Книга - Como Beijar Uma Debutante

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Como Beijar Uma Debutante
Dawn Brower


Um encontro ao acaso em um trem leva duas pessoas a se apaixonarem quando menos esperam… e bem durante o Natal! Aletha Dewitt leva uma vida de conto-de-fadas. Ao menos é o que parece para quem olha de fora. Sim, ela tinha tudo o que alguém poderia desejar, exceto respeito. Ela tinha mais ideias e ambições do que o irmão terá algum dia na vida, mas os homens da família eram antiquados demais para notar. No entanto, nada ficaria em seu caminho, nem mesmo o amor. Rafael, o conte Leone, está viajando para ir ao casamento de um dos seus amigos mais queridos. Jamais imaginou que conheceria a mulher dos seus sonhos em um trem. E ele pretende fazer tudo o que estiver ao seu alcance para conquistar o coração dela. As apostas são altas e ele não tem a mínima intenção de sair perdendo. Convencer a dama de que eles estão destinados a ficar juntos se prova mais difícil do que pensou. Com o Natal chegando, todos os milagres são possíveis, e tanto Rafael quanto Aletha imaginam se a verdadeira magia da época é o amor.





Dawn Brower

Como Beijar uma Debutante










COMO BEIJAR UMA DEBUTANTE


DESCENDÊNCIA MARSDEN LIVRO QUATRO




DAWN BROWER




Translated by WÉLIDA MUNIZ


How to Kiss a Debutante Copyright © 2019 por Dawn Brower

Todos os direitos reservados.

Capa por Victoria Miller

Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida, em meio eletrônico ou impresso, sem permissão por escrito, exceto no caso de breves citações incorporadas nas avaliações.


– Jamais ame quem o trate como uma pessoa comum.—

    – OSCAR WILDE






CAPÍTULO UM







Novembro de 1922



Aletha Dewitt puxou o casaco para perto do corpo enquanto caminhava pela sede da Carter Candy. O avô materno era o dono e presidente da companhia multimilionária. A mãe, Esther Carter Dewitt, era a única herdeira. O avô, Phillip Carter, vem de uma longa linhagem de machistas que acreditam que lugar de mulher é ao lado do marido ou tomando conta dos filhos. Então, mesmo a mãe de Aletha sendo a única filha do avô, Esther nunca assumiria o controle da empresa. Ela iria ou para o pai de Aletha ou para o irmão, Christian Dewitt. Não que a mãe mostrasse qualquer interesse na companhia… Aletha não conseguia entendê-la.

O pai, Thomas Dewitt, estava afundado até o pescoço com a empresa da própria família. Então, era provável que ele fosse passar a Carter Candy Company para Christian. O fato de o pai estar treinando Christian para assumir a Dewitt Enterprises não importava. O pai era feito da mesma cepa que o avô. Ele jamais pensaria nela para assumir qualquer parte dos negócios. E era por isso que Aletha esperava fazer o avô mudar de ideia sobre as mulheres se envolverem nos negócios.

Ela subiu as escadas. Tinham instalado um elevador no prédio, mas Aletha o achava pequeno, fechado e… desconfortável. Havia algo naquelas engenhocas que parecia pouco inseguro. Levaria bastante tempo para confiar nelas. Além do mais, o prédio só tinha três andares. Não levou muito tempo para subir e logo chegou ao último andar, onde o escritório estava localizado.

Aletha estava um pouco ofegante quando chegou lá. Normalmente, ela não se excedia a esse ponto. Reservou um minuto para poder recuperar o fôlego, então passou as mãos pela saia. Não faria nenhum bem abordar o avô estando descomposta. As fortes opiniões dele também incluíam a aparência alheia. Quase podia ouvi-lo em sua cabeça. “Jovens damas não saem em público usando roupas velhas ou amarrotadas. É uma falha na criação ser vista em tal estado de desleixo.”

Ela revirou os olhos mentalmente. A forma antiquada com que o avô via tudo era o primeiro problema. Convencê-lo a dar a ela, uma mulher ignorante e inferior, uma chance seria difícil, para dizer o mínimo. Talvez estivesse prendendo suas esperanças e sonhos em algo que seria impossível de acontecer. Mas precisava pelo menos tentar.

– Estou pronta – disse a si mesma. Talvez se repetisse as palavras vezes o suficiente, começasse a acreditar nelas. Ela foi até o escritório. A porta estava aberta. Aquilo facilitaria as coisas um pouco. Aletha ergueu a mão e bateu na soleira da porta. O avô ergueu os olhos e olhou para ela.

Phillip Carter tinha o cabelo prateado cheio de toques brancos. Parecia seda prateada salpicada de neve. Os olhos eram azuis claros como o gelo e combinavam com as madeixas nevadas. Ele poderia congelar uma pessoa só com o olhar. E, quando a viu à porta, aquele olhar não se aqueceu nenhum pouco. Ninguém era poupado da atitude fria, especialmente a família. Ele se recusava a ser carinhoso, não importava a razão. Sob alguns aspectos, Aletha o respeitava por aquilo, mas, na maior parte do tempo, desejava ter um avô mais caloroso.

– Oi, avô – disse ela, e então entrou no escritório.

O nervosismo a invadiu quando ele sequer se deu ao trabalho de cumprimentá-la. Continuou a encará-la como se esperasse algo dela, mas ela não sabia o quê. Foi invadida pelo desejo de tagarelar, mas não se entregaria. Se o fizesse, só mostraria ao avô o quanto ele estava certo sobre considerá-la inferior. Em vez disso, ela adentrou, lentamente, o escritório e manteve as costas retas. Não demonstraria fraqueza.

Finalmente, ele baixou a caneta e suspirou.

– O que é agora, Aletha?

Por que ele presumiu automaticamente que… afastou aquele pensamento antes mesmo que ele terminasse de se formar.

– Gostaria de falar com o senhor sobre o meu futuro.

Ele ergueu uma sobrancelha.

– Não acho que tenha muita coisa a discutir. Você encontrará alguém de sangue azul com quem se casar, ter um filho ou dois, talvez tomar parte em um ou dois trabalhos de caridade. O que há para falar sobre isso?

Não reviraria os olhos.

– Que… antiquado – gracejou ela. O pensamento do avô era completamente absurdo. – Pensei em contribuir com algo além de crianças para o mundo. – O quão tediosa ele esperava que a sua vida fosse?

– O que mais você poderia fazer? – Ele deu de ombros. – É o seu destino.

– Essa é uma nova era, avô. As mulheres têm mais direitos, mais voz, do que tinham no passado. A 19ª emenda garantiu esse direito. Prefiro pensar que isso mostra que as mulheres valem mais do que por sua habilidade de dar à luz. Várias mulheres lutaram pelo direito ao voto, para terem o controle da própria vida.

– Não estou vendo o que isso tem a ver com o seu futuro – rebateu o avô. Ele tinha um tom arrogante. – Esse tipo de coisa é para outras mulheres. Você é uma debutante. A sociedade tem outras expectativas para você.

Ela jogou as mãos para o alto, frustrada.

– É contra esse tipo de atitude que elas lutaram. Quero uma oportunidade de provar que sou mais que um rosto bonito com um dote polpudo.

– Por que se dar ao trabalho? – Ele pegou a caneta e começou a escrever. Era óbvio que o avô não queria dar continuidade àquela discussão. – No final você ainda terá que se casar e ter filhos para ocupar o seu tempo. É nisso que as mulheres são melhores.

Aletha estava cansada de ouvir aquele arremedo de desculpa. Ela suspirou e pediu por paciência. Nada daquilo era novidade. Poderia lidar com a situação. Ela iria lidar com a situação.

– Tenho uma proposta para fazer. Gostaria que o senhor a levasse em consideração.

– Não tenho tempo para isso – disse ele, tentando dispensá-la.

– Avô – disse ela, contundente. – Ouça o que tenho a dizer. Do início ao fim. Se quando eu terminar o senhor achar que não dará certo, então irei embora e nunca mais tocaremos no assunto.

Ele deixou escapar um suspiro contrariado.

– Certo. Eu vou ouvir, mas não farei promessas.

É claro que ele não faria.

– Não esperava menos do senhor.

– Pare de enrolar, menina. Tenho coisas importantes a fazer. Diga o que tem a dizer e vá embora.

– Tenho ideias que podem contribuir para a empresa. Dê-me uma chance para provar que tenho bom tino para negócios. Se eu falhar…

– Se você falhar, nós perderemos dinheiro – ele a interrompeu. – Esse não é um risco que estou disposto a correr.

Ela queria bater o pé e gritar. Por que ele não lhe dava uma chance? Se fosse Christian, ele daria um tapinha nas costas dele e diria maravilhas sobre as ideias que ele teve.

– Acho que podemos abrir uma filial na Inglaterra – prosseguiu com a proposta, e ele podia muito bem ouvir. – Em vez de enviar os doces por navio e perder o frescor que oferecemos aqui. O custo…

– Seria astronômico – disse ele. – Precisaríamos de uma nova fábrica, maquinário, empregados… Pode levar meses, até mesmo anos, para termos algum lucro.

– Mas assim que o tivermos, será dos bons. Penso que é um risco que colocaria a Carter Candy Company acima de outras fábricas. – Por favor, permita que ele veja que a ideia pode dar certo.

– Não estou dizendo que é uma boa ideia – começou ele. – Mas estou disposto a pensar no assunto. Você vai para aquele casamento com a sua família. Enquanto estiver lá, sonde localizações. Encontre um advogado e descubra o que é necessário para fazer a ideia dar certo. Isso é só uma possibilidade sem nada para respaldá-la. Preciso de mais informação antes de sequer considerá-la.

Aletha quase pulou de alegria. Mas não mostraria nenhuma emoção.

– Eu consigo.

– Agora vá – disse ele, enquanto acenava para ela. – Você já me interrompeu o bastante por hoje.

Ela não se daria ao trabalho de responder àquela declaração. Ele estava lhe dando uma chance para provar que ela poderia ser uma boa adição à empresa. Iria se certificar de que ele a visse como algo mais do que o seu gênero.








Dois dias depois…



Aletha fechou a tampa do baú e o trancou. Viajariam para a Inglaterra amanhã, para o casamento de William Collins e Victoria Grant. Ainda não entendia por que eles decidiram se casar no Natal e na Inglaterra. William era um americano que vivia em uma plantação na Carolina do Sul. Ele não iria se mudar para a Inglaterra mesmo a futura esposa sendo de lá.

– Já está com tudo pronto?

Aletha olhou para trás e viu a mãe.

– Estou.

– Ótimo – disse Esther Carter Dewitt. – Agora venha até a sala de estar. Precisamos falar sobre algumas coisas.

Aletha gemeu. Conhecia aquele tom. A mãe tinha planejado lhe passar um sermão. Tinha a sensação de que teria algo a ver com a visita que fez à Carter Candy Company.

– Descerei em breve.

– Não – disse a mãe. – Você virá agora.

Não haveria como detê-la. Aletha suspirou e a seguiu. Ela desceu as escadas e entrou na sala de estar. Uma criada estava parada perto de um carrinho de chá.

– Isso é tudo, Matilda. Nós mesmas serviremos o chá. – A mãe fez um gesto de dispensa com a mão. – Aletha, faça a gentileza de nos servir.

É claro que não seria a mãe a servir. Ela não fazia nada por conta própria caso pudesse evitar. Aletha foi até o carrinho de chá e serviu a bebida. Colocou um torrão de açúcar em uma xícara e a entregou à mãe, então preparou uma para si. Colocou um pouco de leite e então se sentou no sofá. Bebericou o chá e esperou até a mãe começar a falar.

– Seu avô passou aqui mais cedo. Ele disse algum disparate sobre você querer ter um papel ativo na empresa. – A mãe bebeu o chá. – É claro que ele está enganado. Por que você quereria fazer algo que deve ser feito pelos homens?

Deveria saber que a mãe não gostaria que ela trabalhasse.

– Eu gostaria. – Ela bebericou o chá. – Meu avô concordou em me dar uma chance. Não irei desperdiçá-la.

– Gostaria que você pensasse melhor. – A mãe a prendeu com o olhar. – Essas coisas não são feitas na nossa família.

– Nada do que a senhora disser me fará mudar de ideia. – Ela pregou um sorriso no rosto. – É o que eu quero.

A mãe franziu os lábios em desgosto.

– Certo. Não discutirei sobre isso com você. De qualquer forma, é muito improvável que o projeto consiga chegar a qualquer lugar. Seu avô não é do tipo que permite que mulheres trabalhem na empresa. Tenho certeza de que ele só está fazendo a sua vontade, mas não pretende acatá-la.

Aletha temia que ela estivesse certa, mas ainda precisava tentar. Tinha que haver uma forma de ele ver o quanto aquilo era importante para ela. Talvez conseguisse arranjar algo extra especial no casamento. Haverá pessoas importantes lá. William Collins tinha conexões com a alta-sociedade inglesa. Ele tinha familiares com parentescos com duques. Devia haver um jeito de encantá-los.

– De qualquer forma, eu vou seguir em frente – disse ela. – Estou feliz por a senhora não interferir.

– Não sei como conseguirá tempo. É Natal e iremos ao casamento. Não haverá muito tempo para trabalhar enquanto estivermos lá.

Ela estava certa. Não haveria muito tempo livre. Aletha daria um jeito. Quando havia uma vontade, havia uma chance. Ainda não tinha concluído as compras de Natal. Por sorte, havia muitas lojas maravilhosas na Inglaterra. Terminou o chá e colocou a xícara na mesa.

– Se me der licença, mãe. há algo que preciso fazer antes de partirmos. – Tinha uma ideia para o casamento, mas não sabia se seria possível. A fábrica teria que funcionar mais tempo para o que tinha em mente. Mas se conseguisse… seria perfeito para a recepção do casamento. Seria algo que os convidados jamais esqueceriam…




CAPÍTULO DOIS







Uma semana depois…



O sol já ia alto no céu, mas havia um frio no ar. Aletha tremeu enquanto o vento gélido soprava sobre ela. Ela foi em direção à prancha de desembarque para que pudesse sair do navio a vapor. A viagem pelo Atlântico levou um pouco mais de tempo que o normal, pois eles tiveram que enfrentar uma tempestade. Por breves momentos aterrorizantes, temeu que talvez não chegassem à Inglaterra. Depois do desastre com o Titanic, ela não dava nada por garantido no que dizia respeito às viagens marítimas.

O navio lançou âncora em um porto na costa de Bristol. A família ia pegar um trem para Londres e fariam compras antes do casamento. Ela tinha planejado visitar alguns lugares potenciais para a filial inglesa da Carter Candy Company. Por isso, reservara um automóvel antes de partir. Ter um monte de dinheiro costumava facilitar as coisas. Ok, ajudava muito mais do que atrapalhava.

– Coloque meus baús na traseira – disse ao criado. – O resto será enviado com a minha família para a estação de trem. – Aletha calçou as luvas. Felizmente, tinha aprendido a dirigir, então poderia fazer o que tinha se proposto. A mãe ficou escandalizada quando Aletha fez as aulas de direção. Em poucas horas, cumpriria o que se propôs e então relaxaria no hotel que reservou para passar a noite. Amanhã pegaria o primeiro trem para Londres. O casamento seria em alguns dias, por isso não poderia se demorar em Bristol.

Entrou no carro e o ligou. Graças a Deus que ele pegou na primeira tentativa. Aletha dirigiu para longe do porto e foi em direção à estrada. As coordenadas que recebera não eram muito difíceis, mas, ainda assim, esperava não acabar perdida. Odiava quando não conseguia cumprir seus compromissos.

Cerca de quinze minutos depois, ela estacionou perto de uma fábrica. Saiu do carro e rodeou a construção. O prédio foi fechado e abandonado antes do começo da Grande Guerra, em 1914. Precisava olhar por dentro, mas o exterior parecia sólido. O telhado precisava de reparos, e algumas janelas também, mas o resto estava firme.

– Senhorita Dewitt? – perguntou um homem.

Ela se virou e encontrou o olhar dele. Ele tinha o cabelo castanho simples e olhos castanhos comuns e desinteressantes. Não havia quase nada nele que chamasse atenção. Provavelmente o esqueceria se o encontrasse em qualquer outra situação. Aletha se sentiu um pouco mal por aquilo. Não notava ninguém a não ser que tivesse uma boa razão.

– Sr. Baldwin?

– Sim – disse ele, e meneou a cabeça com entusiasmo. – Desculpe por fazê-la esperar. Levei mais tempo para chegar aqui do que planejei. Deseja ver o prédio por dentro?

Aletha não seria capaz de ter uma boa impressão sobre o prédio se não examinasse cada parte dele. Ela fez que sim.

– Sim, eu quero.

– Siga-me – disse o Sr. Baldwin, e então ele apontou para a porta. O homem pegou uma chave e a destrancou. A porta rangeu quando abriu. O Sr. Baldwin entrou e Aletha foi logo atrás dele. – Como pode ver, o prédio está vazio já faz algum tempo.

– Sim – disse Aletha, e passou um dedo pela vedação da janela. A sujeira ficou agarrada na ponta do dedo. – Mas ainda parece bem sólido. – Ela se virou para o Sr. Baldwin. – O proprietário está disposto a vendê-lo?

– Está – disse ele. – Ele não quer mais manter a propriedade.

Ela caminhou pelo prédio e examinou cada centímetro dele. O espaço serviria para o que tinha em mente para a filial inglesa da Carter Candy Company. Não queria colocar a mão longe demais. Não poderia aprovar a venda sem o consentimento do avô. Ligaria para ele para passar as informações e esperaria que ele tomasse uma decisão. Era tudo o que poderia fazer por enquanto. Aletha se virou para ele.

– Ainda preciso visitar outros lugares. Depois de olhá-las, entrarei em contato com o senhor.

– Preciso informá-la de que há outras pessoas interessadas na propriedade. Eu não esperaria muito para tomar uma decisão.

– Terei isso em mente – disse. – Se esperarmos demais e perdermos a compra, então a perda será nossa. – Ela foi até a porta e saiu do prédio. – Obrigada pela ajuda, Sr. Baldwin.

– O prazer foi meu. – Ele fez uma mesura. – Estou ansioso para falar com a senhorita novamente.

– Tentarei não levar muito tempo. – Ela sorriu para ele e se afastou. Havia algo nele que ela não gostava. Talvez fosse a simplicidade ou talvez estivesse sendo crítica demais. Não tinha certeza. Só sabia que queria se afastar dele o mais rápido possível.

Aletha entrou no automóvel e ligou o motor, então dirigiu para longe do edifício. Haveria alguém esperando por ela perto da estação de trem para pegar o veículo com ela pela manhã. Mandaria um telegrama para o avô e então iria para o hotel. Talvez jantar cedo e passar a noite lendo no quarto. Não estava com vontade de socializar. Além do mais, que companhia poderia conseguir em uma pousada pitoresca?

Estacionou o carro e foi enviar o telegrama. Depois que terminou, dirigiu até o hotel e entregou as chaves para o manobrista. As tarefas tinham sido cumpridas e esperava ter dado o primeiro passo para provar ao avô de que ela seria uma adição valiosa para a empresa.

Depois de dar entrada no hotel, ela foi para o quarto. O baú já estava lá esperando por ela. O serviço no hotel era bom, de qualquer forma. Ela se deitou na cama e fechou os olhos. Tinha sido um longo dia e a viagem estava só começando.








Rafael, o conte Leone, caminhava pela plataforma da estação. Tinha negócios em Bristol que não saíram conforme esperava. A noite no hotel não tinha sido muito melhor. Era hora de voltar para Londres. Não podia adiar mais. Um dos seus amigos mais próximos, William Collins, iria se casar e ele não poderia perder o casamento por nada. William contava com sua presença e Rafael não iria desapontá-lo.

O trem apitou à distância. Ele chegaria na estação a qualquer momento e então poderia embarcar. A viagem de Bristol para Londres não era longa, mas queria ir logo. Não se importava muito com casamentos. Eles faziam qualquer cavalheiro solteiro se sentir desconfortável e todas as damas solteiras ansiarem por seus próprios casamentos. Não estava particularmente ansioso para aquele aspecto das festividades.

Ele se recostou em um poste e fechou os olhos. Rafael queria ir para casa. Suas responsabilidades na Inglaterra o deixaram amargurado. A mãe, lady Pearla Montgomery Leone, tinha muitas propriedades ali que precisavam de atenção. O pai, Damian, Marchese d’Bari, também tinha muitos deveres na Itália para poder cuidar da propriedade dela. Muitas das posses da mãe eram parte do dote das irmãs de Rafael, Sofia e Gabrielle. Até então, nenhuma delas tinham se casado. Não poderia culpá-las. Casamento significava um laço em volta do pescoço, e ninguém passaria de bom grado uma corda em volta de qualquer parte do corpo.

O trem parou na frente da plataforma. O vapor levantava em volta dele. Rafe puxou o relógio e abriu a tampa. Até então ele parecia estar na hora. Os passageiros desembarcaram e se apressaram para ir para onde quer que estivessem indo. Bateu o pé impacientemente enquanto esperava pela chamada para irem a bordo. Algo chamou a sua atenção pelo canto do olho. Um vislumbre de verde… virou-se para ver o que era, mas ele desapareceu ou talvez nem tivesse estado lá para início de conversa.

Os minutos se passaram enquanto esperava. Eles se moviam à velocidade de lesmas. Iria fazê-los ir mais rápido, caso tivesse a habilidade. Outro apito ecoou à sua volta e eles finalmente fizeram o anúncio pelo qual esperava.

– Todos a bordo! – gritou um homem, e o som reverberou à sua volta.

Rafe pegou sua única mala e foi em direção ao trem. Entregou a passagem para o funcionário e foi até a área da primeira-classe. Não se deu ao trabalho de pedir o vagão da família para fazer aquela viagem. Não era necessário para um trajeto tão rápido e corriqueiro. Se estivesse querendo viajar muito, teria mandado trazê-lo quando partiu de Londres no início da semana. Embora a viagem fosse ser rápida, Rafe estava cansado. Arrependeu-se de não ter pegado o vagão. Se tivesse feito isso poderia descansar pelo resto da viagem.

Ele passou rapidamente pelos passageiros e seguiu até o vagão e então encontrou o seu assento. Colocou a bolsa debaixo do assento e se acomodou. Ao menos o assento era na janela. Poderia apoiar a cabeça lá e fechar os olhos um pouco. Se tivesse sorte, seria capaz de afogar os sons à sua volta e fingir estar sozinho. Rafe odiava multidões. Bem, não gostava muito das pessoas em geral.

– Com licença – disse uma dama interrompendo a sua inércia. – Posso incomodá-lo? Estou precisando de ajuda com a minha bolsa.

Ele permitiu que as pálpebras se abrissem e mal conseguiu controlar o sobressalto. O sotaque da mulher indicava que ela era americana, como William, mas não da mesma região que o amigo. Não queria lidar com ela, mas suas boas maneiras eram arraigadas demais para ignorá-la completamente. Agora estava feliz pela mãe tê-lo sabatinado quando ainda era menino.

Não havia dúvida de que a mulher à sua frente era encantadora. Ela tinha o cabelo louro escuro iluminado com fios cor de ouro e bronze. Os olhos eram de um tom de azul tão escuro que quase pareciam pretos à primeira vista. Mas então as luzes refletiram neles do jeito certo e eles brilharam como safiras. Os lábios dela eram perfeitamente curvados e de um belo tom de rosa. O rosto tinha uma delicadeza que o fazia querer protegê-la. Rafe se sentou e disse:

– Qual é o seu dilema? – A frase soou bastante estúpida. – Quer dizer, como posso ajudá-la?

– Que bondade a sua – disse ela, com doçura. – Infelizmente, minha mala é grande demais para caber adequadamente debaixo do meu assento. O senhor sabe se teremos outros passageiros viajando conosco?

Ele olhou em volta do compartimento.

– Eu não saberia dizer. – Deveria ter comprado toda a cabine e então poderia dizer que seriam só os dois até Londres. Mas, se ele tivesse comprado toda a cabine, ela não estaria ali com ele. – A senhorita pode colocar sua mala ali perto da parede. Não causará incômodo. – No que dizia respeito a ele, nada que tivesse a ver com ela incomodaria.

– O senhor tem certeza? – Ela mordeu aqueles lábios deleitáveis. Ele ficou com inveja dos dentes dela.

– Tenho – disse e sorriu para ela. – Se ninguém mais se juntar a nós, poderemos movê-la. Caso cheguem… – Ele deu de ombros. – Não demorará muito para chegarmos a Londres. Então não vai incomodar demais.

– Se o senhor tem certeza…—

– Tenho – reassegurou. – Por favor, sente-se. – Ele apontou para os assentos.

Ela fez o que ele disse e tomou o assento de frente para ele. Gostava de tê-la ali. Rafe poderia olhar diretamente para ela sem precisar se desculpar por encarar. Ela era muito bonita mesmo.

– Perdoe-me, milady – disse ele. – Meus modos estão deficientes. Minha mãe me mataria se pudesse me ouvir.

– Mas tem os modos impecáveis, senhor…—

– Rafe – disse. – Não nos agarremos às formalidades. Não é muito divertido.

Os lábios dela se contorceram em um sorriso travesso.

– Eu deveria lhe dizer que não sou uma lady. Embora meu pai fosse amar se eu me casasse com alguém da nobreza.

– Você está vestida como uma dama – disse ele. – Isso é próximo o bastante para respeitar o decoro.

– Então teríamos que voltar às formalidades, o que seria uma pena… – Ela lambeu os lábios, sedutora. Rafa conseguiu afogar o gemido antes que ele passasse por sua garganta. – Queria que fôssemos… amigos. Acho que é essa palavra que estou buscando. Se vamos ser amigos, então você pode me chamar pelo meu nome e então poderei chamá-lo pelo seu.

– Isso me parece justo – disse ele. Rafe queria mais do que ser só amigo dela. – Mas primeiro a senhorita precisa me dizer o seu nome para que possamos prosseguir dessa forma.

– O senhor está certo, é claro – disse ela, e então suspirou. – Meu nome é Aletha.

– É um prazer conhecê-la, senhorita Aletha.

– Eu acho que seremos os melhores amigos, Sr. Rafe.

Os lábios dele se contorceram. Talvez a corrigisse mais tarde. Por agora, iria aproveitar aquele faz de conta…




CAPÍTULO TRÊS







Aletha não esperava um encontro com um homem enigmático durante a viagem para Londres, mas, ainda assim, seria eternamente grata pelo acontecido. Ele era maravilhoso com aqueles cachos escuros meio compridos demais. O cabelo roçava um pouco além do colarinho e tinha uma textura interessante. Queria erguer a mão e tocar o cabelo dele para ver se era tão sedoso quanto parecia, mas firmou as mãos recatadamente no colo. A última coisa que queria era assustá-lo. Não se lembrava de alguma já ter ficado tão encantada por um homem. Esse tinha olhos impressionantes que pareciam mais prateados do que acinzentados. Rafe… ela até mesmo gostava do nome. O sotaque dele fazia os dedos dos seus pés se curvarem. Resumindo, ele era uma tentação.

– O que lhe trouxe à Inglaterra? – perguntou ele. Os olhos pareciam brilhar na luz da manhã. Aletha disfarçou um suspiro. Não precisava ficar sonhando acordada com ele. Aquilo poderia afastá-lo completamente.

– Obrigações familiares – respondeu ela. Aletha não queria falar sobre o casamento com ele. Aquela hora era dela, e pretendia aproveitá-la. Além do mais, só conhecia William Collins de passagem. A irmã dele foi quem meio que entrou para a família por meio do casamento. Mas o fato não impediu seus pais de aproveitarem a oportunidade de ir ao casamento e mandar que ela fosse também. Eles esperavam que ela conhecesse um lorde alguém e que o enredasse. Haveria muitos no evento.

– Ah – disse Rafe, o tom sugerindo que ele tinha entendido. – Elas podem ser um pouco entediantes. Embora, às vezes, também podem ser divertidas. Há algo do tipo me arrastando para Londres.

Ela ergueu os lábios.

– Espero que a sua esteja puxando mais para o lado divertido.

– Tenho certeza de que sim. – Os lábios de se ergueram nas comissuras. – Isso se o passado for indicativo de alguma coisa.

Aletha pensou em perguntar sobre as outras ocasiões, mas se segurou. O passado não importava. O que importava era o aqui e o agora. Aquela hora. O primeiro encontro entre os dois e para onde aquilo iria. Poderia convidá-lo para o casamento. Ninguém se importaria. Talvez seus pais… eles queriam alguém de posição mais elevada para ela. Ninguém nunca perguntou o que ela queria. Se tivessem perguntado, o avô teria permitido que ela tomasse parte na Carter Candy Company vários anos atrás. Até mesmo agora, ele não tinha concordado. Aquele era um teste e mesmo se ela passasse, ele podia muito bem ignorar a sua potencialidade como futura funcionária só porque ela nasceu mulher.

Aletha não queria contar nada daquilo para Rafe. Gostou dele, mas não o conhecia. Porém, aquilo lhe daria algo sobre o que falar além do casamento. Se ele fosse como a maior parte dos homens que conhecia, ele não teria a mínima vontade de sossegar e arranjar uma esposa. Bastava a palavra casamento ser mencionada para o seu irmão inventar uma desculpa para se esquivar da conversa e praticamente fugir da sala.

– Isso é bom. Só pelo tom da sua voz, dá para perceber que é muito melhor do que inspecionar edifícios em potencial para negócios de especulação. – Apesar de Aletha ter gostado bastante de visitar o último deles. Tinha sido emocionante, e gostou do desafio. Esperava que o avô fosse ser sensato…

– Oh? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Que tipo de propriedade a senhorita está procurando? Jamais tive a oportunidade de conversar com uma mulher de negócios. Os americanos são tão progressistas.

Não tão progressistas quanto desejava…

– Uma grande o bastante para expandir nossas operações para a Inglaterra. Irei saber quando a encontrar. Tenho mais algumas para visitar antes de voltar para casa. – De alguma forma, encontraria tempo entre as festividades do casamento.

– Que maravilhoso – disse ele. O tom sugeria que ele tinha sido sincero. Aquilo era um sopro de ar fresco. – Suponho que a senhorita as olhou antes de partirmos. É por isso que estava lá?

Ela sacudiu a cabeça.

– Bem – começou. – Parcialmente. Nosso navio aportou lá em vez de em Londres. Minha mãe odeia o porto de Londres. Fiquei para trás ontem e vi a propriedade e eles foram na frente para… – Aletha quase mencionou o casamento, mas se segurou. – Ela não queria esperar. Londres a chamava e acredito que ela tenha mencionado algo sobre compras. – Não foi uma mentira, não tudo. A mãe tinha tagarelado sobre visitar algumas de suas lojas favoritas. Aletha mal conseguiu segurar uma ou duas reviradas de olho. – Ela tem outras prioridades.

– Entendo…

– Tenho certeza de que sim. – Muitos homens acreditavam que tudo o que as mulheres queriam fazer era gastar o dinheiro deles com frivolidades. A mãe de Aletha se encaixava bem no estereótipo como se ele fosse uma gaveta forrada de seda. – E o que o senhor faz com o seu tempo? – Ela ergueu uma sobrancelha. – É um homem de negócios?

– De certa forma – respondeu ele, enigmático. – Minha família tem vários negócios dos quais eu cuido.

Se ele fosse um lorde inglês, ela presumiria que ele estivesse falando das obrigações com o título, mas o sotaque dele sugeria algo diferente.

– Desculpe a pergunta, mas de onde o senhor é?

– Por que a senhorita acha que eu não passo meus dias na Inglaterra? – Ele sorriu.

Ela abriu a boca para responder, mas se segurou. Como poderia declarar o óbvio sem soar grosseira?

– Perdoe-me – começou. – É só porque não consigo identificar o seu sotaque e tirei conclusões precipitadas. Suponho que o senhor poderia chamar a Inglaterra de lar.

– Não tema, minha querida – disse ele, carinhosamente. – A senhorita estava correta da primeira vez. Eu não vivo aqui, mas a família da minha mãe, sim. Então isso me faz vir à Inglaterra com bastante frequência. Minha tia também se casou com um duque, então nossos laços com a Inglaterra são bem fortes. – Ele parou por um momento. – Mas, infelizmente, você está certa. Aqui não é o meu lar. Fico muito mais confortável em minha propriedade na Itália.

Italiano… que interessante. Aletha tinha mais perguntas, mas já tinha sido intrometida o bastante. Se ele lhe oferecesse mais detalhes, ela iria absorvê-los. Não sabia mais o que dizer. Uma propriedade implicava dinheiro, então se algo mais acontecesse entre eles, sua família não se intrometeria. Ela suspirou. Estava inventando um futuro depois de uma conversa em um trem. O que havia de errado com ela? Precisava tirar a cabeça das nuvens e firmar os pés na realidade.








– Isso parece horrível – disse Rafe. – Eu disse algo errado?

Estava gostando muito de ter Aletha como companhia e desejou que a viagem fosse mais longa. Chegariam a Londres em breve e então tudo chegaria ao fim. Queria encontrar outra razão para vê-la, mas não conseguia pensar em uma boa desculpa. Devido à forma como se apresentaram um ao outro, ele sequer conseguiu saber o sobrenome dela. Não iria poder procurar por ela e sequer encontrá-la acidentalmente de propósito. Rafe nunca conheceu uma mulher que o tenha deixado tão intrigado. A mulher era uma mistura de recato e falta de decoro. Ela sabia como deveria agir e, ainda assim, virava o nariz para tudo quando bem entendia. Adorou aquele lado dela. Rafe queria ver o quanto ela poderia se afastar das suas predisposições naturais se ele a pressionasse para tal.

– Não é nada – respondeu ela depois de um momento. Esqueceu o que tinha perguntado por estar perdido em pensamentos.

– O que é nada? – Ele inclinou a cabeça para o lado.

– No que eu estava pensando que me levou a suspirar. – Ela deu de ombros. – Eu só estava me lembrando de algo que eu precisava me lembrar. – Aletha olhou pela janela. – Todos temos um lugar no mundo. Só estava me lembrando do meu.

Não gostou do tom de voz dela. Tinha ficado melancólica de repente e ele queria afastá-la daquele sentimento. Aletha era tão bonita quando tinha vida no olhar. Essa menina triste na frente dele era etérea, e ainda assim, linda, mas ela era ainda mais deslumbrante quando tinha um brilho travesso nos olhos.

– A senhorita está certa, é claro – concordou. – Mas, às vezes, esse lugar não se encaixa tão bem para nós quanto gostaríamos. Não acha que, em vez de cedermos às expectativas da sociedade, não deveríamos tentar desbravar o nosso próprio caminho?

– Mais fácil dizer do que fazer – respondeu ela. Aletha mordeu o lábio inferior. – Sendo homem, essa escolha está muito mais ao seu alcance do que ao meu.

– Agora não é mais fácil para as mulheres? O movimento das sufragistas não mudou as coisas para vocês? – Ele não acompanhava aquele acontecimento porque não era algo que o impactava. – Lembro de ter lido algo sobre o seu país ter feito algum tipo de reforma dando direitos às mulheres.

Aletha fez que sim.

– Você não está errado. A décima-nona emenda dá às mulheres o direito de votar e tudo mais. Foi uma vitória conseguida a duras penas, mas ainda assim não resolveu todos os nossos problemas. O mundo ainda é, basicamente, dos homens e só nos permitem viver nele. Ainda há uma longa estrada a percorrer para que possamos ter posições remotamente equivalentes.

– E é isso o que deseja? Ser vista como uma igual? – As irmãs nunca expressaram interesse nessas coisas, mas elas ainda eram, sob muitos aspectos, jovens e tolas. Ou talvez fosse assim que as via… Teria que perguntar a elas se queriam a mesma coisa. Não gostava de pensar que as irmãs se sentiam inferiores sob quaisquer aspectos.

– Sim, acredito que sim, ou ao menos ter a oportunidade de mostrar que sou capaz de fazer outra coisa que não parecer bonita e gastar minha mesada com frivolidades.

Ele franziu o cenho.

– O que é que você mais quer? Parece algo bem específico. – Talvez estivesse vendo coisa onde não existia. Poderia só ser uma generalização. Ela respirou fundo.

– Não desejo divulgar todos os meus segredos em um único encontro. Basta dizer que a minha família é bastante antiquada e o meu avô mais que todos os outros. Ele não acredita que uma mulher possa fazer qualquer outra coisa que não seja parecer bonita e acatar as ordens dos homens.

– Acho que posso entender por que isso a aborrece. – Ele odiaria se alguém chegasse ao ponto de achar que tinha o direito de decidir o que ele queria ou até mesmo do que precisava. Rafe nunca parou para tentar entender qualquer coisa sob o ponto de vista de uma mulher. Essa conversa com Aletha estava sendo muito esclarecedora.

– É bom ter uma conversa com alguém do sexo masculino que não julga a mulher como alguém inferior sob quaisquer aspectos. Eu gostei bastante. – O canto do lábio dela se contorceu ironicamente. – É uma pena que talvez nunca mais nos veremos depois que desembarcarmos em Londres.

Como se aproveitando a deixa, um apito alto estrilou ao redor, anunciando a chegada na estação de destino. Precisava concordar com ela. Não era assim que ele queria que as coisas terminassem. Precisava de mais tempo com Aletha. O problema era que não tinha ideia de como conseguir o que desejava.

– Nós poderíamos… – a voz dele esvaneceu. Como pediria para que ela se encontrasse com ele novamente? Será que ela iria querer? Rafe estava nervoso pela primeira vez na vida. Não tinha ideia de como conseguir o que queria mais pelo medo de que fosse espantá-la. Estava sendo um tolo sentimental e tinha que sair dessa situação o mais rápido possível.

– Vermo-nos novamente? – Ela sorriu. – Eu adoraria.

O trem parou e os impulsionou um pouco para frente. Ele precisou segurar nos braços do assento para que não cometesse a idiotice de cair. Esse foi o primeiro trem que pegou e que parou tão abruptamente.

– A senhorita está bem? – perguntou.

– Estou – respondeu ela. – Acho que esse é o sinal para nos prepararmos para o desembarque. – Ela ficou de pé e começou a recolher os seus pertences. – Espero mesmo que possamos nos encontrar novamente. – Com aquelas palavras, ela saiu apressada. Estava atordoado demais para reagir na hora e, quando finalmente o fez, ela já tinha desaparecido em meio à multidão de passageiros desembarcando. Maldição… iria encontrá-la novamente. Rafe adorava um desafio e ela tinha proposto o desafio mais importante da sua vida.




CAPÍTULO QUATRO







Tinha um motorista esperando por Rafe assim que ele saiu da estação. Pelo menos teve o mínimo de bom senso de enviar um telegrama avisando de sua chegada. O motorista dos Marsden, Alfred, estava ao lado do carro com as mãos atrás das costas enquanto Rafe se aproximava.

– Boa tarde, conte Leone – cumprimentou-o Alfred. – Espero que tenha feito uma boa viagem.

– Fiz sim – disse Rafe, e sorriu. Bem melhor do que esperava, mas não diria aquilo a Alfred. – Obrigado por vir me pegar. A casa Marsden está muito cheia?

– Há… muitos convidados na residência. Alguns optaram por ficar com o marquês e a marquesa de Severn. Eles têm muito mais quartos.

Rafe pensou nas opções que tinha. Os gêmeos, Alex e Drew deviam ter aposentos de solteiro. Seria mais divertido ficar com eles… uma pena não ser uma opção. Os pais de Rafe deviam estar na casa Marsden com suas irmãs. Deviam estar esperando que ele chegasse em breve. Suspirou e entrou no carro.

– Meus pais já chegaram? – perguntou para Alfred depois de o motorista se acomodar no assento.

– Chegaram – respondeu ele. – Uns dois dias atrás. – Ele apontou para o carro com a cabeça. – Eu já cuidei da sua bagagem.

– Ótimo – respondeu Rafe. Alfred era um bom criado.

Rafe pensou em tudo o que tinha feito enquanto estava fora e o que ainda havia por fazer. O pai teria muitas perguntas sobre a propriedade. Poderia muito bem lidar logo com isso. Então poderia fazer algumas perguntas sobre a senhorita Aletha. Havia pouca probabilidade de Alex e Drew saberem quem ela era e como ele poderia localizá-la. Eles tendiam a ter informações sobre toda mulher casadoura da vizinhança.

Embora quisesse se apressar e ir logo em busca de Aletha, tinha muitas obrigações familiares a atender. Também teria que ir ver William. Era o casamento dele, afinal de contas. E William era um bom amigo de Rafe. Iria ver o pai e depois visitaria William. Só depois disso é que faria o que realmente queria. Aletha.

Alfred arrancou com o carro e foi em direção a Marsden House. Não demorou muito para chegar. Logo Alfred estava estacionando na frente da casa. Então, ele saiu do assento do motorista e foi abrir a porta de Rafe. Rafe saiu do veículo e entrou na casa. Alfred o seguiu com a bagagem.

– A família tomará chá no salão principal daqui a uma hora, caso o senhor queira se juntar a eles – Alfred informou. – Acredito que alguns dos cavalheiros estejam na sala de jogos agora, caso queira vê-los. Se não, o senhor pode descansar no quarto. A Sra. Smithy já tomou todas as providências e o seu quarto está pronto.

– Obrigado, Alfred – disse. – Pode providenciar para que as minhas malas sejam levadas para lá? Por agora, estarei na sala de jogos.

– Muito bem – respondeu Alfred, e logo fez uma mesura. O motorista deu meia-volta e subiu as escadas com a bagagem de Rafe.

Rafe seguiu para a sala de jogos. Não sabia quem encontraria lá, mas chegou à conclusão de que aquilo não era importante. A companhia seria bem-vinda de qualquer forma. Precisava de alguma coisa para ajudar a tirar Aletha da cabeça. Ao menos até poder separar um tempo para encontrá-la. Entrou na sala de jogos e encontrou William e os gêmeos apoiados na mesa de bilhar.

– Interrompo algo? – perguntou.

William olhou para ele e sorriu.

– Já era hora de você aparecer. Por que demorou tanto? O resto da sua família está aqui há dias. Estava começando a pensar que o meu padrinho não apareceria.

– Certo – disse Drew, em um tom arrastado. – Você está com medo de o casamento ser contagioso?

– Tudo bem se estiver – disse Alex, e deu de ombros. – Pode muito bem ser. Will tem sorte por eu amar o idiota, se não vocês não veriam nem rastro de mim. Parece que todo mundo está indo para o altar esses dias.

Rafe riu baixinho.

– Tenho certeza de que não é contagioso. – Embora fosse acabar dispersando-os caso desse sua opinião sobre o assunto. Eles podiam começar a acreditar naquele disparate. Rafe queria sossegar. Só não tinha achado a mulher que considerava ser boa o suficiente para passar o resto da vida ao lado dela. Embora estivesse começando a acreditar que Aletha talvez fosse quem estava procurando. – Mesmo se fosse verdade, acredito piamente em que vocês dois seriam imunes. Não acredito que exista uma mulher viva que possa convencê-los a cair nessa armadilha em particular.

– É verdade – Drew concordou e olhou para o gêmeo. Eles tinham cachos louros do mesmo tom e, como Sophia, a irmã de Rafe, tinha dito mais vezes do que ele queria ouvir, olhos azuis oníricos. – Rafe não nos conduziria pelo mau caminho. Acho que podemos ir ao casamento do Will e sair de lá sem um noivado a reboque.

– Fico feliz por poder aliviá-los de sua preocupação – disse Rafe, sacudindo a cabeça. Apontou para a mesa de bilhar com a cabeça. – Vocês vão jogar?

– Estamos pensando – respondeu William. – Mas não tínhamos um número ideal de jogadores. Poderemos jogar em times com você aqui.

Rafe pensou no assunto.

– Certo, mas precisamos esmagar os gêmeos maravilha. Eu juro que eles falam um com o outro sem dizer uma única palavra.

– É um dom – respondeu Alex, suavemente. – Vocês só estão com inveja das nossas habilidades malignas.

– Malignas, sem dúvida – concordou Rafe. – Já sobre a inveja… não é para tanto. Somente precaução com a predisposição de vocês para a trapaça.

– Assim você me magoa – disse Drew e se virou para o irmão. – A você não? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Eu jamais trapacearia, e você também não, Alex.

– Nem se deem ao trabalho de jogar essa para cima de nós – disse William, revirando os olhos. – Nós os conhecemos desde que vocês eram bebês chorões e não engolimos uma única palavra desse seu disparate.

Rafe sentia saudade deles. Eles se divertiram muito crescendo juntos. Os pais eram amigos próximos de todos eles e eles se certificavam de passar uma temporada na Inglaterra sempre que podiam. Não era só porque a mãe de Rafe tinha parentes no país. Os Marsden eram mais família do que aqueles com quem tinham laços de sangue. Quando visitavam a Inglaterra, ficavam com um dos Marsden ou na propriedade Huntly, já que sua tia Rubina tinha se casado com um duque. Rafe se sentia tão confortável nos Marsden quanto na casa onde tinha crescido na Itália.

– William não está errado – disse Rafe. – Então, vamos jogar ou não?

– Nós vamos – respondeu Alex. – Jogarei com você, e Drew pode formar a dupla com William.

– Tudo bem para mim – disse William. Ele foi até o suporte e pegou um taco. – Drew, arrume a mesa.

– Você pode ir primeiro – disse Alex para William. – Já que estamos todos aqui para celebrar as suas iminentes núpcias.

William riu.

– Nós sempre nos reunimos nessa época do ano. É quase Natal.

– Verdade – concordou Alex. – Estou até tentado a ser generoso e tudo o mais. – Ele apontou para as bolas que Drew tinha arrumado. – Você quer, por favor, dar a sua tacada?

– Já que insiste – disse William. Ele sorriu e então se reclinou para dar a tacada. As bolas voaram pela mesa.

Cada um teve a sua vez, jogando as bolas por cada canto da mesa. O placar foi próximo. William estava certo sobre os gêmeos. Jogar contra eles era derrota certa, principalmente nas cartas. No bilhar as coisas ficavam mais justas, mas separá-los ainda tinha lá seus benefícios. Como resultado, a pontuação terminou muito próxima.

– Ora, que amolação – disse Alex. – Não houve um vencedor óbvio. Como vamos poder cantar os louros da vitória se ninguém ganha?

– Não precisaremos nos dar ao trabalho – disse Rafe. – Foi tudo pela diversão.

Amava todos eles, mas a competitividade dos gêmeos podia sair do controle, às vezes. Rafe pensou em Aletha. Imaginou se ela acharia os gêmeos charmosos assim como a maioria das mulheres achava. Gostava de pensar que ela não olharia para eles duas vezes, mas por se tratar de uma mulher, ele duvidava disso. Às vezes estar com os gêmeos Marsden era uma experiência desconcertante.

– Talvez possamos fazer algo para nos distrair – disse William. – Embora eu deva impor algumas regras. Eu vou me casar. – Ele olhou sério para os gêmeos. – Nada de mulheres de moral duvidosa.

– E o que você acha de mulheres com pouca… integridade? – disse Drew e deu uma piscadinha. – Prometo que elas terão o mais alto nível de moral.

Rafe revirou os olhos e segurou a gargalhada.

– Tenho certeza de que William não deseja fazer nenhuma distinção entre o caráter das mulheres. Ele quis dizer que não está interessado em nenhuma outra mulher que não seja a noiva dele.

– Oh… – Drew franziu o cenho e olhou para William. – Você tem certeza absoluta? Não é tarde demais para mudar de ideia.

William olhou para o alto e Rafe jurava que ele estava pedindo por paciência. Então, ele olhou nos olhos de Drew.

– Eu posso dizer com a mais absoluta convicção que eu amo Victoria e que me casar com ela é o meu maior desejo.

– Maldição – disse Drew. – Então eu acho que nós vamos beber. Se não podemos ter mulheres, então ao menos isso. – Ele foi até o bar e então olhou para Alex. – Presumo que você também vai querer um?

– É claro – disse Alex, meio distraído. – É sempre bom tomar uma bebida.

Drew serviu quatro cálices de brandy e os distribuiu para todo mundo. Rafe não queria muito, mas pensou que não seria prudente recusar. Limitou-se a bebericá-lo lentamente e esperava que Drew não notasse que ele não estava ficando bêbado.

– O que vocês andaram aprontando desde a última vez que estive na Inglaterra? – Rafe perguntou para os gêmeos. – Estou surpreso por ainda não terem se enfiado em uma confusão da qual não puderam se livrar.

– Os problemas nos amam – disse Alex, e deu uma piscadinha. – É parte do nosso charme.

– O charme de vocês com certeza é o problema – concordou William. – Mas duvido de que ele vá segurar as pontas para sempre. Vocês dois alguma vez pensaram…

– Por favor, não termine essa frase, William – disse Drew, seco. – Eu odiaria matá-lo antes do casamento. Victoria não me veria com bons olhos caso fizesse isso.

Drew não estava errado… Victoria era do tipo que não suportava bobagens. Ela foi enfermeira durante a guerra e não tinha muito senso de humor.

– Eu não iria querer aborrecê-la – disse Rafe. – Mas William só está cuidando de vocês. É claro que, em algum momento, vocês terão que se assentar.

– Talvez Alex tenha – cedeu Drew. – Ele é o herdeiro, afinal de contas. Eu posso ficar desembaraçado pelo resto dos meus dias e tenho a total pretensão de ficar solteiro para sempre.

Rafe duvidava de que ele fosse ser capaz de ficar sozinho. Ele não seria capaz de lidar com a solidão. Drew e Alex faziam muita coisa juntos e se Alex se casasse isso deixaria Drew por conta própria a maior parte do tempo. Ele enlouqueceria aos poucos. O amigo teria que encontrar alguém e sossegar. De outra forma, Rafe temia que ele fosse acabar engolido pelo vazio.

– Eu conheci alguém – irrompeu.

– O quê? – Alex se reclinou para frente. – Por favor, diga que eu ouvi errado.

O sorriso de William se alargou.

– Acontece com os melhores de nós. – Ele ergueu o cálice em um brinde. – Espero que ela seja tão maravilhosa quanto a minha Victoria.

Rafe não podia acreditar que tinha contado para eles. O que diriam quando ele sequer pudesse dizer o sobrenome dela? Começariam a pensar que ele tinha perdido a cabeça, e podia muito bem ter perdido.

Drew balançou a cabeça lentamente.

– Malditos casamentos. Eles são contagiosos. Rafe, você mentiu para nós.

Ele franziu o cenho.

– Eu não menti. O casamento de William não tem nada a ver conosco.

– É claro que tem – disse Drew, desgostoso. – Isso nos fazer pensar que nos atar a uma mulher pelo resto de nossas vidas não seja tão ruim assim. Mas você está errado. Esse é um destino que não quero para mim. Então, se me derem licença, vou me esconder no meu quarto até o casamento acabar. Não quero pegar essa doença em particular.

Com aquelas palavras, Drew colocou o brandy sobre a mesa e saiu da sala.

– Ele está estranho já faz alguns dias – disse Alex. – Não deem ouvidos a ele. Drew estará no casamento.

– Eu sei – disse William. – Drew não deixaria que uma coisinha besta como o casamento ser contagioso o impeça de fazer qualquer coisa. Não estou preocupado.

Rafe fechou os olhos e respirou fundo. Falaria com Drew mais tarde. Por agora, estava cansado e precisando de descanso. Bebeu o resto do brandy e colocou o copo ao lado do de Drew.

– Eu vou me retirar também. Vejo vocês no jantar. – Ele saiu da sala sem dizer outra palavra.




CAPÍTULO CINCO







A luz do sol se infiltrou pela janela banhando o quarto em ondas. Aletha queria que a luz brilhante pudesse apagar a melancolia que a preenchia. A família sugava qualquer alegria que sentia. Ela os amava, mas, às vezes, queria muito odiar os pais e o irmão. Eles a deixaram arrasada desde o momento em que chegou em Londres. Se ao menos voltar para Nova Iorque fizesse as coisas melhores… suspirou. Nada faria com que melhorassem a forma que a tratavam. Para eles, ela era nada mais que uma égua reprodutora que poderiam leiloar pelo maior valor. Assim que ela encontrasse um marido rico, com boas conexões e com um título, de preferência, eles ficariam felizes com ela. Até lá, ela era um fardo que nenhum deles queria carregar. A mãe era a pior de todos… ela continuava empurrando cavalheiros solteiros em sua direção e quase exigindo que ela escolhesse um deles ou ela faria isso em seu lugar.

Era demais querer poder ter voz ativa no que dizia respeito à própria vida?

Aletha não queria um marido. Ao menos não o primeiro homem que se enfiasse em seu caminho… É claro, a mãe iria frisar que já tinha apresentado vários para ela, mas aquele não era o ponto. Não queria se casar só para se atar a um homem pelo resto dos seus dias. Se, e somente se, escolhesse se casar, seria por algum motivo além dos ditames da sociedade. Aletha queria amor, respeito e igualdade no casamento em potencial. Não daria um passo atrás do marido e deixaria que ele controlasse a sua vida. As decisões seriam dela e estava resolvida a fazer algo útil da vida.

– Em que está pensando? – o irmão, Christian, perguntou enquanto entrava na sala. – Você não deveria estar fazendo compras ou algo assim? Vá tentar se esbarrar com alguém da sociedade educada. Talvez você tenha a sorte de chamar a atenção de um conde ou algum outro cavalheiro com título.

Ela olhou feio para ele. É claro que ele sugeriria um disparate desses. O irmão tinha a mesma mentalidade atrasada do avô. Mas não podia culpá-lo. Christian tinha aprendido seus ideais nos joelhos de Phillip Carter. O outro avô não participou muito da vida deles. Não interagiam muito com o lado Dewitt da família. Não que Aletha se importasse com esse pormenor. Eles deviam ser tão mente fechadas quanto o resto.

– Você não deveria estar em outro lugar? – Ela ergueu uma sobrancelha zombadora. – Eu não sei… procurando uma dama que se dê ao trabalho de ouvir as idiotices que você pensa?

Christian ignorou as farpas afiadas e foi até o lado mais afastado da sala de estar, onde ficava o bar. O duque e a duquesa de Weston mantinham tudo bem abastecido. Houve uma época em que a família a obrigara a tentar chamar a atenção de Julian Kendall, o atual duque de Weston. É claro, naquela época ele era um segundo filho, mas a conexão seria boa o bastante para eles. Não fazia ideia do porquê. Eles sempre mantiveram certa distância da família. Bem, desde que ela se lembra, pelo menos… Ainda não entendia bem o porquê. E aquilo não significava muita coisa para ela, de qualquer forma. Aletha não tinha querido se casar com Julian e acabou que tudo deu certo. Ele adorava Brianne e eles estavam tão apaixonados que era quase nojento de observar.

– Marquei de ir com o Julian ao clube mais tarde – contou-lhe Christian, enquanto se servia de brandy. – Embora eu duvide muito de que haverá qualquer dama no local. Ao menos não as do tipo decente…

Ela ficou meio atravessada com a observação dele. Os homens podiam ser tão repugnantes.





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Um encontro ao acaso em um trem leva duas pessoas a se apaixonarem quando menos esperam… e bem durante o Natal! Aletha Dewitt leva uma vida de conto-de-fadas. Ao menos é o que parece para quem olha de fora. Sim, ela tinha tudo o que alguém poderia desejar, exceto respeito. Ela tinha mais ideias e ambições do que o irmão terá algum dia na vida, mas os homens da família eram antiquados demais para notar. No entanto, nada ficaria em seu caminho, nem mesmo o amor. Rafael, o conte Leone, está viajando para ir ao casamento de um dos seus amigos mais queridos. Jamais imaginou que conheceria a mulher dos seus sonhos em um trem. E ele pretende fazer tudo o que estiver ao seu alcance para conquistar o coração dela. As apostas são altas e ele não tem a mínima intenção de sair perdendo. Convencer a dama de que eles estão destinados a ficar juntos se prova mais difícil do que pensou. Com o Natal chegando, todos os milagres são possíveis, e tanto Rafael quanto Aletha imaginam se a verdadeira magia da época é o amor.

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