a vontade – quase jubilosa – de matar, iria ditar-lhe o resto da vida dele.

Isso, e uma necessidade descontrolada de jogar.

E quando Lido atingiu o grande rio, descobriu que tinha perdido o barco desse dia, mas que haveria outro dentro de dois dias.

No entanto, isso foi tudo o que ele perdeu. Olhou em volta e absorveu tudo o que viu. Ele era conversador com aqueles que encontrava, e deixou-lhes a informação de que gostava de jogar às cartas por dinheiro.

Deram ao Lido a morada de um sítio onde poderia jogar poker por dinheiro. Ele tinha algum dinheiro, restos escondidos pelo pai em boiões de pickles debaixo da cabana.

Lido ganhou montes de dinheiro.

Quando os outros jogadores reclamaram por o Lido ganhar todas as suas moedas, as facas foram sacadas.

O Lido deixou-os mortos e ensanguentados no chão. Também se serviu do resto do dinheiro que ele não tinha ganho. Não fazia sentido nenhum deixá-lo ali.

O Lido gradualmente plantou a informação de que estaria disposto a eliminar seres humanos problemáticos… por um preço, claro.

E o Lido ficou a ser conhecido em certos círculos como o “Lido Baralho”… e um dos melhores assassinos da redondeza.

Tornou-se um homem alegre, usando o seu passado Cajun para esconder a sua maneira fria e calculista de ganhar a vida.

Também ganhou fama como Jogador, e tornou-se viciado. Não só viciado em cartas e dados, mas em lutas de braço-de-ferro com bandidos. Quando o Lido jogava com eles, chamava-lhe “agarrar a maçaneta”. Por vezes ganhava, e ganhava em grande. A maior parte do tempo perdia tudo com eles.

Mas o Lido não conseguia parar. Por fim, o homem retirou uma pequena fortuna deste negócio. Parou com o jogo e tinha quase arrecadado o montante necessário para se reformar.

Só precisava de mais um trabalho. Só mais um, e seria o suficiente

Foi então que o Esteban Fernandez lhe telefonou.

***






“PRESUMO QUE JÁ OUVIRAM falar de Bouvier?” perguntou o Joey.

“O ‘Lido Baralho’,” respondi.

“O que é o ‘Lido Baralho’?” perguntou o Manny.

“Bouvier e conhecido por se mudar constantemente de sitio para sitio enquanto persegue as vitimas. Ele ‘embaralha’ os esconderijos, os métodos como mata, e embaralha os sítios onde executa as vítimas” respondi. “Já usou pistolas, navalhas e garrotes. As mortes podem ser horríveis ou limpas.”

“Então ele é muito bom no que faz?”

“Manny, ele ter-te-ia matado esta manhã se não te tivesses agachado na cadeira quando o fizeste,” disse-lhe. E para o Joey, disse, “Como é que descobriu isso?”

“Ainda bem que pergunta.” O Joey fez um gesto para o homem ao lado dele. “Gostava de vos apresentar o Snickers. Snickers está em…bom, computadores. E ele é a principal fonte de informação do submundo. Ele geralmente consegue descobrir qualquer coisa que vocês precisem de saber no mundo da atividade criminosa.”

Sorri. “Olá, Snickers.”

O Sam disse, “Prazer em conhecê-lo.”

O Manny, agarrado à garrafa de uísque, balbuciou, “Tudo bem?”

“Prazer em conhecer-vos, gente. Sabem, eu, sabem, já ouvi muitas histórias sobre você,” disse o Snickers.

Resfoleguei. “Não me espanta nada!”

O Sam soltou um gargalhada enquanto o Joey tentava parecer ofendido.

“Não tente negar nada, Joey Justice!” Disse eu. “Você fez-me explodir, lembra-se?”

“Eu não. Isso foi a porta que nos atirou contra a parede!”

“É a mesma porcaria! Atirou-nos por causa da explosão!”

O Joey riu-se. “Foi animado, não foi?”

Tentei não sorrir. “Cale-se. Snickers, diga-nos por favor como é que apanhou estas noticias?”

“Bem, eu estava, entende, na cidade para dizer adeus ao , entende, Dexter, e …”

“Espere, o quê? O que é que aconteceu ao Dexter?”

“Oh, ele teve que, entende, deixar a cabeça esfriar, agora que lhe faltava, entende, a Megan e tudo isso.”

“A Megan? Que raio é que aconteceu à Megan?” Esperava não parecer tão surpreendida como me sentia.

O Joey disse, “Longa história, Mickey. Eu conto tudo quando chegarem aqui.”

“Espero bem que sim!”

Após uns segundos, o Snickers continuou. “Portanto, fui parar ao, entende, McFeelme, e…”

“Mcquê?” Perguntei eu.

“McFeelme…oh. O nome verdadeiro do bar é, entende, McFeely’s, mas situa-se em, entende, Hooker Hollow, por isso ficou com a alcunha de, entende…”

“McFeelme,” terminei eu.

“Asnos.” Conseguiu dizer o Manny sem enrolar as palavras.

“Então, eu, entende, fui lá parar, e dei dois dedos de conversa a um tipo que não via, entende, há algum tempo. Ele perguntou-me se eu ainda, entende, estava interessado em cenas sobre, entende, o Fernandez. Eu disse claro, e ele disse-me, entende, que havia rumores, entende, que o Fernandez tinha contratado um assassino.” Snickers gesticulou com a mão. “Perguntei-lhe quem, entende, é que ele tinha contratado, e o tipo disse que era, entende, O Lido Baralho.”

O homem deu um golo da garrafa de água que tinha na mesa, e continuou. “Eu, entende, perguntei quem é que ele queria matar e o tipo riu-se, entende, e disse que eu devia estar a tentar, entende, roubar o trabalhinho. Eu disse ao tipo, entende, pôrra, não, não estava a tentar roubar nenhum trabalhinho e ele riu-se e, entende, disse-me que eram 4 alvos. Alguns estavam em, entende, Shytown, e o outro era, entende, o Joey. Voltei para contar ao Joey assim que pude.”

“O Joey Jushtish é um ashno.” O Manny estava à beira duma comatose alcoólica. Não o podia culpar. Se eu tivesse sido o alvo de tiros e me tivesse ejaculado para cima duma mulher morta, também me embebedava.

“Porque é que o Manny está tão bêbedo?” perguntou o Joey.

Por isso, expliquei ao Joey o que tinha acontecido ao Manny nessa manhã, a ejaculação acidental, e o tiro que estilhaçou a janela do carro patrulha.

“Ah, mal posso esperar para dizer ao Louie! O Manny nunca mais vai ter paz!”

ups, pensei eu, e sorri.





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Esteban Fernandez contratou Lido Bouvier, um selvagem assassino de Cajun, para eliminar a Tenente Mickey Rooney e Joey Justice nesta excitante décima terceira história de Justice Security!

Nesta décima terceira história da Justice Security, a Tenente Michelle (Mickey) Rooney do Departamento Policial de Chicago retorna, juntamente com o Detetive Sam Tanner e o ex-polícia Manny Salazar. Desta vez, dois deles têm a cabeça a prémio, assim como o Joey Justice da Justice Security. A recompensa foi colocada pelo líder louco do Cartel de drogas Mexicano, Esteban Fernandez. Fernandez recrutou Lido Bouvier, um assassino Cajun rebelde, para os eliminar aos três. O Bouvier e conhecido no submundo como Lido Baralho, por causa das suas técnicas “baralhadas” de assassinato… e da sua habilidade de escapar a captura. Joey traz a Mickey Rooney, o Sam Tanner e o Manny Salazar para a cidade do Sul, para os proteger melhor do Bouvier… mas quem ira proteger o Joey e a Justice Security? Descobre isso na “sortuda 13֩ª” história da Justice Security, por T.M. Bilderback, Lido Baralho – uma novela da Justice Security!

Translator: Joao De Brito

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