Книга - Apaixonada Pelo Espião Americano

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Apaixonada Pelo Espião Americano
Dawn Brower


A guerra que os juntou, acabou por separá-los. Anos mais tarde seus caminhos voltam a se cruzar e eles têm mais uma chance de viver aquele amor, mas os medos de Victoria os mantêm separados. Eles sobreviveram em um mundo destruído pela guerra, só o tempo poderá dizer se o amor que encontraram acabará por florescer. William Collins nunca quis deixar os confortos de Lilimar, o seu lar. Um dia a plantação seria dele, e ele dedicou seu coração e sua alma para fazê-la prosperar. Quando a guerra é deflagrada em todo o mundo, fica claro que ele precisa fazer a sua parte, pelo bem do seu país. Se tivesse qualquer esperança de viver a vida com que sempre sonhou, primeiro precisava buscar a paz para ela. Então ele se alista como espião e se lança ao perigo sem pensar duas vezes. Victoria Grant é a filha de um vigário. Ela tem um forte senso de dever e foi treinada para ser enfermeira. Quando seu país se une à guerra, ela se voluntaria para se juntar às enfermeiras que cuidam dos feridos. Ela vai de campo a campo ajudando onde for necessário. Em um trem para a França, ela conhece um cavalheiro americano, e uma amizade improvável nasce. A guerra que os juntou, acaba por separá-los. Anos mais tarde seus caminhos voltam a se cruzar e eles têm mais uma chance de viver aquele amor, mas os medos de Victoria os mantêm separados. Eles sobreviveram em um mundo destruído pela guerra, só o tempo poderá dizer se o amor que encontraram acabará por florescer.





Dawn Brower

Apaixonada pelo Espião Americano










APAIXONADA PELO ESPIÃO AMERICANO


DESCENDÊNCIA MARSDEN LIVRO TRÊS




DAWN BROWER




Translated by WÉLIDA MUNIZ


Loving an American Spy Copyright © 2019 por Dawn Brower

Todos os direitos reservados.

Capa e edição: Victoria Miller

Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida, em meio eletrônico ou impresso, sem permissão por escrito, exceto no caso de breves citações incorporadas nas avaliações.




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– Nossas dúvidas são traiçoeiras,
e nos fazem perder o bem que muitas vezes
poderíamos ganhar,
por temer tentar.

    – WILLIAM SHAKESPEARE






PART I

A GUERRA











CAPÍTULO UM







Janeiro de 1915


O apito do trem ecoou pelo terminal. Victoria Grant olhou para cima, do banco onde estava sentada, enquanto o som a afastava dos pensamentos. Tinha chegado cedo à estação para que não perdesse o trem que a levaria para uma cidadezinha na França. De lá, viajaria com o regimento para um hospital de campanha no qual tinha sido designada para trabalhar como enfermeira.

O trem entrou na estação e parou perto da plataforma. A fumaça saía da chaminé no topo da locomotiva. Os passageiros logo começaram a desembarcar. Ainda levaria vários minutos para Victoria poder ir a bordo. O atendente do trem avisaria quando o embarque fosse permitido. Os carregadores já estavam descarregando as bagagens dos outros passageiros. Não levaria muito para estarem substituindo as bagagens antigas pelas novas.

Victoria ficou de pé e começou a andar pela plataforma. Não tinha muito no que dizia respeito a pertences. Como enfermeira, não precisa de luxos. Tinha um baú com os uniformes e os poucos itens pessoais que ainda possuía. Crescendo como filha de vigário, foi ensinada a renunciar tudo o que conduzisse à avareza. Levou aquelas lições a sério e ansiava por uma vida na qual poderia ajudar aos necessitados. Com a Grande Guerra assolando o mundo, mulheres como ela eram uma necessidade. Tinha usado suas habilidades de enfermeira para salvar a quem podia, e estava ansiosa para se pôr a serviço da causa.

Continuou andando para lá e para cá e acabou batendo em um peito másculo. Victoria ergueu o olhar e encontrou os olhos do homem. Ele tinha olhos azuis tão escuros que pareciam negros, o cabelo brilhava como caramelo salpicado com mel.

– Perdão – disse ela, dando um passo atrás.

– Foi culpa minha – emendou ele, com sotaque americano, do Sul, se não estivesse enganada. Aquilo a deixou um pouco surpresa. Não havia muitos americanos na França desde que a guerra tinha sido deflagrada. A última coisa que ouviu falar foi que eles permaneciam neutros no que dizia respeito ao conflito. – Eu deveria estar prestando mais atenção. – Os lábios dele se curvaram para cima em um sorriso estonteante. Aquilo a deixou meio atordoada, momentaneamente deslumbrada.

Victoria sacudiu a cabeça brevemente, recuperando o equilíbrio.

– Está a caminho do norte da França? – Aquela pergunta parecia bastante normal, mas sentiu como se estivesse fazendo uma pergunta boba.

Ele olhou para além dela, para o trem, e então de volta para ela.

– Estou. – Ele ergueu uma sobrancelha. – A senhorita também está?

Ela fez que sim rapidamente. A conversa estava ficando estranha. Victoria nunca foi muito boa em falar com, bem, qualquer um. Mas um homem… aquela era uma tarefa que se provava quase impossível. Não sabia por que, mas homens sempre a desconcertavam, e ela sempre acabava metendo os pés pelas mãos em qualquer conversa ou interação.

– Sim, bem, sim. – Parecia uma idiota. Ele logo pediria licença para se livrar daquela conversa. A maior parte dos homens tinha problemas para falar com ela tanto quanto ela tinha dificuldade para discutir qualquer coisa com eles que não fossem assuntos médicos.

Ele riu baixinho.

– Então estou ansioso para fazer essa viagem com a senhorita.

Ele estava falando sério? Ela franziu as sobrancelhas e o observou. Talvez ele sentisse prazer em zombar das pessoas. Não queria fazer mais perguntas. Não conhecia este homem, e provavelmente nunca conheceria.

Um dos atendentes saiu e gritou:

– Todos a bordo!

Os passageiros começaram a se mover e a embarcar. Victoria foi em direção ao trem e seguiu outro grupo de pessoas. Ela não tinha um vagão privado ou até mesmo um vagão-dormitório para se esconder da multidão. Victoria iria se sentar com qualquer um que estivesse no vagão de passageiros. Ao menos a viagem não seria muito longa. Percorreu o corredor e encontrou um assento perto da janela. Aquilo a distrairia durante o percurso.

– Voltamos a nos encontrar – disse o homem enquanto se sentava perto dela. – A senhorita deve perdoar os meus péssimos modos. – Ele levou a mão ao peito. – Eu deveria ter me apresentado. Eu me chamo William.

Victoria o encarou, incerta do que fazer… ele era um charme. Não pôde deixar de corresponder ao sorriso simpático.

– Victoria – disse depois de alguns momentos de um silêncio desconfortável.

– Prazer em conhecê-la, senhorita Victoria. Fico feliz por ter o prazer de fazer essa viagem ao seu lado. – Ele parecia sincero, mas ela teve dificuldade para imaginar que ele realmente queria conversar com ela.

Talvez fosse gostar da companhia dele. Odiava viajar, e ter alguém interessante com quem conversar a ajudaria a se distrair por algum tempo, e talvez lhe fizesse bem. Além do mais, a companhia de William poderia se provar interessante.

– Do que falaremos?

– Do que a senhorita quiser – respondeu William enquanto se acomodava no assento. – Conte-me um pouco sobre você.

Não havia muito a dizer, sua vida era muito desinteressante.

– Prefiro ouvir sobre o senhor. – Não queria fazê-lo adormecer com o tédio que era a sua vida.

– As damas bonitas sempre falam isso – ele murmurou a declaração e então piscou para ela. Seu coração saltou uma batida. Não estava acostumada a ter a atenção de um homem, e ficou um pouco frustrada por aquele ali ter se dado ao trabalho. – O que acha de um assunto mais inofensivo? Diga-me qual é a sua flor favorita.

Victoria se recostou no assento e pensou na pergunta dele. Ninguém nunca lhe perguntou qual era o seu favorito qualquer coisa. Flores eram lindas, e gostava de todas.

– Eu acho, que se eu tivesse que escolher alguma, seriam as violetas. Elas são resilientes e têm maravilhosas propriedades de cura.

Ele balançou a cabeça.

– A senhorita não é uma dama comum, é?

– Gosto de pensar que sou não muito digna de nota – disse ela. Quanto mais eles falavam, mais imaginava se ele estava flertando com ela. Nenhum homem nunca se dera ao trabalho, e não estava certa sobre o que dizer. É claro que estava imaginando coisas… – Tenho um propósito e um dever. O resto não importa.

– Isso é um pouco… sério – disse ele, em um tom soturno que não se refletia em seus olhos. – Acho que é o lugar onde nos encontramos agora. Todos fomos forçados a nos adaptar por causa da atmosfera que a guerra impõe.

– Sim – concordou. – É uma desventura, mas devemos fazer o nosso melhor com o que a vida joga em nosso caminho.

Victoria gostava de William. Ele era simpático e despretensioso. Não pôde deixar de desejar que pudesse conhecê-lo em outras circunstâncias. Uma que não estivesse prestes a ser tomada pela destruição da guerra. Estava delirando, no entanto. Em outro tempo, em outro espaço, aquilo não importaria um átimo. Era provável que William nunca a notaria, e era mais provável ainda que eles nunca se encontrassem, para início de conversa.

– Acredito que seja verdade – concordou ele. – A guerra é uma desgraça. É uma pena que os altos-escalões não encontrem uma maneira melhor de resolver nossas diferenças. Mas aqui estamos nós… – Ele deu um sorriso tranquilo. – Não posso deixar de ficar feliz por ao menos uma coisa.

– E o que seria? – perguntou, quase que com medo da resposta dele.

– Ela me levou à senhorita.

Ele era furtivo. Victoria lhe concederia isso. Devolveu o sorriso dele.

– Acho que não posso argumentar contra a sua lógica. – Ela se recostou no assento e relaxou. – Então não desperdicemos essa oportunidade. Nunca teremos a oportunidade de nos conhecermos mais. Está disposto a se abrir para mim?

– Se a senhorita demonstrar tal coragem, então quem sou eu para me acovardar. – Ele sorriu. – Faça o seu pior, querida.

Eles conversaram por toda a viagem, como se se conhecessem a vida toda. William foi o primeiro homem que conheceu que a deixava confortável. Ficou triste ao pensar que, depois que chegassem à estação, eles seguiriam outros caminhos e nunca mais se veriam. Ansiava por algo mais que a vida banal que levava. Conhecer William tinha alterado sua perspectiva sobre muitas coisas. Animação e contentamento pareciam possíveis onde não havia nada mais que fantasias. Talvez estivesse sendo um pouco absurda, mas sentia como se pudesse ter algo mais agora. Talvez não com William, mas com outra pessoa… Embora, em seu coração, esperava que William ficasse em sua vida para sempre. Havia algo especial nele, algo ao qual queria se agarrar.








Um mês depois…


Uma carta foi entregue a Victoria, e ela mal conseguiu segurar a ânsia de abri-la. William tinha dito que escreveria quando pudesse, mas não tinha acreditado que ele fosse escrever. Agora que a carta chegou, estava com medo de lê-la. E se o homem de quem se lembrava não fosse o mesmo que se expressava na carta? E se ele não quisesse nada com ela e só tivesse escrito por pena?

E se ele fosse tudo do que ela se lembrava?

Victoria segurou a carta junto ao peito e foi até a tenda das enfermeiras. Ela se sentou lentamente e olhou o envelope. A mão tremia um pouco enquanto passava os dedos sobre o nome dela rabiscado no envelope.

– Cê tem um namorado? – o forte sotaque irlandês de Aisling Walsh ecoou em volta de Victoria. Ela era uma jovem enfermeira com um brilhante cabelo vermelho e olhos verde-oliva. – O que que tá segurando você? Abre.

Victoria não se deu ao trabalho de se aproximar das outras enfermeiras, mas Aisling pensava diferente. Ela se recusava a permitir que Victoria permanecesse distante e estava sempre falando com ela. Victoria nunca admitiria em voz alta, mas estava grata por Aisling. Estaria sozinha se não fosse por ela. Victoria passou os dedos pelo selo.

– Eu não sei.

– Não sabemos quantos dias ainda temos. Os dias são para serem vividos, para podermos achar qualquer tantinho de felicidade com que formos abençoadas. – Ela ergueu a mão e a colocou sobre a de Victoria. – Não a desperdice ignorando um presente, não importa o quanto ele seja pequeno. Leia o que o rapaz mandou para você.

Respirando fundo, ela abriu o envelope e tirou a carta lá de dentro. Abriu as páginas dobradas e começou a ler.



Victoria,

Espero que esta carta a encontre gozando de boa saúde. Qualquer outro resultado é inaceitável. A guerra deixa cicatrizes na alma de um homem, na minha alma, e ter alguém como você na minha vida é um alento para a pior das minhas feridas. Faz apenas um mês, e é como se o tempo e a distância que nos separam fosse tremendo. Preciso vê-la de novo. Por favor, diga que concorda e encontrarei um jeito de chegar até você.

Minha vida mudou irrevogavelmente desde o dia em que a conheci. Não sei como explicar de outra forma a não ser que não poderia esquecê-la mesmo se quisesse. Por favor, diga que sente o mesmo. Esperarei por você se for necessário, mas rezo para que não seja.

Peço desculpas pela carta curta… se eu tivesse mais tempo, escreveria mais, mas, infelizmente, o perigo não permite tempo para a prosa poética. As notícias que vêm do front não nos dão muita esperança, então me absterei de compartilhar qualquer miséria. Saiba que você estará para sempre em meus pensamentos.

Respeitosamente,

William


Victoria fechou os olhos e engoliu o nó que se formava em sua garganta. Queria vê-lo novamente. Deveria ceder e dizer a ele o quanto desejava aquilo?

– Pelo sorriso em seu rosto, acho que essa foi uma carta boa – disse Aislinn.

Ela levou a mão ao rosto. Victoria não percebeu que tinha cedido e sorrido. A felicidade era algo novo para ela. Não respondeu Aisling, mas foi até o baú e tirou todos os seus artigos de escrita. Depois de escrever algumas palavras apressadas, foi postar a carta. Esperava que William estivesse baseado no mesmo lugar. Às vezes os homens eram mudados de base durante a guerra, e levava semanas para que qualquer carta os encontrasse. Não pensaria demais no assunto. William queria vê-la mais uma vez. Era tudo o que importava naquele momento.




CAPÍTULO DOIS







Primavera de 1915


A chuva torrencial caiu por horas a fio. A terra abaixo dos pés de Victoria Grant tinha virado lama. A cada passo seus pés afundavam no lodaçal e suas botas eram cobertas por imundície e sujeira. Estava farta de ficar com os pés molhados. A essa altura, podia muito bem estar em situação parecidas com a dos soldados com pé de trincheira. Ela se arrastava, tendo que dar passos largos para cruzar o terreno o mais rápido possível. Quando chegou à tenda onde ficava o hospital de campanha, ela puxou as abas e entrou.

– Enfermeira Grant, venha aqui imediatamente. – Um médico fez sinal para ela. – Temos uma nova leva de pacientes, e eles não estão nada bem.

Queria dizer ao homem que estava ciente da situação. Aquela era a única razão para ela ir para o hospital em vez de fazer o que precisava muito: dormir. Cada dia trazia novos desafios. Em breve o hospital estaria superlotado e eles não teriam onde colocar os pacientes.

– Agora mesmo, doutor.

Victoria amarrou um avental em volta do vestido. Era provável que aquilo fosse virar uma bagunça, e gostava de pelo menos tentar proteger suas roupas. Tinha muito pouco consigo, e não havia lojas ou costureiras por perto para poder repor qualquer peça. O médico estava com um homem na mesa de cirurgia e o pobrezinho tinha perdido a consciência. Talvez tenha sido para a melhor. Foi até o médico para poder auxiliá-lo.

O homem tinha o cabelo castanho dourado tingido de sangue. Um lençol cobria grande parte do corpo dele. Não que fosse ter muitas indicações ao ver o corpo nu, mas algo nele a deixou curiosa. Ergueu o olhar e focou no rosto dele. Puxou o ar com força ao reconhecê-lo. William.

Pensei que nunca o veria novamente, e com certeza esperava que não fosse vê-lo assim. Ele usava um uniforme francês. Aquilo era estranho. Trabalhou fervorosamente ao lado do médico para estacar a hemorragia. Depois de mais de uma hora de trabalho, finalmente terminaram, e o médico suturou o ferimento.

William foi levado para uma cama. Felizmente, ainda tinham algumas disponíveis. Victoria tirou uns minutos para se lavar e voltar para o lado dele. O sono não viria enquanto estivesse aflita pela segurança dele. Teria William recebido a sua carta? Tinha estado angustiada desde que a enviara e, então, esperou uma eternidade pela resposta dele. Agora ali estava ele, ferido. Victoria se recusava a acreditar que a história deles terminaria assim. Ele veio a significar tanto para ela em tão pouco tempo… meros meses. O coração estava pesado dentro do peito enquanto segurava as lágrimas. Aquilo não ajudaria a nenhum dos dois, e recusava-se a se entregar a algo tão inútil.

– Você vai ficar bem – disse mais para si mesma do que para ele. Victoria precisava de algo em que acreditar e ela escolheu se agarrar à esperança. Era a única coisa que poderia fazer. Qualquer outra coisa seria inconcebível. Apoiou a cabeça na lateral da cama e fechou os olhos. Victoria pensou que seria só por alguns instantes, mas a exaustão levou a melhor.

– Bela adormecida – disse um homem. A voz dele era rouca, mas carregava um pouquinho de humor. – Eu a beijaria para que acordasse, mas temo não ter forças para me mover.

Victoria se sentou e se espreguiçou. Cada músculo do seu corpo doía.

– Eu não pretendia dormir.

– Eu não pretendia levar um tiro – ele rebateu. – Mas, às vezes, algumas coisas não podem ser evitadas, não importa o quanto tentemos. – Ela franziu o cenho.

– Isso não é engraçado. – Ele riu e arquejou por causa do esforço.

– Você está certa, não é, mas preciso ao menos tentar aliviar a atmosfera. – O sorriso de William sumiu enquanto ele encontrava o seu olhar. – Senti saudade.

Ela afastou o olhar. Por que teve que se apegar a este homem?

– Por que você está usando uniforme francês? – Eles tiveram que cortar um bom pedaço dele. Tudo o que ficou foi a calça.

Ele suspirou.

– É complicado.

Victoria temia saber exatamente o que ele não estava dizendo com aquelas palavras. William era um espião. Parecia um pouco fantasioso, mas era a única coisa que fazia sentido. Por que mais um americano estaria na guerra quando não tinha nenhuma razão para estar?

– Posso ver. – Ou ele era muito corajoso ou incrivelmente idiota. De alguma forma ela acreditava que um pouco dos dois. Mas, mesmo assim, respeitava-o por seus esforços. Aquela era uma guerra terrível e sem sentido. Bem, todas as guerras eram sem sentido, mas isso não vinha ao caso. Era naquela guerra que eles estavam e as outras não significavam nada para ela. Eram história e pareciam fictícias. William tinha um papel que podia ajudá-los a vê-la acabar mais cedo que mais tarde. Entendia os motivos por trás de se ter espiões. Mesmo odiando a guerra, não odiava a ele. Cada pessoa tinha um papel a desempenhar e não iria depreciá-lo pelo o que ele tinha que cumprir.

– Tenho certeza que sim.

– Eu lhe prometo – começou ela. – Entendo muito mais do que pode imaginar. – Victoria prendeu o olhar dele. – Estamos na guerra, e vi muitas coisas desde que nossos caminhos se cruzaram. – Fazia menos de seis meses que o vira, mas parecia fazer uma vida. Ela se endurecia um pouco a cada vez que ajudava em uma cirurgia. E tinha visto tanto, tanto sangue. Victoria não pensava que alguma vez seria capaz de apagar tudo o que vira, não tão cedo. Esses eventos poderiam muito bem assombrá-la pelo resto de seus dias…

Ele fez que sim.

– É melhor não falarmos disso. – William parecia entender. Aquilo era bom.

– Manterei meus pensamentos para mim mesma. – Ela ficou de pé e olhou para ele uma última vez. – Descanse. Você precisa sarar.

Victoria se afastou dele. Já tinha fortes sentimentos pelo homem, e se passasse muito mais tempo com ele, acabaria se apaixonando, e se apaixonar por um espião… aquilo só levaria à miséria. Muitos espiões não voltavam da guerra, e os que voltavam, nunca mais eram os mesmos.








Dezembro de 1915


William puxou o casaco e o abotoou. Precisava ir a um lugar, e faltava meio dia de caminhada para chegar ao seu destino. Tinha a sensação de que seu colega espião estava fazendo o mesmo. Quando lorde Julian Kendall o visitara em Nova Iorque, William não percebera que o cavalheiro era parte da rede de espiões britânica. Aquela informação teria sido útil. Poderia ter feito algumas perguntas pontuais ao amigo e talvez exigido que ele ficasse longe de sua irmã, Brianne. Odiava pensar em sua irmã se apaixonando por alguém que estava sempre se colocando em perigo.

– Para onde você está indo? – perguntou Julian.

William ergueu uma sobrancelha.

– Paris.

– Oh, mesmo? – disse Asher, o marquês de Seabrook. – Estamos dando as ditas pernadas um no outro?

Ele riu e respondeu:

– Mais ou menos… estou indo para um hospital de campanha para visitar certa enfermeira que eu vim a, bem, não sei as exatas palavras para definir o que sinto por ela.

– Ash pode imaginar – disse Julian. – Eu mesmo não me interesso por enfermeiras. – Ele bateu continência para William. – Boa caçada, meu amigo. Eu o acompanharia, mas preciso me certificar de que este tolo chegue vivo a Paris. Ele se mete em problemas com muita frequência.

William meneou a cabeça.

– Se precisarem de mim.

– Sabemos como encontrá-lo – respondeu Julian. – Vá ver a sua enfermeira. Já, já chegará o Natal, e não queremos perder o tempo que nos resta em algo tão idiota quanto a guerra. Há coisas que são muito mais importantes.

William, naquela hora, quis perguntar o que ele sentia por Brianne. Será que Julian amava a sua irmã? Mas segurou a pergunta. No futuro haveria mais tempo para interrogar seu amigo. Julian era um bom homem, e se não fosse pela guerra, teria ficado feliz se ele cortejasse sua irmã. Mas já que estavam em uma guerra, queria que Julian se mantivesse à distância. Era egoísmo de sua parte querer passar tempo com Victoria, e não permitir que Julian tivesse a mesma oportunidade. Embora devesse admitir que o amigo parecia muito triste ultimamente. Julian não parecia mais ter aquela alegria interior que costumava ter. William imaginou o que aconteceu com ele, mas se Julian quisesse que ele soubesse, ele já teria confessado.

Não podia deixar de pensar sobre o lugar para onde estava indo ou se a missão se provaria perigosa. William continuou em frente com um único objetivo em mente: ver Victoria.

– Alto – gritou alguém, em alemão. William xingou baixinho. Aquela era a sua sorte, e é claro que ele estava usando um uniforme francês. Ainda faltava uma hora e meia para chegar ao hospital de campanha.

Virou-se lentamente e encontrou o olhar do soldado alemão. Ele segurava uma pistola, e ela estava apontada diretamente para William.

– Não nos apressemos – disse ele ao homem. – Eu não quero ser alvejado hoje.

Uma litania em alemão saiu da boca do soldado. O entendimento que William tinha da língua era bem limitado. Julian entendia muito mais que ele. Havia uma razão para William não sair da França com frequência. Ele era melhor no francês e no italiano. Deveria tentar arranhar o alemão se esperava que essa coisa de espionagem desse certo.

– Infelizmente, não entendi absolutamente nada – disse ao soldado, e deu um passo à frente.

Ele cuspiu mais algumas frases, mas dessa vez as falou com raiva. William ficou farto e fechou a curta distância entre eles. Eles lutaram pela arma, e ela disparou um estampido alto. Aquilo traria mais soldados. William tinha que pôr um fim à refrega e sair dali o mais rápido possível. Deu uma cotovelada no estômago do soldado, e ele se curvou.

O homem puxou uma faca e a brandiu em direção a William, mas não foi rápido o bastante. Ela lhe deu um talho no flanco e uma dor aguda o invadiu. William gemeu e o socou no nariz. O soldado caiu, e William o chutou com força, então o socou na cara mais uma vez. Os olhos dele rolaram, e o homem perdeu a consciência. William soltou um suspiro de alívio e correu o mais rápido o possível para longe dele. Quanto mais se afastasse do soldado, melhor.

Assim que se sentiu seguro, diminuiu o ritmo e começou a andar mais devagar. O flanco doía por causa do ferimento, mas não parou para ver o estado dele. Victoria iria costurá-lo assim que ele chegasse.

William correu para o hospital de campanha no qual Victoria estava baseada assim que o viu. Fazia sete meses desde que a vira pela última vez, e mal podia esperar para tê-la nos braços. Ela tinha sido muito atenciosa quando foi sua enfermeira. Tinha até mesmo ralhado com ele alguma vezes por ter conseguido levar um tiro. Ela era maravilhosa, e ele a adorava. Victoria não ficaria feliz quando visse que tinha conseguido ser fatiado por uma faca.

Às vezes, arrependia-se por ter se metido na guerra. Especialmente por seu país ainda não ter se juntado a ela. William acreditava que eles se juntariam, em algum momento, e queria já estar posicionado antes que isso acontecesse. Sentia que precisava fazer a sua parte em tornar o mundo um lugar mais seguro. William tinha um forte senso de dever.

Victoria saiu da tenda e puxou uma capa de lã ao redor de si. Ela tremia um pouco e esfregava as mãos. O cabelo louro estava puxado para trás, preso em uma longa trança que caía até o meio de suas costas. William foi até ela. Victoria ergueu o olhar enquanto ele se aproximava e franziu o cenho até que o reconheceu.

– William.

Ela correu até ele e o abraçou com força.

– Por que não me disse que estava vindo?

– Não soube até hoje cedo, e quis fazer uma surpresa. – Ele se encolheu quando ela o abraçou com mais força. O ferimento no flanco estava doendo bastante.

– O que é isso? – perguntou ela, dando um passo para trás. Victoria abriu o casaco dele e olhou. O sangue tinha encharcado a camisa de linho. Victoria suspirou. – Por que você sempre chega ferido?

– Não estava nos meus planos, posso garantir. – Ele lhe lançou um sorriso. – Tive um pequeno desentendimento com um alemão enquanto vinha para cá. Ele queria que eu ficasse, mas, infelizmente, precisei insistir que ele me deixasse vir vê-la. Espero que perdoe a minha aparência. Não era assim que eu planejava chegar.

– Venha comigo – ordenou ela. – Cuidarei do ferimento, e você poderá me contar tudo o que aconteceu desde a última carta.

Eles foram em direção à tenda do hospital e ela o conduziu até os fundos. Ela fez sinal para que ele se sentasse em uma das macas e pegou os suprimentos para cuidar do ferimento.

– Tire o casaco e a camisa. Preciso dar uma boa olhada no corte.

– Você está tentando me ver nu, não está? – disse ele, despreocupado.

Victoria olhou feio para ele.

– Pode acreditar em uma coisa, essa não é a minha intenção.

– Eu não quis dizer… – Ele suspirou. – Essa foi a minha lamentável tentativa de desanuviar as coisas. – William não estava lidando muito bem com a situação. Victoria parecia um pouco aborrecida com ele. Ela o cutucou, e ele deu um salto.

– Desculpa – disse ela. – Não parece muito profundo. Você teve sorte; não vai precisar de pontos. Vou só fazer um curativo e então estará bom para ir.

Ela trabalhou em silêncio até que cobriu o ferimento. Quando terminou, ela se afastou e lavou as mãos em uma pia ali perto.

– Ficará por muito tempo?

Por que ela lhe perguntou isso?

– Você quer que eu parta?

– Não foi o que eu disse… – Victoria afastou o olhar.

William ficou de pé e a puxou para si. Ela veio para os seus braços e apoiou a cabeça em seu ombro. Queria confortá-la, mas chegou à conclusão de que aquilo era exatamente o que ele precisava. Abraçá-la e assegurar-se de que ela estava bem. Aquilo era tudo o que queria. Que Victoria estivesse segura e feliz…

– O que posso fazer por você?

– Já está fazendo – disse ela. – Mas talvez eu deva permitir que você termine de se vestir. – Victoria olhou para a camisa ensanguentada. – Tem outra camisa para vestir?

– Não – disse ele. – Mas está tudo bem. Não me importo em usar a camisa suja por agora. Posso pegar outra mais tarde. – Não sabia onde, mas aquilo não importava. William não queria que ela se preocupasse. – Venha caminhar um pouco comigo.

– Eu adoraria – disse ela, pegando a mão dele. Eles saíram da tenda e foram em direção às árvores. Estava frio, mas ele nem reparou. Ela estava com ele, e aquilo fazia todo o resto desaparecer.

Passou a tarde com ela, e por algumas horas, ele ficou feliz. Foi capaz de esquecer que estavam na guerra, que tinha sido ferido mais cedo, e que teria que partir em breve. Ela lhe dava razão para ficar e lutar e esperar que, um dia, eles nunca mais se separassem.




CAPÍTULO TRÊS







Fevereiro de 1916


Victoria suspirou enquanto saía do trem. Finalmente, estava em Paris. Teve o suficiente dos hospitais de campanha por uma vida. Não sabia o que esperar no hospital da capital francesa, mas ao menos não seria forçada a andar, frequentemente, pela lama. Aquilo tinha que ser uma melhora. Não que as coisas no lamaçal estivessem aquecidas esses dias… A lembrança daquilo estava cravada em sua mente. Ela tinha começado a odiar de verdade qualquer coisa que se parecesse com mistura de pó e água.

Ela pisou na plataforma. Era um milagre os alemães ainda não terem destruído totalmente a linha férrea. Esperava que, em algum momento, viajar de trem fosse ser impossível. Ao menos não tinha sido forçada a caminhar até Paris.

Levou a mão ao bolso e tirou de lá um maço de cartas. Talvez não devesse tê-las conservado, mas era tudo o que tinha de William. A correspondência entre eles era parca e espaçada. Ele nem sempre estava em um lugar para que ela pudesse respondê-las, mas ele enviava muitas. Victoria temia por ele, e seu coração se quebrava por saber que não tinha certeza de quando voltaria a vê-lo. A mão tremia enquanto as colocava de volta no bolso. Estava tentada a abri-las e ler as palavras novamente, mas aquela não era a hora.

Não era a primeira vez, e provavelmente não seria a última, que se perdia nas cartas. Era um péssimo hábito ao qual teria que pôr um fim. Guardando-as no devido lugar, virou-se para a estação. Tinha que ir logo para o hospital e parar de pensar em coisas que não poderia mudar.

O baú com o qual viajara há um ano foi substituído. Seus pertences minguaram, e só tinha o bastante para preencher a pequena valise que levava consigo. Todos os seus uniformes tinham ficado puídos, e ela tinha mais três em estado decente. Esperava encontrar alguém que pudesse fazer outros. Victoria começou a ir em direção à saída. De repente, sentiu a urgência de deixar o passado para trás.

De alguma forma, conseguiu chegar ao hospital e então entrou. Ninguém a deteve ou perguntou por que ela estava ali. Todo mundo parecia ter algum lugar para onde deveria ir correndo. Victoria ergueu a mão tentando chamar a atenção de alguma das enfermeiras, mas a ignoraram. Suspirou e foi até o saguão principal. Eles pareciam estar lotados. Soldados enchiam as camas da enfermaria, e sendo atendidos pelo pessoal.

Uma mulher veio até ela. Os cabelos castanhos-avermelhados estavam presos em um coque apertado. Os olhos enrugavam nos cantos, como se ela estivesse lutando contra a exaustão.

– Posso ajudá-la? – perguntou a enfermeira.

– Sou Victoria Grant – disse ela. – Fui alocada neste hospital.

A mulher suspirou aliviada.

– Obrigada, Senhor. Você não poderia chegar em melhor hora. Estamos trabalhando à exaustão tentando cuidar de todos os feridos. – Ela apontou para o hospital lotado. – A maior parte é de pacientes novos, mas eles já foram examinados pelos médicos, e é nossa responsabilidade nos certificar de que eles estejam sendo cuidados. – Ela lhe lançou um sorriso vacilante. – Eu me chamo Catherine Langdon. Venha, vou lhe mostrar o seu quarto, e, se não se importar, nós poderíamos fazer um bom uso de você agora mesmo.

– É para isso que estou aqui – respondeu Victoria. – Prefiro ser útil a sentar por aí, ociosa, observando todo mundo trabalhar. Mostre-me onde guardar as minhas coisas, e posso começar a cuidar dos soldados agora mesmo. – Era aquilo que ela fazia, afinal de contas… Seu lugar era ali. Onde era necessária. Não sonhando acordada com um homem com quem jamais teria um relacionamento de verdade.








Abril de 1916


Victoria se acomodara no hospital de Paris sem maiores problemas. Gostava do calor e da falta de sujeira que experimentou nos hospitais de campanha. Tinha começado a gostar muito do gato de Catherine Langdon, o Merlin. Embora jamais fosse dizer aquilo à mulher. É só que havia alguma coisa naquele gato… Ele era uma bola macia de pelos pretos e ele até mesmo parecia ter uma barba prateada assim como o legendário Merlin. O pelo prateado no peito lhe dava uma aparência majestosa. Era uma combinação interessante: um monte de prata em contraste com o pelo preto. Talvez o gato fosse o próprio Merlin…

Victoria não queria especular. Até mesmo a dona dele, Catherine, era meio estranha. Ela lhe dizia as coisas mais esquisitas de vez em quando. Era quase como se ela pudesse prever o futuro… Uma parte dela queria perguntar, sem fazer rodeios, se ela podia, mas Victoria tinha medo de saber. Não queria estar a par do que o futuro lhe reservava.

Hoje fazia um dia bonito. O hospital estava indo bem, e eles deram alta a vários pacientes. Victoria tinha um pouco de tempo para si pela primeira vez em… bem, não podia se lembrar da última vez. Então decidiu passear por Paris enquanto a cidade estava calma e aproveitar o calor do dia de primavera. Podia não haver mais muitos dias como aquele. Não podia deixar de imaginar o que William estava fazendo. Será que ele também estava aproveitando o dia?

– Victoria – um homem gritou o seu nome. Ela se virou e viu William caminhando até ela. Ele usava roupas simples, um terno que um cavalheiro poderia estar usando, e parecia muito bem nele. William estava se tornando meio que um camaleão.

– Olá – disse ela, um pouco sem fôlego. Queria envolver os braços ao redor dele e se certificar de que ele era real. Que não estava imaginando que ele passeava por Paris. Ela o conjurara ao pensar nele mais cedo? É claro que não… acreditar naquilo seria uma bobagem. – O que faz em Paris?

– Tenho uns colegas que veem aqui com frequência. Vamos nos encontrar em breve. – Ele sorriu para ela. – Mas encontrá-la aqui era uma bênção que eu não esperava.

– Um, sim – disse ela, desinteressada. Victoria queria ficar feliz por vê-lo, e parte dela estava, mas não podia deixar de temer o que futuro deles, isso se tivessem um, poderia trazer. Ele ainda era um espião. Voltou a colocar a mão no bolso e passou os dedos pelas cartas. Seu coração nunca o deixaria ir, não de verdade, e isso fazia com que ela fosse ainda mais tola. Tinha cometido a bobagem de se apaixonar por ele à medida que se conheciam mais e mais. – Estou feliz por ver que você está bem. – Ela meneou a cabeça para ele e então se virou para ir embora. Foi a coisa mais difícil que já fez na vida.

Ele ergueu a mão e a colocou no braço dela.

– Não vá.

– Queria poder ficar, mas o hospital me espera. – Não podia olhar para ele ou nunca seria capaz de ir embora. William não sabia que ela estava mentindo. O hospital ficaria bem sem ela por mais algum tempo, mas não podia ficar perto dele. Não seria capaz de resistir por mais tempo. – Talvez possamos nos ver novamente, mais tarde.

Ele franziu o cenho.

– Você ficará trabalhando no hospital daqui? Nada mais de hospital de campanha?

Ela tinha sido mandada de um hospital de campanha para outro. Eles até mesmo tinham começado a parecer serem o mesmo, e sua mente tinha ficado insensível a toda a carnificina que testemunhara. O único que a fazia sentir qualquer coisa era William.

– Faz um mês que estou aqui. É duro estar nos hospitais de campanha – confessou. – Precisava de uma mudança.

– Não tenho certeza se há um lugar bom para se ficar durante a guerra. Mas deve ser um pouco mais seguro aqui em Paris. Se eu voltar a escrever, você responderá?

Ela queria dizer que sim. Tanto…

– Não sei se é uma boa ideia. – Victoria precisava tentar proteger o coração. Não podia continuar sendo arrastada para essa coisa com ele. Um medo ela conseguiria afastar, mas dois… Aquilo foi o suficiente para fazê-la perceber que se o perdesse, não conseguiria sobreviver. O ferimento a faca tinha sido simples, mas a assustou até a morte. Nenhum número de cartas a deixaria pronta para encarar algo assim novamente. Era melhor abrir mão dessa história agora antes que as coisas ficassem sérias demais. Ela fechou os olhos e engoliu em seco. Tinha tantos sentimentos por este homem, sentimentos os quais não podia nem começar a tentar entender. – Além do mais, você raramente fica em locais onde as cartas chegam.

– Eu sei – disse ele, baixinho. – Mas eu não quero perder essa conexão…

Seria difícil, de início. Perceber que não receberia mais cartas dele ou que eles nunca mais teriam encontros como esse. Ela o adorava. Sentia muita dor por ter que fazer isso. Terminar tudo… seria melhor para os dois. A guerra exigia demais deles, e de formas diferentes. Se quisessem ter a chance de sobreviver, precisariam manter a mente no trabalho que tinham em mãos. O dele era muito mais perigoso que o seu. William poderia morrer se cometesse um erro. Outros morreriam, se ela os cometesse… fazia aquilo pelos dois. Talvez, depois que a guerra acabasse, eles possam se encontrar novamente, mas não se agarraria àquela esperança.

– Você já perdeu – disse ela, firme. Foi duro, mas tinha que deixar o rompimento às claras. Se ao menos pudesse ser forte o suficiente para queimar as cartas. Elas não manteriam aquele relacionamento improvável funcionando. Aquilo não os levaria a lugar algum. – Por favor, deixe-me em paz.

William se aproximou um pouco mais dela e colocou a mão em sua bochecha. Ela se entregou, refastelando-se no calor que envolvia o seu rosto.

– Se nunca mais vou vê-la, gostaria de algo para me lembrar de você. – Ele se abaixou e pressionou os lábios nos dela. Foi um beijo breve, mas enviou arrepios por sua coluna. Victoria queria beijá-lo de novo e de novo e de novo. A sensação dos lábios dele nos seus a fazia querer mais, e daria qualquer coisa para viver aquele momento para sempre. Por um breve instante, ela foi capaz de fingir que eram um casal normal e que tinham a chance de um relacionamento normal. Mas aquilo nunca iria acontecer. O amor não era para eles, e já era hora de ela aceitar aquilo. Mas aquele beijo… ele mudou tanto e tão pouco ao mesmo tempo.

Como poderia esquecê-lo agora? A quem estava enganando? Victoria nunca teve uma chance de apagar William da sua mente. Ela o amava, e não havia como evitar aquilo.

Ele ergueu a cabeça e então deu meia-volta, caminhando, a passos lentos, para longe dela. Seu coração tremeu como se tivesse se partido em tantos pedaços que não haveria como juntá-los novamente. Ela prendeu o fôlego. Ele realmente lhe daria ouvidos e partiria? Ele não queria lutar por ela, por eles, pelo que eles poderiam viver juntos?

Ele não fez nada daquilo. William respeitou os seus desejos, e ela o adorava ainda mais por isso. Victoria queria gritar. Exigir que ele voltasse, que a segurasse em seus braços. Queria que lhe garantisse que tudo ficaria bem, mesmo ela sabendo que nunca mais estaria. Tinha feito a sua escolha, e teria que conviver com ela.





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A guerra que os juntou, acabou por separá-los. Anos mais tarde seus caminhos voltam a se cruzar e eles têm mais uma chance de viver aquele amor, mas os medos de Victoria os mantêm separados. Eles sobreviveram em um mundo destruído pela guerra, só o tempo poderá dizer se o amor que encontraram acabará por florescer. William Collins nunca quis deixar os confortos de Lilimar, o seu lar. Um dia a plantação seria dele, e ele dedicou seu coração e sua alma para fazê-la prosperar. Quando a guerra é deflagrada em todo o mundo, fica claro que ele precisa fazer a sua parte, pelo bem do seu país. Se tivesse qualquer esperança de viver a vida com que sempre sonhou, primeiro precisava buscar a paz para ela. Então ele se alista como espião e se lança ao perigo sem pensar duas vezes. Victoria Grant é a filha de um vigário. Ela tem um forte senso de dever e foi treinada para ser enfermeira. Quando seu país se une à guerra, ela se voluntaria para se juntar às enfermeiras que cuidam dos feridos. Ela vai de campo a campo ajudando onde for necessário. Em um trem para a França, ela conhece um cavalheiro americano, e uma amizade improvável nasce. A guerra que os juntou, acaba por separá-los. Anos mais tarde seus caminhos voltam a se cruzar e eles têm mais uma chance de viver aquele amor, mas os medos de Victoria os mantêm separados. Eles sobreviveram em um mundo destruído pela guerra, só o tempo poderá dizer se o amor que encontraram acabará por florescer.

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